quarta-feira, 16 de novembro de 2016

perguntar eleva

hoje acordei (de folga), a garganta o nariz os lábios colados. Sentia tudo. Tomei o respectivo veneno para desopilar as dores, as artérias, o pingo, coisas assim. Bebi chá preto e ingeri um croissant nojento com dois dias. Uma cena vermelha saída de um frasco coloriu esse croissant. Nesse frasco poderíamos ler, se quiséssemos, doce de tomate. Então peguei em três livros (um de poesia) e fui-me deitar. Aí chegado ainda esbracejei mas era demasiado tarde. A luz entrava toda e ainda descobri umas coisas sobre "pontos de interrogação". Eu já volto.

quinta-feira, 10 de novembro de 2016

a utilização de um cartoon para ilustrar, de certa maneira, a posta anterior, é da exclusiva irresponsabilidade do interveniente

[agora vou ali ler o "O direito à preguiça" do senhor Lafargue e depois, talvez, ver se resolvo de vez a situação do autoclismo, mesmo que seja necessário escrever um poema sobre o assunto, em último caso, claro está...]

quarta-feira, 9 de novembro de 2016

a análise

Prefiro acreditar que a complexa ingenuidade das pessoas se reveste de critérios suficientemente etéreos para serem aqui chamados. Meus caros, dizem-nos (às vezes) que a ingenuidade (e mesmo a estupidez), não se pagam caro, pelo contrário, dizem-nos (às vezes) que estas seriam parte integrante da sólida estruturação estratificada (deixem passar) do mundo que nos rodeia, onde as superestruturas capitalistas, como diria o Baudrillard, se solidificaram de uma forma que faz lembrar a bucha química, isto é, a parede até pode ruir mas a parte chumbada pouco se importa com isso e não se recente. É por isso que prefiro a figura dos critérios etéreos como explicação singela sem recurso à análise de dados qualitativos, ou isso. Por vezes, lá aparece a América do Arizona, do Texas, do Ohio, do Nebrasca, mesmo em filmes estes aparecem amiúde com cavalos a aconchegar a fotografia, e nem sempre a acção decorre no séc. XIX. Se repararmos bem, observamos que aos poucos foram desaparecendo uns índios, e nisso precederam o desaparecimento inexorável das abelhas, motivo pelo qual se fazem colóquios ambientais em hotéis de 5 estrelas. Pretender conhecer a América através duns posters nova-iorquinos, da Califórnia, ou mesmo de Chicago, é não saber, como diria Al Capone, onde raio fica o Canadá. E o Canadá, asseguro-vos, até fica perto. Só é pena o aparecimento de surpresa do “Piloto”, agora conhecido como cidadão Pedro Dias, em directo para as televisões, ofuscando assim a vitória de Trump ali ao lado, quer dizer, perto do Canadá.

quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Os factos, como as roupas, tombam por terra...

O processo de endrominação dos sentidos é sempre coadjuvado por uma inépcia em tudo semelhante à banha da cobra. Posto isto e, desacreditando todo e qualquer ponto de partida, convém salientar a forma como o trabalho (seja ele qualquer for, vestindo qualquer uma das suas fatiotas) manieta os nossos sentidos, erguendo cerco ao nosso mais íntimo baluarte que é o corpo, morada postal do espírito. Os primeiros sintomas (no meu caso muito tardios) manifestam-se sobre a forma de um mal estar ténue, uma inquietude rústica, um não sei que fazer com as mãos e com o cérebro, desenvolvendo ramificações, primeiro imperceptíveis, depois expostas a qualquer elemento cuja atenção seja a de um ser desperto, tomando por fim a forma de uma expressão muito em voga nas imediações das redes sociais: tenho que estar sempre a fazer qualquer coisa. Esse tenho que estar sempre a fazer qualquer coisa, não é, de todo, natural, não se encontrando em qualquer manual de assuntos banais da antiguidade, clássica, ou não, sendo completamente desconhecido esse tenho que estar sempre a fazer qualquer coisa, inclusive do homem pré-histórico que, como se sabe, não tinha televisão. Esse tenho que estar sempre a fazer qualquer coisa, mesmo tardio, no meu caso pessoal, contamina qualquer frincha de liberdade, qualquer hora fora do local de trabalho, tornando-se viral nas folgas, nas férias, nas vésperas de um jogo de futebol ou mesmo antes desse jogo à 5ª ou 6ª cerveja, apenas desaparecendo lá para a 11 ou 12ª cerveja, mas aí já sem jogo de futebol que as valha. Esse momento único de estar à janela em frente às ramadas da infância navegando à deriva pelo mundo, torna-se uma coisa planeada e colocada na porta do frigorífico junto com aquele íman nojento de Madrid. Na melhor das hipóteses o doente torna-se um escritor mediano de viagens, mas de viagens planeadas, nunca daquelas viagens à volta do quarto (perdoa-me De Maistre), ou daqueloutras, mais antigas, em que alguém se fazia transportar acompanhado pelo seu corpo rodeado de mundo. Dar um tempo é a pior coisa que alguém nos pode dizer (ou pedir),isso... e contar as suas férias. Embora se reconheça que, caminhar com o sol a tiracolo numa batalha corpo a corpo é sempre de considerar. A inveja é uma coisa fodida...