quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

dia não sei quantos 238: a cabeça como uma casa de putas*


Está tudo bem, não estou muito calmo, dormi com verdadeiro sentido de estado ao ponto das articulações começarem a cantar o grândola, depois então foi um acuda-nos para o aquecimento e quando fui correr acreditava piamente na possibilidade de uma guerra fratricida entre os músculos e o cérebro, mas a coisa foi com o vento a dar-lhe nas fuças do peito, vinte e sete minutos de fuças peitadas ao vento, mais vinte minutos de qualquer coisa com consequências físicas ainda não declaradas, nem devidamente estudadas, já aí temos uma comissão de inquérito para atestarmos a inutilidade de tudo isto. Entretanto subi a ladeira a pensar na minha vida, carruagem única, nem do estrangeiro se pode mandar vir peças, e que o melhor é saltar de cabeça para dentro do presente irreversível, como sugere o Bohumil, ou isso.  Até ver é isso. 

[*este título é mais ou menos da responsabilidade de Venedikt Erofeev, um gajo Russo]

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

dia não sei quantos 237: vulgarmente estiolado


Dormir, desenjoar. Plano activação de projectos? O impulso de que precisa? Papo para o ar além do tratamento da sensibilidade do momento. Ligo a televisão, uns tipos avisam que há uma linha que separa não sei bem o quê, mas aqui não há nenhuma linha, nem sequer de coca, olho bem e não vejo nada, mudo o canal e um tipo fala de tipas que produzem legumes em miniatura, fico confuso, procuro o detonador, debalde. Desligo a televisão quarenta segundos depois de a ter ligado, com várias cenas a comerem-me a mioleira e ramificações laterais que me transmitem alguma insegurança até ao momento em que escrevo alguma insegurança. Penso por momentos que, se calhar, a preservação da espécie não está definitivamente à venda em lojas da especialidade [risinhos]. Entretanto fui à mercearia, tomei um duche, li umas merdas, comi uma sopa, fiz uma pasta de atum, comi a pasta de atum com alface e pão, olhei lá para fora, nuvens, não está mal. Já vou ver do correio.
[ah, e fui flanar à coca de cenas. Agora vou responder a uma cena de desemprego]

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

dia não sei quantos 236: revelação distópica


Não sei, dei comigo a pensar no dia-a-dia, a pensar que se calhar viver é receber todos os dias uma recompensa na forma de um castigo mais ou menos fodido…tatatalalatataa

[entretanto fui correr menos mal]

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

dia não sei quantos 235 e tal: o vazio absoluto não existe no universo


É certo que depois fui passear, mão no bolso, casaco preto à marinheiro, abotoando uns pensamentos ao corpo até arranjar o público de forma esquisita e então decidi parar para testar os movimentos sincronizados com o ócio ao sol. Somos bichos sedentários há caralhos de anos, e foi aí nesse ponto longínquo que começaram os nossos trabalhos ou a ausência deles. O café com leite estava frio e o Record é um caminho para o envelhecimento precoce de todas as células num raio de treze quilómetros em redor, talvez por isso me tenha aproximado da ladeira com a rapidez de um subterfúgio. 

dia não sei quantos 235: é evidente que prognósticos só no fim do jogo


mas entretanto já fui correr [risinhos]:







agora vou ali passear...

domingo, 24 de fevereiro de 2013

dia não sei quantos 234: vontade e representação


Após a voluptuosidade da luxuria desaguei junto a uns crustáceos manhosos e mandei-me para um frango de churrasco com um toque africano de midas, sem exageros, sem molhangas de escondimento, sem segundos sentidos, regados a cerveja e a um tinto maduro a dar para o carrasco cool. Não tardou, estava a emborcar um whisky enquanto o diabo esfregava um olho, seguindo-se uma dissertação rubicunda sobre a filosofia de Shopenhauer e sua influência sobre algum anarquismo, acabando na hermenêutica das letras de António Variações e num estigma que percorre o espírito de alguns seres humanos não permitindo que estes alguma vez se sintam bem, estejam onde estiverem, ou o caralho. Insistimos depois no rock à força da locomotiva cerveja, mas já estava tudo minado, o pousio das últimas semanas veio ao de cima, ruminou, e deu ainda para ver uma cena qualquer na televisão com uma infusão de camomila. É isto: Cão, desempregado e a ficar velho...tumtumlalalanow.

sábado, 23 de fevereiro de 2013

dia não sei quantos 233: com a sensação de estar polindo as unhas


Acabei por sair outra vez, após um desenjoo tardíssimo, não faço por menos de onze horas na cama, que desbaste, um tipo chega a esquecer-se do mundo exterior – e esta cena a dormir certinho – não estar ali a enconar, a fazer de conta que está na cama, não, tempo real, alicerçado num foda-se matinal que transporta a questão: já são essas horas todas? Acabei por sair, apanhar uma liana de sol, café com leite a bordo de uma esplanada, lembrei-me do Sarte a propósito não sei bem de quê, e suas esplanadas sexuais com a outra tipa a Simone ou o caralho, basta pensar no Sarte e náusea, pumba, é certinho, aquele intelectualismo balofo de esplanada, gosto do Camus, cuidado, não confundir as merdas, gosto de esplanadas e de cafés, desde que não tenha hora marcada como na manicure tertuliana, ou essas merdas. Onde vais? Vou à manicure tertuliana. Vai mas é para o caralho.  
Agora vou ali saltar para cima de uma camião em andamento...

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

dia não sei quantos 232: subsídios para um manual da lula


Acabei por sair de casa, uma vez, duas vezes, lá fora, por assim dizer, ainda tudo me mete um certo nojo, não sei bem porquê, aquela cena não tem paredes e às vezes cai água de cima, mas deu para treinar a consistência das lulas, deu até para reflectir na organização de um espectro de cores que pode ser muito interessante em concursos futuros por forma a escalonar provas e divisões, em vez de peso pluma ou peso pesado teremos a lula esbranquiçada e no limite a lula amarelo-torrado, o restante estará pelo meio, ainda não sei se lula com sangue poderá entrar, mas parece-me excessivo, não gostamos de brincar com coisas sérias, mas se for apenas sangue dos dentes ou gengivas quer-me parecer que até dava, mas afigura-se complicado de avaliar. Também treinei distâncias e direcções, isto é, a capacidade de acertar em alvos pré-definidos, e foi sem surpresa que descobri que na lula, na verdadeira lula (as simples escarretas não são para aqui chamadas), tudo depende da consistência, aliada à destreza bocal e à concentração [estar com tosse e fodido dos brônquios ajuda].
Não é fácil. 

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

dia não sei quantos 231: estou pacato


Fui andar um pouco, ainda sei andar caralho!, aproveitei para arranjar o Público de uma forma esquisita e fui a uma livraria fazer de conta que observava uns livros, patati patata, isto sempre com más intenções, sempre a rosnar impropérios e a imaginar charivaris, esta cena do charivaris hehehe… estava mortinho desde esta manhã para a meter numa conversa, primeiro caiu-me na sopa, depois tossi em grande, não sei se já fizeram concursos de tossir em grande?, é preciso estar fodido com tosse, eu explico: dois tipos ou tipas fodidos com tosse colocam-se a uma determinada distância e vão tossindo um para cima do outro desmesuradamente, essa distância no decorrer da prova vai diminuído e o objectivo final seria a desistência de um dos competidores empapado de lulas projectadas pelo adversário, o que nem sempre sucede, normalmente ambos aguentam à brava acabando tudo em galhofas escabrosas, é uma espécie de desporto por assim dizer, nem pior nem melhor que outros, nojo metem-me aquelas competições bacocas do beijo mais longo do universo, ou o caralho, com um tipo e uma tipa agarrados por uma corda imaginária a lambuzarem-se para não caírem durante três dias, com um ar fodido tipo mortos vivos daquela série que passa na FOX, the walking dead, ou isso. Essas merdas só mesmo na Ásia, beijos ou lambuzações durante três dias seguidos e nada de foda. Até já.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

dia não sei quantos 230: transfega de rotinas inflamáveis


Não será de todo necessário que se abra a porta para que os planos se esvaiam, nem profiláctico garrotear qualquer membro comiserado que ilustre a patranha desse momento. Não. A páginas tantas, ou isso, o doutor pergunta a Vladimírek o que se passa, e este para dar uma explicação sem ter que falar, levanta-se e põe-se a bater com a cabeça na parede, e nesse encontro nada fortuito entre uma cabeça e uma parede – que nasce do desejo de carregar um mal que tinha sucedido a outrem – reside a positividade da loucura transbordante na força que é o corpo, que é o mundo, a apoteose do Universo e da Beleza, ou isso, tenho que consultar o Observador que também é um filosofo, por exemplo, Bondy decide dedicar-se à arte e para não ser obrigado a trabalhar interna-se num manicómio, reparem que nem sempre que alguém que não quer trabalhar ou que pretende dedicar-se à arte se interna num manicómio, mais depressa se socorre do orçamento do ministério disponível, debalde, Bondy constata que no manicómio se começam a utilizar os métodos soviéticos que recomendam que o melhor para os inadaptados é o trabalho. Ali não muito longe, poucos anos atrás, outros consideraram o trabalho libertador. Mas aqui para nós que ninguém nos ouve, o trabalho quando é adjectivado administrativamente normalmente tem uma pulga atrás da orelha do tamanho de um paquiderme bebé, tenho andado a pensar nisso, a ler o Hrabal, seremos todos ternos bárbaros, ou apenas bárbaros com uma garrafa termos? Uma gigantesca garrafa termos atrás da orelha: um trabalho para a Joana Vasconcelos? Ah?

[ontem respondi a mais um anúncio e botei existência em mais um sítio – cumprir calendário?]

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

dia não sei quantos 229: como uma manopla ao vento?


O observador sempre quis uns binóculos, uns lunetes daqueles mesmo a sério, daqueles que ver muito ao longe, muito ao longe, torna as coisas pequeninas dentro de um frasquinho sempre à mão, depois o observador ficaria oculto atrás de algumas rochas cujos lacraus seriam os cortinados de sua casa, não sabemos se se trata de um deserto, não sabemos se aquele austríaco dos detectives selvagens, Heimito Künst, estaria por perto, Heimito teve febre, bem o sabemos, Heimito não conseguia aguentar, mas aguentou, adormecendo, os sonhos de Heimito não o largavam a noite inteira, Heimito achava que os sonhos não têm dedos, têm punhos, e por isso deveriam ser lacraus. Heimito sabia tudo mas não sabia nada. E nisso estava como o nosso observador que analisava o exterior sob uma penumbra filtrada de lacraus e depois, durante horas, perscrutava o horizonte, tomava notas, adormecia, coçava os bolsos das calças e, sem se dar conta, chegava sempre ao local de onde havia saído no início do sonho. Por fim acordava. O observador sabia tudo mas não sabia nada. 

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

dia não sei quantos 228: não interferir com a actividade


Era isso, era isso, afinal haviam ligações laterais mais ou menos camufladas, merdas resistentes tipo micro-organismos unicelulares procariontes, vulgata, bactérias, cuja roupagem por vezes se assemelha aos vírus, juro!, foi o que me disseram, surgindo associados ou na sua onda, é indiferente , mas custa mais a passar, tendo que se ministrar cenas como azitromicina, por exemplo, para tentar inibir o crescimento das bactérias. A correcção disto tudo, ah?, inibir, ah?, e depois a pastilha tem outras cenas denominadas de excipientes como amido pré-gelatinizado, crospovidona, e outras ainda que representam combinações malucas de elementos da tabela periódica. Entretanto, vou subindo a ladeira em pensamento, estou lá fora, não me queixo, primeiro sorvo bem o ar, que fixe, depois meto a bomba da asma, não, não meto nada, não é preciso, estou lá fora a caminhar ao desbarato, a acariciar todas as juntas e todas as articulações do corpo, este chia, rio-me baixinho, vou andando, olho os prédios e as ruas e as casas e tudo me parece na mesma, para melhor, vou-me perdendo na teia urbana e a cada segundo não há outro igual, quando por fim saio deste pensamento, agarro outro e já estou outra vez lá fora, desço a ladeira, vou ao pão, em breve irei correr, penso, em breve irei correr…

sábado, 16 de fevereiro de 2013

dia não sei quantos 226: dar à caldeira


Entretanto, comecei a ler umas merdas, já não sei bem quando, ainda hoje pensei que era sexta, não por causa do adiamento de projectos, simplesmente parecia sexta, todos os meus dias podiam ser sextas, bom, mas comecei a ler e logo nesse início Hrabal revela-nos que Vladimir registava as suas notícias diárias não por querer, mas sim pela necessidade, porque a escrita fazia parte da sua psicoterapia, porque, ao escrever, a sua mão ventilava a caldeira sobreaquecida do seu cérebro. Depois acho que pensei em montes e montes de merdas, tenho andado assim por montes e montes de merdas. Palavra que hoje poderia ser sexta-feira, todos os dias e cada dia uma sexta, talvez seja isso voltar à minha normalidade…
[vamos lá ver da febre]

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

dia não sei quantos 225: possivelmente infectado



[Segundo um observador bem posicionado, o combate prossegue apenas com tréguas a espaços, o Cão terá assumido com um pouco de brio a situação no teatro de operações, algures na tarde de ontem, tendo recuado amiúde, entrincheirando-se talvez demasiado depressa, para depois confiar em determinadas evacuações e limpezas da zona limítrofe, planeando um ataque a todos os títulos absolutamente improdutivo, no caso de se verificar. Tal não sucedeu. O observador bem posicionado (o Fringe à beira disto é folguedo), mais informou que após a carga de porrada desta e da noite anterior o Cão ainda conseguia soletrar a palavra anticonstitucionalissimamente em quatro línguas, quando até esse momento nunca havia sido capaz de o fazer na língua de Eduardo Prado Coelho, após o qual a situação dramatizou-se, acalmando com a chegada de reforços de artilharia por volta das seis e picos. Mais tarde houve ração servida – supostamente – por uma deusa do olimpo (ao solicitarmos a confirmação deste facto, o observador assobiou para o lado uma ária desconhecida). Mas estamos à coca.]

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

dia não sei quantos?...3...224...sob vigilância


Entretanto, nos interstícios do delírio da febre, vai dando para reflectir em montes de merdas desorganizadamente, entretanto, pensamentos como tenho coisas a fazer deixam de fazer sentido, o adversário não abdica de tergiversar, confundindo-nos com palavras difíceis, estratégia que culmina invariavelmente num ora essa suado. Assim que der volto.





(imagem desfocada que se pode assemelhar ao adversário...eu vi logo que não era apenas um)

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

dia não sei quantos 223: combate corpo a corpo


Após um período doidivanas em vinha-d’alhos eis que resigno.  
[e não é que o Cão também apanha gripes fodidas? – passe o plural, é que parecem muitas…]

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

dia não sei quantos 222: zzzZZZZZzpensorápido

ZzcervejazzzzzzZZZzzzzzzzzuizzzzzzzzzaiZZZZZnáuseazzz
[volto entretanto, tenho coisas a fazer relacionadas com um veículo motorizado, mas o que é certo é que me sinto a progredir no sentido contrário de qualquer coisa - neste caso as dores dão-nos uma leitura aproximada da pancada]

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

dia não sei quantos 221: vamos bem, apenas sem rumo


Não sei, estou a desmarcar-me do meu conceito de tempo bem passado, está agora mesmo a começar mais uma temporada, uma temporada nova do imenso nada, ano novo chinês, verificação de capacidades físicas que não questionem o exercício de um magistério…eh…eh…um imenso nada, digo-vos!, mas também estou fodido, bastou ligar a televisão para certificar o afundanço numa niquice monótona e dizer metam as imagens pelo cu acima com coreografia e tudo.Neste momento não há acção nenhuma. Silêncio

domingo, 10 de fevereiro de 2013

dia não sei quantos 220: z[ler o anterior]z

[acrescentar mais cerveja e tirar a ginginha]

zZZZZZZZZZZZZzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzznáuseazzzzzzz

[PS: ontem ainda consegui ler meia dúzia de páginas de uma cena mas não me lembro de nada...eh..eh]

sábado, 9 de fevereiro de 2013

dia não sei quantos 219: comissão de entretenimentozz

(...)zzzzzzzZZzzzzzzZZZZZzzzznáuseazzzzzzzzzzzz

[noite: recordar o tigre adormecido; cerveja; whisky; passagem na casa ginginha; uma cena a que chamavam de música vinha das entranhas de um reservatório industrial desactivado em forma de intestino grosso; estava mais gente que numa avenida frequentada de Pequim e estava calor?...]

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

dia não sei quantos 218: já para não falar na conta da luz


Não está fácil retomar as hostilidades, o teatro de operações está totalmente imbecilizado e o caos reparte a temporada com as almas perdidas que vogam por aí, posto isto, acordei cedo, levantei-me, deitei-me, desenjoei, fiz planos, perguntei ao saco pela mochila verde, fui ver do jornal, fiquei fodido, voltei. Vamos adiar os projecto sérios lá para meados da semana.  É isto...

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

dia não sei quantos 217: miolos à paisana


Mal abri o olho disfarcei logo, fiufiuufiu [assobio interior], mas tarde – quanto? – fiquei com o mesmo olho aberto no escuro, é fixe estar de olho aberto no escuro, lá veio a persiana a reportar a luz, ou será o caralho de um estore?, eu paralisado, há animais que fazem isso para passar despercebidos, a pensar, isto vai começar bem, vai vai, depois escutei claramente o Calimero, es una injusticia, es una injusticia o caralho!, devo ter respondido e levantei-me, não sem antes trancar a mioleira e outros veículos transportadores de seiva essencial a quaisquer manipulas perversas exógenas. Já vos fodo, pensei, e fui malhar um chá preto. 

[querem ver: agora vou correr vinte minutos – não está fácil]

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

dia não sei quantos 216: o utente deverá fazer-se acompanhar de si próprio


Já estarei a descampar, é um momento que contem todos os anteriores e, todavia, desconfio, congemino vertigens para rebaptizar cada momento como sendo único…eh…eh…eh, revisito mentalmente um monte de merdas, hesito, ainda agora pensava em ir andar por aí para não chatear os cornos, antes fui correr meia horita, não deu para mais, tenho pendor para emprenhar os sentidos de merdas desnecessárias, informação rapinada, ideias, às três por quatro vou ler qualquer coisa, o mais certo é isso. Está a correr bem este dia, está.

[não vou responder à cena da... por motivos de urgência]

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

dia não sei quantos 215: o agitado braço da noite


No sonho, um tipo sai de casa e começa a correr, logo às primeiras passadas, em fundo, o “Second Skin” dos Chameleons – ele há coincidências do caralho! – primeiro aquele silêncio musicado de alguns segundos e depois a guitarra, e lá vai ele indiferente a tudo durante cerca de seis minutos e cinquenta e tal segundos, entretanto, em seu redor uma luz amarela invade cada centímetro de terreno e cada centímetro de ar, ele continua a correr, talvez essa luz afinal seja cinzenta, para sermos mais precisos, infestando cada centímetro de terreno e cada centímetro de ar, de forma que todas as pessoas desaparecem nesse jogo de sombras. Após os seis minutos e cinquenta e tal segundos, à sua direita, uma rulote grafitada entre vegetação vadia configura a ruína do local, além, muito depois das árvores, restos de um circo e de carros de choque – esta imagem não é precisa – e de repente começa a aparecer gente de todos os lados, cada vez mais gente, formando, se nos é permitida uma vista área, um gigantesco painel publicitário. É nesse momento que ele acorda, sem saber qual a imagem do painel, mas com um foda-se acoplado aos lábios: embora lá subir a puta da ladeira. 

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

dia não sei quantos 214: do verde abrigo, em força


A cena do Hölderlin que começa assim: todos os dias saio em busca de algo diferente, depois continua assim: Demandei-o há muito por todos os atalhos destes campos; / Além nos cumes frescos visito as sombras, / E as fontes; o espírito erra dos cimos para a planície, / Implorando sossego; tal como o animal ferido se refugia nas florestas, / Onde antes repousava pelo meio-dia à sua sombra, fora de perigo; / Mas o seu verde abrigo já lhe não dá novas forças, / O espinho cravado fá-lo gemer e tira-lhe o sono, / De nada servem o calor da luz nem a frescura da noite, / E em vão mergulha as feridas nas ondas da torrente. / E tal como é inútil à terra oferecer-lhe a agradável / erva curativa e nenhum zéfiro consegue estancar o sangue que fermenta, / O mesmo me acontece, caríssimos! Assim parece, e não haverá ninguém / Que possa aliviar-me da tristeza do meu sonho?
Eu poderia eventualmente continuar mas tal se afigura de todo impossível, o Hölderlin na cena do pranto de Ménon por Diotima é bem gajo para nos deixar com a cabeça toda fodida, ou isso. 

[entretanto, após a leitura de um clássico...eh...eh... fui correr com a minha segunda pele: tralalalala.]

domingo, 3 de fevereiro de 2013

dia não sei quantos 213: zZz imagem não disponível

Após a ode ao porco com passagem a páginas tantas por Gadus morhua, - mas isso não terá sido de tarde?, fomos para além cervejar, e um caos calmo acavalitou-se entre outras bebidas dignas de um serão espirituoso, mas de certa forma curto após o qual: ZZzzzzznáuseazzzzzzzzzzzzZzzzzzz...

[agora vou ali ler uma cena do Hölderlin que começa assim: todos os dias saio em busca de algo diferente. Depois vou continuar com o asseio da casota]

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

dia não sei quantos 211: cervisam bonam...bonam


Caro diário, seja eu louco se hoje não é sexta-feira, dia de adiar projectos em lume brando para segunda-feira, esse dia benevolente a todo o tipo de erupções incluindo as cutâneas e por osmose as cerebrais, assim sendo, em velocidade estratosférica de cruzeiro tenho dois planos em mente lenta, dois projectos, o primeiro e o segundo, e não necessariamente por esta ordem, o primeiro seria retomar aquela cena do projecto que já sangrou não sei quantas reuniões, devaneios, passeios ao luar e outras merdas que dão trabalho, o outro, já não sei se o segundo ou o primeiro, é dar prossecução àquela merda gangrenosa e vetusta que assenta em não ganhar dinheiro mas fazer de conta que se faz coisas de que se gosta, mesmo fazendo as coisas de que se gosta mas sem a paciência disciplinar para o fazer, isto é, a conta gotas, é como escrever merdas em páginas brancas ou nos cantos dos guardanapos, já vi muito poeta curvado sobre uma mesa – curvado é importante – a fazer isso em pastelarias, nomeadamente. Agora merdas importantes: segundo Braudel, o Império Romano gostava pouco de cerveja, por exemplo, o imperador Júlio, o Apóstata (381-363) bebeu-a apenas uma vez e dizia mal dela [as merdas que o Fernand conseguiu saber]. Sim, mas eis que em Trier, no século IV, podíamos observar toneis de cerveja, bebida dos pobres e dos bárbaros, e no tempo de Carlos magno, está presente em todo o eu império e nos seus palácios, onde os mestres cervejeiros estão encarregados de fabricar boa cerveja, cervisam bonam…facere debeant



[Braudel: aqui durante o seu trabalho dedicado ao estudo da cerveja e outras bebidas]