segunda-feira, 4 de maio de 2015

dia não sei quantos segunda: esquece

E assim vai...continua(va)m a soar as horas da chuva, sair com o carro, ir além, tão bom seria ficar em casa!, mas estava marcado, bacalhoar um bocadinho, mais um dia com nome, desta vez chama-se folga, depois terei lido umas cinquenta páginas de Zona, escrevinhei um poema mental que começava (acho) com um chovia que deus a dava, ou seria o começo de um conto?, de qualquer modo a fartura espraiava-se na vidraça, tocada a vento, um poema da natureza, fiquei ali a dar pensamentos ao desbarato, as árvores a arfarem lá fora, pensei noutro poema, este antigo, as árvores a arfarem como poentes loucos, devo ter sorrido de encontro à janela, tanta água, tanta água, pensei eu, que bem que faria perder-me num comboio como o tipo de Zona, ou melhor, perder-me numa viagem de comboio com esse livro nas mãos, toda a Europa ali, assassinada, a chuva de repente sangue, a sério, paragens em gares com nomes esquisitos, nessa altura o poema iria na parte morríamos todos juntos, /a cada instante /lavrado na insignificância, a morte numa imobilidade de azulejos, a morte imortalizada, e voltar depois à sorte desta vidraça, deste momento, da hesitação entre ir buscar o tal livro em falta, ou simplesmente esquecer...

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