domingo, 26 de julho de 2015

dia não sei quantos finalmente domingo: pensar nisso

Depois estive a ler uma história do Donald Barthelme chamada Pepperoni. Depois li outra que se chamava relâmpago (escrevi ao lado da palavra relâmpago no cimo da página: reler). Gostei tanto da estória chamada relâmpago do Donald Barthelme que pensei em fazer umas camisolas de manga curta com um estampado a dizer: RELÂMPAGO UMA GRANDE ESTÓRIA DO DONALD BARTHELME. Depois estive a ler uma história do Donald Barthelme denominada capitão Blood e gostei muito. Antes disso estivera a ler uma história do Donald Barthelme chamada porcos-espinhos na universidade [risinhos]. Depois, ou  antes de, ainda li uma história do Donald Barthelme que se chamava rua 61, número 110, e uma outra história chamada noites passadas em muitas cidades distantes. Saltei com uma vara a história do Donald Barthelme chamada o filme e cometi um grave erro quando folheei (chegando mesmo a ler) um livro do Montaigne, pequeno vade-mécum, uma cena que a antígona regurgitou dos ensaios. Corre-se um grande risco ao ler o Montaigne, porque o Montaigne dá mesmo aquela sensação que se pode aprender (ou mesmo a reflectir em) alguma coisa. Isto quendo se está a ler. Depois já não sei. Mas quando se está a ler parece mesmo que se pode aprender (ou mesmo saber) alguma coisa, o que se revela a todos títulos perigosíssimo, mesmo muito, correndo-se o risco de acabar numa torre rodeado de livros e de cenas escritas nas paredes, ou mesmo rodeado de criados e criadas para todo o serviço, ficando-se com tempo de sobra para ler e escrever umas merdas, incluindo nas paredes, nunca em camisolas de manga curta, ou mesmo ter tempo de sobra para passear nos campos e planear uma investida às ameias para investigar os céus (são muitos e variados) em noites de luar. Com o Donald Barthelme não se corre qualquer risco, a vida caminha naturalmente para desaguar na morte. Alguns de nós andavam a ameaçar o nosso amigo Colby, assim se chamava uma história que li recentemente do Donald Barthelme. Nesta, os amigos de Colby decidem enforcá-lo, porque este teria ido longe demais. Colby terá ripostado que só porque fora longe demais (não o negava), isso não queria dizer que o devessem enforcar. Toda a gente ia longe demais uma vez por outra. Os amigos de Colby não ligaram muito a essa argumentação. Perguntaram-lhe que género de música ele gostaria de ouvir tocar no enforcamento. Colby respondeu que ia pensar no assunto, mas que ia levar algum tempo a decidir. 

Donald Barthelme recusando-se a olhar para esta caricatura (de mau gosto) de Montaigne com uma cerveja não mãos e tal...
  

domingo, 19 de julho de 2015

dia não sei quantos domingos já lá vão: limpeza da casota

Um dia escreveu assim Montaigne: no trono mais alto do mundo, continuamos a estar sentados no nosso cu.

[Nota: o chá preto da Lipton, o Yellow label Tea (finest blend) é um chá que consegue dinamizar qualquer manhã, mesmo de domingo, mesmo com limpeza da casota. Muito acima dos seus concorrentes directos e afins da banalidade, ainda assim, este chá não deixará também de estar sentado no próprio cu (deixem passar). Um tema interessantíssimo para o MEC extravasar na sua coluna no jornal público. Ok?]

quarta-feira, 15 de julho de 2015

dia não sei quantos talvez: isto terá sido anteontem

- para quê?
- para praticar.

E assim foi. Depois fiz dez flexões, daquelas de braços. Depois li uma história do Donald Barthelme, uma das quarenta histórias que estão ali em cima da mesa, compiladas num livrinho verde. Chamava-se visitas, a história, acho. Pouco importa. De qualquer maneira, à terceira tentativa lá consegui arranjar um frango no churrasco, não foi fácil, tendo em conta que a ordem das churrasqueiras não permite veleidades, nem é para brincadeiras. Cá me cheira que a coisa foi na segunda: feira. Um frango assim partido em dois e enfiado em recipientes cor de prata não é um: é dois. Para enganar. Isto sem levar em conta a questão grega. Pensei logo na Hélia, com a correia ligada à atenas dos churrasqueiros, com ar de quem não sai das nuvens desde sei lá eu. Suava nisto enquanto pensava na Hélia e já se fazia tarde. A Hélia com o seu prémio. Depois fui beber uma cerveja (as outras viriam depois) e emborcar (deixem passar) mais uma história do Donald Barthelme, umas das tais duzentas, não, quarenta, histórias que estão ali em cima da mesa. A história chamava-se ( não sei se ainda se intitula) a ferida, uma cena com um torero, a mãe do torero, a amante do torero, uns quantos imbecis, um aficionado e, já se sabe, uns bobos: todos nós. A sério.

segunda-feira, 13 de julho de 2015

dia não seiq uantos à meaneira de segundda: e vocês?

Fico-me pela palmada inicial, aqui. Gostaria, todavia, de poder afirmar que me contento em viver beatificamente à maneira das máquinas fotográficas 13 x 18. Disse-o, quer dizer, escreveu-o Vaché, Jacques Vaché, talvez fardado de oficial inglês, condição importantíssima a uma prévia ameaça de disparar sobre a assistência. Qualquer assistência. À retórica como arte de argumentar (sofisticamente arte de manipular) para a assistência, contrapomos, isto é, contraponho (sou apenas eu, acreditem), a retórica como arte de disparar sobre ou para a assistência. Mas é claro que hoje em dia, quer dizer, por estes dias tempos nem isso é possível. De resto, não gosto da palavra beatificamente. Não gosto. 

quarta-feira, 8 de julho de 2015

dia não sei quantos à quarta: dispõe de três tentativas

no sonho matinal (já terá sido depois da mija), escrevia um conto ou uma novela sobre o mal de Brauer, igual ao litro, mais um conto mental, um conto sonhado, uma merda que não se sabe se chega ao mentalfémera ou ao psicocionismo de qualquer modo não me recordo e de qualquer modo (deixem passar) dei comigo acordado a pensar em Arthur Cravan, o poeta com os cabelos mais curtos do mundo, o boxeur que a 23 de Abril de 1916, em Espanha, desafiou o pugilista americano Jack Johnson, campeão do mundo de pesados, sendo batido por K.O ao primeiro assalto. Cravan fugiu e pediu desculpa ao americano, continuando a fugir até desaparecer algures no Golfo do México, antes disso terá sido ainda professor de educação física. Diz que a sua mulher o terá procurado em todas as prisões e em todos os países do mundo. Pensava em Cravan e pensava em Cendrars, Blaise Cendrars imbuído de uma espécie de vadiagem universal, escrevendo com a mão esquerda, a única que lhe restava depois da guerra, onde estaria Cendrars a 23 de Abril de 1916, quando Cravan é batido por K.O?, onde andaria Cendrars por alturas do desaparecimento de Cravan, algures no Golfo de México?, teria alguma vez Cendrars se cruzado com Cravan fazendo-lhe a tal pergunta fatídica que fazia habitualmente aos seus amigos: estás pronto a morrer agora mesmo? Diz que o fim do mundo filmado pelo anjo N.-D terá sido escrito numa noite, acho bem provável que sim, Blaise era um bom mentalfémero, mas não consigo deixar de pensar em Cravan, nisso, e no que vou fazer para o caralho do almoço...

domingo, 5 de julho de 2015

dia não sei quantos ao domingo: fazer um zzz

zzzz fazer um zzz nisto tudo, pensar sorrateiramente no mistério do zzz nisto tudo, ao mesmo tempo que se dá uma vista de olhos nas capas dos desportivos. Bebericar o chá preto e papar o bolo seco de azeite (será esse?), duchar com o pensamento a caminho do trabalho. Domingo no mundo? Só se for...

sexta-feira, 3 de julho de 2015

dia não sei quantos à sexta: yes we can


[eu já volto, com assuntos de inusitada transcendência, para não dizer mais, tudo devidamente entrevado em planícies cognitivas de fácil compreensão. Não se preocupem.]