Logo pela manhãzinha, no
escuro, ainda no escuro, pensamentos amodorrados, pensamentos entredentes,
aquela membrana ténue entre o dormir e o acordar que se vai - neste caso -rasgando
aos poucos, semelhante àqueloutra que os surrealistas ambicionavam capturar
antes do dormir, o corpo dormente, a mente vai-não-vai, pois foi nessa altura,
acho, que escutei uma voz, temos planos, disse, não, qual é o plano das festas?
– terá dito, acho que foi isso, e eu, tu queres ver que temos um propósito ou
dois… onde, onde?, escutei claramente vindo do interior do meu cérebro. Nesse
momento podem adivinhar o estado de espírito em que me encontrava. Entretanto a
manhã pariu umas compras na mercearia, uma assistência técnica por mecanismo de
garantia, um estacionamento e bolos. Na rua passeavam flores com seres humanos
acoplados. Amanhã é dia feriado. É assim até ver.
quarta-feira, 31 de outubro de 2012
terça-feira, 30 de outubro de 2012
dia não sei quantos 117: e se estiver escuro, ainda por cima?
segunda-feira, 29 de outubro de 2012
dia não sei quantos 116: de escapadela em escapadela
Os tipos e as tipas, ou isso, já devem ter recebido os e-mails e estão
agora para aí na fase risinhos ou já no estão
bem fodidos, lembrei-me disso, não sei bem porquê, estou calmo, o que
normalmente me encarniça mesmo, são palavras ou expressões como proactivo ou
assertivo, umas merdas modernas ocidentais, ou acidentes pós-modernos, não sei
bem porquê, o vazio dessas merdas, mas admito que ainda não "descobri como as
caras desabam, / como o terror fita as pálpebras", coisas fodidas, e não apenas
poeticamente fodidas, embora saiba "como o sofrer escreve em rostos", isto
recorrendo a Ana Akhmátova, claro. Entretanto fui correr e fiz um telefonema.
[o tipo do outro lado do telefone móvel nem se
recordada daquilo... mas vai ver...]
domingo, 28 de outubro de 2012
dia não sei quantos 115 e picos: ora toma lá, domingo
Ainda não são sequer doze horas e trinta e nove minutos do novo horário
de inverno - mas não estamos no outono?, e já enviei dois curriculum vitae
com nova carta de representação a tiracolo, personalizados, por e-mail, desabitados
de qualquer expectativa, ténues na sua materialização digital, ou isso. Do
outro lado, não se sabe bem, nem porquê, uns tipos ou tipas abrem o e-mail e começam
uma segunda-feira intoxicada de resmas de CVs e solicitações mais ou menos desalentadas,
e, entre risinhos nervosos, risinhos de contentamento inquieto, isto se observarmos
bem evidentemente, declaram: estão bem fodidos. Mas para isso acontecer ainda faltam umas horas. Calma.
dia não sei quantos 115: horário de inverno...mas não estamos no outono?
zzzzzzzzZZfoda-se, mas que horas são?zah!, está bem, está bem...zzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz
zzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzznáuseazzzzzzzzzzzzzcabeçazzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzdesorientaçãozzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzZZ...
sábado, 27 de outubro de 2012
dia não sei quantos 114: check please
Duas olheiras a dar a dar, uma em cada respectivo, profundas e papudas, ou
isso, olheiras metafísicas, olheiras de trincheira nocturna, pesadelos
movediços que carrego, acho que é isso, olheiras Benicio Del Toro a fugir, palavra que acho que é sábado, tenho
a certeza, que horas são?, - dez e cinquenta e picos, ou picos para as onze,
digo obrigado, o mundo todo às costas, corcunda mundo a caminho do desenjoo e
faço ponto. Check please.
sexta-feira, 26 de outubro de 2012
dia não sei quantos 113: tudo somado
zzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzpúblicozzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzsopitazzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzvivóvelhozzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz
quinta-feira, 25 de outubro de 2012
dia não sei quantos 112: o caminho para o curto-circuito
Estava a meditar que comecei a fazer
projectos, ou a ter projecto, quando, por volta dos três
anos já roubava bolachas de forma planeada, pouco depois terei começado a achar
piada aos signos do alfabeto, a juntar letrinhas, a perceber e a escrever
palavras, que cena marada, e seguidamente, acho, tive o projecto de assaltar a
garrafa de vinho do porto fora do âmbito da salada de fruta ensanguentada. Mais
tarde tive o projecto de não ter projectos, e depois tive o projecto clorofila, um projecto niilista
que se negava a si próprio, entre outros, e fui percebendo que fazer projectos ou ter projecto não quer dizer absolutamente nada, como não fazer
projectos ou não ter projecto não quer, igualmente, dizer absolutamente nada, mas
lá que fica bem. O sentido, se é que ainda há algum, da palavra projecto muda
mas rapidamente do que o coração de um mortal (tomando de empréstimo o poema de
Baudelaire – a cena sobre Paris), resultando num conceito multidiscursivo, ou isso, muito utilizado como bálsamo
desinfectante, ou paliativo amoniacal de discursos de tipos e tipas com
encefalograma plano (esta cena do encefalograma plano é do Bolaño, não?), ou
isso. Outras palavrasconceito
sofreram da mesma moléstia: património, cultura, ambiente e democracia, penso
logo de cabeça na República Democrática Popular da Coreia (do Norte). Agora vou ali ver da marmelada.
Até já.
[Duchamp]
quarta-feira, 24 de outubro de 2012
dia não sei quantos 111 e tal: recomeço
zzcapicuazzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzleituraszzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzZZZZZZZZZzzzzzzzzzescrevinhiceszzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzcoisaszzzzzzzzzz
dia não sei quantos 111: manhã de “Amanhã” ou amanha a manha
Escreveu assim Robert Desnos: "Velho de cem mil anos, certo é que me
force / à espera do amanhã que no esperar ainda arde. / O tempo, doente antigo
de mais de uma entorse, / pode gemer: é nova a aurora, e nova a tarde". E
continua assim: "Mas muitos meses há que viver é velar," e continua "velamos e
guardamos nossa luz e o lume" e continua pois (…).
terça-feira, 23 de outubro de 2012
dia não sei quantos 110: a manhã também nos absorve (ou será: nos observa?)
Antes disso fui correr. Imprevistos madrugadores, quer dizer matinais,
madrugadores talvez não, impuseram uma deriva imprevisível a uma manhã já de si
solarenga, já de si potencialmente atractiva, nesse sentido, então, antes que
tudo desabasse, antes que tudo se tornasse lucidamente devastador, ou isso, fui
correr. Apenas depois disso, muito depois, topo com uma cena dos Felt, mas
ainda alguém se lembra dos Felt?, pensei logo, eu diria que nesse momento
estava estupefacto, até pensei numas palavritas para dizer logo ali, mas depois
achei melhor não, ainda por cima o New
day dawning, ou isso, esta merda anda mesmo toda ligada, devo ter pensado, de
certeza que pensava nisso enquanto elegia um sítio tranquilo para apreciar. Nunca
se sabe.
segunda-feira, 22 de outubro de 2012
dia não sei quantos 109: treina[r a] dor
Com uma dor de cabeça numa mão e um chá na outra, dou por mim a pensar
retrospectivamente, pelo menos umas treze horas, treze horas e picos, quase
catorze, e dou por mim em branco, ou enfiado numa bruma, tacteando, lá chego a
qualquer coisa, talvez um tronco de uma árvore, cheira a musgo e cheira a humidade,
sem norte que me valha, sem bússola que me valha, tacteio ainda neste momento
que escrevo tacteio ainda, embora me
pareça que tudo não passa de uma imagem da minha tola, ontem hoje, agora, ainda
há pouco, ou isso. "De vez em quando," escreveu um dia Al Berto, "aceito ainda
o mistério das palavras que me cercam e não coincidem, em nada, com a realidade". De vez em quando.
[zzanálise]
[zzanálise]
domingo, 21 de outubro de 2012
dia não sei quantos 108 e tal: retiro visceral
Visitação transcendental, não, vibração
transcendental, três mantras depois, dois jornais depois, várias revistas
atrasadas depois – tenho para ali algumas LER aforadas -, uma sandes depois, e mais um
e-mail com CV acoplado, desta feita sem carta motivacional, depois disso tudo ah, ainda dou por mim a pensar em ler um livrito para desopilar a excitação fatal,
ou então tentar ver um jogo de bola antigo em VHS, daqueles tempos em que haviam jogos
que pareciam antigos à nascença, quer dizer antigos logo aí, casos concretos
existem, verificáveis até, com a vitória do Sporting, acho. Acho.
dia não sei quantos 108: síndrome dominical
O mais interessante até este momento é a concorrência que simulo a mim
próprio, ou em mim próprio, ou a concorrência que faço a mim próprio, ou nem
tanto, num eu contra mim que transpõe a cena do anjinho e do
diabinho, um de cada lado da cabeça, mais isso que aquilo. Neste circunstância inusitada
das catorze horas e picos, atesto que já enviei um curriculum vitae e
respectiva carta motivacional em e-mail lacrado com aviso de recepção e tudo. Agora
vou ali reciclar-me.
sábado, 20 de outubro de 2012
dia não sei quantos 107 e tal: o caralho de um sítio onde pousar a cabeça
Escreveu assim um dia o António Pina: “Só quero um sítio onde pousar a
cabeça./ Anoitece em todas as cidades do mundo,/ acenderam-se as luzes de
corredores sonâmbulos/onde o meu coração, falando, vagueia.” Cheguei tarde ao
Pina, como chego sempre tarde a todo o lado, quase sempre é assim, mas às
vezes, às vezes, lá lia a sua coluna no JN, quando o JN estava por perto, o que
não é sempre. Cheguei tarde ao Pina, mas ainda vou muito a tempo da poesia.
Cheguei apenas tarde, só isso.
dia não sei quantos 107: kotécnicozz
ZzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzZzzzzzzzzzzzzzzzhumzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzZzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz
sexta-feira, 19 de outubro de 2012
dia não sei quantos 106: ver num grão de areia um mundo?
Transcrevo parte de mim mesmo neste momento: acabadinho de sair da cama,
isto após um monólogo daqueles no escuro a fazer lembrar os monólogos famosos
no escuro, e alguns monólogos do teatro - ali reconhecidos pleonasticamente como
solilóquios -, como naquela peça denominada ELLA do Herbert Achternbusch, em
que um marmanjo vestido com o avental da mãe, acho que é da mãe, a mãe está para
ali a ver televisão, debita uma data de cenas pertinentes, históricas e sociais,
enquanto prepara uma poção venenosa, ou isso. Os temas do meu monólogo solilóquio
no escuro versavam a situação actual do ex-clube sporting, sua conjuntura e
dinâmicas, os apresamentos de poder, ou do poder, suas angústias e carrilheiras,
cuja convenção perfeita se revela no “Príncipe” de Nicolau Maquiavel, e alguns
ditames filosóficos sobre localidades e padarias à deriva, ou isso. Arrumados três
ou quatro intervenientes imaginários, que tiveram a lata de aparecer no monólogo,
mencionando a necessidade de contraditório, ou isso, lá se impôs o diligente arranjo
matinal em caminho para o desenjoo. Agora vou ali enviar um sms e comer uma torrada.
quinta-feira, 18 de outubro de 2012
dia não sei quantos 105 e tal: entretanto, na grande ilusão
Já voltei, já voltei, foi um logo vi de coisas novas velhas, bom, pelo
menos intermédias, vulgarmente reconhecidas como normalóides, mas deu para
rectificar os níveis elevados de loucura, deu até para desmistificar os níveis
elevados de loucura e, enquanto isso, cavaquear, porque a cavaquear é que a
gente se entende, pois sim.
[Gabin]
[Gabin]
dia não sei quantos 105: a grande ilusão
Levantar cedo e dizer: aqui vou eu. Quer dizer, melhor, já
não será propriamente cedo, certo seria, acordar cedo, ficar na cama a pensar
na bezerra, levantar-se, com tudo o que isso implica, e dizer: aqui vou eu. Depois (d)o desenjoo, claro está, um chá.
[até já]
quarta-feira, 17 de outubro de 2012
dia não sei quantos 104: ztónico
Aquela velha história do não estava
calmo afinal acompanhava os meus passos, numa volta que havia sido curta, a
missão, essa, terá desaguado não se sabe bem onde, mas desaguou, cada vez mais
desagua não se sabe bem onde, entretanto chove, já é hoje, quer dizer, já será
hoje, quarta-feira, dia não sei quantos de Outubro, parte da manhã, um tipo
acorda, faz de conta, toma o pequeno-almoço, desenjoa, senta-se e começa assim:
aquela velha história do não estava calmo afinal acompanhava os meus passos,
numa volta que havia sido curta, a missão, essa, terá desaguado não se sabe bem
onde (…).
[zzZz]
terça-feira, 16 de outubro de 2012
dia não sei quantos 103: calma
ZZZzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzezzzzzzzzzzzzzzzzzcorridazzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzlivrozzzzzzzzzzzzzzpizzzzazzzzzzzezzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz...
[parte da tarde=meeting?]
segunda-feira, 15 de outubro de 2012
dia não sei quantos 102: arrochada mística
É preciso reconhecer que acordei com a sensibilidade de um bloco de mármore
em bruto, talvez mesmo de um paralelepípedo, ou isso, o que na conjuntura
actual, passada e mesmo futura, não seria nada de significativo, passaria
incólume até, eu diria, e passaria incólume, ainda mais, no contacto
aproximativo com outros seres humanos, e tal. De qualquer modo, ocorreu, por
obra e graça, não se sabe se por obra se por graça, de qualquer modo sucedeu(-se-lhe),
uma mudança significativa que me aproximou aos poucos de um, vamos lá, ainda bloco
de mármore, mas já trabalhado, já artisticamente e significativamente adornado
- e é preciso ver que mesmo um bloco de mármore em bruto tem que se lhe diga -,
onde se se olhasse bem germinava aqui e ali um rasgo de determinação, de concepção
petiscadora e, bem lá no fundo, medrava
uma ideia. E pronto.
[Entretanto não sei se já estava a correr - e se serei um shandy (?) - vou ali perguntar ao Vila-Matas]
domingo, 14 de outubro de 2012
dia não sei quantos 101 e tal: trouxe-mouxe
Uma, duas, três, três respostas a anúncios, três e-mails com curriculum vitae
e carta respectiva de apresentação ou representação, sempre com o olho na
substância motivacional, consolidada naquela cena de sair de casa e andar
sempre à coca, isto e mais aquilo, a conselho de entendidos em técnicas de e
para supervisionar a técnica de desencalacrar-se, ou nem isso, nem isso.
dia não sei quantos 101: nem isso
zzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzZZzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzZzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz
[ontem ainda: flanar à mão armada]
sábado, 13 de outubro de 2012
dia não sei quantos 100: pequeno-almoço de campeões
Um dia desses dias, escreveu assim Borges: “A meta é o esquecimento./ Eu
cheguei antes”, e apercebo-me que penso nisso há, pelo menos, dezassete horas,
isto é, mil e vinte minutos, isto é, sessenta e um mil e duzentos segundos, isto
de cabeça, ou isso, o que é muito, observado nesses termos, esta cena do tempo
é mesmo marada, e depois o poema, claro, claro, o poema cujo título Um poeta menor faz parte de A rosa profunda. Agora vou tomar o pequeno-almoço.
E ao mesmo tempo penso nisto.
[vou ter que reler]
sexta-feira, 12 de outubro de 2012
dia não sei quantos 99: subjectividade individual
Dia de adiamento de projectos, como se o fim-de-semana que se aproxima
fosse um fim-de-semana que se aproxima, quando nem sequer existiu uma semana,
quer dizer, existiu uma semana, convencionalmente terá existido uma semana,
segunda, terça, quarta, quinta e sexta, até ver, e terá sido assim mesmo, com
duas ou três marcações, uma entrevista, tudo vivido intensamente e devidamente
memorizado na agenda cerebral, não é necessária outra. Depois as notícias, parangonas
de um filme que vivemos por conta de outrem, assim nos notificam, e por conta
de outrem vivemos as mágoas como se fossem nossas, seria uma pergunta seguinte,
se houvesse fôlego e determinação, quer dizer, as nossas mágoas em segunda mão,
outra questão, mas as mágoas, as dores, também são nossas, individualmente
nossas, quereria dizer, mas o direito de propriedade ideologicamente falando
não se harmoniza com dores espirituais, ou dores físicas, ou mesmo dores
provocadas por falta de ração, ou isso. É só isso.
[também li qualquer coisa, fui correr, tratei de assuntos]
quinta-feira, 11 de outubro de 2012
dia não sei quantos 98 e tal: 2xZ
Depois ainda fui ler, ler umas merdas avulso, aqui e ali, coisas dos
surrealistas e sobretudo das pitonisas do pensamento supostamente insurrecto, ou,
da arte supostamente insurrecta, quer dizer, ainda não formatada mercantilmente,
ou decantada mercantilmente, ou o caralho. Nem isso. Antes, fui na maré do início da tarde
por aí, uma volta ao bilhar grande, como se diz, meio bonzo, quer dizer, meio
bonzo não, bonzo não, meio perdido por cem perdido por mil, é um lema, ia dizer
que é o meu lema, mas não sei bem se ainda tenho um lema, mas se tivesse um
lema acho que não seria perdido por cem perdido por mil, ou perdido por um
perdido por mil, acho que seria uma coisa tipo insígnia em latim, Tempus breve est, ou isso. Mais
coisa menos coisa.
[também procurei aquilo]
dia não sei quantos 98: cartapácio de novidades, até onde a vista alcança
ZZZZZzZZZZZZZZZzZZZZZZZZZZzzzzzzzzzzzzlerzzzzZZZZZZZZZZZZZZZZZZZcorridazzzzzzduchezzzzzzzzzzzzzzzzzzzzpensamentoszzzzzZzzzzzzzzzztelemóvelzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzZZzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzZzzzzzzzzzzzZZZ
quarta-feira, 10 de outubro de 2012
dia não sei quantos 97 e tal: [velhinha assírio – edição de 86]
E foda-se, diz assim o cabrão do Céline, o
Louis-Ferdinand, diz assim, no seu morte a crédito, ou mort a credit, diz assim: “Nada se perde. O desempregado é um
desesperado, é um sensual, não tem um chavo para convidar…Isto tem o seu
proveito”, isto por causa daquilo e do outro, isto por causa de um “escândalo de
peida…”, entretanto.
dia não sei quantos 97: ainda sem treina(dor)
Noite ontem: desperdício [indícios]
Noite [pesadelos]
Manhã: alvorada às 9h47m [risinhos desconhecidos]
Manhã: avaliação da situação [em curso?]
Como diz o cavaleiro negro, naquela cena do filme dos
Python em Busca do Cálice Sagrado, ou
Monty Python and the Holy Grail, isto depois de já ter ficado sem um dos
bracinhos, pelo menos, na peleja com Artur, ou Arthur: é só uma ferida
superficial.
terça-feira, 9 de outubro de 2012
dia não sei quantos 96: cansaço
Primeiro foi aquilo e depois aqueloutro, quer dizer uma manhã
matinalmente cedo com desenvoltura e trato, almoço e tudo, um início de tarde pardacento, com
notícias à flor da pele, notícias quase, notícias com reuniões presentes e
passadas, penduradas em projectos e em muito trabalho do cão. Nada de especial.
O fodido é que nunca é nada de especial, não morre ninguém, ninguém de magoa
muito, quer dizer, nem isso, também há aquela outra cena, é verdade, uma cena próxima que ultrapassa
muito esta cena ainda mais próxima. Já não sei. Também comprei umas merdas para
a casa. Também tocou o telefone, ou isso. E depois andei, andei para aí, mas
isso já eu faço bem, sempre fiz, andar, andar e pensamentos a tiracolo, andar e
pensar, remoer, nem me recordo da cor do céu, nadinha, nem sequer das ruas,
nadinha, uma ou outra vá, e depois hesitei. Mas já era tarde.
segunda-feira, 8 de outubro de 2012
dia não sei quantos 95: nasceu-me a razão?
Acho que começava por cortar os pulsos para beber o (próprio) sangue com
vodka, fazer uma bloodka, na boa, acho que começava assim o sonho, para dizer
verdade não sei se era bem um sonho, por vezes, já tentei explicar isso mesmo,
por vezes, não distingo com a clareza necessária o real do não real,
empacotando a coisa numa espécie de carrocel surreal, coisa que os surrealistas
não desleixaram, suponho. Tenho livros sobre isso. De qualquer modo, dei por
mim, a páginas tantas nocturnas, fodido, fodido para perceber como quarenta e
cinco minutos de futebol, podem cooperar para, cada um à sua maneira, desmistificar
a evolução do ser humano, assentando-o no final, bem no final, da cadeia que
este supostamente encumeia.
Não satisfeito, o destino, ou isso, hoje pela manhã, pelo final da manhã
para ser mais consistente, desfecha mais esta
bordoada, no inútil. Como diria o Rimbaud: “escravos, não amaldiçoemos a vida”.
domingo, 7 de outubro de 2012
dia não sei quantos 94: ramificações longínquas
Vendo bem as coisas, oftalmologicamente e metaforicamente e não só, cada
dia começa e acaba sem reproduzir um percurso específico, na verdade, cada dia
é um atalho, ou pelo menos uma tentativa de atalho, um empreendimento
abreviado, onde um corpo, entre vários corpos, pratica um jogo invisível num
determinado espaço/tempo. É um lume brando apenas por que o gás está a chegar
ao fim [representação estilística apenas para quem tem/usa bilha/botija].
Entretanto, não posso precisar especificamente (peço encarecido que
deixem passar os pleonasmos), em que ponto do tempo redondo li qualquer coisa
sobre um céu muito azul e uma terra castanha com pedrinhas, um recinto de
silêncio, ou isso, nem em que tempo do tempo redondo enviei três currículos,
apenas os currículos e respectivos e-mails, e depois um desses e-mails com
currículo veio recambiado porque do outro lado não existia nada, e eu fiquei a
pensar, julgo que terá sido assim, fiquei a pensar que se calhar deste lado
também não existe nada. Mas posso estar enganado.
Do resto o que me lembro mais é de um robe de chambre e de alguma comida
sólida e de alguma comida líquida (alguma com regime etílico não considerado
alcoólico na Rússia). Mas posso estar enganado.
sábado, 6 de outubro de 2012
dia não sei quantos 93: caos avulso
Acontece que: "Há homens que não são tipos. Os tipos não são homens. Há que não se deixar dominar pelo acidental."- isto a páginas tantas 268, dos Contos de Maldoror, sim, desse tal de Conde de Lautréamont, ou Isidore Lucien Ducasse, para quem quiser, ou nem tanto.
Maldoror, de Cesariny
sexta-feira, 5 de outubro de 2012
dia não sei quantos 92 e talzz: um cigarrozzz
zzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzznoitezzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzznoitzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzznoizzzzzzzzzzzzzzzzzznozzzznzzzznzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz...
dia não sei quantos 92: dai isso por esquecido, e buscai outra guarida
Não estava tenso, e aos vinte e três, para aí,
minutos de jogo, já tinha respectivamente arrojado toda a dinâmica de um dia,
quinta-sexta-feira, pela borda fora. O jogo continuou, ninguém o mandava parar,
estudava as peças, olhava bem, estava oftalmologicamente bem, pese a
transmissão televisiva húngara, a fazer lembrar os últimos momentos do império
austro-húngaro, de leme Habsburgo, por assim dizer, e ainda não conseguia bem
destrinçar o nosso dos outros, isto é, o cdton do videoton, ou seria a k7ton
do videoton, mas aos quarenta e dois minutos e tal já tinha percebido toda a
marosca, que não passo a explicar. Nas palavras [repito-me] do Vicente: “dai isso por esquecido,/E buscai outra guarida.”
quinta-feira, 4 de outubro de 2012
dia não sei quantos 91: systems administrator
É uma quinta-sexta-feira. Em bolandas, com assuntos à perna e ao braço,
em bolandas no milieu burocrático. Começo a ter experiencial efectivo na resolução
e implementação avançada de sistemas alternativos, nomeadamente. E depois sou um
gajo proactivo.
[max]
quarta-feira, 3 de outubro de 2012
dia não sei quantos 90: rascunho a expensas próprias
Ver se nos entendemos: tudo conjugado, não se mostra indiferente este dia
comparativamente aos demais, quase todos em causa, quase todos diferentes no
seu ZZz particular, todavia, iguais no seu ZzZ geral. Nada de enganos: um ver
se te avias em zonas onde se podem referenciar algumas informações sobre
temáticas e situações muito pendentes, tão pendentes que já ninguém se recorda
delas, e outras, mais avisadamente pendentes e dependentes de pormenores
alheios a este impulsivo escribador, mais isso, menos isso. Depois telefonemas.
Depois o andarilho encontra conversa de borla com amigo, tendencialmente são.
Sobrevive. Ainda por cima agora existe uma merda – juro! – denominada de formação modelar certificada. Sou gajo para ficar fodido a expensas
próprias.
terça-feira, 2 de outubro de 2012
dia não sei quantos 89: eu acredito em fadas, e depois?
Um dia escreveu Lainez: “Ao proceder assim e ao não ter em conta
que tudo, absolutamente tudo, neste mundo inexplicável, funciona por razões que
nos escapam, o seu cepticismo antiquado, que apodaria de vitoriano, não fosse o
meu respeito por essa grande rainha, privá-lo-á de se inteirar de assuntos de
interesse transcendente”, e antes já havia avisado que, quem não acredita em
fadas que feche logo o caralho do livro (por acaso ele não utiliza a palavra
caralho, o Mujica não se dá a esses ares) e o “arremesse para um canastro”, ou
isso, mais coisa. Acho que vou ter que reler o livro. Mas eu agora releio, para
além de ler?
Estou completamente fodido (eu utilizo estas palavras merdosas e dou-me a
esses ares).
[o livro é o unicórnio, mas claro que toda a gente sabe disso…]
segunda-feira, 1 de outubro de 2012
dia não sei quantos 88: folhas caídas
Queres ver que já
estamos em Outubro. Queres ver aquela cena do Outono, castanhas, diospiros,
árvores de folha caduca a recordarem-nos que existem e fazem todo o sentido.
Queres ver que hoje é mais uma segunda-feira, dia de projecto, amanhã com sorte
será mais uma terça, e depois logo se verá, mas, em princípio, será mais uma quarta-feira.
Queres ver que fica tudo na mesma. Isto não é uma interrogação.
Subscrever:
Mensagens (Atom)