domingo, 28 de fevereiro de 2016

E a consciência viu aquilo em que habitava

e nem sempre era (é) bonito, quer dizer, o Béli, transforma qualquer placa de texto numa virose de efeitos absolutamente imprevisíveis ( e aqui não irei fazer qualquer analogia humorística com o vírus da moda, o kika, ou zika, bem entendido), ou melhor, transforma qualquer partícula ínfima de texto, mesmo desestruturada do alicerce do bolo, quer dizer, mesmo descontextualizada, numa pandemia linguística de efeitos totalmente imprevisíveis. A este respeito, por exemplo, aquela cena da consciência quando esta se vira para trás, emitindo duas sensações, e as tais sensações se baixam como mãos, sentindo uma forma (que se parece com uma banheira), cheia até às bordas de uma imundície malcheirosa, e a páginas tantas (da mesma página), as sensações começam a chapinhar na banheira com água misturada com estrume, as sensações aderem ao recipiente, a consciência, coitada, tenta arrancar-se dali, escarpar-se, debalde, as sensações arrastam atrás de si qualquer coisa pesada. É então que a consciência vê aquilo em qua habita, neste caso, Apollon Apollónovich, por acaso, mas não podemos deixar de extrapolar, ainda agora, compenetrado na limpeza da casota, não posso deixar de sentir que as sensações trepam, tomando de assalto o último dos redutos da consciência, talvez aí, lá no fundo do corredor germine uma ideia, vaga, uma sombra que ainda não permite esgaçar um símbolo sequer, uma sílaba, se quiserem, para ficarmos no mundo fodido da linguagem. Isto para dizer que hoje acordei com a sensibilidade de uma porta lacada a branco, muito na moda, asseguram-me os arquitectos. 

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