terça-feira, 15 de dezembro de 2009

dia trinta e três: náufrago

Que noite, fiiuu, como se lê nos romances do Dostoiéwski, ou será como se diz?, mas adiante, que noite, que funduras, o corpo a manifestar-se independentemente da minha vontade, e por partes, o cabrão, cada uma delas autónoma e sorrateira, mas estabelecendo combinações, dir-se-ia, de forma aleatória, mas capazes de subjugar qualquer tentativa de não perturbar ninguém num raio de 150 metros. A natureza é fodida. Mais tarde, na baixa mar, dei à costa, entre penedos com saudades de mexilhões, numa praia mesmo assim quase sem areia, e percebi, se percebi, que tudo aquilo que escutamos durante a merda dos dias, por exemplo, na televisão, ou nos livros, e até mesmo naquelas conversas inimputáveis à razão, podem ser usados contra nós nos sonhos ou naquelas planícies de vigília indistinguíveis daqueles. Quando dei à costa, alguns livros de aventuras, e aquela treta do aquecimento geral, perdão, global, da terra, já lá estavam, às minhas custas, mesmo sabendo-se, também ouvi qualquer coisa sobre o assunto, que caminhamos para uma glaciação. Esta noite foi a prova disso.

[ps: coisas podem acontecer durante o dia relativas a novas comissões de serviço]

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