quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

dia não sei quantos 230: transfega de rotinas inflamáveis


Não será de todo necessário que se abra a porta para que os planos se esvaiam, nem profiláctico garrotear qualquer membro comiserado que ilustre a patranha desse momento. Não. A páginas tantas, ou isso, o doutor pergunta a Vladimírek o que se passa, e este para dar uma explicação sem ter que falar, levanta-se e põe-se a bater com a cabeça na parede, e nesse encontro nada fortuito entre uma cabeça e uma parede – que nasce do desejo de carregar um mal que tinha sucedido a outrem – reside a positividade da loucura transbordante na força que é o corpo, que é o mundo, a apoteose do Universo e da Beleza, ou isso, tenho que consultar o Observador que também é um filosofo, por exemplo, Bondy decide dedicar-se à arte e para não ser obrigado a trabalhar interna-se num manicómio, reparem que nem sempre que alguém que não quer trabalhar ou que pretende dedicar-se à arte se interna num manicómio, mais depressa se socorre do orçamento do ministério disponível, debalde, Bondy constata que no manicómio se começam a utilizar os métodos soviéticos que recomendam que o melhor para os inadaptados é o trabalho. Ali não muito longe, poucos anos atrás, outros consideraram o trabalho libertador. Mas aqui para nós que ninguém nos ouve, o trabalho quando é adjectivado administrativamente normalmente tem uma pulga atrás da orelha do tamanho de um paquiderme bebé, tenho andado a pensar nisso, a ler o Hrabal, seremos todos ternos bárbaros, ou apenas bárbaros com uma garrafa termos? Uma gigantesca garrafa termos atrás da orelha: um trabalho para a Joana Vasconcelos? Ah?

[ontem respondi a mais um anúncio e botei existência em mais um sítio – cumprir calendário?]

8 comentários:

  1. fabuloso:)

    Do Hrabal li e gostei muito de uma solidão demasiado ruidosa, este é o terno bárbaro da teodolito, não?

    a joana vasconcelos atrás da orelha já deve ser suficientemente fodido:)

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    1. :)

      olha este Hrabal é isso mesmo, terno bárbaro, diz que uma das suas homenagens ao amigo Vladimir. Quero ler o eu que servi o rei de Inglaterra, não sei porquê,mas quero, vou pedi-lo à Joana Vasconcelos, devre ser fácil encontrá-la atrás da orelha:)

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  2. pareceu-me genial:)

    não conheço o Hrabal, sei que já falaste nele, vou ver se encontro qualquer coisa, ou então continuo apenas a ler-te a ti:)

    as melhoras
    jinhs

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    1. muito gentil, porém exagerado:)

      O Hrabal é um checo fixe, muito melhor que aquela abécula do Kundera, ou isso, mas não, quer dizer, sim, uma solidão demasiado ruidosa é capaz de ser surpreendente...:)

      até:)

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  3. Respostas
    1. sim, será talvez um facto...mas ternos bárbaros ou bárbaros de termos:)

      atés

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  4. Não será de todo necessário que se abra a porta para que tudo se esvaia. Tenho boas recordações do kundera quando era nova ou antes dos 25 pelo menos. Lembro-me de ler numa tenda depois de um jantar com um pescador alcoólico sobre um ponto A e de um ponto B e depois qq coisa entre eles. Acho que eu é que era uma abécula :)

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  5. :)

    quer dizer,varrer o Kundera para lá da minha zona económica exclusiva, isto é, das minhas águas, às vezes ainda recordo a suar um poeta, há sempre um poeta nos livrinhos do K, acho que era Jaromil, e depois começo a gritar, juro. Pronto. Não é bem assim, mas está algures entre dois pontos:)

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