domingo, 19 de agosto de 2012

dia não sei quantos 45: ao menos por desespero


Às vezes, ao acordar ao domingo, não sei, quer dizer, sei o que se vai seguir, segue-se aquela cena de ir ao pão fresco, comer o pão fresco, ligar a internet, brincar às escondidas da limpeza da casota, e por aí fora, ver uma merda qualquer na televisão, calhando ler qualquer coisa, e por aí fora. A cena da casota é uma implementação tardia mas levada muito a sério, implicando mudanças de trajecto fim-de-semana(l), em rigor, fazendo sentido quando se trabalha e o domingo serve para esconjurar a semana e não se ver ninguém, mas agora o seu sentido primordial perde-se no vazio dos dias, em mais uma tentativa de simular, de perverter, de fazer parte da humanidade ocidental. Como escreveu Baudelaire em O meu coração a nu, “é preciso trabalhar, se não por gosto, ao menos por desespero, porquanto, bem vistas as coisas, trabalhar é menos aborrecido do que divertir-se”.  

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