sábado, 30 de janeiro de 2016

Problemas de metodologia

Fazer prova da entrevista. Refazer o curriculum à luz ténue mas elucidativa de 2016. O outro não serve, aquele que era um europass to nowhere? Não?, ok, imaginar uma carta de apresentação para as nações unidas, não fazer por menos, chá verde e pão de ontem torrado com manteiga mais um doce de uma cena vermelha, limpar a casota ao sábado, mayday...mayday...mayday, mais um dia à paisana, mas eis que começa a chover, denuncia-se o cabrão, anda dia do caralho, a gente vai continuar dia do caralho, quem sabe um duche, lá fora cá dentro, quem sabe um almoço com os restos do jantar de ontem, viva o velho, quem sabe ler umas merdas, ver umas merdas na televisão, temperar a perna do peru para mais logo, coitado o peru está manco, mayday...mayday, já cá faltava um parágrafo nisto tudo, um parágrafo nisto tudo…

quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

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Tenho uma (não confundir com a) vida muito ocupada: nos intervalos das coisas aproveito para fazer outras coisas. Corto as coisas aos bocados para melhor as entalar umas com as outras, já muita gente canina se debruçou acerca da necessidade de cortas as coisas se depois as vamos entalar. Recuso-me a entrar nesse tipo de polémicas ocas, estéreis, para não dizer desnecessárias, se queremos merdas que nos fodam a cabeça o melhor será seguirmos qualquer um dos programas sobre bola na televisão, seja ela qual for, programas esses em que os elementos participativos (garantem-me ) recebem,  em troca da dita participação, dinheiro verdadeiro, e não, como seria de esperar, notas daquelas que se encontram no monopólio, jogo que por estes dias está pela hora da morte. Tudo isto me deprime, embora tenha uma (não confundir com a) vida muito ocupada: nos intervalos das coisas aproveito para fazer outras coisas. Quer dizer…

terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Perguntem ao pó

Madruguei. O dia começou com um dói-me bué o mundo – pelo menos foi o que eu percebi. Saí de casa. Por causa das coisas não tomei café. Depois entrei na biblioteca para deixar lá o embrulho do engano. Não resisti e fui em peregrinação às prateleiras. Numa lia-se: literatura norte-americana. F de Faulkner, ainda não é desta, F de Fante, qualquer coisa do pó (do Fante tenho dois em casa, não este), abri, estava lá o Bukowski sentado ao balcão, continuei a abrir, era um prefácio do velhadas sobre o tal qualquer coisa do pó do Fante. O prefácio era de mil novecentos e setenta e nove. Está a ficar velho o mundo, pensei. Comecei a ler e continuei ler: Quando tinha vinho barato à disposição, eu não ia à biblioteca. Uma biblioteca é um belo lugar para se estar quando não temos o que comer ou beber, ou quando a senhoria anda atrás de nós para lhe pagarmos a renda em atraso. Fiquei a pensar nisso uns trinta segundos e decidi levar o prefácio debaixo do braço. Veio também o livro. A sério, perguntem ao pó…

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Trate-os como se fossem dinheiro

Fui a uma entrevista para inspector dos cogumelos. Sonhei com a família micro-ondas e escrevi mentalmente sobre isso ainda no sonho. Encontrei DaDa atrás de uma soirée unicamente dedicada à intoxicação humana através da utilização de cartas de apresentação. Desliguei um ou dois curricula vitae da máquina. Foi com prazer que condescendi às sementeiras da discórdia. Por acaso, ultimamente, não tenho encontrado o Andy Warhol (sem óculos) nas paragens de autocarro (Braga). Nem o homem aranha pequenino. Entretanto, recebi informação fidedigna que decorre uma campanha eleitoral para o pequeno nada. Tudo com letrinha pequena. Continuamos a procurar o Grande NaDa. Continuamos a explorar o abismo.

sábado, 16 de janeiro de 2016

oub'lá querido diário: quero é que tu te bás foder!

Posto isto, vamos lá merdar um pouco ao jeito de sábado: zzzzzZZZZZ zzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz e logo a seguir tratatara tatara tatatatatatatataratatatatatatatatata pensamentos tatatatatata decisões tatatatatatatata o ano novo começa no aniversário (?) tatatatatatata raaaa tata e coiso tatatata chá preto, batoque, torrada tatatataataratata huuuuuuuuuuuuuuuu tatata e ainda já foste tatatatataataratatatata quero é que bás

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Trópico de capricórnio

David Bowie, capricórnio. A minha Avó do Lume, capricórnio. Gerónimo Cão, capricórnio. Emmy Hennings, Capricórnio.  Elvis Presley, capricórnio. Paul Young, capricórnio, O P(R) e o B, capricórnio(s). Marilyn Manson, capricórnio. Kate Moss, capricórnio. Jô Soares, capricórnio. Michael Schumacher, capricórnio. Uma amostra dos nados de Janeiro, os verdadeiros (alguns nascidos no mesmo dia). Mas afinal que terá esta gente (cão incluído) em comum? Esta, e outras respostas, nunca serão encontradas algures neste pedaço etéreo/digital  que obedece ao nome de Diário de um Cão. O resto que se foda. 

[por acaso, o Henry Miller também é capricorniano mas dos de Dezembro, isto é, do ano anterior]

The man who sold the world.

Um dia escreveu assim David Bowie (e fez uma música com isso): I thought you died alone, a long long time ago /Oh no, not me/ I never lost control/ You're face to face/ With The Man Who Sold The World.

[nota: eu já volto com o horóscopo da semana]

domingo, 10 de janeiro de 2016

continua a chover e um dia destes pensei nisto:

Fazer ao contrário, seguir outro caminho, andar de marcha atrás, expurgar a vida da rotina maliciosa.

[por vezes o pensamento encontra-se em areias movediças, esperneia-se, ilude, mas na realidade não fode nem sai de cima: o mesmo com o que fazemos da vida].  

terça-feira, 5 de janeiro de 2016

2015, ou isso...

Todas as minhas vivências heterónimas foram assoladas por um comboio de camiões (deixem passar que é tipo aquele do comboio dos duros), repleto de emoção e emoções, pouca terra, pouca terra, huu huuu, chuva, sol, alguns mastins em perseguição e morte. Uma morte significativa, real, que supostamente me fez (faz?) sentir a morte e a vida, ou vice-versa, ainda dois mil e quinze ia no adro. Isso e o trabalho de pasto, cuja duração (mais uma vez) roçou o tempo de antena televisivo do emplastro, deram o mote à sopinha de nabos que me acompanharia na desmama dos dias. De qualquer maneira não se tem a certeza de estar vivo entre estas conversas sem cabaret que as valha, ornadas pela tasquice mundana da moda, gordurosas as putas das palavras desperdiçadas entre bancos de jardim, vazios, agarram tudo até essas palavras das conversas que levo nos bolsos e deito fora. Entretanto, imagino com deleite um ano ainda pior que essa água estagnada polida neste penico do céu, isto vai, penso, mais um dia, dois, três mil, seiscentos e picos, que horas são?, mas com direito a ar condicionado, trabalho condicionado, a coisa lá ia à base de descarregar livros nas férias da estiva. Uma vez quis ser estivador e fui lá ao sítio da estiva, não fui sozinho levei outro bêbado, foi numa qualquer noite anterior a qualquer coisa e depois logo de manhãzinha começou o mito. Fiz, é sabido, um pacto de anulação com a vida, zero a zero e não se fala mais nisso, embora lá vá semeando a discórdia a desoras (que a idade não perdoa não é Lautreamont?), ainda assim pareço-me digno de figurar num guia de bons costumes em fancaria. Não obstante, continuamos (aqui já no plural), são seis pães, por favor, que bons ovos, olhe era uma cerveja, duas cervejas, trezentas cervejas, chá verde matinal a acolchoar a dor de cabeça, olhe veja lá se está disponível um dia destes caro cérebro, não diga isso meu bom amigo – mesmo ao fim de semana a alcateia passeava-se na redoma universal, o bom deus pachorrento, infiltrações de tédio ruminavam odes cada vez mais ruidosas, vamos lá ao centro comercial mostrar as nossas dores ao Cão. E depois chovia, ou nem isso. Um lago imaginário cercado por um poente imaginário (deixem passar) voltava a pintar-se junto aos dogmas: a família, o amor, o leite de soja – enquanto isso a vida consumindo-se em recordações metalúrgicas, barcos que não partem nunca, corpos a suar aquele perfume trazido pelo mar da escrita de Melville. Voltamos a abrir a porta, a caminhar junto ao hall desse ínfimo mundo, a escrevinhar acerca do temporal do outro lado do abismo. É quase sempre a mesma merda. E cada vez somos menos.