quinta-feira, 1 de maio de 2014

dia não sei quantos quinta feriado: com a sensação de estar polindo as minhas unhas, acho

Ainda és daqui? Ainda sou daqui. Um tipo Cão tem medo. Seja cão se não tem medo (deixem passar). Na rua desapareceram árvores. Onde mijar? Desapareceram árvores, caralho, as nossas árvores. Envelheceram unidades anatómicas que conhecíamos de sempre, tipos fortes, tipas fortes, referências na frente de ataque. Conversas novas trazem nuvens com palavras como próstata, rins, achaques úricos, ácidos rebeldes, peles curtidas servindo de estandartes. Aos poucos um tipo cão decide a equipa final da estante: Vilamatinhas, Fante, Borges, Melville, um bocado de Bukowski e de Vian, uma posta de Nicha. Sebald, sempre. Ali, claro, Chatwin, acolá a Viagem ao Fim da Noite. Hrabal… fazes falta. Um lugar vago para Savage. Stendhal a dar com os cortinados. Um pouco de filosofia, alguma história. Lainez, a nossa fada. Manguel a dar para o torto. Camus, obviamente, estrangeiro. Cossery para o chatear. Rimbaud às cavalitas de Flaubert. Pessoa e Belo. Cartago infinita. Celtas. Toca a esvaziar e dar de novo. Chesterton: um manual de construção de barcos. Poe, Franz alguma coisa para sairmos disto.  Lá fora ninguém escuta as lamúrias da estante. Tudo se desmorona, à espera no centeio. 

7 comentários:

  1. fabulástico pá:)

    Franz alguma coisa então:)

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. :))

      suspeito nº3:))
      afinal alguém escuta as lamúrias ehehehe

      Eliminar
  2. andamos sempre por aqui :)))
    mesmo quando não comentamos :)))

    ResponderEliminar
  3. Excelente bibliografia :)))

    ResponderEliminar
  4. é claro que envelhecer e ver os outros envelhecerem é fodido:) mas dito assim é lindo:))

    DdC

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. fodido fodido é...:) o resto tantas vezes vai à fonte que :) ou isso:)

      Eliminar