quarta-feira, 12 de agosto de 2015

dia não sei quantos quarta: fica marcada a sua escavação para a próxima semana

Sabem, no planeta Platónov, por exemplo, vive-se sob a lentidão da fúria, como se a vida viesse por procuração do comité. Sabem, no planeta Platónov, por exemplo, existirá uma necessidade geral do mundo, mas apenas se sente a melancolia da inutilidade. Sabem, no planeta Platónov, por exemplo, existem técnicos que imaginam o mundo como um corpo morto, julgando-o segundo as partes já transformadas em construções; existem unidades anatómicas que não se julgam nenhuns animais e que juram poder viver através do signo do entusiamo. Sabem, no planeta Platónov, por exemplo, inventam-se dorsos curvados, não tanto consequência dos anos, como das tarefas sociais. Tabuletas dispostas em pequenas elevações expõem questões relevantes, a saber: onde é que os camaradas foram buscar a sua representação do mundo? Sabem, no planeta Platónov existem mutilados encurtados em metade pelo jugo do capital, e outros homens quase inteiros como se o corpo fosse propriedade sua. Homens haverá, no planeta Platónov, capazes de terem pensamentos mas, não raro, tudo apreciam com a tristeza da austeridade, emocionando-se por atraso... homens que vão longe apenas no espaço da sua solidão…  

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