sexta-feira, 12 de abril de 2013

dia não sei quantos 281: apenas uma ferida superficial


A questão fodida de uma ferida superficial é se esta infecciona.  Nesse sentido, ou noutro qualquer que lhe queiram dar, quando o cavaleiro negro continua a fazer frente a Artur, não está apenas a ser corajoso – o cavaleiro já não tem um braço, em breve outros membros lhe escassearão, e ainda assim afirma tratar-se de um arranhão e que já esteve pior –, nem sequer está apenas a cumprir a sua demanda pessoal ou o seu dever, não, o cavaleiro sabe que na sua época se pode morrer por dá cá aquela palha, uma qualquer ferida em combate ou outra, qualquer enfermidade, um ou outro pecado ou bruxedo redundam na inevitável sangria às mãos do barbeiro, ou, coisa pouca, se ainda lhe sobram as mãos, rapidamente serão uns cotos arrematados pela inquisição. Morre-se jovem e não necessariamente belo: a galeria dos heróis e artistas jovens estaria já entregue a uma empresa de construção portuguesa e a coisa sofreria uns atrasos de séculos. Estava eu a pensar nisto, não sei bem se sonhei com isto, mas agora um pedaço de realidade sobrevoou-me as vistas e acho que vou assumir funções de actividade cognitiva e corporal em breve. Mas primeiro vou tratar desta ferida, embora seja uma merda superficial…


8 comentários:

  1. excelente posta, excelente texto, em todos os (segundos) sentidos...

    DdC

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  2. Um penso rápido trata do assunto :)

    um bom fim de semana :)))

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    Respostas
    1. :)
      é logo desinfectar com álcool (diz que o que arde cura ehehe)

      grazie pelo musicol, aqui vai uma de sempre do Cão:
      http://www.youtube.com/watch?v=xjDLc-8tW2I

      bom fim-de-semana

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  3. Olá, Não é estranho nem original mas a verdade é que gosto, gosto mesmo, de feridas superficiais. E talvez por gostar delas não as sei tratar.

    Excelente texto como sempre :)

    H.

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