segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

dia não sei quantos 179: continua

ZZZZZZZZzzzzzeu desejava qualquer coisa, esgotar o stock, principiar um novo, manter a boa disposição, em particular nas situações em que o mercado não está para ai virado, nesse sentido, pela sua delicadeza e complexidade, devemos tentar desfrutar dentro das possibilidades, extravasando essas possibilidades sempre que possível, e mesmo não sendo muito possível. Estaleca. Tentar trocar as voltas. Embora comer uma bucha.

domingo, 30 de dezembro de 2012

dia não sei quantos 178: treinozzzzz

Foi accionar o mecanismo da viagem, deixar ali a mochila e ir para o treino. Do treino não reza a historia. Depois:ZZZZZZZZzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzfriozzzzz

sábado, 29 de dezembro de 2012

dia não sei quantos 177: ajoujar a cavalgadura


Não fomos ao fundo da questão, na verdade tentamos dormir sobre o assunto, o telefone havia tocado, do outro lado uma voz feminina anunciava com determinação timbrada à máquina qualquer coisa para o ano, assuntos pendentes, cartas enviadas, respostas sem esclarecimento mútuo, ficamos assim, eu a pensar naquela voz de rádio, de rádio não, aparentada talvez com uma voz de rádio, todavia, metálica, seca e repetitiva, uma voz de alguém que passa a vida ao telefone, uma voz que poderá porventura anunciar a nossa morte sem pestanejar, enquanto observa a agenda de soslaio. Ela talvez a pensar na próxima marcação, na hora de saída, no jantar a dois de logo mais. Não dei idade àquela voz, entretanto terei lido qualquer coisa, terei passeado, terei bebido uma ou duas cervejas, terei dormido sobre tudo isto, pesadamente. Agora vou ali ver da mochila. Conhecem a mochila do Sebald? Ah, pois. 

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

dia não sei quantos 176: o cão atesta esta história*


Neste caso é oficial: um tipo sai(u) da cama para logo voltar, está sol, entra pela janela, o tipo agradece, desenjoa com um chá preto e pão-de-ló a tiracolo [risinhos], agora mesmo terá acabado de ler um livro, terá manejado revistas, certamente pensou na vida, move-se agora com a placidez de um gato com alma de recluso, um gato geneticamente modificado, o verdadeiro dir-se-ia que o observa com carinho, sempre com ternura, já não está aqui quem falou, e segue a sua vida. Agora observamos claramente esse tipo ao computador, está a coçar-se sorrateiramente num local despropositado, tecla coisas mais ou menos com sentido, ainda agora teclou ainda agora. Esta cena, estes dias, o cenário, o tal cenário que faz lembrar o Dogville, o sonho que não é sonho, o desenho distorcido, estar fora e dentro, foda-se, não é que estou a ver alguém teclar, não é que estou a ver alguém teclar, mas em momentos distintos, mas em momentos distintos. O nada pelo menos é sincero.

[também respondeu a um anúncio, mas já foi ontem. Não sei se conta?]

[*sentado no meio da estrada/ mas de nós não há memória/ dos lados não ficou nada - disse o Mário]

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

dia não sei quantos 175: sua estética de simulação


Por exemplo, a cena destes dias, às vezes penso nisso com uma certeza carnívora, os exteriores e mesmo os interiores fazem lembrar cenários, não aqueles cenários realistas e pomposos, ou supostamente realistas mas igualmente pomposos, nem sequer aqueles espaços reais que simulam outros espaços reais como cenário de fundo, a cena dos western spaghetti na Andaluzia, ou isso, não, estes cenários recordam-me o Dogville ou o Manderlay do Trier, filmed in a studio with a minimal set, tudo tão óbvio que nos transporta para a narrativa, lá para dentro, mesmo lá para dentro, e a páginas tantas aquilo é mesmo real, mais real que a própria vida, aquilo ali não é teatro, mas algo com que nem o Baudrillard contava: a simulação de uma simulação. Este contrário é o quê?, o que vemos, vemos pelo olho da câmara, a câmara ali faz toda a diferença, mas depois esquecemo-la e o que resta são resíduos, contornos, espaços minúsculos misturados com pessoas, e essas pessoas são também décor, décor de si próprias ou se quisermos das próprias personagens. E entretanto começa a fazer sentido para quem entra por esses olhos dentro (por favor não liguem aos pleonasmos), e é assim que eu vejo estes dias, por uma espécie de câmara, os meu olhos, estou fora e ao mesmo tempo estou dentro, é como se fosse um sonho, tão obvio que parece um sonho mal desenhado, e um tipo está ali a dormir e percebe que está a sonhar, com a diferença que não estou a sonhar, mas lá que parece um desenho distorcido, parece. Não sei se me faço entender?
Já volto.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

dia não sei quantos 174: a retirada do naturalismo greco-latino


Nem sei se foi isso, mas deve ter começado com uma sensação de frio, a janela a abrir, cedinho, um corpo assoma, meu caro, acho que foi assim. Depois a ladeira, a cena do hospital, a continuação das cargas na segurança social, um resto de manhã a amadurecer no supermercado, o caminho ligeiro para casa com o sol a dar-se a ares de aconchego ramerraneiro, ou isso. Entretanto, meu caro, já estou de saída, a cena dos livros, a cena do passe, o sol a descer na sua sabedoria milenar. Ou nem isso.  

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

dia não sei quantos 172: já fica


Ora deixa cá ver, caro diário, este foi um ano, aaah…o quê?, a passagem do ano é só para a semana?, mas qual passagem?, ah, a nossa, está bem mas, por exemplo, o exemplo do fim do mundo Maia, quer dizer, não era apenas o fim do mundo Maia, ou melhor, apenas o mundo Maia é que realmente acabou, ou quase, e não foi este mês, se calhar era isso que eles pretendiam, que alguém se lembrasse que o mundo para alguns povos realmente acaba, deveríamos, segundo os Maias – acho que era isso que eles desejavam – reflectir sobre esses mundos que acabam, sobre esses povos que se perdem na memória, afinal esses mundos e afinal esses povos têm pessoas lá dentro, ou isso. Cada dia é um novo dia, com passagem ou não para outro dia. A não passagem pode ser fodida. 
[agora vou ali ler os Tristes Trópicos]

domingo, 23 de dezembro de 2012

dia não sei quantos 171: zzzzza reagir bem ao tratamentoz


Pois a 20 de Dezembro de 1922, escrevia kafka no seu diário: Sofri muito em pensamento. (…) É inegável que há uma certa felicidade em poder escrever tranquilamente: «O horror da asfixia é inconcebível.» Inconcebível, sem dúvida, de maneira que tudo se passa como se eu nada tivesse escrito. Entretanto, após uma ligeira limpeza da casota, não se pode dizer que não se está bem ali ao sol, e há uma certa felicidade em escrever tranquilamente: não se pode dizer que não se está bem ali ao sol. Tirar os pontos não é a mesma coisa que sofrer em pensamento, pois não? 

sábado, 22 de dezembro de 2012

dia não sei quantos 170: gostaria agora de ir mais longe


Meu caro, meu querido, dias haverá que nascendo tortos jamais, como diriam os Xutos, se endireitam (e os Xutos também já não se endireitam), noites haverá que começando direitinhas, acabam inexoravelmente entortadas, tortas, marrateadas, mesmo para quem é guarnecido de costados dúcteis, sendo essa a realidade deste corpo que se prolonga nesta mão que se te dirige, ou isso, ainda assim será preciso ter em conta a utilização de antiderrapante. Meu caro, ontem ainda fui a downtown trocar as sapatilhas de corrida e vi lá umas adidas cinzentas orladas de um verde a dar para o discreto, tipo corrida tipo monte, lindas, mas não havia o meu número, ainda pensei em solicitar o corte da parte da frente das sapatilhas para de alguma maneira lá enfiar os pés de tão lindas que elas eram, mas a menina olhou para mim de uma forma que não augurava nada de bom, isso não, acabei por trazer as pretas, entre milhares de milhões de pessoas lá consegui encontrar a minha mochila e mais tarde o compincha e fomos tripular um café au lait entre pilhas de livros a fazer de montra. Ainda recordo que alguns desses livros, isto para além dos dicionários – parece que tinham que ser grossos para fazer montra piramidal – estavam em pilhas repetidas e lá estava a morgadinha dos canaviais do Júlio e o compincha olhou para mim, eu naquele momento estive quase para vomitar, mas o motivo para esse préacontecimento não acontecido é que os livros ainda tinham as páginas coladas nas extremidades, nunca tinham sido manuseados nem a guilhotina era das boas. Fico fodido quando as guilhotinas não são das boas e muito mais quando se andam a fazer livros mesmo do Júlio para não serem, de alguma forma, manuseados. Lidos é outra coisa. 

[agora vou ali roer qualquer cena]

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

dia não sei quantos 169: por exemplo, o exemplo do fim do mundo


Caro diário, ou querido, se quiseres, ontem esteve quente, hoje está mais para o húmido, mas igualmente quente. Ontem, meu caro, respondi a mais um anúncio, ou dois, não interessa, penso que naqueles casos já havia dado para o peditório ou para esse banco de anúncios sem ninguém lá dentro, e vê lá tudo meu caro, neste momento, ou talvez no anterior, estava a folhear o jornal público, para sentir a tinta a sujar e franzir as mãos, mas esta tinta não suja nem franze as mãos, já nem se sente um jornal, e depois lá dentro também não há assim nada que nos valha, está bem, o Pulido Valente a escorregar no bacio, quinze anos consecutivos no pódio do prémio nacional de mister senilidade, faz-me rir, parece aquele tipo que leu uma vez um livro de história e decorou-o, pelo menos decorou algumas páginas e depois tenta sempre meter isso na conversa. Por exemplo, se a conversa na tasca versa sobre a clientela, vulgo fauna, ele estabelece logo paralelismos com as clientelas do liberalismo e da primeira república, já para não falar desses clientelismos sazonais que azucrinam sob nomes como base militante, ou outras clientelas esquisitas como aquelas que desvariavam no antigo café gelo. No jornal público, por exemplo, também ficamos a saber, eh..eh..eh.., que hoje passa um filme chamado terra selvagem e que se trata de uma película de acção com contornos ambientais, e com o Steven Seagel lá dentro dos contornos, e também ficamos a saber que se o mundo tivesse realmente acabado já não nos chegava a crónica semanal do Fernandes que quando era pequeno tinha um copo para acompanhar a lavagem dos dentes e assim poupar na água, foi o que ele disse, e poupar é coisa que não fazemos a dar 1,60 Euros para sabermos destas merdas. Eu já comecei a arranjar o meu à borla.  

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

dia não sei quantos 168: calafetagem de sombras

uiZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzeizzzzzzzzzzzzzzzzzzeizzzzzzzzzzzzznáuseazZZzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzcháverdezzzzzzzzzzzzzzzbatidaàsraposaszzzzzduche... [uf]

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

dia não sei quantos 167: anfíbios linguísticos


Quem sou eu?, por exemplo,  em português perde-se logo aquela guelra que nos deixa respirar nas conversas mais prosaicas, ainda assim, ao balcão da tasca, entre futeboladas e sonhos de iscas de fígado, o caminho, sendo tortuoso, configura alguns prazeres desconhecidos. Lá está, unknown pleasures (apesar da cena de ser um disco incrível dos Joy Division) encerra logo lastro suficiente para marearmos em qualquer conversa poética ou intelectualmente civilizada sem ter que citar o Proust, ou isso, já prazeres desconhecidos, embora poético, pode-nos fazer logo lembrar, a nós e a outrem, a menina prazeres lá da rua, a tal que se enfiava, hipoteticamente, dentro de um saco de batatas acompanhada de material do jardim-de-infância, ou a mercearia prazeres (com) desconhecidos [um queijo para quem adivinhou a seguinte]. Mas quem sou eu?, está lá, mas não chega ao who am i, por exemplo, aquele who am i, a páginas tantas no masquerade dos Clan of Ximox, e depois lá mais para a frente, cold as ice / this face i see, parece que estou a ouvir. Lindo.
Quem sou eu?, não sei, mas este filme não me sai da cabeça, não me lembro de quase nada, do sacrifício (offret) lembro-me bem, mas deste: 



(...)qual deles?



[stalker]

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

dia não sei quantos 166: tendências indiscretas


Já não se sabe muito bem, normalmente o corpo está distante, vai exercitando estratégias sem força de maior, ficando por ali, por aí, mesmo esse corpo, esse vazio instantâneo que agora escrevo, não se sabe bem a quem pertencerá, o escrevinhador duvida que seja seu, talvez um prolongamento, salvo seja, quiçá um apêndice, quando muito um apêndice, o seu rasto lá atrás não congemina(rá) esta mão, ou aquele cérebro lá bem em cima dessa mão. Momentos existem, não duvidamos, em que a tendência imagética se sobrepõe ao mais íntimo dos tesões. Mas são momentos curtos. Shame on… 

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

dia não sei quantos 165: o paradoxo no estaleiro


Quase por instinto, isto depois de acordar para a fase dois da limpeza da casota, comecei a confeccionar os pensamentos que se encontravam em vinha d’ alhos há pelo menos quarenta e oito horas, mas poderemos dizer de véspera. Solidário com essa amálgama de sabores que se espraiavam, emborquei timidamente um desenjoo e tomei conhecimento, acusei mesmo a recepção, de uns elementos novos que não acrescenta(va)m ponta nenhuma aos outros elementos velhos que também já foram novos, surpreendi-me mesmo com a minha falta inusitada de exigência potenciada por essa dinâmica social exógena ainda mais débil em termos gerais de exigência, ou outros. Confirmei-o com um sorriso. Juro que pensei que folgavam. Nesse momento, percebi que embora os sorrisos não precisem de tradução, umas legendas sempre ajudam, e deixei-me ficar, abandonado como uma estátua aos olhares, acho que isto da estátua é do Onetti, ou isso.
Depois fui correr.   

domingo, 16 de dezembro de 2012

dia não sei quantos 164: Zz o homem que era domingo * zzz

ZZZZZzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzznáuseazzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzcabeçorrazzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzztenazzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz

[*Nota: confundir com O Homem que era Quinta-Feira, do Chesterton, por aqui também há o Homem que era Segunda-Feira, o Homem que era Terça-Feira, o Homem que era Quarta-feira, o homem que era Sexta-Feira foi para a ilha ter com o Crusoe mas apenas em filme, e temos às vezes o homem que era Sábado, mas já não é, passou para uma cena em que os meses do ano são os da Revolução Francesa, e tem dias, assim mesmo, tem dias diferentes. Diz ele.]

sábado, 15 de dezembro de 2012

dia não sei quantos 163: a evidência pode ser excessiva


É talvez o homem mais realmente enérgico de hoje em dia, mas é-o apenas quando está certo de não ser visto por ninguém.

[Edgar Allan Poe]

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

dia não sei quantos 162: falência técnica contratualizada


Tem dias fáceis. O saltimbanco jornadeia entre volúpias garridas e imbecilidades a tiracolo, ainda assim, as mãos aconchegam livros, o corpo rege-se por diabruras inconstantes, endireita-se como um membro, chegada a altura, as mãos desse corpo aconchegam outro corpo, nada disso é demais, o sol pela peneira, a chuva a dar gravidade e solidão ao caminho, os frutos que se colhem apesar da indiferença. Tem dias difíceis. O saltimbanco jornadeia demasiado humano, dança pequenas penumbras, encolhe-se perante imbecilidades, resmunga tratados do vazio e segue ao sol e à chuva, estações alheias ao seu sentimento, come e bebe, como quem come e como quem bebe. Não há margem para adiar o já não é pouco.  

[agora vou ali ver do projecto, do jornal e da chuva]

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

dia não sei quantos 161: é impossível exigir que todos os pressupostos se baseiem em argumentos


Tudo isto são árvores, momentos da infância reanimados por minúsculos lapsos de tempo, a seu tempo, o passado, mas não deixando as vertigens de cada subida por mãos alheias, cada um alcançando o seu ramal, perdão, ramo, cada um oxigenando-se no sorrateiro momento único, ali e acolá, companheiros amigos, outros leva-os o vento, aqui cada vez mais alto o pensamento sem rumo, o pensamento ruma ao distante longe, ao olhar mais remoto que alcança a vida, outra que não esta. O momento fica, senta-se, faz a vénia antiga que vive na formosura da cortesia, ali ao lado e, quem sabe, noutros lugares, morre-se por devaneios mais louváveis. Um homem, talvez um homem baste, para um arquipélago de sonhos ser completamente idealizado. 

[agora vou ali fazer um complemento de leituras, antes talvez o duche...]

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

dia não sei quantos 160: O caso, o plano, a estratégia e o amante dela


O caso não tem entraves, na realidade, o caso é seguramente um caso decididamente escangalhado, se o tentarmos explicar à luz de um racionalismo acrítico, uma cena que o Popper, enfurecendo-se (e não seria para menos), ruminava ao desbarato, notámos uma vertente tremulante, perspectivada apenas de um dos lados, a qual não condiz com nenhum caminho humanamente exequível, pelo menos deste ponto da humanidade onde observámos os fenómenos à contraluz. O plano que exonera o caso dir-se-ia órfão de estratégias que congeminem o plano ao mesmo tempo que amamentem o caso. Duas situações, quando muito três que, convergindo, divergem, paradoxalmente inseridas no mesmo contexto e no mesmo invólucro – um cérebro demasiado distante e razoavelmente próximo de qualquer realidade, mesmo imaginada – normalmente estatelam-se contra as tabelas. Explico: salvo orientações específicas do âmbito do etéreo, qualquer plano estratégico contaminado por casos, ainda que pontuais, redunda, naturalmente, numa ofensiva inócua contaminada de danos colaterais, cujos impactes, asseguram-nos, não são de todo previsíveis. A olho nu, a démarche, a existir!, deverá valer por si própria. Por outro lado, registe-se, o resultado oposto não deverá constituir qualquer surpresa. Agora pensa nisso. 

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

dia não sei quantos 159: fundamentalmente náusea

goloquasenadazzzzzzcervejazzbilharZZZZZZZzzzzzzzzzzzzzzzZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZ

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

domingo, 9 de dezembro de 2012

dia não sei quantos 157: zsensações alheiaszz

ZZZzzZZZZZZZZZZZZZZZpedraZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZáguazzzzzZZZZZZZZZZZZZZZzzzzzcabeçafodidazzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzznáuseazzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzjá?

sábado, 8 de dezembro de 2012

dia não sei quantos 156: não guardar isto


Um tipo levanta-se, já é uma sorte, acordou cedo, deixou-se ficar, esta de se deixar ficar é do melhor, uma hora, duas horas contou, ali ao lado já se trabalha e hoje é feriado e hoje é sábado, sente qualquer coisa de raspão, é uma dessas coisas indefiníveis, aquela cena do Artaud, a alma a rasgar-se, ou isso, o tipo gosta do Artaud, aquela viagem ao México fodeu-lhe a tola, o tipo pensa nisso, mas não se sabe se o Artaud queria mais alguma coisa com a tola, com a dele e com a dos outros. Entretanto o corpo que pertence ao tipo a que anuímos ganha vida, e depois é vê-lo além, a fazer de conta que corre, o cabrão. 

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

dia não sei quantos 155: comentário ao tilt


Estava a pensar nisso: aspirar a um ideal é sempre melhor que expirar por um.

[agora vou ali responder a umas cenas]

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

dia não sei quantos 154: e não será esquisito?


Voltamos à ladeira. Cada caminho, imagina-se, terá o seu inverso. Posto isto, era uma vez uma quinta-feira, um dia de Outono como outro qualquer dia de Outono, um homem senta-se e escreve: voltamos à ladeira. Seria o tempo circular, o supremo humor, mas é apenas a vidinha, ou o caralho. 

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

dia não sei quantos 153: para uma vitória gorda da situação de procura [de trabalho] - (resumo alargado)


A iniciativa do dia, declaram, compete-nos, eu diria que o afirmam redundando o compete-nos a nós, mas não será a minha falta de concentração que (quase) contribui(u) para aumentar essa vantagem, no momento certo, com o selo de golo desse momento certo, após o qual, dizem-nos, é preciso reagir, sem levar a melhor, o que será bastante raro. Para mim tudo isto parece futebolada, a vida no nosso país é a compensação de uma forma estranha, o país em que, se somos nativos, somos estranhamente nativos, mesmo com bom senso sendo isto uma escorregadela - repare-se que já estamos em maus lençóis – é mesmo uma circunstância de escorregadela para acção disciplinar, e estamos logo a digerir mal a não reacção, ocorrendo um alívio quando a encruzilhada vai demasiado longa na sua trajectória. De novo teremos que insistir, ganhar vantagem, para surtir efeito é preciso insistir nessa forma de ganhar vantagem. O canto do cisne leva a melhor. O outro é relegado, mas com muita alma.  

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

dia não sei quantos 152: pancadinhas no [meu] índex


Impõe-se, por exemplo, sabermos o que será feito das Bohemias Reserva 1835, e onde se poderá diligenciar informação fidedigna a respeito de tão insigne questão, estão coisas chateiam-me imenso, preocupo-me imenso com situações deste calibre que se esvaem, por assim dizer, se esboroam (é melhor) das nossas vidas, à falta de outra figura, como areia entre os dedos, deixando-nos abismados sem abismo que nos valha. Posto isto, sei bem que o tempo voa, e se lhe dou premissa, menino é para se injectar nas minhas veias, aforrando-me de anomalias tradicionalmente reconhecidas como avarias, ou desvarios, nada disto é o que realmente queria dizer, mas coisas há que de tão imprescindíveis se revelam inexoráveis, noutro sentido, são coisas que não nos permitem saborear os langores que acabam, como diria o Beckett, acho até que o escreveu, mas onde?, ah!, no Molloy, só pode ter sido no Molloy. É do caralho, o Beckett!

[entretanto fui fazer de conta que corria]

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

dia não sei quantos 151: tou a dar tilt


Entretanto, fui correr.
[Reenviei um e-mail com CV e carta de representação, uma cena cruel que ontem veio restituída, quer dizer os tipos colocam anúncios com peripécias cada vez mais engenhosas, lá chegaremos ao pagas e a gente arranja-te aqui um sítio, não, não, mais ali à esquerda, e tu pagas, mas enfim, parece que ao domingo não recebem e-mails com respostas ao anúncio para o tal e-mail que forneceram, por razões de permanent error, cujo desenlace hoje se revela mais virtuoso, ou o caralho!] Também já gostei deste filme:




mas não sei bem porquê...

domingo, 2 de dezembro de 2012

dia não sei quantos 150 e picos: sunday morning nem sempre é easy


Declarar interesses é como escrever cartas abertas: um anacronismo quase dandy. Eu cá estimo a terceira pessoa do singular, aprecio metáforas e pleonasmos e vou à bola com o tratamento formal, ou o caralho, posto isto, o domingo de manhã – para além do pão fresco e de um aspecto lateral da limpeza da casota – encerra pasto para silêncios inoxidáveis, também se pode(rá) começar a ler, podes começar a ler por aí fora, ou, pode começar a ler por aí fora, um livro, um bom livro é sempre um cadáver adiado, como nós, indexado à palavra fim, e por isso é por isso que prolongas a coisa, quer dizer, não será apenas que é comum tentar prolongar a coisa, mas acontece, acontece amiúde, há até quem diga aquela cena do bom naco de prosa, mas poderá eventualmente  nem ser um naco, como aquela tipa que gostava muito de ler mas apenas livros que não fossem muito grossos ou pesados (aqui há sempre uma analogia brejeira mas necessária), e logo um tipo fica assim a pensar que a literatura light, easy como uma manhã domingo (isto é Faith no more mas é Commodores) muitas vezes se apresenta em calhamaços pouco dúcteis, ou isso, mas porquê? Mas porquê? E fica a pensar. 

dia não sei quantos 150: aterrar


zzaterrarzzZZZZZZZjá?zzzzzzZZZZZZZZzzZZZZZZZzzzzzáguaZZZZZZZZZZZZZZZmadrugarzzzzzzzzz…zzzeagora?zzz

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

dia não sei quantos 148: contagem (de)crescente


Fechar a mala em silêncio, ou, três dias a fechar a mala em silêncio, subindo e descendo a ladeira, três dias ao nada, três dias ou quase, ao nada, que é tudo, é tudo!, torrada pão tormento chá, ladeira, senha sonho susto… ladeira, onde estão as respostas?... ladeira, tabuleiro, comida?, senha quarto, ladeira. Agora vamos fazer coisas. Depois: ladeira. E depois já será noite. Entretanto [risos], faço colagens mentais a dar para o torto, planto cenas imaginárias em vasos imaginários, e, às vezes, durmo como uma pedra, um ser inanimado na sua plenitude, ou isso. Olha, apetece-me é emborcar umas cervejas…

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

dia não sei quantos 147: caos calmo [ou, calmo o caralho!]


Estou a tentar submeter o pensamento indexando-o apenas a determinada acção, remetendo para estímulos previamente programados, ou previstos, e ainda agora queria escrever: debalde. Mas com estímulos não se brinca. Não paro: apreendo a imensidão efémera de cada momento (também pode ser segundo). 

[que dia é hoje afinal?]

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

dia não sei quantos 146: ninharias


["assim é na mala da nossa vida: metemos lá tudo, só para que não haja um espaço vazio". 
Escreveu Turguéniev.]

terça-feira, 27 de novembro de 2012

dia não sei quantos 145: o tempo das estátuas


"O homem como o vento procurou / um buraco num tronco para a noite. / Ouviu o mocho, o noitibó, o sapo. / Viu as estrelas a mudarem de lugar. / Pressentiu o saca-rabos, a raposa. / E descobriu, assustado: estou aqui". Isto escreveu-o Jorge Guimarães. 

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

dia não sei quantos 144: alerta-me isso


Nada mais estimulante do que os alertas matinais, alertas esses que superam em cor e brilho qualquer alerta da protecção civil e seus derivados, ou isso, este último pode ser laranja, pode ser amarelo, pode ser vermelho, já ninguém distingue a cena da outra cena, vivemos aos poucos a brincar aos alertas e completamente daltónicos funcionais relativamente a esses alertas (pó caralho com os redundâncias), já ninguém quer saber dos alertas que não servem para alertar, e um dias destes a coisa fica complicada e um tipo fica à mesa a acabar os finos ou as imperiais, conforme a situação geográfica, enquanto tudo se desmorona. Não foi o caso. Este alerta matinal, cuja cor não se conseguia definir a olho nu, acoplado a um telemóvel, despontou inexoravelmente o regaço de um braço e respectiva mão, a princípio terá sido apenas uma mão, depois assomou um corpo, ainda não eram a nove horas e já esse corpo desenjoava com o prazer único do paralelepípedo quando devidamente calcado pela roda de um automóvel de alta cilindrada, e ainda não seriam as nove e meia e já esse corpo galgava o monte a norte da sua casota rumo ao objectivo: acompanhar alguém a uma determinada unidade hospitalar. Mas primeiro impunha-se encontrar esse alguém, cá fora, entretanto o sol ora brincava aos alertas de cores garridas, ora aos cinzentos sombreados por nuvens de tipo Cumulos, ou isso, e não seriam mais de dez horas quando o objectivo número um foi atingido. Depois, já se sabe, nunca é fácil.

[mais tarde fui correr]

domingo, 25 de novembro de 2012

dia não sei quantos 143: horário normal de abertura


Entretanto, o carteiro terá tocado duas vezes, seguindo as deixas de James M. Cain, entretanto: ZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz, entretanto, "há duas maneiras de chegar a casa; uma delas é não chegar a sair", foda-se lá aquela cena do Chesterton, do homem eterno, mas o melhor é não continuar a ler o livro, estas duas frases triunfam sobre qualquer desistência.

[Auster, the end, glass]

sábado, 24 de novembro de 2012

dia não sei quantos 142: aparente especialista em estranheza


Isso já vem de ontem, a cena do Menino, um conto do Vila-Matas nos Exploradores do Abismo, deu-me para reler aquilo, a antessala do vazio, mas também o mercadejar das angústias, ou isso, coisa com pano para mangas, capaz de nos por a andar horas a fio pela cidade, penso que no campo o efeito será o mesmo, estava a ruminar tudo bem ruminado, quando a manhã (isto já foi hoje) entrou pela janela, as frinchas de luz peneiradas pelos estores insinuavam gotículas de chuva, foda-se, pensei, esta merda está cheia de poesia, logo o pensei assim o disse em voz alta, esta merda está cheia de poesia, e ala que se faz tarde para o desenjoo. Entretanto, viajo por florestas Laurissilva, o que é uma redundância, a internet é assim, ruas com mar nas bordas, janelas que não servem (apenas) para o suicídio. Nunca se deve mercadejar com as angústias. 

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

dia não sei quantos 141: o treina(r) [a] dor apenas não chega


Era uma vez um jogo de futebol entre uma equipa totalmente inexistente (não confundir com a inexistência do Cavaleiro Inexistente do Calvino), e uma equipa de relógios suíços de fancaria iguais àqueles que o Primo marroquino vende na praia de Buarcos em Agosto. A equipa de relógios suíços de fancaria iguais àqueles que o Primo marroquino vende na praia de Buarcos em Agosto, às vezes, transformava-se numa equipa inexistente, mas ainda assim não tão inexistente como a equipa totalmente inexistente, cuja inexistência congénita resulta numa atitude filosófica perante o jogo sem qualquer transigência.  Ganhou naturalmente a equipa de relógios suíços de fancaria iguais àqueles que o Primo marroquino vende na praia de Buarcos em Agosto, a qual às vezes também é uma equipa inexistente, por três bolas a zero, sendo que a equipa totalmente inexistente fez jus ao nome e as bolas atravessavam-na sem qualquer fricção. Seriam quase vinte horas da noite e fui tratar do porco grelhado com arroz de legumes, salada e um tinto manhoso a acompanhar, de existência comprovada.

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

dia não sei quantos 140: sonhos


Nem sombra do sonho. E ao acordar, após uma luz suave entrar sorrateira no quarto, abri o livro e lá estava escrito que o “sonho ramificou-se noutro sonho antes de eu acordar”. Quem acordava era Borges em “1983”, e ali apenas estaria o seu fantasma, queria dizer-lhe isso mesmo, mas achei que não, ele provavelmente não sabia, e como ele próprio havia escrito, acho,  eu também não tive medo, senti apenas que era “impossível e talvez indelicado revelar-lhe que era um fantasma”, ou isso. Levantei-me a tempo de um chá com uma torrada e fui correr ao som de Death in Vegas. Foi isso. 

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

dia não sei quantos 139: apresentação... presente!


Estava ainda com um pé dentro de casa e já me lembrava daquela cena dos planos quinquenais do país dos sovietes, almejando a nossa planície burocrática a esse olimpo intransponível, ainda assim cada dia vamos tendo coisa nova, chusmas burocráticas substituídas ou nomeadas a preceito por outras da mesma cepa, colheitas diferentes. Todavia, chegados, o ambiente é tranquilo, do mais informal que se possa imaginar, não poderá existir ambiente melhor, a conversa não flui, é altifalante atrás de megafone (peço por favor que passem os pleonasmos a afins) mistelados com telemóveis a tiracolo, vai daí, vem daqui, patatipatatá, tranquilo, pena a aquela cena dos lamps, não dá para sentar, é que trouxe um livro, sabe, ah, não quer saber, bom, já está, não custa nada, foda-se!, vou mas é ver aquela cena do Savage. E lá fui.

[e depois um projecto… risos maquiavélicos]

terça-feira, 20 de novembro de 2012

dia não sei quantos 138: aí vai ele num cinema perto de si


A hesitação precede a cobardia e encova a estaleca, pensava eu nisto, num vai-não-vai lá para fora, dar de frosques, e nada, a tal hesitação e o vento, vai virar para chuva - pensei, ao mesmo tempo que sentia aquilo que Gracq denomina de “vento da livre velocidade”, aquele que “estala nos ouvidos”, ou isso, tenho que voltar ao a costa das sirtes, devo ter pensado, mas não tenho a certeza. No minuto seguinte, bom talvez não no minuto seguinte, mas quase logo após estes inusitados acontecimentos, já estava eu a descer a ladeira em direcção ao nada, apetecia-me mesmo dizer isto, ao nada, casaco de fato de treino casual, pois é, calção a dar para o largo, sapatilha branca e verde, de traço espanhol, ou isso, musicol e tudo, Wim Mertens, um gajo começa a correr e fica para ali na tourtour, quem é que ouve Mertens em corrida?, passa para Spiritualized e tá o gajo numa trip de morfina, álcool, roupinol e por aí fora, não quer ouvir a canção da morte, esteve lá perto, ou isso, e um gajo a correr, a fugir daquilo, a fugir daqueloutro, e aí vai ele. E resulta. 

[Agora estou para aqui a pensar em estratégias de organização de tardes. Estou calmo]

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

dia não sei quantos 137 e tal: projecto projectado em actualização


Relatório intermédio: dois Vitae com carta de representação. Passeio. Lanche. Internet. Análise não exaustiva ao dia nacional sem restaurantes.

[agora vou ali ler qualquer coisa e já volto]

dia não sei quantos 137: manobra de correcção de trajectória


Relatório preliminar: fui correr.
(Entretanto almocei, para que conste)

[projectos em projecção]

domingo, 18 de novembro de 2012

dia não sei quantos 136 e tal: e a noite começou assim:

Por falar em redenção, também precisamos de cebolas...

[em breve este sítio terá imagens, mas ficará igualmente enfadonho]

dia não sei quantos 136: where is my mind?zzz

ZZZZZZZZZZzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzznáuseazzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzcházzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzcabeçafodidazzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzznáuseazzzzzzzzzzz

sábado, 17 de novembro de 2012

dia não sei quantos 135: a logística não é um destino

Estou atento. Manhã isenta de qualquer probabilidade de have some fun, devidamente alcatroada de pensamentos caóticos e fugazes, com uma passagem verdadeiramente apoteótica num superhipermercado, onde as pessoas aproveitam para jornadear, como numa cena de espaço público - o outro até nos disse que não ia ao centro comercial porque não estava apropriadamente vestido, ou isso, e entretanto não foi possível resolver a questão principal do orçamento das lunetes, volte depois, estou aqui a substituir não sei quem, volte mais tarde a dra.zeca está ocupada, ou isso, como?, voltar mais tarde?, deves. Entretanto o estudo aprofundado do inglês lá foi avançando, e é verdade!, o tio está de volta, já me disseram, em experiências, pois é, e a padaria afinal tem a sua rua, pequenos nadas. Estou atento.   

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

dia não sei quantos 134: depois da queda

Sete horas de sono quase oito depois, um homem sai da cama e escreve umas cenas, toma umas notas, dir-se-ia, está com ideias, após as diligências ruma à casa de banho e volta para a cama, está febril, não para de pensar coisas ruminadas, assomam, voltam a descer, um bandulho cheio de imagens e pensamentos ecoam por aí. Volta a adormecer. Dorme uma, duas horas mais, mal dormidas, polvilhadas de sonhos, pesadelos, uma piscina por fim, acorda encostado na margem de uma piscina, ele apenas quer ajudar, diz uma voz feminina, ele dir-se-ia apenas assustado junto à extremidade, olhando para ambos os lados, percebe que acordou. Não se recorda de quase nada enquanto escreve essas linhas que iniciam assim: sete horas de sono quase oito depois…
Entretanto bebeu chá com torradas, é fácil de o provar.  

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

dia não sei quantos 133: entardecer


Uma manhã a acompanhar familiares a um hospital será suficiente para percebermos que, de uma forma ou de outra, a morte ronda e a dor é certa.  

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

dia não sei quantos 132: como já é tarde

Um destes dias ouvi dizer que um diário é o oposto dos dias com resignação, ou resignados, já não sei. Se calhar não percebi. Um diário é uma espécie de casa de bonecas (serve para este efeito) com(o) fachada, uma simulação demasiado próxima da vida, quem sabe uma forma de a tornear ou de a deslindar, e também aí guardamos, num palimpsesto escrevinhado, os nossos bonecos objectos, as nossas meditações, quase tudo o que é preciso no invólucro suspenso dos dias. Um diário como invólucro suspenso dos dias. Isto não quer dizer nada, como é evidente, mas não me lembro de nada melhor. Esgotei os bonecos, parti a louça. Uma das entradas dos diários de Kafka: "9 de Março (1923): Utilizar o ginete do agressor para a sua própria cavalaria. Única possibilidade. Mas quantas forças e destreza tal não exige? E como já é tarde!"

[fui acompanhante de uma ida à mercearia e ainda providenciei o regresso da tal assistência técnica por mecanismo de garantia]

terça-feira, 13 de novembro de 2012

dia não sei quantos 131 e tal: "ávido leitor de jornais, custou-lhe renunciar a esses museus de minúcias efémeras"


Entretanto, após um almoço cena gourmet a dar para o sofisticadote, não se escusa uma sopa e uma sandes planeada ao pormenor – entre o mediterrâneo e o atlântico, temos dietas saudáveis até dar com um pau – e de dois dedos de leitura, fui andar pelas ruas ao entardecer, comprovando-se a existência física de muitos seres humanos propícios ao contacto, nem que seja automóvel, mas dá sempre para perceber que o melhor de todos os mundos não está apenas dentro das nossas cabeças, ou isso. Também respondi a um anúncio mas não queria estragar a surpresa. Agora vou ali cozinhar uma cena sofisticada para o jantar.

dia não sei quantos 131: Arredondo teria uma cara quase anónima, não fora resgatarem-na os olhos


Foi acordar e ler: no primeiro pátio havia uma cisterna com um sapo no fundo; nunca lhe ocorreu pensar que o tempo do sapo, que confina com a eternidade, era o que procurava. O livro achava-se em cima da mesa-de-cabeceira, e havia sido escrito por Borges em 1975, ou isso. Bebi um chá e depois fui correr (ou fazer de conta que corria). 

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

dia não sei quantos 130: serviços mínimos?


Um, dois três, quatro e-mails com Vitae incorporado, um deles com carta de apresentação motivacional e tudo, mais uma resposta directamente através de um site e tal, muito obrigado, irá receber no seu e-mail um comprovativo, fico a aguardar, já está. Na realidade e em verdade vos digo, sigo todos e vários trâmites, desde o telefonema balofo para meter a colherada algures, ao telefonema maquiavélico de subúrbio para dar a entender não sei o quê e saber coisas não se sabe muito bem sobre o quê, também ando pelas ruas – esta é uma sugestão centro de qualquer coisa emprego, contada algures, contada ninguém acredita –, ando pelas ruas, juro, porque parece que nas ruas se encontram pessoas, a ver vamos, e depois com essas pessoas podem acontecer conversas e sabermos coisas, e assim ando pelas ruas ao amanhecer nem tanto, mas ao entardecer gosto, mas já gostava dantes, sempre que podia andava pelas ruas, ao amanhecer nem tanto, só de directa. No tempo em que era um desempregado em part-time (também já fui muito empregado em full-time) e fazia biscatada técnica para além de outras coisas, como fazer o trabalho que outros apresentavam como seu, recordo-me que era, de certa forma, mais bem-aventurado, não sei porquê, e mais inocente, ou isso. Agora serviços mínimos, o caralho!, eu desunho-me, ou nem tanto, serviços mínimos, o caralho.  

domingo, 11 de novembro de 2012

dia não sei quantos 129 e tal: arrumar carros em viatura própria

Entretendo-me com valentia, lá enviei mais um Vitae sem carta de representação que se faz tarde. É preciso aceder ao mais fino quilate do pensamento, para suportar com galhardia intrépida todas as demandas preferenciais ou indispensáveis, correndo o risco de exclusão, por não cumprir todos os requisitos, ou satisfazer requisitos a mais, tendo em conta a experiência definida com a minúcia do relojoeiro. Viatura própria. E para arrumador, como será?

dia não sei quantos 129: uma conspiração de estúpidos


"O diário tinha toda a espécie de possibilidades. Podia ser um documento contemporâneo, vital e verdadeiro dos problemas de um jovem."  Escreveu isto o suicida John Kennedy Toole.

[bom dia, ou isso]

sábado, 10 de novembro de 2012

dia não sei quantos 128: insuficiência de nostalgia

ZZzzzzZZZzzzzzacordarzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzadormecerzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzacordarzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzchápretozzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

dia não sei quantos 127: O sportinguismo como uma das belas-artes (ou a Galápagos sportinguista?)


Um dia qualquer Camus disse, mas também terá escrito (isto em francês, claro), que um tipo se habitua a tudo até a viver dentro de um tronco de árvore, numa cena existencialista que ainda faz correr o pano dessas mangas, ou por aí. Prova disso os servos da gleba enclausurados durante séculos num sistema que um dia até lhes terá parecido de sempre e absolutamente compreensível, ou as castas indianas, essa democracia grande, mas que não é grande coisa, com os seus intocáveis sempre abaixo, ou os corpos que singelamente ajudaram a adubar a grande muralha da china, nada como a carne para assegurar o mister dos canhões e dos impérios, e prova disso ainda, os intrépidos adeptos sportinguistas, ano após ano esfregando as mãos, inexpugnáveis na sua dor transmissível apenas a alguns eleitos, o que não quer dizer que não possa estar a exagerar nessa estranha forma de vida que entretanto se entranha. Tudo se transforma, e nesse desconhecido jogo de onze contra dez, o final é um prolongamento da tese Linekerniana de que no final (por favor deixem passar os pleonasmos, isto já é suficientemente penoso para mim) ganha sempre a equipa que joga contra o Sporting, ou quando muito empata vá, ao mesmo tempo que os tipos assinalados como jogadores demandam salário ao final do mês por fazerem de conta que são jogadores, numa interpretação, os ingleses chamar-lhe-iam de fenómeno impersonating, a todos os títulos genial, no sentido em que quem está a assistir acredita piamente que aqueles seres humanos são jogadores de futebol, porque se assemelham em tudo a jogadores de futebol, apenas não jogam nada, absolutamente nada, nem exibem qualquer tendência que nos permita pensar de outra forma. Temo que pela primeira vez na história da humanidade, o homem, segundo o qual Camus disse se acomodar a viver inclusive dentro de um tronco de árvore, não consiga, os sportinguistas não consigam, se adaptar a este estado final das coisas. Deve ser a evolução ou o caralho.  

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

dia não sei quantos 126: as cenas da percepção

Adorei, levantar da cama a correr, olha ali, olha lá o desenjoo a pé e tudo, volta isso, já estás lá fora, tudo na mesma, a pé que já tosses, siga, um café com leite, não é pingado, é café mesmo com leite mesmo, abres a carta, um ratão parido de um monte próximo, que merda de noite ainda por cima, siga que se faz tarde, carimbar a cena, alombar com a chuva, risinhos, passar na padaria, uf, chuva a dar com um pau, casa, ou isso, já cá faltavas. Entretanto, em busca de alívio voltei às pregas das minhas calças, parafraseando o Huxley, acho eu, as cenas da percepção são sempre fodidas.   

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

dia não sei quantos 125: temos que respeitar todas as vocações

Um desenjoo tardio e um telefonema reclamam parte da manhã. Dois ou três pensamentos, repetidos de todos dias, afloraram sem deixar rasto. Tentei, em vão, recordar o sonho, ou o pesadelo, desta noite. Entretanto fui correr.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

dia não sei quantos 124: treina (dor) sem resultados

e depois o seu contrário: não li, não fui correr, não pensei na vida, não me levantei sequer da cama, não tomei duche, não estou a escrever não estou a escrever neste momento.

[sim, acordei e bebi um chá verde]

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

dia não sei quantos 123: portem-se bem

Não sei bem porquê, talvez por uma questão de tempo, talvez uma questão de gosto, acompanho-me individualmente todos os dias, reconheço os meus conteúdos programáticos, particularmente, reduzo os custos do meu tempo, esvazio-me com todos os passos necessários, parte desse percurso é aprendizagem e fica connosco, guardado e deformado integralmente. São estas palavras vazias que desaguam nos dias aconchegadas pelo desamparo, esses desafios culminam quando "he had, of course, long ago stopped thinking of himself as real", deu-me para ler, dizia eu lá atrás, para ler Paul Auster, coisa pindérica, ainda por cima Paul Auster no original, City of Glass, uma questão de tempo, claro, e de treino, o Vila-Matas sugeriu-o algures, parece que são amigos, é só fazer as contas. É o contexto socioeconómico, é preciso dar resposta, seguir assim individualmente, fazer a ponte a articulação com outro lado, é isso que se vai ouvindo. Agora vou ali minimizar os efeitos. 

domingo, 4 de novembro de 2012

dia não sei quantos 122: nada, salvo o erro


Afinal estava sol: e o dia principiou tardiamente, horizontalmente emparelhado a um jornal e a dois ou três pensamentos, tudo culminado numa observação funesta e sem rasgo do mundo lá fora, parece, que nos rodeia. Acho que foi isso. Depois, o desenjoo a caminho do chá e da torrada, onde é que eu já vi isto?, devo ter ruminado, enquanto ligava a aparelhagem num gesto certamente autómato, de passagem para outros, ligar o gás, ver do pão, olha está ali, manteiga, aquela cena do frigorífico representar trinta por cento dos gastos em energia por mês, contas feitas por um tipo através de um programa que criou, as coisas que estes tipos cogitam, a televisão a entrevistar o tipo, milhares de tipos e tipas de boca aberta em casa, aah, pensava nisto quando na rádio passou uma cena dos, juro, Jethro Tull, mil anos naquele momento, dir-se-ia, mil anos para mais. Depois semi-limpeza da casota, uma barreira de luz a desencaminhar-me para o espaço comercial, uma lista no bolso, não, uma listazinha na cabeça, um pé lá e outro cá, duche, bandulho cheio, uf, que horas são? Afinal estava sol.   

sábado, 3 de novembro de 2012

dia não sei quantos 121: irresponsável manager

ZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzleiturazzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzsopa+sandeszzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz

[ontem, é verdade, mais um e-mail com CV, ou isso]

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

dia não sei quantos 120: les jeux sont faits

O plano - enredo imagético: eu diria que sim, quer dizer, acho que sim, antes de mais a cena do triângulo está lançada, vértices delineados, e por aí fora, dormi pouco a pensar nisso, e depois a beleza do triângulo, o triângulo em si mesmo, equilátero ainda para mais, a perfeição geométrica, ou isso. Acrescente-se o simbolismo do triângulo, fecundidade, enlace fêmea, patati patatá, tudo adiado para segunda, é claro, bom de ver, ou não fosse hoje sexta, depois é o fim-de-semana, ontem feriado. Está a correr bem.  Está a correr bem.

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

dia não sei quantos 119: todos os monstros

Quando acordei, segundo creio, já tinha o plano gizado, gosto da palavra gizar, uma palavra que até já assoma (assoma? - olha outra) em algumas letras de músicas, palavra, isto para termos a ideia do nível intelectual do roque e da pop, gajo e gaja, é bom de ver, mas entretanto, o tal matinal plano, um verdadeiro triângulo equilátero, assenta numa primeira conversa telefónica do início da semana, desencadeando um, digamos assim,  processo que até já contou com desenvolvimentos de pouca monta, reconheça-se. Brevemente conheceremos todos os seus vértices, ou não, isto tendo em conta a tal “região fronteiriça do cérebro, onde se criam todos os monstros”, recorrendo a G.K. Chesterton, que era um tipo até católico, e parece que essa região, inclusivamente, se desloca de forma visível, basta estar atento aos sinais, atendendo mais uma vez em G.K. Chesterton.

[agora acho que vou ali ver um filme]

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

dia não sei quantos 118: circular é viver


Logo pela manhãzinha, no escuro, ainda no escuro, pensamentos amodorrados, pensamentos entredentes, aquela membrana ténue entre o dormir e o acordar que se vai - neste caso -rasgando aos poucos, semelhante àqueloutra que os surrealistas ambicionavam capturar antes do dormir, o corpo dormente, a mente vai-não-vai, pois foi nessa altura, acho, que escutei uma voz, temos planos, disse, não, qual é o plano das festas? – terá dito, acho que foi isso, e eu, tu queres ver que temos um propósito ou dois… onde, onde?, escutei claramente vindo do interior do meu cérebro. Nesse momento podem adivinhar o estado de espírito em que me encontrava. Entretanto a manhã pariu umas compras na mercearia, uma assistência técnica por mecanismo de garantia, um estacionamento e bolos. Na rua passeavam flores com seres humanos acoplados. Amanhã é dia feriado. É assim até ver.

terça-feira, 30 de outubro de 2012

dia não sei quantos 117: e se estiver escuro, ainda por cima?

Um dia escreveu assim Kafka: "Desvio-me do caminho. 
O verdadeiro caminho passa por uma corda que não está esticada a grande altura, mas muito próxima do chão. Parece que está ali para nos fazer tropeçar, e não para que se passe por cima dela."

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

dia não sei quantos 116: de escapadela em escapadela

Os tipos e as tipas, ou isso, já devem ter recebido os e-mails e estão agora para aí na fase risinhos ou já no estão bem fodidos, lembrei-me disso, não sei bem porquê, estou calmo, o que normalmente me encarniça mesmo, são palavras ou expressões como proactivo ou assertivo, umas merdas modernas ocidentais, ou acidentes pós-modernos, não sei bem porquê, o vazio dessas merdas, mas admito que ainda não "descobri como as caras desabam, / como o terror fita as pálpebras", coisas fodidas, e não apenas poeticamente fodidas, embora saiba "como o sofrer escreve em rostos", isto recorrendo a Ana Akhmátova, claro. Entretanto fui correr e fiz um telefonema.


[o tipo do outro lado do telefone móvel nem se recordada daquilo... mas vai ver...]

domingo, 28 de outubro de 2012

dia não sei quantos 115 e picos: ora toma lá, domingo

Ainda não são sequer doze horas e trinta e nove minutos do novo horário de inverno - mas não estamos no outono?, e já enviei dois curriculum vitae com nova carta de representação a tiracolo, personalizados, por e-mail, desabitados de qualquer expectativa, ténues na sua materialização digital, ou isso. Do outro lado, não se sabe bem, nem porquê, uns tipos ou tipas abrem o e-mail e começam uma segunda-feira intoxicada de resmas de CVs e solicitações mais ou menos desalentadas, e, entre risinhos nervosos, risinhos de contentamento inquieto, isto se observarmos bem evidentemente, declaram: estão bem fodidos. Mas para isso acontecer ainda faltam umas horas. Calma. 

dia não sei quantos 115: horário de inverno...mas não estamos no outono?

zzzzzzzzZZfoda-se, mas que horas são?zah!, está bem, está bem...zzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz
zzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzznáuseazzzzzzzzzzzzzcabeçazzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzdesorientaçãozzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzZZ...

sábado, 27 de outubro de 2012

dia não sei quantos 114: check please

Duas olheiras a dar a dar, uma em cada respectivo, profundas e papudas, ou isso, olheiras metafísicas, olheiras de trincheira nocturna, pesadelos movediços que carrego, acho que é isso, olheiras Benicio Del Toro a fugir, palavra que acho que é sábado, tenho a certeza, que horas são?, - dez e cinquenta e picos, ou picos para as onze, digo obrigado, o mundo todo às costas, corcunda mundo a caminho do desenjoo e faço ponto. Check please.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

dia não sei quantos 113: tudo somado

zzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzpúblicozzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzsopitazzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzvivóvelhozzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

dia não sei quantos 112: o caminho para o curto-circuito

Estava a meditar que comecei a fazer projectos, ou a ter projecto, quando, por volta dos três anos já roubava bolachas de forma planeada, pouco depois terei começado a achar piada aos signos do alfabeto, a juntar letrinhas, a perceber e a escrever palavras, que cena marada, e seguidamente, acho, tive o projecto de assaltar a garrafa de vinho do porto fora do âmbito da salada de fruta ensanguentada. Mais tarde tive o projecto de não ter projectos, e depois tive o projecto clorofila, um projecto niilista que se negava a si próprio, entre outros, e fui percebendo que fazer projectos ou ter projecto não quer dizer absolutamente nada, como não fazer projectos ou não ter projecto não quer, igualmente, dizer absolutamente nada, mas lá que fica bem. O sentido, se é que ainda há algum, da palavra projecto muda mas rapidamente do que o coração de um mortal (tomando de empréstimo o poema de Baudelaire – a cena sobre Paris), resultando num conceito multidiscursivo, ou isso, muito utilizado como bálsamo desinfectante, ou paliativo amoniacal de discursos de tipos e tipas com encefalograma plano (esta cena do encefalograma plano é do Bolaño, não?), ou isso. Outras palavrasconceito sofreram da mesma moléstia: património, cultura, ambiente e democracia, penso logo de cabeça na República Democrática Popular da Coreia (do Norte). Agora vou ali ver da marmelada. Até já.


quarta-feira, 24 de outubro de 2012

dia não sei quantos 111 e tal: recomeço

zzcapicuazzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzleituraszzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzZZZZZZZZZzzzzzzzzzescrevinhiceszzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzcoisaszzzzzzzzzz

dia não sei quantos 111: manhã de “Amanhã” ou amanha a manha

Escreveu assim Robert Desnos: "Velho de cem mil anos, certo é que me force / à espera do amanhã que no esperar ainda arde. / O tempo, doente antigo de mais de uma entorse, / pode gemer: é nova a aurora, e nova a tarde".  E continua assim: "Mas muitos meses há que viver é velar," e continua "velamos e guardamos nossa luz e o lume" e continua pois (…).








terça-feira, 23 de outubro de 2012

dia não sei quantos 110: a manhã também nos absorve (ou será: nos observa?)

Antes disso fui correr. Imprevistos madrugadores, quer dizer matinais, madrugadores talvez não, impuseram uma deriva imprevisível a uma manhã já de si solarenga, já de si potencialmente atractiva, nesse sentido, então, antes que tudo desabasse, antes que tudo se tornasse lucidamente devastador, ou isso, fui correr. Apenas depois disso, muito depois, topo com uma cena dos Felt, mas ainda alguém se lembra dos Felt?, pensei logo, eu diria que nesse momento estava estupefacto, até pensei numas palavritas para dizer logo ali, mas depois achei melhor não, ainda por cima o New day dawning, ou isso, esta merda anda mesmo toda ligada, devo ter pensado, de certeza que pensava nisso enquanto elegia um sítio tranquilo para apreciar. Nunca se sabe. 

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

dia não sei quantos 109: treina[r a] dor

Com uma dor de cabeça numa mão e um chá na outra, dou por mim a pensar retrospectivamente, pelo menos umas treze horas, treze horas e picos, quase catorze, e dou por mim em branco, ou enfiado numa bruma, tacteando, lá chego a qualquer coisa, talvez um tronco de uma árvore, cheira a musgo e cheira a humidade, sem norte que me valha, sem bússola que me valha, tacteio ainda neste momento que escrevo tacteio ainda, embora me pareça que tudo não passa de uma imagem da minha tola, ontem hoje, agora, ainda há pouco, ou isso. "De vez em quando," escreveu um dia Al Berto, "aceito ainda o mistério das palavras que me cercam e não coincidem, em nada, com a realidade".  De vez em quando.

[zzanálise]

domingo, 21 de outubro de 2012

dia não sei quantos 108 e tal: retiro visceral

Visitação transcendental, não, vibração transcendental, três mantras depois, dois jornais depois, várias revistas atrasadas depois – tenho para ali algumas LER aforadas -, uma sandes depois, e mais um e-mail com CV acoplado, desta feita sem carta motivacional, depois disso tudo ah, ainda dou por mim a pensar em ler um livrito para desopilar a excitação fatal, ou então tentar ver um jogo de bola antigo em VHS, daqueles tempos em que haviam jogos que pareciam antigos à nascença, quer dizer antigos logo aí, casos concretos existem, verificáveis até, com a vitória do Sporting, acho. Acho. 

dia não sei quantos 108: síndrome dominical


O mais interessante até este momento é a concorrência que simulo a mim próprio, ou em mim próprio, ou a concorrência que faço a mim próprio, ou nem tanto, num eu contra mim que transpõe a cena do anjinho e do diabinho, um de cada lado da cabeça, mais isso que aquilo. Neste circunstância inusitada das catorze horas e picos, atesto que já enviei um curriculum vitae e respectiva carta motivacional em e-mail lacrado com aviso de recepção e tudo. Agora vou ali reciclar-me.  

sábado, 20 de outubro de 2012

dia não sei quantos 107 e tal: o caralho de um sítio onde pousar a cabeça

Escreveu assim um dia o António Pina: “Só quero um sítio onde pousar a cabeça./ Anoitece em todas as cidades do mundo,/ acenderam-se as luzes de corredores sonâmbulos/onde o meu coração, falando, vagueia.” Cheguei tarde ao Pina, como chego sempre tarde a todo o lado, quase sempre é assim, mas às vezes, às vezes, lá lia a sua coluna no JN, quando o JN estava por perto, o que não é sempre. Cheguei tarde ao Pina, mas ainda vou muito a tempo da poesia. Cheguei apenas tarde, só isso. 

dia não sei quantos 107: kotécnicozz

ZzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzZzzzzzzzzzzzzzzzhumzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzZzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

dia não sei quantos 106: ver num grão de areia um mundo?

Transcrevo parte de mim mesmo neste momento: acabadinho de sair da cama, isto após um monólogo daqueles no escuro a fazer lembrar os monólogos famosos no escuro, e alguns monólogos do teatro - ali reconhecidos pleonasticamente como solilóquios -, como naquela peça denominada ELLA do Herbert Achternbusch, em que um marmanjo vestido com o avental da mãe, acho que é da mãe, a mãe está para ali a ver televisão, debita uma data de cenas pertinentes, históricas e sociais, enquanto prepara uma poção venenosa, ou isso. Os temas do meu monólogo solilóquio no escuro versavam a situação actual do ex-clube sporting, sua conjuntura e dinâmicas, os apresamentos de poder, ou do poder, suas angústias e carrilheiras, cuja convenção perfeita se revela no “Príncipe” de Nicolau Maquiavel, e alguns ditames filosóficos sobre localidades e padarias à deriva, ou isso. Arrumados três ou quatro intervenientes imaginários, que tiveram a lata de aparecer no monólogo, mencionando a necessidade de contraditório, ou isso, lá se impôs o diligente arranjo matinal em caminho para o desenjoo. Agora vou ali enviar um sms e comer uma torrada.




quinta-feira, 18 de outubro de 2012

dia não sei quantos 105 e tal: entretanto, na grande ilusão

Já voltei, já voltei, foi um logo vi de coisas novas velhas, bom, pelo menos intermédias, vulgarmente reconhecidas como normalóides, mas deu para rectificar os níveis elevados de loucura, deu até para desmistificar os níveis elevados de loucura e, enquanto isso, cavaquear, porque a cavaquear é que a gente se entende, pois sim.  


dia não sei quantos 105: a grande ilusão

Levantar cedo e dizer: aqui vou eu. Quer dizer, melhor, já não será propriamente cedo, certo seria, acordar cedo, ficar na cama a pensar na bezerra, levantar-se, com tudo o que isso implica, e dizer: aqui vou eu.  Depois (d)o desenjoo, claro está, um chá. 

[até já]

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

dia não sei quantos 104: ztónico

Aquela velha história do não estava calmo afinal acompanhava os meus passos, numa volta que havia sido curta, a missão, essa, terá desaguado não se sabe bem onde, mas desaguou, cada vez mais desagua não se sabe bem onde, entretanto chove, já é hoje, quer dizer, já será hoje, quarta-feira, dia não sei quantos de Outubro, parte da manhã, um tipo acorda, faz de conta, toma o pequeno-almoço, desenjoa, senta-se e começa assim: aquela velha história do não estava calmo afinal acompanhava os meus passos, numa volta que havia sido curta, a missão, essa, terá desaguado não se sabe bem onde (…).

[zzZz]

terça-feira, 16 de outubro de 2012

dia não sei quantos 103: calma

ZZZzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzezzzzzzzzzzzzzzzzzcorridazzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzlivrozzzzzzzzzzzzzzpizzzzazzzzzzzezzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz...

[parte da tarde=meeting?]

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

dia não sei quantos 102: arrochada mística

É preciso reconhecer que acordei com a sensibilidade de um bloco de mármore em bruto, talvez mesmo de um paralelepípedo, ou isso, o que na conjuntura actual, passada e mesmo futura, não seria nada de significativo, passaria incólume até, eu diria, e passaria incólume, ainda mais, no contacto aproximativo com outros seres humanos, e tal. De qualquer modo, ocorreu, por obra e graça, não se sabe se por obra se por graça, de qualquer modo sucedeu(-se-lhe), uma mudança significativa que me aproximou aos poucos de um, vamos lá, ainda bloco de mármore, mas já trabalhado, já artisticamente e significativamente adornado - e é preciso ver que mesmo um bloco de mármore em bruto tem que se lhe diga -, onde se se olhasse bem germinava aqui e ali um rasgo de determinação, de concepção petiscadora e, bem lá no fundo,  medrava uma ideia. E pronto.



[Entretanto não sei se já estava a correr - e se serei um shandy (?) - vou ali perguntar ao Vila-Matas]   

domingo, 14 de outubro de 2012

dia não sei quantos 101 e tal: trouxe-mouxe


Uma, duas, três, três respostas a anúncios, três e-mails com curriculum vitae e carta respectiva de apresentação ou representação, sempre com o olho na substância motivacional, consolidada naquela cena de sair de casa e andar sempre à coca, isto e mais aquilo, a conselho de entendidos em técnicas de e para supervisionar a técnica de desencalacrar-se, ou nem isso, nem isso.

dia não sei quantos 101: nem isso

zzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzZZzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzZzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz


[ontem ainda: flanar à mão armada]

sábado, 13 de outubro de 2012

dia não sei quantos 100: pequeno-almoço de campeões


Um dia desses dias, escreveu assim Borges: “A meta é o esquecimento./ Eu cheguei antes”, e apercebo-me que penso nisso há, pelo menos, dezassete horas, isto é, mil e vinte minutos, isto é, sessenta e um mil e duzentos segundos, isto de cabeça, ou isso, o que é muito, observado nesses termos, esta cena do tempo é mesmo marada, e depois o poema, claro, claro, o poema cujo título Um poeta menor faz parte de A rosa profunda. Agora vou tomar o pequeno-almoço.  


E ao mesmo tempo penso nisto. [vou ter que reler]

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

dia não sei quantos 99: subjectividade individual


Dia de adiamento de projectos, como se o fim-de-semana que se aproxima fosse um fim-de-semana que se aproxima, quando nem sequer existiu uma semana, quer dizer, existiu uma semana, convencionalmente terá existido uma semana, segunda, terça, quarta, quinta e sexta, até ver, e terá sido assim mesmo, com duas ou três marcações, uma entrevista, tudo vivido intensamente e devidamente memorizado na agenda cerebral, não é necessária outra. Depois as notícias, parangonas de um filme que vivemos por conta de outrem, assim nos notificam, e por conta de outrem vivemos as mágoas como se fossem nossas, seria uma pergunta seguinte, se houvesse fôlego e determinação, quer dizer, as nossas mágoas em segunda mão, outra questão, mas as mágoas, as dores, também são nossas, individualmente nossas, quereria dizer, mas o direito de propriedade ideologicamente falando não se harmoniza com dores espirituais, ou dores físicas, ou mesmo dores provocadas por falta de ração, ou isso. É só isso. 


[também li qualquer coisa, fui correr, tratei de assuntos]

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

dia não sei quantos 98 e tal: 2xZ


Depois ainda fui ler, ler umas merdas avulso, aqui e ali, coisas dos surrealistas e sobretudo das pitonisas do pensamento supostamente insurrecto, ou, da arte supostamente insurrecta, quer dizer, ainda não formatada mercantilmente, ou decantada mercantilmente, ou o caralho. Nem isso. Antes, fui na maré do início da tarde por aí, uma volta ao bilhar grande, como se diz, meio bonzo, quer dizer, meio bonzo não, bonzo não, meio perdido por cem perdido por mil, é um lema, ia dizer que é o meu lema, mas não sei bem se ainda tenho um lema, mas se tivesse um lema acho que não seria perdido por cem perdido por mil, ou perdido por um perdido por mil, acho que seria uma coisa tipo insígnia em latim, Tempus breve est, ou isso.  Mais coisa menos coisa.

[também procurei aquilo]

dia não sei quantos 98: cartapácio de novidades, até onde a vista alcança


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quarta-feira, 10 de outubro de 2012

dia não sei quantos 97 e tal: [velhinha assírio – edição de 86]


E foda-se, diz assim o cabrão do Céline, o Louis-Ferdinand, diz assim, no seu morte a crédito, ou mort a credit, diz assim: “Nada se perde. O desempregado é um desesperado, é um sensual, não tem um chavo para convidar…Isto tem o seu proveito”, isto por causa daquilo e do outro, isto por causa de um “escândalo de peida…”, entretanto.

dia não sei quantos 97: ainda sem treina(dor)



Noite ontem: desperdício [indícios]
Noite [pesadelos]
Manhã: alvorada às 9h47m [risinhos desconhecidos]
Manhã: avaliação da situação [em curso?]

Como diz o cavaleiro negro, naquela cena do filme dos Python em Busca do Cálice Sagrado, ou Monty Python and the Holy Grail, isto depois de já ter ficado sem um dos bracinhos, pelo menos, na peleja com Artur, ou Arthur: é só uma ferida superficial.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

dia não sei quantos 96: cansaço


Primeiro foi aquilo e depois aqueloutro, quer dizer uma manhã matinalmente cedo com desenvoltura e trato, almoço e tudo, um início de tarde pardacento, com notícias à flor da pele, notícias quase, notícias com reuniões presentes e passadas, penduradas em projectos e em muito trabalho do cão. Nada de especial. O fodido é que nunca é nada de especial, não morre ninguém, ninguém de magoa muito, quer dizer, nem isso, também há aquela outra cena, é verdade, uma cena próxima que ultrapassa muito esta cena ainda mais próxima. Já não sei. Também comprei umas merdas para a casa. Também tocou o telefone, ou isso. E depois andei, andei para aí, mas isso já eu faço bem, sempre fiz, andar, andar e pensamentos a tiracolo, andar e pensar, remoer, nem me recordo da cor do céu, nadinha, nem sequer das ruas, nadinha, uma ou outra vá, e depois hesitei. Mas já era tarde. 

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

dia não sei quantos 95: nasceu-me a razão?

Acho que começava por cortar os pulsos para beber o (próprio) sangue com vodka, fazer uma bloodka, na boa, acho que começava assim o sonho, para dizer verdade não sei se era bem um sonho, por vezes, já tentei explicar isso mesmo, por vezes, não distingo com a clareza necessária o real do não real, empacotando a coisa numa espécie de carrocel surreal, coisa que os surrealistas não desleixaram, suponho. Tenho livros sobre isso. De qualquer modo, dei por mim, a páginas tantas nocturnas, fodido, fodido para perceber como quarenta e cinco minutos de futebol, podem cooperar para, cada um à sua maneira, desmistificar a evolução do ser humano, assentando-o no final, bem no final, da cadeia que este supostamente encumeia.
Não satisfeito, o destino, ou isso, hoje pela manhã, pelo final da manhã para ser mais consistente, desfecha mais esta bordoada, no inútil. Como diria o Rimbaud: “escravos, não amaldiçoemos a vida”.






[Arthur]


[não estou calmo]


domingo, 7 de outubro de 2012

dia não sei quantos 94: ramificações longínquas


Vendo bem as coisas, oftalmologicamente e metaforicamente e não só, cada dia começa e acaba sem reproduzir um percurso específico, na verdade, cada dia é um atalho, ou pelo menos uma tentativa de atalho, um empreendimento abreviado, onde um corpo, entre vários corpos, pratica um jogo invisível num determinado espaço/tempo. É um lume brando apenas por que o gás está a chegar ao fim [representação estilística apenas para quem tem/usa bilha/botija]. 
Entretanto, não posso precisar especificamente (peço encarecido que deixem passar os pleonasmos), em que ponto do tempo redondo li qualquer coisa sobre um céu muito azul e uma terra castanha com pedrinhas, um recinto de silêncio, ou isso, nem em que tempo do tempo redondo enviei três currículos, apenas os currículos e respectivos e-mails, e depois um desses e-mails com currículo veio recambiado porque do outro lado não existia nada, e eu fiquei a pensar, julgo que terá sido assim, fiquei a pensar que se calhar deste lado também não existe nada. Mas posso estar enganado.
Do resto o que me lembro mais é de um robe de chambre e de alguma comida sólida e de alguma comida líquida (alguma com regime etílico não considerado alcoólico na Rússia). Mas posso estar enganado.