sexta-feira, 30 de outubro de 2015

dia não sei quantos 5 à sexta: como é?

é assim: não fui correr, não ouvi música, não fiz nenhuma passeata, não li nada de realmente interessante (a parte da história e coiso, bla bla, ainda fui à bola com o Aristóteles, por momentos), não fiz nenhuma lista a não ser esta, vai o dia longo como um caralho que já vi num filme. Agora vou ali preparar as codornizes, enquanto malho um martini com cerveja. A ver se e tal...

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

dia não sei quantos 4 à quinta: por acaso

também ando (fundamentalmente) às voltas com as afinidades electivas, mas na versão Brás Teixeira, acho. Quer dizer...eu já volto.

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

dia não sei quantos [2 +]3 à quarta: aqui os quero eu ver

Não me sai (embora a entrada até seja recente) da cabeça, uma cena do Nicanor Parra que diz assim: passou demasiado sangue sobre as pontes / para continuar-se a crer / que possa seguir-se um só caminho. São nove e vinte e dois aqui em baixo. Além tudo é permitido, com a condição expressa (diz-nos Parra), de superarmos a folha em branco. O mundo (deixa passar poesia), quer ele dizer. Ou nem isso.

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

dia não sei quantos 2 à segunda: e assim acontece, por acaso

Voltamos (reparem na versatilidade do tempo verbal utilizado) às lides, ao estudo, ao caos calmo (mas noutro sentido ao do Moretti, acho). Agora mesmo são nove horas e quarenta e nove minutos ( acrescento da manhã para toda a gente perceber). Na posse de meia dúzia de faculdades mentais e outras, decreto, para não dizer mais, que vou tomar um café (já lerpei um chá preto com rosca torrada) e depois vou à luta com chuva e tudo.

[no sonho que se dividia em dois, com um amigo cão, fartamo-nos de carregar material, papéis, livros, merdas avulso, o rescaldo enigmático de uma temporada no inferno?, cenas do trabalho, malta antiga a boiar no lago da nossas indiferença - e da deles - uma voz que subia umas escadas com uma face acoplada e dois corpos a seu lado um deles um rosto... tentarei recordar no caminho...]

domingo, 25 de outubro de 2015

dia não sei quantos ao domingo: é oficial

O Cão está [novamente] desempregado. Posto isto, tem todos os sonhos do mundo. A propósito (mudança de tempo verbal), vou precisar de uma caderneta de sonhos, a colecção não pára de crescer. 
Entretanto, limpeza da casota... 

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

dia não sei quantas quartas isto tem: facsimil

Na realidade, para não dizer pior, foi para estabelecer contacto gestual ó participativo com a cerveja que ontem me ausentei por algumas horas da casota. A humanidade não era para ali chamada. Lá para o final do túnel apreciei ligeiramente o sabor da noite. No elevador mais lento do mundo também cheirava a noite de perfumes rascas…casota, uf, finalmente o corpo a pairar até se estatelar na cama. Dez e meia?, não pode ser, chamem os bombeiros a bófia a organização sindical de poesia, chamem os dinamizadores de tertúlias gastronómicas, exijo ser ressarcido pelas horas de sono escamoteadas (a utilização deste tipo de vocábulos é da inteira responsabilidade do autor dos mesmos). Lá fui à biblioteca que é o meu ginásio: carregar a mochila, ajaezada à andaluza (deixem passar), percorrer o caminho de volta, o sol a dar-lhe para foder o negócio aos vendedores de castanhas, árvores engalanadas de folhas lindas conspirando com a violinista para voltarmos à idade da pedra. Comer a sopa e uma tosta de queijo, fiambre, chouriço, alface: catorze horas e trinta e cinco minutos. Já tinha saudades disto, caralho.

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

não sei dia quantas segundas: capitão!

as claridades do carvão que se torna em foca, faísca, insecto ante os teus olhos, os esquadrões de alucinados, os monstros de corda, os gritos dos sonâmbulos mecânicos, os estômagos líquidos em placas de prata, as crueldades das flores carnívoras hão-de invadir o dia simples e rural e o cinema do teu sono: assim escreveu um dia Tristan Tzara, e por aí deveria ter-se ficado a poesia, longe do dia simples, devidamente enterrada em mantos intermináveis como a neve (não Tzara?), juntamente com esse furor perpétuo que todos os dias anuncia a sua [própria] morte. Acho.

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

dia não sei quantas sextas a sério: conforme consta do processo individual

Vimos por este meio solicitar a vossa compreensão, para não dizer benevolência (deixem passar), para a nossa (reparem no plural) loucura. No sonho gravitava uma frase cujo sentido nos (reparem no plural) escapa, mas que nesse tempo (por um acaso) nocturno fez as delicias de um comovido e ávido cérebro: manter o pensamento na linha (ou em linha?), cuidado com o comboio (ou seria trem?). Depois de acordar com esta surrapa ainda esparramada no dito, encetei dois ou três planos para o futuro próximo, quer dizer, lancei umas farpas para o escuro. Adormeci. Sonhei com o sonho anterior, a frase às postas, a dar para vários peditórios mentais. Reconheci, aqui e ali, velhos caminhos, um ou outro amigo, uma mesa de madeira em Inglaterra (acho), um poente, catedrais onde certamente se escuta (ouvindo bem) o silêncio. Acordei numa situação incómoda (ou nem tanto), que as necessidades e vicissitudes corpo anatómicas não estão, por assim dizer, para grandes brincadeiras. Bebi água. Encaixei os sonhos num ecrã. Fiz um chá preto, papei um pão-de-leite de saco e metade de um trigo do dia anterior torrado com manteiga. Hoje é um dia.


domingo, 11 de outubro de 2015

dia não sei quantos domingos isto tem: onde outros avançam, fico eu parado...

um dia escreveu assim Wittgenstein, os animais acorrem quando são chamados pelos seus nomes, acrescentando, exactamente como os humanos. Consta que nesse dia (no dia em que escreveu assim) Wittgenstein terá almoçado normalmente. Um passeio solitário (numa floresta?) sobrevoa o nosso olhar apesar do passar do tempo. Será assim?

quinta-feira, 1 de outubro de 2015

dia não sei quantos diz que é quinta: voltando à vaca fria

...a questão das noites resolve-se dormindo, ou tentando dormir, cavalgando sonhos e caindo do cavalo, fundamentalmente caindo do cavalo, ora transportado para o centro hospitalar dos sonhos, ora despejado no centro de cuidados intensivos dos pesadelos. Sei disso tudo. O planeamento das noites faz-se naqueles interstícios psicossomáticos do dia, uma espécie de nichos incrustados nos muros das cangostas antigas (não são fáceis de encontrar, é preciso não procurar), só aí as tabuletas das actividades noturnas poderão ser contornadas, reescritas em formas de vontade(s). Sei disso tudo. A lista é longa, desvarios, leituras, merdas para pensar antes de dormir, mesmo isso de dormir, a cama está quente está fria (bom, não tão fria como em Fortitude), ler não ler, estudar, não estudar, despejar todo o corpo no descanso como se isso fosse possível. Sei disso tudo. Mas o melhor mesmo é não começar os contos da música para aguardente do Bukoswski pelo menos delicado do que o gafanhoto, por acaso logo o primeiro, dá vontade de não continuar. Depois explico, como?, através de uma análise inovadora ao conto declínio e queda,um conto em que se pode ler escrito a lápis por baixo do título: de puta madre. Também é um conto cujo título coincide com o de uma obra genial do Evelyn Waugh, mas isso Bukoswski não sabia, ou fez de conta que...