quinta-feira, 12 de julho de 2012

dia não sei quantos 15: a conspiração


Não sei se vi na TV, mas acho que foi na TV, quando não é na TV é na internete, e como diziam os Taxi, quem vê TV sofre mais que no WC, isto para ser erudito. Mas soube pela TV, numa das 1326 reportagens pseudo sobre os desempregados, ou documentários televisivos como agora lhes chamam, que os ditos e ditas sem emprego, para além de tristíssimos, têm uma rotina, ou duas, sabe-se lá, e que isso os aproxima da tal humanidade ocidental. Quantos às rotinas para TV ver, estamos mais que conversados, um gajo ou gaja levanta-se e vai à casa de banho, não se veste direitinho, toma o pequeno-almoço sentado como nas novelas, e depois vai ler o jornal e o caralho dos classificados ao café, deitando a cabeça no ombro do tascas. Não, um gajo ou gaja depois de mijar, coça em algum lado e pensa em voltar para a cama. Um gajo ou gaja, depois do 1º ou 2º mês onde aproveita para ler, ler, jogar jogos e ouvir música e passear acoplado a sonhos e certezas que nunca se concretizam, após esse intro, digamos assim, tem que ter mas é cuidado para não começar a beber como um batalhão de cossacos, e mesmo que não seja dado a melancolias e faça uns biscates técnicos, começa a ver as coisas através de uma membrana fodida, opaca e completamente dissuasora de esperanças, e onde os outros gajos e gajas aparecem, por assim dizer, muitas vezes, como monstros daqueles dos jogos interactivos, e a paciência começa a cronometrar-se em micro segundos e nunca se sabe para onde dá o vento. O gajo ou gaja começa mas é a odiar rotinas e a tentar preencher o tempo numa espécie de desmama da tal humanidade ocidental. E um gajo ou gaja continua a acreditar em si para aí umas boas duas horas, máximo, por dia, e depois é sempre a descer. É de crer que dê uma saltada ao café para fazer que lê os classificados e o Record, mas em casa já se inscreveu em 400 sites de desemprego, isto enquanto tem dinheiro para pagar a merda da internete (com E no fim porque me apetece!). É de crer…

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