quarta-feira, 31 de julho de 2013

dia não sei quantos 391: vestir a camisola

Começar a descrever esta manhã. Parar. Que manhã? Ah, acordar (boa), levantar a peida e coçar-se (boa), desenjoar com chá preto e torrada (boa) e repisar toneladas de informação não formatada, não organizada, aleatoriamente distribuída (isto incluí locais tão variados como a mioleira e o corredor que desemboca no sítio dos livros), enquanto um bocejo se espraia anunciando o seu ar de tédio. Não foi o caso. Até deu para esgrimir umas patacoadas com o computador, até deu para ir espreitar uma instalação pantomímica na área comercial adjacente à ladeira…perto da mioleira. E sobretudo interiorizar que é necessário vestir a camisola. 


terça-feira, 30 de julho de 2013

dia não sei quantos 390: margem de manobra

Ainda assim, talvez nem assado, a coisa foi a despenhar-se, isto ao início, e a páginas tantas ao meio indiciava o final. Derrapagem calma. A projecção do combate pelo espaço vital avizinhava-se naqueles pequenos restos de luz que se projectavam junto à máquina de café. Isto antes e depois do meeting, mas talvez antes não fosse possível notá-lo. Três ou quatro conversas consagraram os momentos finais. A ver vamos. Logo se vê.  

segunda-feira, 29 de julho de 2013

dia não sei quantos 389: isto tinha outro nome

Entretanto, depois cheguei até aqui: ter talento não é suficiente: deve ter-se também a vossa permissão para tal – não é meus amigos? Escreveu um dia Nietzsche. Deixei ficar o não é meus amigos? não recorrendo ao dever de extrapolar. Permanecerá em vinha d’alhos.

sábado, 27 de julho de 2013

dia não sei quantos 387: aspirações


Onde se lê cineasta poderá eventualmente ler-se:
calceteiro; escritor; fundista; carteirista; topógrafo; alienista; vendedor; pastor; aguadeiro; filósofo; autodidacta; mercador; bibliotecário, etc... (tudo menos político)


sexta-feira, 26 de julho de 2013

dia não sei quantos 386: adira já

Hoje é sexta-dia-de-adiar as cenas para a próxima segunda. Hoje também é dia de continuar a aguardar. Amanhã também será sexta mas com cama de gelo e gin, isto se houver graveto. Depois também será ainda sexta, as merdas adiadas sobrevoarão esse dia que outros denominam de domingo, a cama de gelo e gin será uma recordação reflectida numa garrafa de cerveja. Ora bom, vinte e quatro mais vinte e quatro horas, mas as restantes do dia de hoje, uma risota de minutos e uma cambada de segundos,  tlim tlom, tlim tlom, e um tipo cão a olhar lá para fora. Entretanto, já se ouve The Killing Moon dos Echo & The Bunnymen , deve  ser a Rádio Cão. E é isto…

quinta-feira, 25 de julho de 2013

dia não sei quantos 385: o destino opaco?

Em linha recta foram para aí umas dez, onze horas de sono, nem me recordo se acordei para mijar, talvez tenha sonhado, quando acordei a sério já mal sabia andar, que fixe, pensei, vou aprender tudo de novo, vou ter cólinho, vou ser apresentado aos jornalistas como herdeiro de um trono canino, vou estudar umas merdas, ler uns livros, não, desta vez não vou ler um caralho, vou fazer merdas significativas e representativas do estado de direito onde se situa a minha casota, vou ter empregos catitas a dar com os sapatos, até vou ser capaz de balbuciar cenas apenas compatíveis com aquilo que se espera que eu diga. Serei ainda capaz de soletrar a palavra compaginar, nomeadamente. Mas isso será tudo lá mais para a frente. Agora vou-me ao leitinho.  

terça-feira, 23 de julho de 2013

dia não sei quantos 383: vamos lá ver essa

tentativa de uma nova abordagem, alicerçada quiçá no levantamento de paralelo, uma técnica que permitiu ao longo dos anos o desenvolvimento da calçada à portuguesa, ela própria uma técnica em si mesma (deixem passar). Sucede que acordei mal dormido e com a sensibilidade do paralelepípedo que me proponho levantar, não será por isso nada fácil conciliar as merdas todas num baldinho que tenho ali escondido para as eventualidades. Amanhã cheira-me que vou madrugar os costados. Esperemos não vir aí tempestade, senão tá tudo fodido. Avisei.

[voltei a fazer umas flexões e abdominais – passei na mercearia dos cartões]

segunda-feira, 22 de julho de 2013

dia não sei quantos 382: informação


Muitas cenas foram apanhadas de surpresa e tiveram que ser resgatadas. Outras cenas perderam-se. Partes da mioleira subiram às árvores. São esperadas novas réplicas e outras situações que dificultem as operações, embora não sendo certo que estas existam.

domingo, 21 de julho de 2013

dia não sei quantos 381: por isso

ou por aquilo, talvez nem isso, seja necessário um manual de instruções para nos ensinar que talvez valha a pena aprender, não explico, o Vasco Santana a páginas tantas não queria aprender mais, mas se calhar já havia aprendido muito, pelo menos tinha a capacidade de falar com candeeiros de rua o que já é um princípio. Aí é?, e depois só tarde, uns nem isso, outros bem a tempo, aprendemos a esperar a aproveitar cada cantinho onde medram as forças, a energia, aprende-se a aproveitar cada momento, e mesmo assim entre um já vos fodo e outro a coisa vai, a porta abre-se (ou não), além salta-se um muro, lá vai mais gesso, dá-se a volta, olha os cães, isso deixa comigo, procuram-se outras entradas, eu sei lá…

sábado, 20 de julho de 2013

dia não sei quantos 380: sobre a posição

Entretanto perdi a grelha da análise qualitativa, alguma vez a tive?, não se sabe, existem merdas que medram e crescem sem adubos e grandes regadelas, há por aí jardins em miniatura com demandas intelectuais do arco-da-velha, aquelas cenas bonsai que podem até extrapolar os campos (meramente) vegetais [risinhos]. Bom sai e vai mas é fazer-te à vida, mas é sábado, não?, não faz mal, ao sábado agora também se verga muita mola, não há cá frescuras ou ramadões, qualquer dia é bom dia para adiar merdas ou ir para o caralho. Por isso… 

sexta-feira, 19 de julho de 2013

quinta-feira, 18 de julho de 2013

dia não sei quantos 378: [repetição]


[É preciso trabalhar, se não por gosto, ao menos por desespero, porquanto, bem vistas as coisas, trabalhar é menos aborrecido do que divertir-se - Baudelaire]

Já volto com cenas mais ou menos divertidas, cenas que não neguem em absoluto o valor da dramatização literária, em transposição às postas para a realidade porosa. Ou isso.

quarta-feira, 17 de julho de 2013

dia não sei quantos 377: o resumo de uma civilização

A situação impõe ponderação à altura das responsabilidades. A altura das responsabilidades é mesmo muito alta (deixem passar), quase tão alta como aquela árvore que o Mais Magro tinha na casa dos pais na aldeia, para aíiiiiii uns… vinte e cinco metros, pouco maior que o robalo que o tio Magro tinha pescado anos antes, fomos lá ver e a bicha ou tinha-lhe dado a micose no tronco ou não chegava aos céus mais que uns cinco metros e picos. Fomos logo beber umas cervejas. É pró que está. 

terça-feira, 16 de julho de 2013

dia não sei quantos 376: continua

Afinal existem ainda objectivos com C. de Cão, esperemos que não se transformem em situações K. de Cão, temos tido a oportunidade de observar in loco merdas que nos transportam para esses milésimos de segundo que medeiam o embate e a respectiva queda ou chapão, nem sempre é bonito de se ver, nem sempre dá tempo para ver outras merdas em película polaróide. O melhor é fazer uma lista:

joelho – melhor
tornozelo – melhor
corrida – nem vê-la
passeatas – mentais (estamos de volta)
leituras – algumas
respostas a anúncios de emprego – 3 ou 4, entretanto
planeamento – inexistente
perspectivas – fodidas
biscates técnicos – a carvão
cenas culturais – ah?
desgaste do material – preciso de mais linhas para dar vazão ao tema
mioleira – roupagem informal a caminho de formal

(continua)

sábado, 13 de julho de 2013

dia não sei quantos 373: frinchas

Virei-me para o outro lado ao som da palavra fresco. Nada de bruum, um pé no chão e depois outro, a dor acomodada ao momento, mais pé menos pé até à casa de banho. Isto vai. Chá verde, torradas com manteiga e compotas caseiras, isto é, feitas em casa (deixem passar). Vamos a uma cafezada entreter os membros inferiores, e o joelho, tu queres ver, e o tornozelo, tu queres ver que, olha o caralho do telemóvel, biscate técnico?, anda e logo se vê, sabes alguma cena do bruma?, já vai com letra pequena, diz que está em Londres, o cabrão. E afinal estava fresco, o mesmo fresco cujo som me havia proporcionado uma reviravolta nos lençóis. Merdas intersticiais a que alguns, erradamente, chamam de coincidências.    

sexta-feira, 12 de julho de 2013

dia não sei quantos 372: haiku do dia

[Sozinho na noite/ o Bruma para onde vai?/Uma luz no escuro brilha a direito/ofusca as demais.]

quinta-feira, 11 de julho de 2013

dia não sei quantos 371: está mais que visto

Começo, à imagem do Vila-Matas, a perder teorias, se bem que no caso dele estas não apresentem défices conclusivos, ou talvez se confunda perder teorias com perder ideias, dá-me ideia (deixem passar) que é isso, ou isso, mas em compensação à perda de teorias o meu corpo corresponde espalhando a discórdia física em forma de talos, inchaços, dores vaivém, merdas que nos transportam para uma espécie de limbo (eu já termino o parágrafo) autofágico, mais coisa menos coisa. O tempo disponível é manuseado em construções frágeis, viveiros de perguntas, casas geminadas com túneis sem saída, árvores que se ramificam e voltam a ramificar ao ponto de as suas raízes não as reconhecerem, mais a mais o caso Bruma, o meu coração só tem uma cor é coisa e coisa e tal, a salvação nacional pelo corpo de intervenção rápida de limpezas de casas-de-banho, nuvens aguardando o conforto dos nossos olhos: olha ali uma em forma de pinguim pequeno, oh, para mim parece-me o diabo, não, espera, um tubarão, é um tubarão. Está mais que visto.     

quarta-feira, 10 de julho de 2013

dia não sei quantos 370: antes de

Estaremos perante situações que não poderão ser escamoteadas, nesse sentido e tal, o joelho inchado, a vertigem intermitente, a vontade (indómita?), o plantel do Sporting, quem sabe o triunfo da apreensão, e sabemos, através de Walser que certas unidades anatómicas tornam-se verdadeiras pantominas da apreensão, chegando – ainda segundo Walser, a suspirar tão intensamente como os outros riem, tudo isso, diga-se, assoma à margem do nosso mundo em pequenas levas, entre caixotes de frutas vazios e restos de peixe. Entretanto vou ver do ponto vélico, esse lugar primordial, de convergência, atendendo em Vitor Hugo, sendo certo que não tarda e estou a deitar abaixo um cremoso. 

terça-feira, 9 de julho de 2013

dia não sei quantos 369: fazer gelo

Embora não seja (aparentemente) um congelador, estou a fazer gelo [risinhos]. Bom, em vez de utilizar os cubinhos de gelo em daiquiris, margueritas ou vodkas com água tónica, não, utilizo-os no joelho esquerdo, pertença da perna esquerda futreniana. Têm sido várias as lesões, o que me leva a pensar em acabar a carreira de desempregado. Não prometo nada. 

segunda-feira, 8 de julho de 2013

dia não sei quantos 368: duplo pano de fundo

De manhã, concretamente ao meio da manhã, comecei logo por não poder andar. Mas voltemos atrás. Seis e picos da madruga. Incumbência registada na mioleira: fechar todas as janelas que ficaram abertas (deixem passar, por favor), por causa do calor. A picada (pareceu-me na altura uma picada) na perna esquerda manifestava-se através de um ligeiro enrijamento com dor nas traseiras do joelho esquerdo, pertença da minha fabulosa perna esquerda que me valeu o epíteto de Futre Cão (ou Cão Futre?) muitas luas atrás. Entretanto fui mijar. Voltar a adormecer custou uma insónia de dois contos do Poe. Tudo de olho fechado. Pareceu-me um instante e já estava na cordilheira onde os sonhos nos devassam, outro instante e lá estava o meio da manhã escuro onde comecei por não poder andar. Ao sair da cama a perna cedeu, mas não muito, estás empenado, pensei, consegues empenar-te, pensei, fazendo ligeiros movimentos exploratórios, por momentos parecia que a sombra de Gregor Samsa andaria por ali, mas não podia ser porque estava escuro e não ocorrera metamorfose, até ver. Fiquei ali a pensar no gato que tinha começado por se chamar Boris Vian mas que com o passar dos anos foi recusando o nome letra a letra, ora porque não escrevia, ora porque não tinha estudado engenharia, ora porque não tocava trompete, ora por isto e ora por aquilo, e por aí fora, até ficar apenas Gato. Depois lá me levantei.

domingo, 7 de julho de 2013

dia não sei quantos 367: era um zzztónico, faz favor

e ficar na esplanada perto da água a ouvir isto...

[entretanto limpeza da casota: inacreditável]
[entretanto (sopa e) salada de fruta: menos mal]

sábado, 6 de julho de 2013

sexta-feira, 5 de julho de 2013

dia não sei quantos 365: chamaram?

Uma eheheheh boa tortura era pôr um tipo (ou tipa) fechado numa cabine telefónica ao sol, pensava nisto enquanto queimava as manápulas de pele e osso no volante, à medida que me saía a pele ia reflectindo sobre as distâncias, nem sempre dá para deslocações a penantes ou de bicla, por falar em bicla a minha está a dar o peido, está moribunda, alvíssaras!, alvíssaras!; ainda por cima o sol era daqueles que combinado com o ar se transforma numa cena  pastosa, quase sólida, que se mastiga e tem um sabor acre mesclado com a acidez do suor e da saliva. Um nojo. Por falar nisso, o grande problema dos veículos motorizados é serem viciados em bebida, é que não andam sem a dita e é preciso estar sempre a pegar na mangueira, ou isso. Um nojo. Um tipo também pode apanhar transportes, mas estes também se emborracham e com aquela cena dos importes e dos pêndulos e das taxas de utilização, certas linhas por vezes desaparecem misteriosamente sem deixar rasto. Chama-se a isso progresso. Um nojo. Vou mas é ver dos projectos a adiar. 

quinta-feira, 4 de julho de 2013

dia não sei quantos 364: afinal de contas

Diz o Vian que a vida é como a dentadura / Primeiro nem nos damos conta / Contentamo-nos com mastigar / E depois de repente estraga-se / Dói a valer, cuidamos / Dela com dó sofrida / E para se achar a cura / É preciso arrancá-la, à vida. Diz ainda o Vian que não gostava de estourar.

[passeata pela manhã]

quarta-feira, 3 de julho de 2013

dia não sei quantos 363: a realidade porosa

A noite lá com o seu manto sobre as coisas. Cães nocturnos que ainda ladram, os cabrões incivilizados. Depois estive a ler, talvez fosse de manhã, talvez não, mas parece-me que era de manhã, já lá vou, escutava-se dentro da minha cabeça, estava eu a ler deitado na cama. Dir-se-ia que já estava com a mão numa estratégia daquelas que começam a bulir nos membros inferiores e por aí perto e só depois assomam à cachola, estava eu nisso, e ao mesmo tempo lia, na boa, ou então foi antes, ou fazia parte do conto, estava nisso, quando as merdas se confundiram todas, mas mesmo todas, a luz era uma barafunda que reflectia com deleite aquele momento, e é tudo. Mantive a calma possível, inventei logo mil propósitos, escrevi cartas abertas, li o caralho das cartas, desmascarei cenários imprevisíveis, concedi um ou dois momentos ao exterior, pensando: deve existir um mundo lá fora, não?

terça-feira, 2 de julho de 2013

dia não sei quantos 362: solha

Ando em bolandas, já estou a enviar sebosos vitais para me fazer ao cozinhado. Diz que diz, mas vamos acreditar nas projecções projectadas (deixem passar), as possibilidades são inúmeras para não dizer numerosas (deixem passar), impõe-se uma meditação que não embarace as vantagens do engenho. Até ver. Isto numa lógica. A solha seguiu estufada com condimentos a rigor. Acompanhamento: arroz branco com cenoura e salada de alface. Ah, e um branco maduro a dar para o mafioso. 

segunda-feira, 1 de julho de 2013

dia não sei quantos 361: esgotando todos os recursos

A manhã foi mesmo à justa: dormir e passear os pensamentos com trela curta, antes de duchar. Entretendo, sem razão aparente, deu-me para pensar em Thomas Stearns Eliot, vulgo T.S. Eliot, um tipo que nos deixa estarrecidos pela sua mimesis (deixem passar) e vertiginosa poesia que toda a gente conhece e ninguém lê, nem faz falta. Lembrei-me de um livrinho (onde andará?) com o The Love Song of J. Alfred Prufrock, numa edição bilingue da Assírio qualquer coisa Alvim, comprado em Coimbra (acho), lembro-me também de surripiar umas leituras do The Waste Land, ou isso, mas não sei bem em que cervejaria terá sido, o que importa é que tudo isto desemboca no sorrateiro Notes Towards the Definition of Culture (1948), uma merda que me interessa muito sobretudo depois de ler umas cenas escritas pelo maçador Vargas Llosa e pelo Sterne, mais coisa menos coisa. Nunca fui muito à bola com o Thomas Stearns, nem sei como seria  se ele assinasse apenas Thomas Stearns, e coiso, T.S é muito mais snob, o bastante para o Hugo Mãe começar a cantar cenas no duche convencido que as minúsculas não fazem diferença. Gostaria de construir uma gaiola para o Thomas Stearns, isto depois de deixar o gato uns três dias sem comer, mas acho que a cena da gaiola já foi pensada pelo Cortázar, um tipo que até já foi lido pelo J.L. Peixoto. Estou convencido.


J. Cortázar a trabalhar

Thomas Stearns a trabalhar

 G. Cão a fazer de conta que trabalha