segunda-feira, 29 de dezembro de 2014
dia não sei quantos ao acaso segunda: cenas para fazer
Fui e vim. Duas vezes. Entretanto fodi um joelho. Acho.
Durante a noite regurgitei a loucura sob a forma do coronol Kurtz. Verifiquei
as torneiras. O gás está fechado? Quando o ataque à má fila começou já eu havia
dado para esse peditório, fingindo mais ou menos que fingia (deixem passar) uma
estranha letargia, em tudo semelhante à utilizada pelo Jude Law quando fingia
que representava um sniper na batalha de Estalinegrado, banhando-se na lama,
entre corpos, o cabrão. Pela manhã, sobre os destroços, as ratazanas saudavam o
Firmin, e ainda por cima o gozavam, ninguém
te pega, rato de biblioteca, e outras merdas assim, deixei-as andar à
volta, como quem não quer a coisa, que horas são?, terei perguntado, ou isso.
sábado, 27 de dezembro de 2014
dia não sei quantos para mim não é sábado: a tendência é justamente essa
Fiquei. A imagem, entretanto, terá desempenhado o papel para
o qual havia sido paga. E foi ficando. Ficaram igualmente duas marcas mundiais
de espera a ver se te avinhas. Depois começou
o momento do não, momento esse que pode ter a duração de três dias ou o de uma
rosa a florir no deserto: não a comprar o jornal, não a ver livros, não à vã
tentativa de marcar algo com hora marcada, não ao encaixotamento em vida numa
atmosfera eivada de entretenimento, não ao seu simulacro, não às refeições a
tempo e horas, não ao pensamento greco judaico cristão televisivo, não ao
envolvimento de tropas pára-quedistas na reserva nativa para onde enviaram o
Sporting, não ao emparcelamento de grandes áreas do cérebro, não à libertação
dos movimentos de libertação que nos querem libertar, não àquela cena das
baleias que nos ofusca a visão do vizinho do lado que fala alto como o caralho.Agora sim, vou.
segunda-feira, 22 de dezembro de 2014
dia não sei quantos stqqssd: que é esta merda, ah?
sábado, 20 de dezembro de 2014
dia não sei quantos zzázzazzoozz: agora vou beber uma cerveja, ok?
Fui e vim ou vim e fui do sítio. Outra vez. O debalde cheio
tornou-se uma questão filosófica. Ou o seu simulacro. Durante a noite apareceu o
Rambo com o John a tiracolo. Uma cena inacreditável. Tentei dormir muito e
devagar. A páginas tantas o andar do lado ganhou vida. Outra vez. Entretanto, aquela
cena portátil que aos poucos substituiu o pombo-correio tocou duas vezes. Como
o carteiro. Lá em cima, no alto do guarda-vestidos um avião rubricava as
palavras folga não pode coincidir com sábado.
Uiiiiiiii, pensei logo no aviador do Bolaño, um grande cabrão fixe. Acabei mal, a papar
uma bola de berlim com um galão directo em forma de meia de leite. Quanto
custa esta merda?
sexta-feira, 19 de dezembro de 2014
dia não sei quantos sexta quarta: continuação do anterior
Fui e vim lá do sítio. Tudo na mesma. Pequei num debalde e atestei
até cima. Entretanto anoiteceu, pelo menos foi o que disseram no bunker dos
fundos. Antes de amanhecer e durante parte da manhã fiz o que podia para
dormir. Depois levantei-me e construí castelinhos no ar. Deitei-me outra vez e tacteei o
chá enquanto bebericava o ecrã. Dos castelinhos saia um fiozinho de fumo que
entrevi negro. Pensei numa proposta indecente enquanto me matava mais um
bocadinho às postas (deixem passar). Quando soar o gongo de partida para o
caralho, lá estarei.
quarta-feira, 17 de dezembro de 2014
dia não sei quantos é quarta mas podia bem ser terça ou quinta: dá igual
Aquilo tocou. Levantei-me, fiz o chá, deitei-me. Tacteei o ecrã.
Levantei-me, duchei em pensamento. O que faz falta? Bananas, croissants em
saco, maçãs. Que mais faz falta? Bolachas, douradinhos, outras merdas
portáteis. Um pé lá e outro cá. Duchar. Aquecer a sopa fazer uma sandes, comer,
beber café. Desesperar. Sair a correr, não tarda, para ir para o caralho.
domingo, 14 de dezembro de 2014
dia domingo dizem quantos: disposições inatas, ou isso
Ora, dez, onze, doze, treze, catorze, mais houvesse e não se
perdia nada ou quase tudo. Depois as siglas, fazer noites, manhãs, zonas
intermédias que vão desaguar perto de qualquer coisa, a marmita o dirá, quer
dizer, diria, se pudesse, ao gosto do freguês os dias no microondas, revistos e
actualizados, o sistema límbico a dar para o torto, todos os sistemas (deixem
passar) contrastam com a marcação somática do degelo ao lusco-fusco, num último
e insano acto involuntário. Por norma o comportamento social desagua,
finalmente, nas proximidades do estado geral frequentemente associado e (re)conhecido
como loucura, essa resposta anti moderna que nos aproxima das árvores, ou
talvez dos arbustos. Assim será.
terça-feira, 9 de dezembro de 2014
dia não sei quantos terça à terra: vertigem mal calibrada
Embora não fazendo parte da lista de convocados para a festa
de anos do dr. Soares, decidi avançar para a preparação de umas alheiras de
caça de Mirandela no forno. Só depois notei que era segunda-feira. Nada disto
teria qualquer importância se o sr. Damásio não tivesse escrito um livro abonando
o erro de Descartes, e com isso brindasse o público presente em território nacional
com expressões como homeostasia sociocultural, expressões que ninguém percebe enquanto
faz tchim com o copo, ou mesmo quando aquiesce com a cabeça, isto em movimentos
pendulares para a frente e/ou para trás. O ponto fulcral da questão reside na ausência
desta para férias em parte incerta, longe do marasmo homeostásico e mesmo
cultural que sufoca nestes incandescentes dois graus centígrados de mínima que
se sentem cá para cima, o que faz com que um tipo cão pense nas merdas para
aconchegar o cérebro de calores infindos e alegretes. A pouca leitura dos
últimos tempos associada à ausência formatada por lesões de qualquer espécie de
corrida (o facto de andar sempre à pata nem sempre conta), anunciam uma transumância
de valores culturais que que nem sempre se manifestam numa oportuna cadência
migratória, embora se saiba que as grandes migrações se fizeram à pata e sem grandes
corridas. Vai daí, fiz um pacto com a prostituição para semear a desordem nas famílias.
O conde de Lautréamont continua vivo, caralho!
quarta-feira, 3 de dezembro de 2014
dia não sei quantos à quarta: demasiado disperso
Por causa das coisas, olha por causa das coisas penduro as
dores na corda da roupa juntamente com os livros, os cigarros de enrolar e duas
termotebe imaginárias, que mistela!, e depois fico a olhar, meço bem medidos os
pensamentos que medeiam o ar encavalitado no espaço que vai de mim até à corda,
passam-se assim alguns segundos que parecem segundos, depois minutos que
parecem minutos, depois mais minutos que parecem minutos. O corpo dá de si,
deve ser um vírus, cada qual com os seus, catarrada…tosse…reticências à Céline…febre?...apanhar
ar…não apanhar frio…como é possível não conjugar o ar com o frio?, partindo o ar
às postas?, escolhendo o centro comercial para desovar os pensamentos em lume
brando, no quentinho peidorrento?... mesmo com reticências à Céline a empresa
não é fácil . A páginas tantas uma curta
passeata alargou-me as fronteiras do mundo e, por momentos, senti, como Rimbaud,
que já não seria capaz de solicitar o conforto de uma bastonada.
quinta-feira, 27 de novembro de 2014
dia não sei por acaso sei que é quinta: limpeza da casota?
Como sou e não me assumo um pensador, dá-me para
retrospectivamente viver determinadas merdas, as mesmíssimas merdas que vivi
antecipadamente antes de (deixem passar). Na verdade a chuva de Outubro e a
chuva de Novembro amaciaram as folhas, um tipo cão não se pode perder a passear
entre estalidos da folhagem, não é pouco, mais ainda o desaparecimento das
árvores de folha caduca na cidade, uma ali, outra acolá, outra além, ficando
assim em falta a palete de cores que nos irmanava com a paisagem, amarelos
desmaiados, castanhos, laranjas, laranjas acastanhados com toques de vermelho, tudo
na única época do ano em que me farto do verdum, em que passeio com o cheiro a
castanhas dentro da mochila, confundindo os dias, as horas, o caralho dos
segundos, um tipo cão tem que que se recordar do Annie Hall ou do Manhattan do
Woody para imaginar um outono antes da sopa a fumegar, quando chega a casa. Está
frio e ainda não se congemina o que fazer com o resto do salmão de ontem:
talvez um paté com cornichons e ovo e maionese, já se sabe desde o Bernardo
Soares que não saber de si é viver e saber mal de si é pensar. Sendo assim,
estou fodido, ou talvez não.
terça-feira, 25 de novembro de 2014
dia não sei lá eu quantos dias sei: transição poética
ZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZzzzzzzzzzzzzzzzzZZZzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzztchibumtxibumbumbumtatataratatatapumpimtratratatatrataaiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii
sexta-feira, 21 de novembro de 2014
dia de sexta euseiláeu: sem manual de instruções
Após uma apurada investigação acerca do chuchu e da sua
viabilidade utilitária (deixem passar) na base de uma sopa, decidi-me por avançar,
a ver se. A manhã havia sido langorosa e desenxabida, semelhante a uma página
policial do Chandler (ou até de um Bukowski menos ressacado), daquelas em que o
detective espera por qualquer merda (seja qual for), sentado numa cadeira com
as pernas esticadas na mesa, enquanto beberica de uma garrafa retirada sabe- se
lá de onde. Nuns casos, o tipo sai disparado para o balcão de um bar ou para o
balcão de um bar. Noutros, entra uma loira com o Roger Rabbit a tiracolo. Não é
bonito de se ver. Mas não aconteceu nada disso. A um pão de forma brioche pingo
doce torrado e um chá verde, sucederam alguns momentos de tensão que culminaram
com o arremesso de um corpo para uma cama, onde este se resignou, sombreado por
um ecrã táctil, restos de bolachas e um livro daqueles de história, à sua insignificância.
Daí a uma intervenção rápida em regime de duodécimos ainda demoraram alguns minutos, daqueles bem passados.
Não tardaria a primeira incursão ao mundo exterior [risos terríficos]. Não sei se volto já.
quarta-feira, 12 de novembro de 2014
dia de quarta sei lá quantas: "p" em parte de
E depois aquela cena da copologia, associada, ou não, ao
empreendedorismo como locomotiva de mudança da realidade através de soluções
sustentáveis e criativas e inovadoras, ou isso, potenciando uma visão desde
logo motivadora, o que nos leva aos copos propriamente ditos (e reais), ou não.
Estando o copo a meio, diz a ciência da copologia comportamental que
determinadas unidades anatómicas o olham como meio vazio, ao passo que outras unidades anatómicas observam esse
mesmo copo como meio cheio. Aqui
chegados já não é fácil manter as transições ofensivas para o bom senso,
todavia, antes que a loucura descomportamental tome conta de nós, convém
esclarecer alguns (poucos) pontos. Primeiro: que líquido se encontra dentro do
copo? É muito importante sabê-lo. Por moi, se for vinho bom (ou mesmo cerveja)
vejo esse copo sempre meio vazio. Noutro sentido, se se tratar de uma bebida
isotónica de baixo teor de nutrientes mesmo não incluindo beterrava com compota
de amendoim, vejo esse copo como meio cheio e digo que não quero mais. Segundo
ponto: a cor do caralho do copo. Não é preciso dar uma volta no IKEA para saber
que hoje em dias existem copos para todas as cores gustativas e putativas,
existindo mesmo copos simulacro de bebidas, a gente levanta escorre vira
(deixem passar) e não sai nada. A que caralho de copos se refere esta ciência
quando lança a infalível lança em África: vês o copo meio cheio ou meio vazio
(isto partindo do principio que vês alguma coisa)? Não sabemos, mas ficamos
logo motivados e criativos e sustentáveis e eventualmente copofónicos. Isto
para chegar ao “p”. “P”de parte e “p” de part.
Desta vez explico: estando alguém a trabalhar (honestamente ou não) em parte,
isto é, em part-time, ou tempo parcial, este estará empregado (aqui podemos
avançar também com os famosos biscates técnicos) em parte , isto é, em tempo parcial,
ou estará desempregado em parte, isto, é em tempo parcial? Isto sem contar com
as estatísticas, demografias, infografias e afinidades formativas ou de
formação. Deixo aqui a parábola e vou ver da sopa e da marmita.
domingo, 2 de novembro de 2014
dia até sei muito bem que é domingo [mas quantos?]: cada bola mata um
Estava agora mesmo a pensar em dedicar-me a uma efémera
análise comparativa da obra de Friedrich Wilhelm August Fröbel, ou melhor, do
pensamento de Friedrich Wilhelm August Fröbel, com a obra de Jean-Jacques
Rousseau, ou se quisermos, com o pensamento de Jean-Jacques Rousseau, quando me
dei conta, não sem algum espanto, que a rotatividade (ou rotativismo) de
pensamentos e acções não se tem desenrolado da forma esperada (haveria
alguma?), culminando num saco acinzentado de hábitos e ramerrame, cujo limite
(igualmente) pardacento (deixem passar) poderá porventura assumir a figura de
um ultimatum exógeno ou mesmo exterior (deixem passar) à mochila de ossos que
escrevinha esta posta. O céu cinzento (por favor, deixem passar) de domingo, a
demanda da rosca, o burro atrás do balcão, o chá verde, a manteiga dos açores
fundindo-se inexoravelmente com a rosca, o cheiro a essa rosca quente com manteiga,
a possibilidade de fiambre, a perspectiva de uma limpeza da casota, a derrota (na
véspera) de uma equipa de libelinhas que já se assemelhou a uma equipa de futebol,
tudo isso revela um hematoma gigantesco no membro superior esquerdo da mochila
[dos ossos], com reflexos no projector de slides que a encima. Do jogo
falaremos noutra oportunidade.
segunda-feira, 27 de outubro de 2014
dia hoje sei lá eu quantos: catrapum
Lentamente, como este sol que se desmorona contrafeito, fazendo-me
acreditar em outras latitudes, vou percorrendo as ruas, onde pousar os
pensamentos?, uma corda por favor para pendurar os livros, os maus hábitos, deixá-los
a corar, a escorrer, sei lá, a sinalizar
este espaço onde a luz se entretém a espalhar-se pelas folhas e pelos corpos. Não
aguardar nada, quer dizer, não estar à espera da carruagem com as palavras e o
séquito das coisas que se pegam à vida, mais isto, ora aquilo, merdas que nos
indicam os caminhos, os subcaminhos, as cangostas onde as silvas não picam, uma
resma de dedos indicadores, de feiras de velharias, de sapateados uniformes. Só
mais um bocadinho…
sexta-feira, 24 de outubro de 2014
dia hoje não sei quantos sexta: aqui
Num
daqueles estados d’alma caninos, talvez imaginando o rosto vulgar dos dias,
escreveu assim Alexandre O’Neill: cão
passageiro, cão estrito, / cão rasteiro cor de luva amarela, / apara-lápis,
fraldiqueiro, /cão liquefeito, / cão estafado, /cão de gravata pendente, /cão
de orelhas engomadas, / de remexido rabo ausente, /cão ululante, cão
coruscante, /cão magro, tétrico, maldito, / a desfazer-se num ganido, / a
refazer-se num latido, / cão disparado: cão aqui, / cão além, e sempre cão. /
Cão marrado, preso a um fio de cheiro, /cão a esburgar o osso / essencial do
dia a dia, /cão estouvado de alegria, /cão formal da poesia, / cão-soneto de
ão-ão bem martelado, / cão moído de pancada / e condoído do dono, / cão: esfera
do sono, /cão de pura invenção, / cão pré-fabricado, /cão-espelho,
cão-cinzeiro, cão-botija,/ cão de olhos que afligem, /cão-problema... rematando
com um sai depressa, ó cão, deste poema,
querendo obviamente enviá-lo para além:
o lugar onde, se pensa, existirá um diário junto a uma ladeira.
terça-feira, 21 de outubro de 2014
dia hoje não sei quantos: mexer na bacia do pólo norte
Hoje (na verdade terá sido ontem) confundi o bacio de
Duchamp com a bacia de John Wayne. As coisas não vão bem e são como são. Certamente
que o bacio de Duchamp não é um bacio, pelo menos de Duchamp, a criação de
Duchamp, o seu a seu dono, é o urinol, o mijantes público readymade com R. Mutt 1917 a dar com a porcelana
branca. Nada disto interessa, mas vai de encontro a uma teoria perdida no
enclave de Nagorno karabakh do meu cérebro, teoria essa que remontando a meados
dos anos noventa do século vinte, se mantém devidamente actual e pertinente,
preconizando que o título do filme de César Monteiro, a bacia de John Wayne, ou amaricadamente, le bassin de John Wayne, é baseado
naquela forma muito peculiar que o John tinha de arrastar a peida com a bacia a
tiracolo, chegando o resto do corpo muito depois em charrete. Isso mesmo o defendi
em duas tertúlias e em vinte e três jogos de lerpa com risco de vida, tendo
recentemente a possibilidade de atestar essa peculiar oscilação da bacia que, não fosse o reconhecido conservadorismo de Wayne, nos levaria
forçosamente a conclusões precipitadas. Sucede que Marcel Duchamp e João César
Monteiro se entrelaçam junto às bordas do enclave já referido no meu cérebro,
isto segundo fronteiras dos anos noventa, não deixando de reclamar
posicionamentos estratégicos discutíveis. Monteiro, cão rafeiro, bem
capaz de miar, pedinte na sua abjecção metafisica, navegante de falsas
pocinhas, violador de cozidos à portuguesa, Marcel, gato todos os dias, às
vezes disfarçado de cão, ou de papoula, tanto faz, engenheiro electrotécnico do
tempo perdido, esvoaçar tatuado em tapetes persas, miando como quem ladra e
ladrando como quem mia, peça de xadrez jogado de boca em boca, ambos tradição oral
ultrapassando as muralhas de ar que polvilham (apenas) os nossos sonhos. De
resto está tudo bem, como podem, de resto, observar:
segunda-feira, 13 de outubro de 2014
dia não sei quantos quinze (e não se fala mais nisso): merdas básicas
Dez e picos abrir o olho. Fechar. Onze e tantos, alvorada.
Desenjoo acompanhado de ecrã táctil. Investigação sobre o soldado Voytek.
Cheirar, confirmando a existência de ursos por perto, nunca se sabe. Reflectir
intensamente sobre a batalha de Estalinegrado (comprar todas as
obras sobre o assunto – pedir emprestado se necessário). Espirrar, uma, duas,
três vezes. Trinta segundos de ginástica. Abrir a cancela da realidade. Lavar o resto da louça de ontem.
Pensar no almoço. Fazer a cama. Pensar em fazer uma lista (gigantesca?) com o
nome de todos os escritores que aparecem nos livros do Vilamatinhas. Proceder à realização da lista no computador ou escrevinhar a mesma? Merdas básicas, básicas.
[Nota (doze horas e trinta e quatro minutos): avançar para um paté de atum com cebola e cornichons, vai ao frio e já está. Aquecimento central com sopa de feijão verde.]
[Nota (doze horas e trinta e quatro minutos): avançar para um paté de atum com cebola e cornichons, vai ao frio e já está. Aquecimento central com sopa de feijão verde.]
quinta-feira, 9 de outubro de 2014
dia não sei quantos onze? e os outros?, não se sabe bem...
Onze horas vinte e nove minutos, um record semanal festejado
com danças rupestres devidamente confinadas a um quarto escuro. Janela: chuva.
Pêlo: eriçado. Muitos risinhos. Chá preto da Lipton e um sucedâneo de pão-de-leite, ensacado, ostensivamente amarelecido e por isso enfiado na torradeira, onde se comprovou
a existência de vários fluídos gordurosos estranhos. O que restou desse pão-de-leite
foi barrado com manteiga Primor e compota de alperce, um clássico dos últimos
desenjoos matinais, ou isso. Comecei então a debruçar-me, com a atenção devida,
sobre as semelhanças térreas existentes entre Marcel Schwob e Henri Michaux,
semelhantes físicas, bem entendido. Posto isto, duas linhas de investigação se
avizinhavam, por um lado, afigurava-se óbvio que tanto Michaux (já nem falo de
Henri), como (mas menos) Marcel disfarçado de Schwob, seriam, não apenas, nomes
de gato, como as suas unidades
anatómicas corresponderiam a gatos. Não desenvolvendo para já a segunda linha
de investigação, convém realçar aos dois ou três académicos, os únicos que neste
momento seguem atrevidamente este artigo, convém (deixem passar) então
assinalar a similaridade com que estas duas unidades anatómicas (que apresentavam
semelhanças físicas perfeitamente visíveis) assinavam os seus textos, na língua
conhecida como: francesa. Mas há mais, há mais.
segunda-feira, 6 de outubro de 2014
dia não sei quantos oito: e o sete?
São variadíssimas as técnicas de procura de e as técnicas de apresentação para, do outro lado, não raro, estão
técnicas habilitadas para receber ou orientar as técnicas atrás referidas, também
se verifica (deixem passar, por favor) a existência de técnicos, mas não de técnicos de procura de e de técnicos de apresentação para. O resto, dizem, é fácil.
sábado, 4 de outubro de 2014
dia não sei quantos seis: nas bordas do deserto emocional...
Segundo Marcella Delle Donne, a falta de participação simpatética na fruição dos artefactos urbanísticos, e o aparecimento de uma situação de
total indiferença emocional entre sujeitos agentes e espaço sócio-urbanístico, afiguram-se
como importantes problemas aos cientistas sociais que se debruçam na
vertiginosa ladeira por onde escorrem os estudos urbanos. Ora, essa falta
de participação simpatética na
fruição dos artefactos urbanísticos, e esse tal aparecimento de uma situação de
total indiferença emocional entre sujeitos agentes e espaço sócio-urbanístico, poderiam,
na eventualidade de necessitarmos de tal coisa, retratar este sábado com a solenidade que este certamente mereceria. Ou seja…
sexta-feira, 3 de outubro de 2014
dia não sei quantos cinco: por mais impreciso que seja o termo
É dia de adiar as cenas adiáveis e mesmo as cenas não adiáveis, é dia que e tal...
quinta-feira, 2 de outubro de 2014
dia não sei quantos quatro: permanecer continuando [melhor que continuar permanecendo]
Depois de despachar de forma extremamente violenta o
narrador que por cá tem andado nos últimos três quatro dias, conspurcando tempos
verbais, sapateando terceiras pessoas do singular, ou terceiros cães no plural
– por falar nisso quem é o caralho do nicha?, deu-me para pensar naquela música
dos GNR, os pós-modernos, em cuja letra saída da pena bêbada de Reininho se
escuta (e também se pode ler) que ser Mãe
[reparem na letra grande] era a
aspiração natural de todo o homem moderno / ser o melhor é normal [ser o
melhor anormal – como eu cantava em tempos] para
os novos pobres deste colégio interno [actualíssimo], acrescentando que já
agora ter medo é a pulsão fundamental do
criador & artista e estar sóbrio
é continuar permanecer positivista. Sabemos de um deixa passar que não permaneceu na letra (no poema, arriscamos),
todavia… continuando. Não é novidade para ninguém que dantes as máquinas estavam sempre a avariar e que agora continuam e
que agora permanecem. Depois fui ler umas merdas e tratar dos bilhetes, não tarda debruçar-me-ei sobre o barranco do positivismo.
quarta-feira, 1 de outubro de 2014
dia não sei quantos três (outras vez?): retomar
Entretanto, de manhã deu-lhe para ler, mas pouquinho, depois
de duchar e olhar longamente o sol pela peneira da janela. Depois imaginou-se a
construir o túnel, com o Nicha a
ajudá-lo como ajudava o outro compincha no tal manuscrito, imaginou-se a
esgravatar a terra até além da cidadela e dos montes, uns montes pequenos (mas
ainda assim montes), imaginou saídas para sítios estratégicos, pequenas ilhas
acessíveis apenas a alguns, muito poucochinhos. Finalmente, esse túnel
arredondado, imperfeito, comparativamente, por exemplo, com os túneis
vietnamitas da guerra do Vietname (deixem passar), certamente sem a robustez
dos seus congéneres medievais, menos versátil que todos os túneis vividos ou
sonhados pelos prisioneiros das celas de todo o mundo, esse túnel desembocava
(deixem passar) num subterrâneo, muito perto de um outro túnel (muito diferente
daquele) que dava acesso a um campo verde rodeado de bancadas com seres
vestidos de verde. O Cão e o Nicha, todavia, ficavam-se pelo limite do túnel,
às vezes arriscando-se nas bordas do subterrâneo, às escuras, estando ali,
dir-se-ia, apenas para sentir (e escutar) o ambiente, o que lhes parecia bastar.
De tarde o Cão deu-lhe para ler mais umas merdas, isto antes de sair.
terça-feira, 30 de setembro de 2014
dia não sei quantos dois (outra vez?): e oficioso
Para além disso, o Cão tenta recordar as fabulosas frases
que inundaram a sua cabeça por volta da 1h30 desta madrugada. É claro que no
dia seguinte se lembraria. É claro. O Cão pensa então nas amarras. Pensa na
ravina. Pensa que desta vez não escreveu ribanceira. Pensa que uma ribanceira é
uma ravina mais afoita, certamente mais plebeia. Pensa em Bolaño e no fígado
que nunca chegou. Pensa em outros fígados que nunca chegam e em outros fígados
que, por isso mesmo, explodem. Pensa nos que aguardam os fígados, seres que não
acabam livros, que não chegam a reparar a canalização da casa de banho nem a acabar a pintura da sala do menino. Seres que não chegam a cantar no estádio de Alvalade, nem a comer sandes manhosas acompanhadas de jolas geladas. O Cão
pensa no jogo de mais logo e diz: que se foda…
segunda-feira, 29 de setembro de 2014
dia não sei quantos um (outra vez?): é oficial
Que horas são?, terá perguntado. Dez horas e quarenta e sete
minutos, mais coisa, menos coisa, escutou dentro da sua cabeça, após
transmissão neuro sensorial efectuada pelas vistinhas, que observavam uns
números verdes brilhando no escuro. Naquele momento nenhuma frincha denunciava
qualquer outra luz, poderia simplesmente ter rodado o corpo, como ontem teve
oportunidade de ver naquele filme dos mercenários seniores, mas preferiu dar corda a um chá
verde acompanhado de restos de um bolo parecido com os palmiers (mas com dois
andares mais chocolate mais creme). Antes de tudo isto sonhou: sonhou com um
campo pelado; sonhou com um conto; sonhou com um título, mas não se sabe se
este seria o do conto do sonho anterior. Sonhou que estava livre de certas
amarras, mas que [ess]as amarras até poderiam ser necessárias quando, por
exemplo, se cai de uma ravina. Até ver é isso.
sexta-feira, 26 de setembro de 2014
diiiiiiiiiaaaaazzznãaaaaozzzzzzzseeeiiiiiiiiiiiiiiiizzzzzquaaaaaaaaaaaaaantoooooooooszzzzzzdiiiiiiiiiiiiiizzzzzzzaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaszzzzzznãaaaaaaaaaaozzzzzzzzzseeeeeeeiiiizzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzquaaaaaaaaaaatoooooooooooosssssssszzzzzzzzzzzzzzzzzzzdiiiiiiiiiiiiaaaaaaaaaszzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzdiiiiiiiiiiiiaaaaaaaaaaasssssssszzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz
terça-feira, 23 de setembro de 2014
dia não sei quantos dias não sei quantos terça: frequentemente colidindo com a pedra
zzzZZZZZ… parecia que estava a tomar o pequeno-almoço com os
cotovelos (assim um dia o escreveu Bolaño) apoiados na angústia e na dúvida, talvez
por isso, ou nem por isso, levantei-me e continuei com o chá verde e com o pão-de-leite
(daqueles de saco) barrado a manteiga e a compota de alperce, continuei-os,
dizia eu, caminhando, sem apoio para os cotovelos, obrigando a angústia e obrigando
a dúvida a pairarem no ar, as putas. Claro que tudo terminou com um regresso à
cama, e bem vistas as coisas, com um corpo totalmente apoiado na angústia e na
dúvida, mas nitidamente imbuído do espirito de um ecrã táctil.
sábado, 20 de setembro de 2014
diaz nãozz seizz quantoszzz zábadozz: whatzzzzz??Z
zzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz
zzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz
[o recurso a imagens não dignifica este coiso e talzzzz]
zzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz
[o recurso a imagens não dignifica este coiso e talzzzz]
quinta-feira, 11 de setembro de 2014
dia não sei quantos por acaso quinta: deixa lá ver se
olha diário, estava a contar os dias para a
frente, não é nada pessoal sabes, mas também conto os dias para trás, até
àquele muro que vai (ia) dar à ladeira, um murete silencioso e decrépito, pichado
de sinais da passagem humana e, obviamente, canina, não sei se sabes mas os
dias reciclados pela memória embatem na casota perto do murete, junto à
ladeira, fazendo ricochete até às torres onde se empilham (no poema lê-se
embalsamam) humanos lá dentro (deixem passar) e outras merdas. Às vezes aí
perto, se se escutar bem, ouve-se música. Fazendo as contas ao aguardar dá pra aí mais uma semana e picos, alguns zzzs e rrrrrrrrrs, pouca terra, pouca terra,
huu huuu, afinal um verdadeiro ensopado de estacas zero.
domingo, 7 de setembro de 2014
dia não sei quantos domingos: super interessante
Entretanto, merdas realmente importantes acontecem por esse
mundo cão, estava mesmo agora a pensar no grafeno, um material duzentas vezes
mais resistente que o aço, uma cena relacionada com a arrumação dos átomos de
carbono (o grafeno é sacado da grafite), todavia, maleável, fino, flexível, existindo
mesmo quem diga que este material é o futuro,
e o futuro começa em Manchester, onde cientistas com pouco ou nada de
importante para fazer, se dedicaram a essa cena, não por acaso, Manchester foi
umas das cidades âncora da revolução industrial, ou na linguagem dos geógrafos, da
industrialização – remetendo-nos dessa forma para um processo – cidade que
no limiar do século XVIII não teria mais do que 40 000 habitantes, multiplicando-se
várias vezes no espaço de um século, levando mesmo o jovem Engels a apanhar um
transporte low cost, tendo por lá ficado a estudar a civilização dos slums.
Também por essa altura foram encontradas provas de que o futuro tinha futuro, filósofos
empedernidos e poetas cantaram esse futuro, ladeados por economistas e
operários bêbados de volta a casa depois de uma jornada de trabalho de 16
horas. Pouco depois, nas trincheiras, vários seres humanos e alguns cães, ficaram
maravilhados com esse futuro, representado numa panóplia de novos instrumentos
de matar em série e em massa que, se haviam lembrado ao diabo, este já não se
recordava disso. Agora vou ali ler mais umas merdas.
domingo, 31 de agosto de 2014
dia não sei quantas lavagens de casota: sem comentários
e depois o tipo disse: só admitindo aquilo que somos, podemos conseguir aquilo que queremos. Eu já volto.
[a que horas é o jogo?]
[a que horas é o jogo?]
quarta-feira, 27 de agosto de 2014
dia não sei quantos a carregar quartas: miércoles
um miércoles qualquer, escreveu assim o Cortázar: tengo que llamar a mi madre, pienso de pronto. Pensamientos
sueltos, pesadillas.(Sueño que soy un perro ciego. Pequeños movimientos
aterrados, el hocico en el aire). Ok? A brincar com esta merda, só pode.
sábado, 23 de agosto de 2014
dia não sei quantos (?): a partir do interior visceral
Saí da cama com o sol envergonhado mas bem lá no alto, o cabrão do
sol. Não perguntei as horas enquanto examinava cuidadosamente a estrutura
arquitectónica da casa de banho. Aqueci o chá e liguei a rádio: o Morrisey a
dar de si por todos os lados, o velhadas do Mo...rri...sey. Não digam mal do
moço, pensei, mais respeitinho pelo moço, acrescentei ao pensamento anterior,
isto rápido como o caralho, boa merda Morrisey, pensei em voz alta, desculpa,
acrescentei, enquanto pontapeava uma revista velha com os (não acredito) Led
Zeppellin na capa, velhos como tudo, a sério, e fui-me entreter com meia
torrada de pão duro com dois dias. Vociferei a caminho dos Himalaias, perdão,
dos alongamentos, pontapeei outra revista, desta vez um suplemento chungoso,
onde caralho estão as sapatilhas de corrida?, pensei, as pretinhas?,
acrescentei ao pensamento anterior, onde estão caralho?, e pontapeei o
comedouro do gatone, um comedouro lindo, com antiderrapante e tudo, marca
italiana, o cabrão do comedouro, onde está o gatone, onde?, ah, e pontapeei o
pensamento que me encurralava com o gatone num espaço geográfico exíguo e
fodido. Calcei as sapatilhas com umas meias azuis, uns calções merdosos de azul
desbotado e uma camisola de manga curta acastanhada a dar para o cinza acrescentaram-me
um ar ganzado de quem corre atrás das bolachas do vizinho. No musicantes
procurei uma cena e depois outra, acabei com Smiths para o velhadas do Morrisey
não ficar muito sentido. Enquanto bebericava o chá estendi um remo ao filho do
grunho do lado, o cabrão do puto sempre ranhoso, sempre a berrar, sempre no
mico. Olhei a ladeira: estava linda. E fui correr.
Nota: o sonho era (foi?) mais ou menos assim [risinhos].
Imagem rara do génio da psicanálise e do seu humano (unidade anatómica).
terça-feira, 19 de agosto de 2014
dia não sei quantos vamos lá outra vez terça?: pode acontecer que se renuncie
Estava a pensar (não dormi um caralho, ou foi
ontem que não dormi um caralho?, e por isso deu-me para pensar) que, um dia,
tudo isto terá um novo item: memória. Talvez se possa acrescentar um ponto ou
dois ao item, ou mesmo uns quantos pontos ao um dia tudo isto terá um novo item, não sei, quer dizer, sei, mas não adianta saber sem interiorizar a
coisa, não é?, se calhar não será um novo item, mas apenas o item, ou o item derradeiro, se calhar a memória será substituída
por recordação, algo mais vago, assustadoramente passageiro, uma cena que
caberá sem problemas num parágrafo pequenino, num rodapé, sem nenhum cordel a
segurar o livro de geometria no estendal da roupa, não é Bolaño?, não é assim
Duchamp?, a gente também dança com a sabedoria do vento, talvez assim,
as páginas, a capa do livro, a lombada, se aproximem da realidade, mas quem
quer saber disso Bolaño?, quem quer saber da realidade Duchamp?, digam-me
qualquer coisa sobre isto de prolongar
parágrafos para não parar (para não pensar?). Lá fora está sol, o dia vai
lindo, acho, aqui dentro da caixa de forças pendurei um calendário no estendal
arcaico da roupa, um estendal imaginário com um calendário real que me pesa os
minutos, cada segundo confere o som dos passos, gosto do som de passos, principalmente
nas igrejas ou nas catedrais vazias, e nos filmes americanos do século passado,
claro, a cena noir, ou isso, parece que estou a ver a Dietrich e o Welles, na sede do mal, touch of evil, não é?, os filmes portugueses não têm passos, pois não?,
as pessoas parecem que andam no ar, também não têm vozes nem existe geografia,
se algum olheiro extraterrestre vier espiar o cantinho está fodido, pelo menos
no que toca a filmes, fica sem saber nada, nadinha da silva. Juro.
domingo, 17 de agosto de 2014
dia não sei quantos dias não são dias: zzzzztónico?
zzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz
zzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzaaaacoooooordaaaaaar...
zzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzaaaacoooooordaaaaaar...
sexta-feira, 8 de agosto de 2014
dias não sei quantos: serve o presente
Naturalmente, preencher o formulário, esvair-me
a correr em sonhos, evitar olhar em frente o meu espelho, entrar gratuitamente no emaranhado de vozes que
calcorream os caminhos do meu cérebro. Quero: deixar de escrever a palavra cérebro, deixar de escrever ribanceira, deixar de programar a minha
loucura, deixar de escrever tipo-cão
e passar apenas a cãotipo, evitar a extinção dos estaleiros navais de Viana do
Castelo, lutar na luta (deixem passar), evitar a extinção dos ouriços cacheiros
a norte do rio Douro (por exemplo) e ir correr de uma vez por todas.
Nomeadamente, preencher o formulário, esvair-me...disponível em podcast para o
mundo todo, evitar lançar uma marca de roupa com um animal como símbolo, entrar
gratuitamente em todos os estádios e pavilhões onde jogue o Sporting. Quero:
conhecer ainda mais literatura da América Latina, perdoar-me por nunca ter
posto os pés na América Latina, pôr os pés na América Latina, viajar num
submarino português sonhado pelo Júlio primo do Verne. Quero: deixar crescer o
pêlo, a voz, a amargura (deixem passar), o prazer, para que floresçam outras
merdas igualmente importantes para a felicidade. Quero deixar os dois pontinhos
para trás e assinalar um novo quero. Posto
isto, fica assim.
quarta-feira, 6 de agosto de 2014
adi onã esi quosant qutara: merdas assim
As merdas assim continua(ra)m a tamborilar na
cabeça, supremos tátatárataraaaa tarataa
ta despejados aos trambolhões, congeminando novas angústias. Bom dia.
Parece que hoje isto vaifor (deixem
passar): apagar as luzes, ver das torneiras, desamarrar o cérebro dos pés da
cama, olha o gás, que fique tudo na penumbra, volta atrás, a tostadeira em cima
do ombro, vozes guardadas a troco de umas chaves que abrem (supostamente) esse
armário de vozes onde porventura se localiza a tostadeira, ali ao elevador.
Recomeçar, pela boca morre o peixe, correr para a farmácia, botar remédio,
voltar atrás, correr junto ao be aware
do Miller, dar de barato a custódia destes momentos a quem passe: alguém quer
esta merda? Pensas que a vida é um mar de rosas?...mas o que é um mar de rosas,
caralho? Alguém viu alguma vez um mar de rosas? E a cada metáfora um carrinho
de rolamentos numa ribanceira e vai. Não chateies ninguém!
quarta-feira, 30 de julho de 2014
dia não sei quantos e tal quarta: a pasta está vazia
Consta que me levantei. Que fui duchar. Que
depois bebi um chá preto com bolo de noz. Diz que a seguir apanhei o elevador,
que também se apanham elevadores como doenças más, diz que me doía a cabeça,
que e náusea fazia ninho e que os restos da noite não saiam com nenhuma sacudidela.
Para entrar no carro diz que abri a porta, mas nunca se sabe. Do rés-do-chão,
ali ao pé, já ressumava um cheiro a estrugido para ajudar à festa, conforme
está comprovado. Em todo este trajecto diz que não tomei nada. Entretanto,
consta que me deu para pensar em merdas:
a cena de ontem
a cena de anteontem
há quanto tempo não vou correr?
E livros novos e leituras, que seja?
E discos?
Que passeatas?
A cena do catálogo de rotinas que desagua nas
ditas...
em que rua fica, este ano, o mar?
Que bebidas espirituosas não são alcoólicas e vice-versa??
será que se pode comer pizza de faca e garfo à
mesa da cozinha, sem televisão?
será que se pode comer pizza com salada de
tomate (daqueles tomates verdadeiros) de faca e garfo, sentado no sofá a ver a
guerra dos tronos?
Merdas assim...
domingo, 27 de julho de 2014
dia não si quantozzzzzzzzzzzz: mas afinal que dia é hoje?
Conheci (ou imaginei, tanto faz) um tipo que
também era cão, um tipo-cão, um tipo (deixem passar) que fazia um dossier da
vida, encapava-a, jornais, revistas, pensamentos, livros, gastos, merdas que
queria fazer e não fazia, merdas que fazia e não queria fazer, comida que
gostava de malhar, tipas-cão, dias de sol à paisana, ventos que lhe recordavam
os seus cabelos, viagens adiadas, viagens vividas e desperdiçadas em
conversetas, viagens recortadas em suplementos de jornais, filmes, músicas, rosnadelas,
frutos diversos, os vários tipos de medo. Queria conferir a morte, o
envelhecimento, queria ter a certeza que o esquecimento não o precedia, queria
estar preparado para dizer não, escutar o não,
queria fundamentalmente não tomar isto a sério, um somatório de contradições,
dizia – é só confirmar. O dossier crescia a olhos vistos até se confundir com a
própria vida (aqui recorremos a Borges atravessando o rio num tronco finíssimo),
devidamente encadernada e colocada em estantes, em prateleiras, em bibliotecas,
em salas de estar, em nichos suspensos nas árvores e até em grutas cujo nível
de humidade era devidamente controlado. Aos poucos, o dossier em curso
dir-se-ia em tudo semelhante à vida, e o próprio vocábulo dossier era utilizado para dizer vida. Recordo o tipo-cão, não estarei enganado se afirmar que era
um belo dia de Julho, uma terça-feira de manhã, em tudo igual aos outros dias,
o tipo-cão tinha acabado de ler e catalogar, à socapa, um texto merdoso cujas lincadelas
pareciam afluentes do Nilo, olhou em redor para ver se não estava a ser
observado, a filmantes carburava, mas ele parecia estar mesmo a trabalhar, lá
se levantou vagueando o seu tédio pensativo pelo escritório, aguardava uma má
notícia a qualquer hora, e qualquer hora deixa de servir como uma boa hora para
uma má notícia que não chega, ou isso, o seu cérebro pós-texto e
pós-últimas-merdas-dos-últimos-tempos, assemelhava-se a uma daquelas
instalações pós-modernas que nos enrabam o olhar em alguns museus, mas neste
caso não fazendo qualquer sentido até para o próprio, obrigando-o a tomar
resoluções baseadas em folhas dispersas, rasgadas ao acaso, ou impressas em
pequeníssimos núcleos semelhantes a ilhas, uma caligrafia pequenina à Walser
ia-se infiltrando até ao último dos ácaros, talvez procurando desaparecer. Nesse
momento algo terá mudado. Mas não se sabe bem o quê.
domingo, 13 de julho de 2014
dia não sei quantos ognimod siod: questiúnculas
Estava a ultimar a minha entrevista ao Vilamatinhas e a
minha entrevista imaginária ao Ludwig, estava por assim dizer a amassar o pão
para alimentar o cérebro, nisto (não se iludam com o tempo verbal, antes
retenham a expressão vernacular), a biblioteca estantina fez-me chegar em mão
uma cena do Allègre (o Claude, não confundir pf com o Nel) quando este afirma
que “vamos começar por expor a hipótese da nebulosa protossolar quente”, hipótese
falsa, para não dizer mais, segundo Claude, com consequências invisíveis na
vida das pessoas, mesmo das pessoas reais, a gente não seja cão se não nos dá para
pensar na auscultação pulmonar do planeta terra, culminado em duas questões:
-Porquê a utilização de parágrafos tão Longos e desconexos?
-Mesmo observando um passado cada vez mais recuado,
conseguiremos não perder tempo, ou mesmo perder tempo, com conhecimentos que embatem no reposteiro de
roupagem religiosa?
Assim irei desaguar ao “Assim na terra como no céu – ciência,
religião e estruturação do pensamento ocidental”, da Clara Pinto Correia e do
José Pedro Sousa Dias.
Entretanto fodi o joelho na máquina de lavar roupa.
domingo, 6 de julho de 2014
dia não sei quantos ognimod: zzzdryzzme
Depois de morfar a sopa e o resto do frango de sexta,
acompanhados por aquela bebida que não é para novos, a cena do Iggy, a Lemon
Dry da Schweppes,ou isso, depois disso, mas onde é que eu ia?, bebi um café e dei
comigo a ler isto: cunha uma moeda de
cada erro, uma cena do Ludwig escrita em 1948. Fiquei uns bons quatro
minutos pendurado na ribanceira do pensamento e depois continuei a limpeza da
casota.
quinta-feira, 3 de julho de 2014
dia não sei quantos who cares quinta: toute a ver tou
Continua a lenta que se diz marcha, para o torto, para o lado, alarga,
embrutece, joga à bola com os pensamentos em pelota, ou isso. Faz-se tarde sem
sair do caralho do sítio, passaram quê, dez minutos?, nada disto tem letra
grande dentro, ainda se vai googlar sobre J. Rodolfo
Wilcock ou John Webster Spargo, à má fila, mas
nem isso renova as células cerebrais acompanhando a celeridade com que estas se
suicidam. Melhor beber copos, pensas, ao menos é um homicídio premeditado, não um
caralho de um Mário de Sá Carneiro celular com estricnina. Desculpa lá Mário.
Entretanto, vai-se um cartão, assobia-se à banda magnética, não aparece, um
funcionário cansado saído de uma rua lateral ao poema do Ramos Rosa, debita uns
que e tal, vais para a bicha, tens um papelinho nas mãos, parece que te
estou a ver. Parece mesmo que te estou a ver (risinhos).
terça-feira, 1 de julho de 2014
dia não sei quantos terça: sem adapta(dor)
Como vão os dias? Em contramovimento. As regiões adiposas convergem
misteriosamente (trata-se de um movimento com a lentidão visual das placas
tectónicas) para zonas de confronto, também divergem para zonas de confronto,
áreas cuja importância é indiscutível no terreno do corpo. No sonho, movia-me a
uma velocidade maior do que a vida, agarrava-me ao corpo como se de um eléctrico
se tratasse e, nas extremidades do túnel visual, paredes?, ramagens?,
apetitosas maçãs condescendiam que as apanhasse sem problemas de maior. Toca o
despertantes, onde está o copo de água?, fazer um chá, correr para o duche (até
este ponto tudo se resume a um reflexo condicionado), mandar tudo para o caralho
(ainda reflexo condicionado), está quente, frio, vestir, calçar, marcha o chá
preto, marcha a torrada, afinal foi um bolo, e já estás a confirmar as
pulsações, a medir mentalmente a tenção, a apanhar o elevador, a vomitar um
troço da tua vida, a desbaratar o olhar pelo espaço pejado de carros, pessoas,
mais carros que pessoas, pensas: como é possível?, e o corpo em riste vai na
frente da marcha lenta.
domingo, 29 de junho de 2014
dia não sei quantos por acaso até sei que é domingo: considerações sobre a equipa das esquinas
"Onde os outros avançam, fico eu parado", afirmou em entrevista paranormal Ludwig Wittegenstein, quando questionado sobre as esquinas da equipa, perdão, a equipa das esquinas. Teríamos mais considerações a dar com o plural do título, mas não tarda sobrevoaremos o nosso olhar sobra a equipa das laranjas contra o cartel de Juaréz. Temos dados concretos e mesmo imagens subliminares que nos almejam algo de bom. Todo o resto é inquestionável.
quarta-feira, 18 de junho de 2014
dia não sei quantos sinaliza a quarta: Wittgenstein vai à bola
Fazendo parte do registo (indisponível) de caçadores de simulacros e do
grupo de associados ao anacronismo à paisana, venho por este meio dar início a
um comentário post-mortem relativo à equipa conhecida (porquê?) como das quinas, e não (vá-se lá saber porquê)
dos castelos, como consta em vários
símbolos ostentados nas bandeiras desfraldadas nas marquises, desde dois mil e
quatro, pelo menos. Onde é que eu ia? Bom, das quinas e não das esquinas,
porquê?, pergunto-me. Antes de tudo, por imperativos do próprio artista. Depois
porque ficamos a ganhar com um comentário à posteriori, principalmente quando
não vemos o jogo em questão, muito mais que se fizéssemos comentários à
posteriori tendo visto o jogo em questão. No caso concreto, defendem alguns,
estaremos perante o falecimento de uma ideia de jogo, como prometido a um
conjunto de acasos que nos ajudaram a chegar ali, promessa essa (não julguem que fiz confusão com
comprometido, por favor), digna de uma metáfora de um qualquer autor conhecido
do César Peixoto, e que terá desaguado naquilo que designaremos de (recorrendo
ao pensamento cinéfilo): grande ilusão. Renoir perdoar-nos-á a impertinência,
se quiser. A césar o que é de César, nunca existiu ideia nenhuma, nem sequer a
ideia de que se calhar seria boa ideia existir uma ideia, não podendo
verificar-se a subsequente venda de banha da cobra baseada numa fonte de
inspiração que se reclama (apenas e só) filha e neta do filha da puta do acaso,
não o acaso lavrado nos anais literários mas o acaso cuja simplicidade nos
remete para a mais pura gíria popular: o piroco, o paio do lombo, a sorte
grande a que aludia Eça, juntando-lhe nossa senhora, verdadeiro ADN compósito
do nosso querido e adorado povo. Se a tudo isto acresce a existência comprovada
(ou não) de um Cristiano Ronaldo, queremos uma acareação, ou mesmo uma
clarificação, desde que pelos canais competentes existentes para o efeito.
quarta-feira, 11 de junho de 2014
dia não sei quantos quarta: ventilação inadequada
O sentido de pertença ao mercado é
algo que culmina muitas vezes no cimo (deixem passar) das escadas de umas
catacumbas (as de Paris servem perfeitamente para o caso). Para não ir assim
muito longe, recordo que na minha zona cognitiva ó geográfica o mercado era
denominado de Praça, ruminando coisas do
bandulho romano e grego, mas ainda por cima existia uma cena que se chama(va)
carro de praça, ou isso, pressupondo a existência de uma ...praça, mas já volto
com o Nuno Portas, Álvaro Domingues e provavelmente o Inútil, para vos
esmorecerem o cérebro com a história da estratificação da nossa civilização
assente no nascimento e morte das praças. Nesse sentido, como a cultura nos
impõe uma determinada dieta diária de elementos que nos ajudem a suportar o desaparecimento
e morte das Praças, leio algures que no Rio de Janeiro os portugueses se juntam
ao fim-de-semana à volta de umas chama-lhe
isso concertinas, sendo consumidos (números
oficiosos) cerca de 4000 bolinhos de bacalhau, 150Kg de bacalhau assado, 100
garrafas de vinho, 360 garrafas de super bock (médias ou de litro?), informação
complementada pelos 200kg de bacalhau que a selecção leva no avião dos E.U.A para
o Brasil, reafirmando-se assim que o sentido de presença ao mercado é onde um tipo
ou tipa quiser sentar o estômago e assentar praça.
segunda-feira, 9 de junho de 2014
dia não sei quantos segunda em todos os ecrãs: menos no meu
É preciso viver a incansável (deixem passar) derrota de
forma frívola para não dizer coerente com o estado das coisas. Sem vírgulas.
Presumo e atesto que a proximidade de um campeonato do mundo de futebol de onze
seja capaz de com o determinismo sociológico necessário esconder uma quantidade
enorme de pó debaixo da carpete que fica por debaixo (deixem passar) do sofá na
casa de praia do Luís Canzana (isto anos atrás) ainda assim insuficiente para
colmatar qualquer ausência de sentido nas nossas vidas (deixem passar). Resumindo
(uf), se porventura todo o poder da informação residia na suspeita de que esta
dava poder, a partir do momento em que, assim o cremos, se substituiu à má
fila, o dito vocábulo por conhecimento, a muda de roupa das coisas foi do
caralho. Sinistra mesmo.
sexta-feira, 6 de junho de 2014
dia não sei quantos sexta: whisky a go go
Agora que penso nisso parece-me
outra coisa, com outros matizes, um bege estranho, um amarelo torquesa desmaiado,
assustadoramente diferentes do plano quinquenal elaborado e encomendado, não necessariamente
por esta ordem, por telefone, acho. Assusta-me igualmente não ter conseguido
ainda congeminar um plano de fuga daqui
em autocarro, ou mesmo num distante comboio, uma cena que me permita ler umas
merdas e fingir que olho a puta da paisagem enquanto magico nas tácticas
futuras do Sporting da Silva, isto sabendo de antemão que os possíveis e
hipotéticos (deixem passar) parceiros e parceiras da camioneta expresso ou do
comboio entre cidades não me vão perdoar a ligeireza com que afasto as
conversas e até mesmo os pensamentos sobre o caralho do joelho do Cristiano. Já
temos um presidente da república para pensar e até para falar sobre isso no
faice.
quinta-feira, 5 de junho de 2014
dia não sei quantos quiiiinta: os meios habituais
Com
efeito, terá ido parar à comercial [resposta ao anterior – façam atenção
pf.]. Avizinha-se um conflito jurídico cujo desenlace imprevisível nos
remete para uma metáfora de cariz absolutamente borgiano, isto enquanto não nos
lembramos de mais nada para acondicionar o estômago com os pensamentos. Neste ponto exacto podemos acabar com o itálico, manifestando, desta forma, toda
a liberdade que nos assiste para continuarmos as notícias na hora errada, sendo
certo que. Ora, entretanto, como nunca ninguém se perdeu e tudo é verdade e
caminho, resta-nos acrescentar que trabalhar assim é só não ser visto.
[isto ao longe:
-que dia é hoje?
-quinta
-parece quarta
-antes fosse sexta
-é amanhã então, não?
-diz que sim
-ah bom a...]
quarta-feira, 4 de junho de 2014
dia não sei quantos quarta por (a)caso: notícias na hora errada
[Após cerca (deixem
passar, pf.) de vinte anos e picos a descontarem e mesmo a contribuírem (deixem
passar) para a Reforma Fisiológica Mental (RFM), muitas unidades anatómicas
temem agora não ser possível lograrem atingir a plenitude da sua senilidade de
forma absolutamente proporcional à sua carreira produtiva auditiva, o que as
leva a tomar atitudes radicais e desconexas (à luz de qualquer ciência),
chegando mesmo ao cúmulo de mudarem repentinamente para a Antena 3 e mesmo para
a Antena 2 (o que já terá causado dois suicídios), sendo que algumas unidades
anatómicas desvairadas na área de Lisboa chegaram mesmo a direccionar a sua
atenção para a Radar, peça-chave nas buscas por Maddie, ou mesmo para a RUM (na
zona de Braga), neste caso exigindo-a com cola e muito gelo. Em resumo, esta situação transforma as nossas
ruas em pequenos campos de batalha, assistindo-se amiúde (uma palavra que a
generalidade dos jornalistas desconhece) a
protestos, motins, sabotagens à fight club, contribuindo dessa forma
para uma mudança generalizada na
paisagem nacional, passando-se do habitual modo recatado zombie para um caótico
estado mais ou menos barcelonês ou mesmo aturcado. A ver vamos onde isto irá
parar. Será à Comercial?]
segunda-feira, 2 de junho de 2014
dia não sei quantos mesmo...segunda: meter a segunda
À segunda de tarde... melhor, as
segundas da parte da tarde são segundas de manhã mais acolchoadas de dores,
daquelas dores boas, quer dizer, vem à tona aquela moinha (hoje, por exemplo)
que produz uma sensação de pressão na cabeça, primeiro na zona da testa e
frontes, depois na nuca, e vai-se mantendo estóica como tudo. Às dezasseis
horas e picos, por aí, um tipo é mais tipo que cão, o que não produz nenhum
efeito positivo no relacionamento recíproco (deixem passar), ainda por cima
quando do outro lado da barricada unidades anatómicas dotadas de inteligência
amibal escutam o som que sai de umas colunas, cuja origem, dizem, é a RFM:
reforma fisiológica mental.
sábado, 31 de maio de 2014
dia não sei quantos sextasábado: para aldrabar
[diz que:
no palco da semana a sexta é o ancore (sem público)]
no palco da semana a sexta é o ancore (sem público)]
quinta-feira, 29 de maio de 2014
dia não sei quantos quinta (re)começar com: programação própria
Olá quinta. A quinta-feira é, recorrendo ao pensamento dos
Jafumega, uma passagem, uma ponte - não estamos aqui a divagar sobre vaus – que momentaneamente
nos enlaça no sentido ilusório da existência, culminando numa fuga para a
frente (a sexta, onde está?), embatendo (vou tentar encontrar uma palavra mais
explosiva daqui a bocado) finalmente no fim-de-semana. Dito assim, remete-nos
para um momento em que o pensamento se enjaula no pequeno zoo (assim do tamanho
do da Maia) da hermenêutica, fundamentando qualquer redundância vindoura.
Apesar do zzzz, trabalhar assim é só não ser visto.
quarta-feira, 28 de maio de 2014
dia não sei quantos quarta (re)começar de: vai tudo dar aos spas
Um tipo cão fica
sempre naquela às quartas. As quartas são sempre um plural de quarta que joga
ao meio campo da semana. Toda a gente sabe da importância generalista do meio campo
das quartas, embora prefira jogar ao ataque ao estilo pontapé para a frente à
(antiga) inglesa, ou isso. Às quartas (esta em particular) é importante
encontrar a chave, mais importante é dar com o nariz na porta e (re)começar
tudo mais tarde: o emailzinho, o de mansinho, o até ver. Trabalhar assim é nem ser visto (variação).
terça-feira, 27 de maio de 2014
dia não sei quantos terça (re)começar a: estar dentro da tua cabeça
Confere: a manhã de terça é uma manhã de segunda menos
ressacada. Tem dias. Mesmo no plural as terças precisam de um adaptador para as
legitimar. Se tiver dúvidas diga, cara terça. Às vezes faltam peças, mesmo com um
emailzinho, mesmo de mansinho, as terças redundam na miséria que adjectiva
(outra vez?) as manhãs. Depois o corpo cão senta-se, bordas inusitadas declamam
carnes (isto assim até soa bem), não é bonito, não seria bonito, mas atendendo
à margem de erro causada pelas roupagens, pêlos e afinidades electivas, não
tarda a coisa espraia-se até à tarde. Sem resultados. Trabalhar assim é só não
ser visto.
segunda-feira, 26 de maio de 2014
dia não sei quantos segunda recomeçar e: ao cuidado de
Ora essa, com licença. Assim poderia começar o dia,
acrescentando-se o poderei enviar um
emailzinho se estivermos a norte do rio Douro, ou o poderei esvair-me de mansinho, daqui para o outro lado, isto se
estivéssemos dentro da minha cabeça em simultâneo com uma manhã de segunda-
feira em hora de ponta. Não há (isto se estivermos a norte do rio
douro), isto é, não existe (se
estivermos entremeados a norte do mondego e a sul do douro) medida que possa
mensurar a possibilidade de uma estratégia, devidamente assumida, que se
coadune com a infelicidade pastosa da adjectivação matinal associada a um
trabalho que é um neologismo para se e tal. Trabalhar assim é só não ser visto.
Quer dizer, ou isso.
domingo, 25 de maio de 2014
dia não sei quantos domingo por assim dizer: já está aí no chão à força toda
– Diz…
– Nada… estou a falar
sozinha. Aprendi contigo.
in "Memórias de um tenente da força aérea" (autor anónimo)
Não sei como fui parar à ribanceira reflexiva, embora
a momentos a reflexão seja aparte (deixem passar) integrante (deixem passar) do
núcleo duro do meu cérebro. A propósito, começo a achar (e não é de hoje
caralho) que se calhar o Montero é um mcguffin. Segundo Vilamatinhas,
para percebermos o que é um mcguffin temos que recorrer à cena do comboio:
«Pode dizer-me o que é
esse pacote que está no porta-malas por cima da sua cabeça?», pergunta um
passageiro. E o outro responde: «Ah, isso é um mcguffin». O primeiro quer então
saber o que é um mcguffin, e o outro explica: Um mcguffin é um aparelho para
caçar leões na Alemanha». «Mas na Alemanha não há leões», diz o primeiro.
«Então isso aí não é um macguffin», diz o outro. Há para aí mcguffins a dar
com um pau, um mcguffin pode ser algo que parece extremamente importante, mas que
com o decorrer da situação acaba por ser irrelevante, cumprindo, no entanto, a função de nos deixar pregados ao ecrã.
Mistura de engodo com lebre,
daquelas tipo Guilherme Alves, o mcguffin recorda-nos sobretudo um
encolher de ombros que nos faz olhar para o lado na vida, enquanto a vida passa
(deixem passar), e, sobretudo, um mcguffin faz-nos lembrar uma qualquer comida
americana servida ao pequeno-almoço, que é o prelúdio do dia e das nossas
dores. Este desvio revela-se por vezes fatal como o destino. Um dia destes
voltaremos ao Montero.
domingo, 18 de maio de 2014
dia não sei quantos seja domingo e tal: a explicação
Escreve Manguel que entre os povos mais estranhos referidos
por Plínio encontram-se os Cinocéfalos, ou Homens-Cão,
com cabeças como as dos cães e corpos cobertos de peles de animais selvagens. «Ladram
em vez de falarem e vivem do que caçam, actividade para a qual usam as unhas». Ora, Manguel acrescenta (e isto é muito
importante senhores e senhoras) que na tradição
judaico-cristã, os Homens-Cão pertencem às raças excluídas não só do Éden como
da terra «civilizada» restaurada após o dilúvio. Posto isto, irei verificar
os níveis de incivilização e atestar a limpeza da casota nos anais respectivos. Mais tarde voltarei com a certeza que existirá algures um lugar para a ternura, um lugar
onde esta se possa sentar confortavelmente.
quinta-feira, 15 de maio de 2014
dia não sei quantos quintasexta: mensagem nova
Deseja guardar as alterações?
Nem por isso.
quinta-feira, 1 de maio de 2014
dia não sei quantos quinta feriado: com a sensação de estar polindo as minhas unhas, acho
Ainda és daqui? Ainda sou daqui. Um tipo Cão tem medo. Seja cão
se não tem medo (deixem passar). Na rua desapareceram árvores. Onde mijar?
Desapareceram árvores, caralho, as nossas árvores. Envelheceram unidades
anatómicas que conhecíamos de sempre, tipos fortes, tipas fortes, referências
na frente de ataque. Conversas novas trazem nuvens com palavras como próstata,
rins, achaques úricos, ácidos rebeldes, peles curtidas servindo de estandartes.
Aos poucos um tipo cão decide a equipa final da estante: Vilamatinhas, Fante,
Borges, Melville, um bocado de Bukowski e de Vian, uma posta de Nicha. Sebald,
sempre. Ali, claro, Chatwin, acolá a Viagem ao Fim da Noite. Hrabal… fazes falta.
Um lugar vago para Savage. Stendhal a dar com os cortinados. Um pouco de
filosofia, alguma história. Lainez, a nossa fada. Manguel a dar para o torto.
Camus, obviamente, estrangeiro. Cossery para o chatear. Rimbaud às cavalitas de
Flaubert. Pessoa e Belo. Cartago infinita. Celtas. Toca a esvaziar e dar de novo.
Chesterton: um manual de construção de barcos. Poe, Franz alguma coisa para
sairmos disto. Lá fora ninguém escuta as
lamúrias da estante. Tudo se desmorona, à espera no centeio.
sábado, 26 de abril de 2014
dia não sei quantos sábado...s que mais parecem domingos: expansivo de modo algum arruaceiro
Cronologicamente falando, ou nem isso, a coisa foi mais ou
menos assim, duas cenas se ajustaram graças a um daqueles espelhos que o Borges
deixou suspensos sobre as nossas cabeças. Numa tarde qualquer vazia de qualquer
(deixem passar) coisa, o Knut deu de caras com o John, mais lá para a frente
numa dessas tardes vazias de qualquer coisa, o nevoeiro desvaneceu-se e no
fundo do túnel da tal tarde noite vislumbrou-se uma lombada onde se poderia com
jeitinho ler Hamsun e Fante, a sério. Fiquei logo a pensar nisso horas
esquecidas e quase fui às trombas ao vizinho porque este insistia em ouvir os
mariconços dos Queen em altos e sonoros e sinistros berros, o que não
estimulava em nada a (minha) concentração, concentração essa tão necessária
para pensar. Estava eu a pensar nessa cena, toda a gente sabe que sou um tipo
cão que gosta de pensar, toda a gente sabe disso, mas um tipo cão perde-se, não
tarda perde-se, quando por obra e graça de um espelho, letras, lombadas e cenas
cronologicamente datadas pelo carbono 14 como se tratando de duas tardes diferentes, toda a gente sabe que tudo isso combinado com a música errada, pode dar merda, só pode dar merda. A ver vamos então.
domingo, 13 de abril de 2014
dia não sei quantos domingos lá calham: abjecto quase
Acordar sem ênfase é começar o dia com letra pequena.
Interrogações subalternas ao estado emocional afloram inevitavelmente,
condicionando o reportório desse corpo que agora mesmo vemos em maus lençóis,
quer dizer, já fora dos lençóis, fora do cobertor, longe do edredão, como será
possível ter aguentado tanta rouparia?, perguntámo-nos, talvez demasiado tarde
para chegar à cozinha, onde esse tal corpo, recorrendo a rebuscados movimentos
ordenados pelo cérebro, enche uma cafeteira de água para fazer um chá preto. Fim
da primeira parte.
quinta-feira, 10 de abril de 2014
dia não sei quantas quintas lá estarão: ene respostas
Também é isso, não é bem isso, o rosto as rugas, a travessia de um olhar de outrem (deixem passar), o carregar das dores, o carregar dos RRRRRes, o cheiro a um assado de domingo póstumo. Tudo no ventre, às vezes no coração, tudo a dar contas do fígado, às três por quatro, mazelas, sinais da cruz, canções que embalam as vísceras enquanto não se faz muito tarde. Porreiro. Depois, uma manhã e outra e outra e outra e outra e outra. Cada vez mais uma manhã. Cada outra uma como a outra uma. Não se fazem perguntas. Por obséquio.
domingo, 6 de abril de 2014
diaz nãozz seiz qauntoszz domindozzz: os meandros da descrença
Estava agora mesmo a pensar em começar esta posta por um
pensamento (deixem passar) ocorrido há precisamente dois ou três minutos (deixem
passar), sobre aquela música dos Pop Dell'Arte chamada Juramento sem Bandeira, queria começar por jurar alguma coisa sem
bandeira que a valha, mas embora reconhecendo que o meu procedimento seja capaz
de criar métodos precursores (ver cabeçalho do Inútil), nada o leva a fazer
crer, quer dizer, nada o leva a crer, quer dizer, nada leva a crer. Todavia,
faço minhas outras palavras que de tão sábias abrem (ou destapam?) crateras na
mente dos homens por osmose (já que ler nos livros cansa): e quando a história fosse muda, a nossa
consciência bradaria sempre, dando-lhe o seu nome*.
domingo, 30 de março de 2014
dia não sei quantos domingo à noite: recebido por e-mail
Nada disto nos embala.
Das regiões doentias, ou isso, sopra um bafo a prazer apodrecido, embora cada
oscilação atravesse o corpo com um desdém próprio dos holocaustos de luz. Continuamos
a brincar com as palavras, assim como a cria reverte para si a eternidade de um
momento, às vezes dois, se for suficientemente capaz. Depois, para viver com
arte, cingimos esse corpo aos claustros das imagens, que lindas!, cada vez mais
perto de um altar devidamente acondicionado nos manuais e nas trocas de cromos.
Vamos ao quiosque como vamos à sauna, como vamos ao talho. Não tarda e a
cabazada de sensações culmina num teatro de dois vinténs à coroa (deixem
passar), com os nossos lugares vagos na plateia.
FP
quinta-feira, 27 de março de 2014
dia não sei quantos dias não sei quantos: ok
Também é isso, mexer as mãozinhas, juntá-las no regaço, que
bom, fazer uma história de mãozinhas a dar para o torto, arregaçá-las, vamos
indo, viva o velho, atravessar cada momento com o desplante do esquecimento
(deixem passar), até ver, nunca pior, cada vez mais o tempo a saltitar ao
segundo do milésimo (deixem passar), o sangue a bombear mazelas, imagens,
retrovistas [risinhos], cenas que não
lembram ao diabo no corpo. E depois nada. Outra vez as mãozinhas, oh!, que
queridas as mãozinhas a encolher a dar a dar, uma revoada de espelhos e já cheira
a poesia. Não há vida aí que não seja a vida aqui. E vice-versa, atá ao fim.
Vou mas é ver se leio umas merdas. Estou em falta.
domingo, 23 de março de 2014
dia não sei quantos diga lá outra vez domingo: e a rádio Cão, meu?
Antes do ZZzzzzzzz deu-me para ver num canal qualquer a cena
nova do Cosmos apresentada por um gajo que não se parece em nada com o Sagan, fazia
tempo para acabar com a cerveja e a tarte de maçã, adiando o mais possível o
domingo, adiando ainda o mais possível (deixem passar) a segunda-feira das
novas dores, quer dizer, deu-me para ficar ali a ver o Cosmos, depois de ter embrutecido
o suficiente com os filhos do roque, que já são granditos, coitados, e já têm filhos,
portanto, vamos praí nos netos do roque, estava eu assim quando me ocorreu que
afinal viemos do macaco enfarpelados de padre. Fui a pensar nisso para o
ZZZZzzzz e tudo.
sábado, 22 de março de 2014
dia não sei quantos sábadoquintafeira: avariáveis todos os dias
...sabemos de fonte certa que continua com a bobo a orar à lua, alguns dizem que uiva, mas
não se ouve nada, nadinha desta vida, a coisa vai como o elefante atravessando
o riacho de nenúfar em nenúfar, com suplex, não tarda arranja um tronco,
deita-se, ainda dorme, nem por isso, vamos para a segunda parte – este jogo é
estranho, toda a gente quer ir a prolongamento e a grandes penalidades – já
esquecidos da inquietação da primeira, das substituições desperdiçadas, do ar
de riso estampado nos focinhos dos adversários. Depois ainda se dorme, só que
acordado[s].
quinta-feira, 20 de março de 2014
dia não sei quantos quintazentos: avariáveis
O início da posta sonhada era assim: imbuído do espírito deste século que é não ter espírito algum, pensando-se
o espírito (deixem passar) no sentido francês do século XIX, ou no sentido que
o século XIX francês lhe dava, bem entendido, mas ainda assim imbuído desse
vazio, deu-me para caminhar perdidamente, caminhar a cavalo dos pensamentos,
arrematado pelas emoções, galgando esse vazio que nos engalana a alma trespassando-nos
como uma adaga, enquanto não nos decidimos por uma esplanada. Essa esplanada,
espaço de reclusão comprazida, os olhos encarcerados por prédios, avenidas,
cruzamentos, olhos bem abertos num horizonte cerceado, esse(…) [risinhos] retomaremos
o sonho postando-o logo que seja possível…
quarta-feira, 19 de março de 2014
dia não sei quantos quarta cada um a sua: tal como se apresentam
Entram e saem. O Cão, encorajado pelo paradoxo deixa-se
estar.
sábado, 15 de março de 2014
dia não sei quantos sejam ao sábado: estímulos
Para o processo de realojamento do meu cérebro deverão ter
contribuído algumas linhas lidas de passagem e um carregamento de burrices à lá
garder (?). Um tipo Cão não aprende porque cai, aprende quando começa a ter
dificuldades em levantar-se.
quinta-feira, 13 de março de 2014
dia não sei quantos quinta e tal: para sua comodidade passe a pagar por débito directo?
A coisa começava (isto ontem), a coisa começava com[o?] uma
lembrança ténue, como aliás todas a lembranças, desembocando na frase de um
velho amigo que um dia escreveu algo como calçada
muda, ou isso, o silêncio que
verte das multidões, o silêncio mais
vazio, teria eu acrescentado, nada disto fazia sentido naquela janela perto
do sítio onde os humanos olham para cima, a janela até serviu fria essa
lembrança misturada com uma data de merdas que não encaminhavam qualquer
pensamento, mas depois qualquer coisa inchou como um balão, e toda a gente sabe
que quando as merdas incham forçosamente desincham e passam, a alternativa é
rebentarem. Toda a gente sabe disso. Num momento que é um repente (deixem
passar por favor), ou melhor, nesse momento que foi um repente, a boca cheia de
metáforas deixou de fazer sentido, todas a palavras eram desnecessárias ali, eflúvios de merdas cinzentas (ERA
MESMO A SUA COR) assomavam à boca em forma de riso, mas sem som, nenhum som
conspirava contra aquele momento, um repente sem nenhuma direcção como algo
adquirido. Apenas depois as coisas assumiram formas, interrogações, umas
maiores ???? outras nem
por isso ???, outras ainda de roupagens quase unicelulares ?????????, outras a derraparem
para ??ZZZzzz?. Entretanto fui ver da conta da água. Quaaaaanto?
quarta-feira, 12 de março de 2014
dia não sei quantos quarta e tal: estão hoje fundos os pássaros
Não me sai da cabeçorra, um dia Ruy Belo escreveu assim: É tão depressa dia e nada nos redime /
Alguém não despertou ficou na noite / Vieram da manhã uns homens que varreram /
a restante alegria destas ruas / A criança na roda cantará: / estão hoje fundos
os pássaros / estão hoje fundos os pássaros / quem no-los tirará de lá? / Tão
vasta como o mar a nossa dor / alguém nos poupará de nela naufragar?, ou nem isso.
domingo, 9 de março de 2014
dia não sei quantos domingos são: algo trabalhava por detrás da sua fronte
A questão da preparação e realização/concretização do
bacalhau à Cão não é de somenos, antes representa o fino quilate de várias luas
a uivar conjugando as várias partes do cérebro até fazer sangue, ou isso.
Deixemos a receita para depois [aliás a cena foi ontem], entretanto, atentemos
em coisas que desvariam a nossa remota atenção, merdas importantíssimas que
culminam em frases dilacerantes e eternas, frases cujas palavras vão ganhando
vida até nos esquecermos delas, palavras que se fundem com o ar que respiramos,
fundamento de toda a poesia que é o silêncio. Palavrais, dizeis-me, não, não
palavreio, refiro-me a palavras que no dizer do sem nome de Hamsun são postas
na boca, brotam, por assim dizer, ordenando-se em contextos, desenvolvendo-se em
situações, culminando em conjuntos onde se pode ler: algo de mim mesmo tinha passado para aqueles sapatos, ou era tempo de outono, no meio do carnaval da
morte. Mais a mais o horário de
beneficência tinha passado, por exemplo. Por assim dizer.
[entretanto, limpeza da casota: a vida é fodibela]
sexta-feira, 7 de março de 2014
dia não sei quantos sexta dia de adiar: aicu
Antes de ver a cena do portão e da torneira abri o livro: o gosto faz ajustamentos. Dar à luz não é da sua conta. Escreveu assim um dia o Ludwig, isto em 1947.
[entretanto um primeiro pensamento matinal assinalava que, antes de outra coisa, não sabemos se é o HH (Herberto Hélder) que se esconde ou se é a malta que não o procura, mas pronto]
quinta-feira, 6 de março de 2014
dia não sei quantos não interessa agora quinta: esvazia[r]
...era um início excelente para um pouco de tudo, escreveu um dia Hamsun, mais ou menos pela mão de um tipo sem nome. Vamos a isso.
sábado, 1 de março de 2014
dia não sei quantos até ver sábadooooo: reverter para rascunho
Num quadro alargado de criação de sinergias [risinhos], ou isso, resta-nos a invocação de uma janela. A cena com a sua roupagem de poesia virá depois. Entretanto, enquanto a coisa está relativamente incólume convém dar uma olhadela: ……………... sente-se que um invulgar cocktail de merdas competem entre si (deixem passar) por um espaço igualmente merdoso e acanhado, mas revestido por um papel de parede que perspectiva um horizonte sem fim, ou ao contrário , não se sabe. Nada está escrito sem estar escrito (deixem passar), e o medo , às vezes, chega para alimentar até uma alcateia de cães, que aguardam somente que o vento mude de feição (záaaaas). Já terá mudado?
domingo, 23 de fevereiro de 2014
dia não sei quantos vamos lá inventar um número para isto domingo: introdução
Um dia qualquer Raul Brandão escreveu assim: para não morrer de espanto, para poder com
isto, para não ficar só e doido, é que inventei a insignificância, as palavras
e outras merdas. As outras merdas são da minha inteira responsabilidade. Isto
num domingo de manhã, antes de proceder a uma actualização do caralho do
diário.
Inventário da semana:
Segunda - a angústia a cavalo de um mal-entendido. Chuva.
Terça - o tal mal-entendido embalsamado e transportado às
costas da angústia.
Quarta - uma inquietação não correspondida por qualquer mal-entendido
desemboca…
numa Quinta de abas largas já em trasbordo para uma sexta
acavaletada na argamassa da angústia, inquietude (deixem passar), sono mal
dormido, ausência de musicol que se veja.
Sexta - quase sábado. Continuação do anterior. Nada de
leituras a não ser uma ou outra prevaricação a meio da tarde. Maçã ao lanche.
Sábado - Sporting ganha no futebol de onze. Bom almoço. Passeata.
Bom jantar. Bebidas a dar com um pau. Ruminação da semana até vir à boca.
Dormindo em sintonia domingueira - limpeza da casota. Rosca a
dar para o quente e chá preto. Livros. Escrever que um dia qualquer Raul
Brandão escreveu assim…
sábado, 22 de fevereiro de 2014
dia não sei quantos muitos ao sábado: a energia inabitável
Sai de cena Wittgentein. Alguém se esquece de um
"S". A cortina não esconde aquilo que vai revelar proximamente. Numa
página qualquer alguns caracteres anunciam que certos jovens acabam por morrer
na época da escola porque a alma os
abandona. Alguém escreve na margem dessa página qualquer que nunca saiu da
escola e anda por aí com a alma às costas e por isso e tal. Alguém (outra vez?) se esquece
de uma vírgula. Entretanto é sábado e faz de conta que está sol.
domingo, 16 de fevereiro de 2014
dia não sei quantos domingo e muitos: zzzzzZZZZZZZzzzz
zzzZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZ com direito a tónico limpez[zzzz]a
da casota, desvario em forma de passeata junto aos cadáveres de supostas edificações,
faz falta caminhar junto a cadáveres, ao mesmo tempo que não faz grande falta se
não o fizermos, quer dizer, entretanto, dois ou três pensamentos assumem [assumiram?]
um volume apenas compaginável nas grandes
obras (literárias ou o caralho) que nunca, mas nunca, vêem a luz do dia, com
estragos a dar para o torto que se sabe. Depois correu bem. Foi bom. Nada
funciona da mesma forma que já não funcionava (deixem passar) . A frase do
dia não irrompe antes de verter um sortido de merdas que não auguram a sua
sequência. Vamos a isto. Não sem antes ir àquilo.
sábado, 15 de fevereiro de 2014
dia não sei quantos três mil e outros tantos sábado: ainda sou daqui
Um dia Carlos Díaz Dufoo (fillho), estando por Paris sem sair do México, escreveu assim: no seu trágico desespero arrancava brutalmente os cabelos da sua peruca (obrigado, Vilamatinhas). [zzzZZZZZzzz]
domingo, 9 de fevereiro de 2014
dia não sei quantos domingo outra vez: e vão duas ou mais
Dir-se-ia que a situação ocorria (ou havia ocorrido?)
algures entre a cabana do Ludwig Wittgenstein e a cabana do Henry David Thoreau
(tudo dentro da minha cabeça, mas não digam nada), mas não, nãaaaao, a situação
ocorria (ou havia acorrido?) algures entre a casa da ladeira e uma outra
situada (deixem passar) a algumas léguas, não muitas, naquele local em que os
humanos são obrigados a olhar para cima. Da situação propriamente dita não
existem registos com fiabilidade suficiente para nos debruçarmos sobre os
mesmos sem riscos de queda, vai daí, teremos que nos socorrer de outras
vertigens em forma de palavra para darmos um sentido único a esta posta. Nesse
sentido (deixem passar), o melhor será descer dos montes estéreis da sensatez para os vales verdejantes da tolice, como
escreveu um dia Wittgenstein, mas sabemos que os homens [isto na sua maioria]
levam vidas de sereno desespero, como
escreveu um dia Thoreau. Manda a sabedoria canina [mais o Thoreau] que a gente
não desespere com as coisas. Não é fácil. A que horas é o jogo?
imagem da cabana de Wittgenstein
terça-feira, 4 de fevereiro de 2014
dia não sei quantos à terça: com ponto no com
Tem dias, mas todas as categorias do servidor assinalam este
momento como: único. Na verdade… olha aí a vírgula, não se tem lido quase nada,
para não dizer nada, é a ressaca pura, pura e dura, culpa de ninguém,
responsabilidade do caralho, isto para não ir a outras lonjuras (é assim?) que ruminam
merdas não realizadas que dariam para papar um TIR do comboio dos duros. Apesar
disso, ou nem tanto, nenhum púcaro se desmarca da fonte, é uma cena fodida que
não transmite qualquer sinal a roçar sequer qualquer veleidade (deixem passar)
de sabermos o que fazer a seguir. Isto aproximadamente. Eu já volto…
quinta-feira, 30 de janeiro de 2014
dia não sei quantos quinta e picos: assunto
Na qualidade de já não é pouco dizer que vamos. A cena toda está no ir, a ver se, nos termos do e tal consagrados algures. Está tudo bem. De resto, temos ao nosso dispor toda uma gama de produtos a dar para o acabado, merdas com guia de iniciação rápida e tudo. A propósito, já não me lembro de ir correr, quer dizer, corro, corro que me farto, alcanço metas bordejadas de sinais contrários, aqui ali alcanço (deixem passar) uns hematomas daqueles de ir ao penico, os membros a espezinhar o caralho dos sentidos, os dedos crescendo na raiva, ou ao contrário. Às vezes é tudo com letra pequena, para não dizer morta. Faz falta a ladeira sem corrimão, vozes a dar para o desvario, uma banda sonora sem vírgulas ou pontos de exclamação, qualquer coisa escondida no olhar de quem passa e... chegar a casa. às vezes faz falta começar as frases com letra muito pequenina, usar os três pontinhos... só para mangar com o Céline. Mas é só às vezes. Ou nem isso.
domingo, 26 de janeiro de 2014
dia não sei quantos troca o passo domingo: chegou à caixa de correio de...
Outros nem isso. Não chegam. Simplesmente não chegam. Isto daria pano para as mangas de uma companhia de caçadores dezasseis, sargento incluído, e não fosse o intensómetro que alguns alcançam, lá chegaríamos, mais não fosse. Mas temos pouco tempo, não tarda será hora de ajeitar o pelo, ou isso, talvez dar uma engraxadela nas patorras, encaixotar cenas, limpar umas arestas (deixem passar), limar alguma da sujidade acumulada em vários estratos geológicos, ter à perna alguns insectos, nomeadamente xilófagos (não explico), dar de frosques carregado como um burro, animal por animal, já se sabe, e não é tudo. Temos projectos insanos, vertigens enroscadas em limbos fabulosos, mudamos o tempo verbal para desmistificar a personalização das cenas, confundimo-nos com a merda do mundo todos os dias. Eu diria que, como um dia escreveu o Cortázar, certos dias, sou maior do que o cavalo que monto, noutros, caio para dentro de um dos meus sapatos e dou uma queda fodida.
[a questão de um cão montar a cavalo um calçar sapatos, ou
mesmo sapatilhas, não é para aqui chamada (risinhos)]
imagem rara de um xilófago a alimentar-se...
quarta-feira, 22 de janeiro de 2014
dia não sei quantos quarta outra vez: englobando
Como resposta ao diz que, recorro, sem freio, a Wittgenstein
ao menos isso: quem compreender as minhas
afirmações [aí está] acabará
eventualmente [ou isso] por considerá-las
absurdas [isto se] as utilizar como
degraus para ascender além delas. Pouco provável [todo] o desdém que poderá
emanar das cintilações obscuras de qualquer pensamento adjacente a estas
cenas. Não tenho norte que me valha. E apesar disso:
domingo, 19 de janeiro de 2014
dia não sei quantos domingo é sempre importante: mudar a música na rádio cão?
Entretanto a coisa não começou bem, os croissant(e)s afinal
eram de chocolate, quer dizer, tinham chocolate merdoso lá dentro, uma cena do
Lidl, coisa estranha dois croissant(e)s numa saca, costumam ser quatro ou
cinco, terei pensado, leva que se faz tarde, para o desenjoo acompanhado de chá
conde Earl Grey da Twinings, com manteiga dos Açores e fiambre da perna extra
já com cheiro a refogado. Estava aparentemente tudo em ordem: a manteiga já com
pedaços de pão de outras tostas; o fiambre da perna extra com cheiro a
refogado; o chá conde Earl Grey da Twinings e tudo, quando um corte fatal no
croissant(e) revelou uma matéria escura e pastosa: chocolate xunga! Eu
não gosto de croissant(e)s com chocolate, já te fodo, pensei, enquanto
mordiscava uma forma de me desenrascar com pão velho, devidamente torrado, acompanhado
com chá conde Earl Grey da Twinings, manteiga dos Açores e fiambre da perna
extra já com cheiro a refogado. Agora sim, estava tudo na devida ordem. Entretanto,
limpeza da casota, melhor dizendo, barrela, ou isso...por falar em livrooooos...
quarta-feira, 15 de janeiro de 2014
dia não sei quantos quarta ehehe (falta aqui um agá): e la nave va
Tinha (reparem no tempo verbal) a coisa mais ou menos projectada.
Enquanto isso, cada momento, embora único, realça a malandrice dos espaços intersticiais
que o juntam a outros momentos e por aí fora, sem remate visível a olho nu,
quererá isto dizer muito?, ou talvez nem por isso. Não explico. A coisa vai,
via coisa indo. Tenho duas carradas de escritores na máquina de lavar e a
toalha algures, nada cuja vertente inóspita não sobressaia a cada golfada de
ar, fuuuuuu, e será quase tudo, enquanto a coisaaaaa vai, via coisa indooo.
Tenho aqui perto outros olhares, é certo, merdas cuja literatura desleixa por dá
cá outra palha, e mais outra. Entretanto levanto-me cedo. Não sei se gosto. Ó
Chatwin, ainda fico à mingua de alguma rota?
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