sexta-feira, 28 de junho de 2013

dia não sei quantos [358]: resumo (era para ser em poema)

Sempre durante a noite. Pequenos papéis apareciam pendurados junto às encruzilhadas dos caminhos, em árvores, pelas cangostas e em alguns interstícios disponíveis entre as casas. Primeiro foi assim. Esses pequenos papéis continham perguntas escritas que as gentes liam com pasmo pela bruma matinal. Depois os papéis multiplicaram-se e as perguntas multiplicaram-se, chegando ao sopé das montanhas brancas como cal, e mesmo junto às curvas elevadas que levavam a outros territórios onde os camiões se projectavam no vazio. Cada vez mais pessoas assomavam à alvorada na demanda dos papéis, cada vez mais perguntas se entalhavam nos seus olhares e depois nos seus rostos e depois em todo o seu corpo até ao dia seguinte. Ninguém se arriscava durante a noite. Aos poucos o vício apoderou-se das suas vidas em forma de perguntas escritas em pequenos papéis pendurados. Foi então que o cão atacou. Era preto, dir-se-ia uma mescla de rottweiler e diabo da tasmânia. Senti perto o seu focinho aguçado como um bico de pássaro. Senti o seu hálito. Recuei debatendo-me. Recordo ainda os gritos das gentes: as respostas? as respostas?...e as respostas?...

Então acordei. 

4 comentários:

  1. genial: continua a sonhar, depois é só escrever...

    DdC

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  2. É uma autêntica Ode :)))
    descreve o vicio que adquiri ao vir aqui na busca de mais e mais beleza :)))



    um excelente fim de semana :)

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    Respostas
    1. :)

      o vício nunca se recomenda:)
      mas...
      um bom fim de isso:)
      http://www.youtube.com/watch?v=0wgIIsXz-Vk

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