segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

dia não sei quantos 179: continua

ZZZZZZZZzzzzzeu desejava qualquer coisa, esgotar o stock, principiar um novo, manter a boa disposição, em particular nas situações em que o mercado não está para ai virado, nesse sentido, pela sua delicadeza e complexidade, devemos tentar desfrutar dentro das possibilidades, extravasando essas possibilidades sempre que possível, e mesmo não sendo muito possível. Estaleca. Tentar trocar as voltas. Embora comer uma bucha.

domingo, 30 de dezembro de 2012

dia não sei quantos 178: treinozzzzz

Foi accionar o mecanismo da viagem, deixar ali a mochila e ir para o treino. Do treino não reza a historia. Depois:ZZZZZZZZzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzfriozzzzz

sábado, 29 de dezembro de 2012

dia não sei quantos 177: ajoujar a cavalgadura


Não fomos ao fundo da questão, na verdade tentamos dormir sobre o assunto, o telefone havia tocado, do outro lado uma voz feminina anunciava com determinação timbrada à máquina qualquer coisa para o ano, assuntos pendentes, cartas enviadas, respostas sem esclarecimento mútuo, ficamos assim, eu a pensar naquela voz de rádio, de rádio não, aparentada talvez com uma voz de rádio, todavia, metálica, seca e repetitiva, uma voz de alguém que passa a vida ao telefone, uma voz que poderá porventura anunciar a nossa morte sem pestanejar, enquanto observa a agenda de soslaio. Ela talvez a pensar na próxima marcação, na hora de saída, no jantar a dois de logo mais. Não dei idade àquela voz, entretanto terei lido qualquer coisa, terei passeado, terei bebido uma ou duas cervejas, terei dormido sobre tudo isto, pesadamente. Agora vou ali ver da mochila. Conhecem a mochila do Sebald? Ah, pois. 

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

dia não sei quantos 176: o cão atesta esta história*


Neste caso é oficial: um tipo sai(u) da cama para logo voltar, está sol, entra pela janela, o tipo agradece, desenjoa com um chá preto e pão-de-ló a tiracolo [risinhos], agora mesmo terá acabado de ler um livro, terá manejado revistas, certamente pensou na vida, move-se agora com a placidez de um gato com alma de recluso, um gato geneticamente modificado, o verdadeiro dir-se-ia que o observa com carinho, sempre com ternura, já não está aqui quem falou, e segue a sua vida. Agora observamos claramente esse tipo ao computador, está a coçar-se sorrateiramente num local despropositado, tecla coisas mais ou menos com sentido, ainda agora teclou ainda agora. Esta cena, estes dias, o cenário, o tal cenário que faz lembrar o Dogville, o sonho que não é sonho, o desenho distorcido, estar fora e dentro, foda-se, não é que estou a ver alguém teclar, não é que estou a ver alguém teclar, mas em momentos distintos, mas em momentos distintos. O nada pelo menos é sincero.

[também respondeu a um anúncio, mas já foi ontem. Não sei se conta?]

[*sentado no meio da estrada/ mas de nós não há memória/ dos lados não ficou nada - disse o Mário]

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

dia não sei quantos 175: sua estética de simulação


Por exemplo, a cena destes dias, às vezes penso nisso com uma certeza carnívora, os exteriores e mesmo os interiores fazem lembrar cenários, não aqueles cenários realistas e pomposos, ou supostamente realistas mas igualmente pomposos, nem sequer aqueles espaços reais que simulam outros espaços reais como cenário de fundo, a cena dos western spaghetti na Andaluzia, ou isso, não, estes cenários recordam-me o Dogville ou o Manderlay do Trier, filmed in a studio with a minimal set, tudo tão óbvio que nos transporta para a narrativa, lá para dentro, mesmo lá para dentro, e a páginas tantas aquilo é mesmo real, mais real que a própria vida, aquilo ali não é teatro, mas algo com que nem o Baudrillard contava: a simulação de uma simulação. Este contrário é o quê?, o que vemos, vemos pelo olho da câmara, a câmara ali faz toda a diferença, mas depois esquecemo-la e o que resta são resíduos, contornos, espaços minúsculos misturados com pessoas, e essas pessoas são também décor, décor de si próprias ou se quisermos das próprias personagens. E entretanto começa a fazer sentido para quem entra por esses olhos dentro (por favor não liguem aos pleonasmos), e é assim que eu vejo estes dias, por uma espécie de câmara, os meu olhos, estou fora e ao mesmo tempo estou dentro, é como se fosse um sonho, tão obvio que parece um sonho mal desenhado, e um tipo está ali a dormir e percebe que está a sonhar, com a diferença que não estou a sonhar, mas lá que parece um desenho distorcido, parece. Não sei se me faço entender?
Já volto.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

dia não sei quantos 174: a retirada do naturalismo greco-latino


Nem sei se foi isso, mas deve ter começado com uma sensação de frio, a janela a abrir, cedinho, um corpo assoma, meu caro, acho que foi assim. Depois a ladeira, a cena do hospital, a continuação das cargas na segurança social, um resto de manhã a amadurecer no supermercado, o caminho ligeiro para casa com o sol a dar-se a ares de aconchego ramerraneiro, ou isso. Entretanto, meu caro, já estou de saída, a cena dos livros, a cena do passe, o sol a descer na sua sabedoria milenar. Ou nem isso.  

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

dia não sei quantos 172: já fica


Ora deixa cá ver, caro diário, este foi um ano, aaah…o quê?, a passagem do ano é só para a semana?, mas qual passagem?, ah, a nossa, está bem mas, por exemplo, o exemplo do fim do mundo Maia, quer dizer, não era apenas o fim do mundo Maia, ou melhor, apenas o mundo Maia é que realmente acabou, ou quase, e não foi este mês, se calhar era isso que eles pretendiam, que alguém se lembrasse que o mundo para alguns povos realmente acaba, deveríamos, segundo os Maias – acho que era isso que eles desejavam – reflectir sobre esses mundos que acabam, sobre esses povos que se perdem na memória, afinal esses mundos e afinal esses povos têm pessoas lá dentro, ou isso. Cada dia é um novo dia, com passagem ou não para outro dia. A não passagem pode ser fodida. 
[agora vou ali ler os Tristes Trópicos]

domingo, 23 de dezembro de 2012

dia não sei quantos 171: zzzzza reagir bem ao tratamentoz


Pois a 20 de Dezembro de 1922, escrevia kafka no seu diário: Sofri muito em pensamento. (…) É inegável que há uma certa felicidade em poder escrever tranquilamente: «O horror da asfixia é inconcebível.» Inconcebível, sem dúvida, de maneira que tudo se passa como se eu nada tivesse escrito. Entretanto, após uma ligeira limpeza da casota, não se pode dizer que não se está bem ali ao sol, e há uma certa felicidade em escrever tranquilamente: não se pode dizer que não se está bem ali ao sol. Tirar os pontos não é a mesma coisa que sofrer em pensamento, pois não? 

sábado, 22 de dezembro de 2012

dia não sei quantos 170: gostaria agora de ir mais longe


Meu caro, meu querido, dias haverá que nascendo tortos jamais, como diriam os Xutos, se endireitam (e os Xutos também já não se endireitam), noites haverá que começando direitinhas, acabam inexoravelmente entortadas, tortas, marrateadas, mesmo para quem é guarnecido de costados dúcteis, sendo essa a realidade deste corpo que se prolonga nesta mão que se te dirige, ou isso, ainda assim será preciso ter em conta a utilização de antiderrapante. Meu caro, ontem ainda fui a downtown trocar as sapatilhas de corrida e vi lá umas adidas cinzentas orladas de um verde a dar para o discreto, tipo corrida tipo monte, lindas, mas não havia o meu número, ainda pensei em solicitar o corte da parte da frente das sapatilhas para de alguma maneira lá enfiar os pés de tão lindas que elas eram, mas a menina olhou para mim de uma forma que não augurava nada de bom, isso não, acabei por trazer as pretas, entre milhares de milhões de pessoas lá consegui encontrar a minha mochila e mais tarde o compincha e fomos tripular um café au lait entre pilhas de livros a fazer de montra. Ainda recordo que alguns desses livros, isto para além dos dicionários – parece que tinham que ser grossos para fazer montra piramidal – estavam em pilhas repetidas e lá estava a morgadinha dos canaviais do Júlio e o compincha olhou para mim, eu naquele momento estive quase para vomitar, mas o motivo para esse préacontecimento não acontecido é que os livros ainda tinham as páginas coladas nas extremidades, nunca tinham sido manuseados nem a guilhotina era das boas. Fico fodido quando as guilhotinas não são das boas e muito mais quando se andam a fazer livros mesmo do Júlio para não serem, de alguma forma, manuseados. Lidos é outra coisa. 

[agora vou ali roer qualquer cena]

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

dia não sei quantos 169: por exemplo, o exemplo do fim do mundo


Caro diário, ou querido, se quiseres, ontem esteve quente, hoje está mais para o húmido, mas igualmente quente. Ontem, meu caro, respondi a mais um anúncio, ou dois, não interessa, penso que naqueles casos já havia dado para o peditório ou para esse banco de anúncios sem ninguém lá dentro, e vê lá tudo meu caro, neste momento, ou talvez no anterior, estava a folhear o jornal público, para sentir a tinta a sujar e franzir as mãos, mas esta tinta não suja nem franze as mãos, já nem se sente um jornal, e depois lá dentro também não há assim nada que nos valha, está bem, o Pulido Valente a escorregar no bacio, quinze anos consecutivos no pódio do prémio nacional de mister senilidade, faz-me rir, parece aquele tipo que leu uma vez um livro de história e decorou-o, pelo menos decorou algumas páginas e depois tenta sempre meter isso na conversa. Por exemplo, se a conversa na tasca versa sobre a clientela, vulgo fauna, ele estabelece logo paralelismos com as clientelas do liberalismo e da primeira república, já para não falar desses clientelismos sazonais que azucrinam sob nomes como base militante, ou outras clientelas esquisitas como aquelas que desvariavam no antigo café gelo. No jornal público, por exemplo, também ficamos a saber, eh..eh..eh.., que hoje passa um filme chamado terra selvagem e que se trata de uma película de acção com contornos ambientais, e com o Steven Seagel lá dentro dos contornos, e também ficamos a saber que se o mundo tivesse realmente acabado já não nos chegava a crónica semanal do Fernandes que quando era pequeno tinha um copo para acompanhar a lavagem dos dentes e assim poupar na água, foi o que ele disse, e poupar é coisa que não fazemos a dar 1,60 Euros para sabermos destas merdas. Eu já comecei a arranjar o meu à borla.  

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

dia não sei quantos 168: calafetagem de sombras

uiZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzeizzzzzzzzzzzzzzzzzzeizzzzzzzzzzzzznáuseazZZzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzcháverdezzzzzzzzzzzzzzzbatidaàsraposaszzzzzduche... [uf]

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

dia não sei quantos 167: anfíbios linguísticos


Quem sou eu?, por exemplo,  em português perde-se logo aquela guelra que nos deixa respirar nas conversas mais prosaicas, ainda assim, ao balcão da tasca, entre futeboladas e sonhos de iscas de fígado, o caminho, sendo tortuoso, configura alguns prazeres desconhecidos. Lá está, unknown pleasures (apesar da cena de ser um disco incrível dos Joy Division) encerra logo lastro suficiente para marearmos em qualquer conversa poética ou intelectualmente civilizada sem ter que citar o Proust, ou isso, já prazeres desconhecidos, embora poético, pode-nos fazer logo lembrar, a nós e a outrem, a menina prazeres lá da rua, a tal que se enfiava, hipoteticamente, dentro de um saco de batatas acompanhada de material do jardim-de-infância, ou a mercearia prazeres (com) desconhecidos [um queijo para quem adivinhou a seguinte]. Mas quem sou eu?, está lá, mas não chega ao who am i, por exemplo, aquele who am i, a páginas tantas no masquerade dos Clan of Ximox, e depois lá mais para a frente, cold as ice / this face i see, parece que estou a ouvir. Lindo.
Quem sou eu?, não sei, mas este filme não me sai da cabeça, não me lembro de quase nada, do sacrifício (offret) lembro-me bem, mas deste: 



(...)qual deles?



[stalker]

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

dia não sei quantos 166: tendências indiscretas


Já não se sabe muito bem, normalmente o corpo está distante, vai exercitando estratégias sem força de maior, ficando por ali, por aí, mesmo esse corpo, esse vazio instantâneo que agora escrevo, não se sabe bem a quem pertencerá, o escrevinhador duvida que seja seu, talvez um prolongamento, salvo seja, quiçá um apêndice, quando muito um apêndice, o seu rasto lá atrás não congemina(rá) esta mão, ou aquele cérebro lá bem em cima dessa mão. Momentos existem, não duvidamos, em que a tendência imagética se sobrepõe ao mais íntimo dos tesões. Mas são momentos curtos. Shame on… 

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

dia não sei quantos 165: o paradoxo no estaleiro


Quase por instinto, isto depois de acordar para a fase dois da limpeza da casota, comecei a confeccionar os pensamentos que se encontravam em vinha d’ alhos há pelo menos quarenta e oito horas, mas poderemos dizer de véspera. Solidário com essa amálgama de sabores que se espraiavam, emborquei timidamente um desenjoo e tomei conhecimento, acusei mesmo a recepção, de uns elementos novos que não acrescenta(va)m ponta nenhuma aos outros elementos velhos que também já foram novos, surpreendi-me mesmo com a minha falta inusitada de exigência potenciada por essa dinâmica social exógena ainda mais débil em termos gerais de exigência, ou outros. Confirmei-o com um sorriso. Juro que pensei que folgavam. Nesse momento, percebi que embora os sorrisos não precisem de tradução, umas legendas sempre ajudam, e deixei-me ficar, abandonado como uma estátua aos olhares, acho que isto da estátua é do Onetti, ou isso.
Depois fui correr.   

domingo, 16 de dezembro de 2012

dia não sei quantos 164: Zz o homem que era domingo * zzz

ZZZZZzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzznáuseazzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzcabeçorrazzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzztenazzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz

[*Nota: confundir com O Homem que era Quinta-Feira, do Chesterton, por aqui também há o Homem que era Segunda-Feira, o Homem que era Terça-Feira, o Homem que era Quarta-feira, o homem que era Sexta-Feira foi para a ilha ter com o Crusoe mas apenas em filme, e temos às vezes o homem que era Sábado, mas já não é, passou para uma cena em que os meses do ano são os da Revolução Francesa, e tem dias, assim mesmo, tem dias diferentes. Diz ele.]

sábado, 15 de dezembro de 2012

dia não sei quantos 163: a evidência pode ser excessiva


É talvez o homem mais realmente enérgico de hoje em dia, mas é-o apenas quando está certo de não ser visto por ninguém.

[Edgar Allan Poe]

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

dia não sei quantos 162: falência técnica contratualizada


Tem dias fáceis. O saltimbanco jornadeia entre volúpias garridas e imbecilidades a tiracolo, ainda assim, as mãos aconchegam livros, o corpo rege-se por diabruras inconstantes, endireita-se como um membro, chegada a altura, as mãos desse corpo aconchegam outro corpo, nada disso é demais, o sol pela peneira, a chuva a dar gravidade e solidão ao caminho, os frutos que se colhem apesar da indiferença. Tem dias difíceis. O saltimbanco jornadeia demasiado humano, dança pequenas penumbras, encolhe-se perante imbecilidades, resmunga tratados do vazio e segue ao sol e à chuva, estações alheias ao seu sentimento, come e bebe, como quem come e como quem bebe. Não há margem para adiar o já não é pouco.  

[agora vou ali ver do projecto, do jornal e da chuva]

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

dia não sei quantos 161: é impossível exigir que todos os pressupostos se baseiem em argumentos


Tudo isto são árvores, momentos da infância reanimados por minúsculos lapsos de tempo, a seu tempo, o passado, mas não deixando as vertigens de cada subida por mãos alheias, cada um alcançando o seu ramal, perdão, ramo, cada um oxigenando-se no sorrateiro momento único, ali e acolá, companheiros amigos, outros leva-os o vento, aqui cada vez mais alto o pensamento sem rumo, o pensamento ruma ao distante longe, ao olhar mais remoto que alcança a vida, outra que não esta. O momento fica, senta-se, faz a vénia antiga que vive na formosura da cortesia, ali ao lado e, quem sabe, noutros lugares, morre-se por devaneios mais louváveis. Um homem, talvez um homem baste, para um arquipélago de sonhos ser completamente idealizado. 

[agora vou ali fazer um complemento de leituras, antes talvez o duche...]

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

dia não sei quantos 160: O caso, o plano, a estratégia e o amante dela


O caso não tem entraves, na realidade, o caso é seguramente um caso decididamente escangalhado, se o tentarmos explicar à luz de um racionalismo acrítico, uma cena que o Popper, enfurecendo-se (e não seria para menos), ruminava ao desbarato, notámos uma vertente tremulante, perspectivada apenas de um dos lados, a qual não condiz com nenhum caminho humanamente exequível, pelo menos deste ponto da humanidade onde observámos os fenómenos à contraluz. O plano que exonera o caso dir-se-ia órfão de estratégias que congeminem o plano ao mesmo tempo que amamentem o caso. Duas situações, quando muito três que, convergindo, divergem, paradoxalmente inseridas no mesmo contexto e no mesmo invólucro – um cérebro demasiado distante e razoavelmente próximo de qualquer realidade, mesmo imaginada – normalmente estatelam-se contra as tabelas. Explico: salvo orientações específicas do âmbito do etéreo, qualquer plano estratégico contaminado por casos, ainda que pontuais, redunda, naturalmente, numa ofensiva inócua contaminada de danos colaterais, cujos impactes, asseguram-nos, não são de todo previsíveis. A olho nu, a démarche, a existir!, deverá valer por si própria. Por outro lado, registe-se, o resultado oposto não deverá constituir qualquer surpresa. Agora pensa nisso. 

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

dia não sei quantos 159: fundamentalmente náusea

goloquasenadazzzzzzcervejazzbilharZZZZZZZzzzzzzzzzzzzzzzZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZ

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

domingo, 9 de dezembro de 2012

dia não sei quantos 157: zsensações alheiaszz

ZZZzzZZZZZZZZZZZZZZZpedraZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZáguazzzzzZZZZZZZZZZZZZZZzzzzzcabeçafodidazzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzznáuseazzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzjá?

sábado, 8 de dezembro de 2012

dia não sei quantos 156: não guardar isto


Um tipo levanta-se, já é uma sorte, acordou cedo, deixou-se ficar, esta de se deixar ficar é do melhor, uma hora, duas horas contou, ali ao lado já se trabalha e hoje é feriado e hoje é sábado, sente qualquer coisa de raspão, é uma dessas coisas indefiníveis, aquela cena do Artaud, a alma a rasgar-se, ou isso, o tipo gosta do Artaud, aquela viagem ao México fodeu-lhe a tola, o tipo pensa nisso, mas não se sabe se o Artaud queria mais alguma coisa com a tola, com a dele e com a dos outros. Entretanto o corpo que pertence ao tipo a que anuímos ganha vida, e depois é vê-lo além, a fazer de conta que corre, o cabrão. 

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

dia não sei quantos 155: comentário ao tilt


Estava a pensar nisso: aspirar a um ideal é sempre melhor que expirar por um.

[agora vou ali responder a umas cenas]

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

dia não sei quantos 154: e não será esquisito?


Voltamos à ladeira. Cada caminho, imagina-se, terá o seu inverso. Posto isto, era uma vez uma quinta-feira, um dia de Outono como outro qualquer dia de Outono, um homem senta-se e escreve: voltamos à ladeira. Seria o tempo circular, o supremo humor, mas é apenas a vidinha, ou o caralho. 

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

dia não sei quantos 153: para uma vitória gorda da situação de procura [de trabalho] - (resumo alargado)


A iniciativa do dia, declaram, compete-nos, eu diria que o afirmam redundando o compete-nos a nós, mas não será a minha falta de concentração que (quase) contribui(u) para aumentar essa vantagem, no momento certo, com o selo de golo desse momento certo, após o qual, dizem-nos, é preciso reagir, sem levar a melhor, o que será bastante raro. Para mim tudo isto parece futebolada, a vida no nosso país é a compensação de uma forma estranha, o país em que, se somos nativos, somos estranhamente nativos, mesmo com bom senso sendo isto uma escorregadela - repare-se que já estamos em maus lençóis – é mesmo uma circunstância de escorregadela para acção disciplinar, e estamos logo a digerir mal a não reacção, ocorrendo um alívio quando a encruzilhada vai demasiado longa na sua trajectória. De novo teremos que insistir, ganhar vantagem, para surtir efeito é preciso insistir nessa forma de ganhar vantagem. O canto do cisne leva a melhor. O outro é relegado, mas com muita alma.  

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

dia não sei quantos 152: pancadinhas no [meu] índex


Impõe-se, por exemplo, sabermos o que será feito das Bohemias Reserva 1835, e onde se poderá diligenciar informação fidedigna a respeito de tão insigne questão, estão coisas chateiam-me imenso, preocupo-me imenso com situações deste calibre que se esvaem, por assim dizer, se esboroam (é melhor) das nossas vidas, à falta de outra figura, como areia entre os dedos, deixando-nos abismados sem abismo que nos valha. Posto isto, sei bem que o tempo voa, e se lhe dou premissa, menino é para se injectar nas minhas veias, aforrando-me de anomalias tradicionalmente reconhecidas como avarias, ou desvarios, nada disto é o que realmente queria dizer, mas coisas há que de tão imprescindíveis se revelam inexoráveis, noutro sentido, são coisas que não nos permitem saborear os langores que acabam, como diria o Beckett, acho até que o escreveu, mas onde?, ah!, no Molloy, só pode ter sido no Molloy. É do caralho, o Beckett!

[entretanto fui fazer de conta que corria]

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

dia não sei quantos 151: tou a dar tilt


Entretanto, fui correr.
[Reenviei um e-mail com CV e carta de representação, uma cena cruel que ontem veio restituída, quer dizer os tipos colocam anúncios com peripécias cada vez mais engenhosas, lá chegaremos ao pagas e a gente arranja-te aqui um sítio, não, não, mais ali à esquerda, e tu pagas, mas enfim, parece que ao domingo não recebem e-mails com respostas ao anúncio para o tal e-mail que forneceram, por razões de permanent error, cujo desenlace hoje se revela mais virtuoso, ou o caralho!] Também já gostei deste filme:




mas não sei bem porquê...

domingo, 2 de dezembro de 2012

dia não sei quantos 150 e picos: sunday morning nem sempre é easy


Declarar interesses é como escrever cartas abertas: um anacronismo quase dandy. Eu cá estimo a terceira pessoa do singular, aprecio metáforas e pleonasmos e vou à bola com o tratamento formal, ou o caralho, posto isto, o domingo de manhã – para além do pão fresco e de um aspecto lateral da limpeza da casota – encerra pasto para silêncios inoxidáveis, também se pode(rá) começar a ler, podes começar a ler por aí fora, ou, pode começar a ler por aí fora, um livro, um bom livro é sempre um cadáver adiado, como nós, indexado à palavra fim, e por isso é por isso que prolongas a coisa, quer dizer, não será apenas que é comum tentar prolongar a coisa, mas acontece, acontece amiúde, há até quem diga aquela cena do bom naco de prosa, mas poderá eventualmente  nem ser um naco, como aquela tipa que gostava muito de ler mas apenas livros que não fossem muito grossos ou pesados (aqui há sempre uma analogia brejeira mas necessária), e logo um tipo fica assim a pensar que a literatura light, easy como uma manhã domingo (isto é Faith no more mas é Commodores) muitas vezes se apresenta em calhamaços pouco dúcteis, ou isso, mas porquê? Mas porquê? E fica a pensar. 

dia não sei quantos 150: aterrar


zzaterrarzzZZZZZZZjá?zzzzzzZZZZZZZZzzZZZZZZZzzzzzáguaZZZZZZZZZZZZZZZmadrugarzzzzzzzzz…zzzeagora?zzz