Um dia qualquer Camus disse, mas também terá escrito (isto em francês,
claro), que um tipo se habitua a tudo até a viver dentro de um tronco de
árvore, numa cena existencialista que ainda faz correr o pano dessas mangas, ou
por aí. Prova disso os servos da gleba enclausurados durante séculos num
sistema que um dia até lhes terá parecido de sempre e absolutamente
compreensível, ou as castas indianas, essa democracia grande, mas que não é
grande coisa, com os seus intocáveis sempre abaixo, ou os corpos que
singelamente ajudaram a adubar a grande muralha da china, nada como a carne
para assegurar o mister dos canhões e dos impérios, e prova disso ainda, os intrépidos
adeptos sportinguistas, ano após ano esfregando as mãos, inexpugnáveis na sua
dor transmissível apenas a alguns eleitos, o que não quer dizer que não possa
estar a exagerar nessa estranha forma de vida que entretanto se entranha. Tudo
se transforma, e nesse desconhecido jogo de onze contra dez, o final é um
prolongamento da tese Linekerniana de que no final (por favor deixem passar os
pleonasmos, isto já é suficientemente penoso para mim) ganha sempre a equipa
que joga contra o Sporting, ou quando muito empata vá, ao mesmo tempo que os
tipos assinalados como jogadores demandam salário ao final do mês por fazerem
de conta que são jogadores, numa interpretação, os ingleses chamar-lhe-iam de
fenómeno impersonating, a todos os
títulos genial, no sentido em que quem está a assistir acredita piamente que
aqueles seres humanos são jogadores de futebol, porque se assemelham em tudo a
jogadores de futebol, apenas não jogam nada, absolutamente nada, nem exibem
qualquer tendência que nos permita pensar de outra forma. Temo que pela
primeira vez na história da humanidade, o homem, segundo o qual Camus disse se acomodar
a viver inclusive dentro de um tronco de árvore, não consiga, os sportinguistas
não consigam, se adaptar a este estado final das coisas. Deve ser a evolução ou
o caralho.
sexta-feira, 9 de novembro de 2012
dia não sei quantos 127: O sportinguismo como uma das belas-artes (ou a Galápagos sportinguista?)
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Simplesmente brutal:),ou isso:)
ResponderEliminarNão entendo nada de bola nem seria nem sei se sou sportinguista, mas este texto dá vontades de ter um blog:)... bom fim-de-semana
espero que não tenha doído muito:)
ResponderEliminarainda bem que não liga nem à bola nem ao Sporting, as dores assim são menores...
bom fim-de -semana? ah, hoje é sexta...
bom fim-de-semana então
Sou sportinguista e não doi nada :)
ResponderEliminarnão há mal que sempre dure...
umas vezes perde-se e raramente ganha-se :)
so what ?!
Oh, eu também sou sportinguista mas gosto de ganhar às vezes e não só no remo:)
ResponderEliminarmas não há mal que sempre dure...pois não?..