Não bastava ter sido engando por um sol (podia ser outro)
calorosamente demente, um sol (podia ser outro) que passava, por volta das dez
horas e trinta e sete da manhã, uma ideia de sol, quer dizer, luz, calor,
merdas assim, mas que, afinal, se revelou tenebrosamente sombreado, batido a
vento, escurecido pelas ramas desta (deixem passar) manhã de domingo e, cujo
resultado se revelou devastador na forma de uma máquina de lavar com roupa lá
dentro; não bastava isso, ainda poderia acrescentar a derrota (não sei se lá
iremos) do Sporting (na fruteira das antas), cujo desenlace cósmico ainda
repercute em algumas cangostas e num ou noutro sonho do meu antigo vizinho (que
se chamava Nestor), cuja apoteose vivencial mais vistosa terá sido o seu
chamamento aos pombos, todos, sem excepção, baptizados com a graça de atletas
do Sporting. Não é fácil ultrapassar estas barreiras respigadas pela fortuna
(dizem-nos) do acaso, ainda por cima, e aqui estamos próximos de um nível de
língua informal, num santo domingo, dia de limpeza da casota, quando o jugo
(não sei se lá iremos) do trabalho o permite, bem entendido, o que é o caso, um
dia apenas, coincidente com um santo domingo, nada mal, para começar a planear
um suicídio à romana (não se trata aqui da cantora, pois não?), ou um atentado
a um guichet (daqueles antigos) de uma repartição das finanças com material
incandescente, embora seja sempre possível recorrer à memória, revisitando
aquela exposição sobre instrumentos da inquisição, instrumentos cuja imaginação
prova, ainda hoje, santo domingo, que a idade das trevas (uma falácia)
iluminava os espíritos à luz de criativas manobras de tortura. Uma vez em
Coimbra, lembro-me bem, à volta de uma mesa bem regada com bebidas devidamente
atestadas por (um) Rimbaud (ainda jovem, presume-se), bebidas da temporada no
inferno, bem entendido, apostávamos risadas sobre torturas imaginárias, e
alguém avançou (terei sido eu?) com aquela do tubo no cu, depois introduzindo-se
o respectivo arame farpado, retirando-se em seguida o tubo, imaginem, retirando-se
em seguida o tubo e ficando o arame aconchegadinho, nada disto se serve frio a
um domingo, temos sempre coisas a fazer, passar rente a uns blogues novos,
gente que escreve verdadeiras dissertações de mestrado (agora as dissertações
de mestrado têm umas trinta páginas mais anexos – eu sei disso), sobre
literatura asfalto gótica anglo saxónica e névoas adjacentes, crítica literária
(diz-me aqui ao lado o meu amigo imaginário… sociologia da literatura?),
servida em doses intelectualmente direcionadas, e cujo veneno destilado apenas
atinge um ou outro ramo caquético do meio literário (isso existe? - já respondo), um milieu que se restringe a
Lisboa e a alguns urinóis, estes últimos também disponíveis na província. Trata-se
de tentar arranjar um choio fixe, não é Luís Miguel Rosa?, um choio com
passagem estreita por alguns almoços, armários e beliches, às vezes em inglês,
e tudo eivado de um acúmen (a sério) que não deixa margem para dúvidas: vai lá
chegar, não tarda. Também queria ir, mas agora vou mas é tratar de cozer a chouriça
de ossos para acompanhar o caldo verde, quer dizer, já o fiz, estava muito bom,
mas dá um final do caraças a este santo domingo. Eu já volto com a análise crítica
literária da análise crítica literária.
domingo, 4 de março de 2018
Agora a sério
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Sendo sportinguista e dona de duas meninas dessas, não sei se aplauda a recensão, se chore o (#jáfostes) campeonato.
ResponderEliminarAplauda a recensão:) não lhe resta alternativa:)
EliminarEu já volto com cenas literárias mais ou menos críticas...