sábado, 26 de abril de 2014

dia não sei quantos sábado...s que mais parecem domingos: expansivo de modo algum arruaceiro

Cronologicamente falando, ou nem isso, a coisa foi mais ou menos assim, duas cenas se ajustaram graças a um daqueles espelhos que o Borges deixou suspensos sobre as nossas cabeças. Numa tarde qualquer vazia de qualquer (deixem passar) coisa, o Knut deu de caras com o John, mais lá para a frente numa dessas tardes vazias de qualquer coisa, o nevoeiro desvaneceu-se e no fundo do túnel da tal tarde noite vislumbrou-se uma lombada onde se poderia com jeitinho ler Hamsun e Fante, a sério. Fiquei logo a pensar nisso horas esquecidas e quase fui às trombas ao vizinho porque este insistia em ouvir os mariconços dos Queen em altos e sonoros e sinistros berros, o que não estimulava em nada a (minha) concentração, concentração essa tão necessária para pensar. Estava eu a pensar nessa cena, toda a gente sabe que sou um tipo cão que gosta de pensar, toda a gente sabe disso, mas um tipo cão perde-se, não tarda perde-se, quando por obra e graça de um espelho, letras, lombadas e cenas cronologicamente datadas pelo carbono 14 como se tratando de duas tardes diferentes, toda a gente sabe que tudo isso combinado com a música  errada, pode dar merda, só pode dar merda. A ver vamos então.

domingo, 13 de abril de 2014

dia não sei quantos domingos lá calham: abjecto quase

Acordar sem ênfase é começar o dia com letra pequena. Interrogações subalternas ao estado emocional afloram inevitavelmente, condicionando o reportório desse corpo que agora mesmo vemos em maus lençóis, quer dizer, já fora dos lençóis, fora do cobertor, longe do edredão, como será possível ter aguentado tanta rouparia?, perguntámo-nos, talvez demasiado tarde para chegar à cozinha, onde esse tal corpo, recorrendo a rebuscados movimentos ordenados pelo cérebro, enche uma cafeteira de água para fazer um chá preto. Fim da primeira parte. 

quinta-feira, 10 de abril de 2014

dia não sei quantas quintas lá estarão: ene respostas

Também é isso, não é bem isso, o rosto as rugas, a travessia de um olhar de outrem (deixem passar), o carregar das dores, o carregar dos RRRRRes, o cheiro a um assado de domingo póstumo. Tudo no ventre, às vezes no coração, tudo a dar contas do fígado, às três por quatro, mazelas, sinais da cruz, canções que embalam as vísceras enquanto não se faz muito tarde. Porreiro. Depois, uma manhã e outra e outra e outra e outra e outra. Cada vez mais uma manhã. Cada outra uma como a outra uma. Não se fazem perguntas. Por obséquio.

domingo, 6 de abril de 2014

diaz nãozz seiz qauntoszz domindozzz: os meandros da descrença

Estava agora mesmo a pensar em começar esta posta por um pensamento (deixem passar) ocorrido há precisamente dois ou três minutos (deixem passar), sobre aquela música dos Pop Dell'Arte chamada Juramento sem Bandeira, queria começar por jurar alguma coisa sem bandeira que a valha, mas embora reconhecendo que o meu procedimento seja capaz de criar métodos precursores (ver cabeçalho do Inútil), nada o leva a fazer crer, quer dizer, nada o leva a crer, quer dizer, nada leva a crer. Todavia, faço minhas outras palavras que de tão sábias abrem (ou destapam?) crateras na mente dos homens por osmose (já que ler nos livros cansa): e quando a história fosse muda, a nossa consciência bradaria sempre, dando-lhe o seu nome*.