quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

dia não sei quantos último do ano: continuação de boas festas e um bom ano


a análise ao ano de 2015 e seus bastidores será alvo de um balanço, ou mesmo de um impulso a esse balanço, um balanço que nos projecta entre dois pontos dispostos de forma esquisita, mesmo esquisita... até já.



domingo, 20 de dezembro de 2015

dia não sei quantos 58 ao domingo: caminhar

Algumas das missões recentes foram parcialmente (ainda faltam etapas) cumpridas, e isso aconteceu num quadro estratégico pensado a uma luz daquelas antigas que piscavam a preto e branco, em regime de câmara lenta, e que faziam com que um tipo pensasse que até tinha pinta ao dançar enquanto se aproximava da tipa, também em câmara lenta, sempre agarrado ao copo, quando não era agarrado a uma garrafa, a um corrimão, ou até mesmo a outro corpo que já não nos lembrávamos de carregar a tiracolo. Foi temperada por uma luz assim que a estratégia foi-se consolidando num quadro externo e mesmo interno de grande complexidade, para não dizer mais, um quadro em que a luz por vezes vinha-se abaixo, e em que por mais que intermediássemos operações conciliatórias, as pontas dir-se-iam perdidas, soltas a um vento daqueles mesmo fodidos, daqueles ventos das tormentas e dos temporais. Ainda assim algumas missões foram parcialmente cumpridas, não sem que vários estilhaços incandescentes derretessem a nossa vontade, cada momento a sua tenaz, cada momento a sua voz esquizofrénica, desejos de um outro caminho, um buraco negro, uma porta de saída como no Donnie Darko, e aqui refiro-me concretamente ao Donnie Darko original, ainda assim algumas missões foram parcialmente cumpridas, com o corpo a chegar à praia numa sexta-feira à noite, ou sábado de manhã, não interessa, conseguimos ver esse corpo a levantar-se, um sorriso i'm still here you bastards dança no seu rosto, a areia deve estar fria, pensámos, junto com esse corpo que agora caminha, determinado, dirigindo-se não se sabe bem para onde, ainda agora caminha, determinado, quer dizer, conformado que tem que caminhar, que tem que caminhar, que tem que caminhar.  

sábado, 19 de dezembro de 2015

dia não sei quantos eu sei lá ao sábado: eu sei lá...


[a utilização de imagens é da exclusiva irresponsabilidade do autor deste Diário, revelando-se manifestamente necessária, para não dizer apropriada, neste caso particular.]

terça-feira, 15 de dezembro de 2015

dia não sei quantos à volta de 49 à terça: pedido de emprego

Há pessoas que fazem fortuna, outras depressões, outras filhos. Há as que fazem humor, há as que fazem amor e as que fazem dó. Há muito tempo que eu procuro fazer qualquer coisa! Não há nada a fazer: não há nada a fazer. Isto foi escrito num dia qualquer por Jacques Rigaut, suicida que, com admirável afinco, terá planeado a sua morte durante dez anos. Agora vou ali, com admirável afinco, ver da sopa e do prego no pão. Talvez da parte da tarde vá dar na filosofia política, quem sabe...

domingo, 13 de dezembro de 2015

dia não sei quantos eu sei lá ao domingo: semiótica oxigenada

Já cá estou, mas nem isso foi fácil, dias atrás de dias numa enxurrada de sentidos que inundaram a baixa da minha alma. É claro que a baixa da minha alma havia sido mal planeada, entulho marado a teria aumentado e indevidamente conquistado ao corpo, simulando segurança movediça, inventando passagens secretas que mais não seriam que puro simulacro, prazenteira ilusão. Nada disto caminha(va) a par com o resto das forças que nos versejam e mitificam neste mundo, pelo menos até onde os olhos conseguem ver, ou até onde os nossos passos nos conseguem carregar, nada mais, isso sim, a minha concepção de cidade, com todas essas ligações térreas, mas sobretudo como projecção de nós próprios. Não ficará tudo na mesma nesta transição velada por Janus, ou talvez fique apenas a sua representação, a sua projecção sombreada. Não acredito, basta mordermos um lábio para que o mundo sensível faça todo o sentido. 

domingo, 6 de dezembro de 2015

dia não sei quantos 40 ao domingo: zZZzz?

nem isso...nem zzzzZZZZZZZZZZZZZZZzzzzzzzzzzzzzzzzzzzZZZzzzzzzzznadinhazzzzzzzzzzzzzzzzzzlimpezadacasotazzz

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

dia não sei quantos 38 à sexta: toma

Depois do dramaqueen, ou isso, atravessei a cidade para dar sequência à coisa, que no pasa nada e tal. Recebi então a mensagem: nada como um pseudoproblema para nos acordar do conforto asséptico do dia a dia!. Com ponto de exclamação e tudo.

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

dia não sei quantos 35 à terça: enriquecimento curricular

Estava para a ir acolá à árvore das metáforas, certamente plantada por Borges, mas deu-me para ir ali, ao café a cinquentinhas, agarrar a liana e na volta trazer pão. Do simples, faz favor. E é isto, podia ser outra coisa, mas é isto. Lamentamos.

sexta-feira, 27 de novembro de 2015

dia não sei quantos 32 à sexta: achas?

às vezes basta pensar nisto, quer dizer, sem sangria ou os animais no zoo, se calhar sem filme, sem ser divertido, um tipo ainda se lembra de si próprio, mas mesmo assim pensa que é outro [risinhos], nem pior, nem melhor (neste caso), ser outro não, ser outra coisa, sem chá preto, sem torradas de pão duro (quantos dias?), sem cerveja, sem pensamentos a reboque de pensamentos, sempre insatisfeito, sempre em cavalgadas, perdão caminhadas, ora abatido, dormente, ora a sportingar, ser outro, não andar às cavalitas do caralho dos livros, da poesia, enfermo de projectos, talvez amanhã, (que dizes Variações?), talvez apareça aqui um ponto final, talvez não, ser outro, outro filme da morte da bezerra. Agora vou ali apanhar ar.

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

terça-feira, 17 de novembro de 2015

dia não sei quantos 24 à terça: aguardo

Enfim, se tivesse aqui uma árvore à disposição, abancava o lombo e esperava a maçã na cabeça. Sabemos desde Pere Calders que o parecimento vertical (para não dizer outra coisa) de uma árvore na sala de jantar (ou mesmo na sala de estar se esta existir - ou até no escritório), se revela um saco cheio de complicações (sem contar com a metafisica), e o recurso às autoridades competentes, ou outras, encontra-se, pelo menos, a milhares de quilómetros da solução mais adequada. Porquê? Ora bem, porque, no entender da autoridade mais avisada, isso alteraria a ordem do mundo, ou mesmo do caralho do universo, esclarecendo a sua visão da situação (isto de cabeça) da seguinte forma: já viu se agora começassem a crescer (ou mesmo a aparecer na vertical) árvores na sala de jantar, ou até na de estar, ou mesmo no escritório? Vá trabalhar e deixe de pensar em coisas que não interessam por aí além, terão algum interesse intrínseco, mesmo filosófico, até literário, mas nada por aí além. Aguardo.

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

dia não sei quantos 23 à segunda: umbiguismo

O meu problema são os cadernos, os cadernos dentro de cadernos dentro de caderninhos, as referências algures a referências alhures, a nota que desagua numa outra nota filha de uma nota do caralho de outra nota. Isto para começar. 

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

dia não sei quantos 20 à sexta: tantos?

que nem os conto na sua imensidão gloriosa, ainda agora o sol no seu contínuo endrominar do sentido biológico das coisas, Novembro?, eu sei lá, o almoço até nem foi mau, restos da massada de atum de ontem à noite, aquela salsa dava um tratado em que o cheiro se assume como ponta de lança do prazer, ou isso, não estava nada mau aquele chouriço das beiras enfiado nas bicas, vamos lá ver se melhoramos lá mais para a noite, as probabilidades de isso acontecer são as mesmas de aqui aparecer um ponto final que remate que norteie que silencie este parágrafo... debalde, não me apetece voltar lá para dentro (deixem passar) daqueles papéis, sonhos dentro de sonhos encavalitados em muros cada vez mais altos e longos, visões sonhadas maltratadas, merdas fedidas de tanto adiadas, consolidadas nas sua nuvem, um pedaço de algodão doce nas mãos de um miserável puto, pensar nisso e dá-me cá um regabofe de estaladas ao espelho, ali mesmo, aquele espelho. O melhor será investir num frango do descolhoado para o jantar. Amanhã logo se vê...

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

dia não sei quantos [14+] 15 à segunda: apresentação quinquenal

não fui correr nem sequer andei por aí além; não me saiu o euromilhões; não pensei assim tanto quanto isso na vida; não desmascarei o sol antes que fosse tarde de mais; (ainda) não comi castanhas; não ouvi música (a não ser ontem a rádio aurora); não posso dizer que não tenho lido umas merdas daquelas mesmo fodidas, mas mesmo fodidas; ainda não pensei em pensar numa quantidade de coisas que pareciam mesmo importantes...ou isso. Agora acho que vou lerpar uma bacalhoada e jogar na raspadinha.

sábado, 7 de novembro de 2015

dia não sei quantos [11 a 13] ao sábado: será...

válida a teoria da justiça de Rawls?,  o libertarismo de Nozick não estará eivado (no bom sentido - deixem passar) do pensamento de Stirner?, nem um pouco?, qual o sentido histórico do utilitarismo?, estará o Sporting gangrenado por uma irresponsabilidade competente ou gangrenado por uma competente irresponsabilidade?, estará gangrenado, apesar de?... Será a recente aptidão noveleira da série Vikings tão recente (deixem passar) quanto isso?, ah? Estas e outras questões resolveram assaltar-nos a paciência enquanto um dia lindíssimo se metamorfoseava aos soluços num dia de outono, ainda assim quente, ainda assim quentinho, como um chá verde matinal em que a água não aqueceu o suficiente na merda da feiticeira (deixem passar) eléctrica. Será?

sexta-feira, 30 de outubro de 2015

dia não sei quantos 5 à sexta: como é?

é assim: não fui correr, não ouvi música, não fiz nenhuma passeata, não li nada de realmente interessante (a parte da história e coiso, bla bla, ainda fui à bola com o Aristóteles, por momentos), não fiz nenhuma lista a não ser esta, vai o dia longo como um caralho que já vi num filme. Agora vou ali preparar as codornizes, enquanto malho um martini com cerveja. A ver se e tal...

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

dia não sei quantos 4 à quinta: por acaso

também ando (fundamentalmente) às voltas com as afinidades electivas, mas na versão Brás Teixeira, acho. Quer dizer...eu já volto.

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

dia não sei quantos [2 +]3 à quarta: aqui os quero eu ver

Não me sai (embora a entrada até seja recente) da cabeça, uma cena do Nicanor Parra que diz assim: passou demasiado sangue sobre as pontes / para continuar-se a crer / que possa seguir-se um só caminho. São nove e vinte e dois aqui em baixo. Além tudo é permitido, com a condição expressa (diz-nos Parra), de superarmos a folha em branco. O mundo (deixa passar poesia), quer ele dizer. Ou nem isso.

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

dia não sei quantos 2 à segunda: e assim acontece, por acaso

Voltamos (reparem na versatilidade do tempo verbal utilizado) às lides, ao estudo, ao caos calmo (mas noutro sentido ao do Moretti, acho). Agora mesmo são nove horas e quarenta e nove minutos ( acrescento da manhã para toda a gente perceber). Na posse de meia dúzia de faculdades mentais e outras, decreto, para não dizer mais, que vou tomar um café (já lerpei um chá preto com rosca torrada) e depois vou à luta com chuva e tudo.

[no sonho que se dividia em dois, com um amigo cão, fartamo-nos de carregar material, papéis, livros, merdas avulso, o rescaldo enigmático de uma temporada no inferno?, cenas do trabalho, malta antiga a boiar no lago da nossas indiferença - e da deles - uma voz que subia umas escadas com uma face acoplada e dois corpos a seu lado um deles um rosto... tentarei recordar no caminho...]

domingo, 25 de outubro de 2015

dia não sei quantos ao domingo: é oficial

O Cão está [novamente] desempregado. Posto isto, tem todos os sonhos do mundo. A propósito (mudança de tempo verbal), vou precisar de uma caderneta de sonhos, a colecção não pára de crescer. 
Entretanto, limpeza da casota... 

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

dia não sei quantas quartas isto tem: facsimil

Na realidade, para não dizer pior, foi para estabelecer contacto gestual ó participativo com a cerveja que ontem me ausentei por algumas horas da casota. A humanidade não era para ali chamada. Lá para o final do túnel apreciei ligeiramente o sabor da noite. No elevador mais lento do mundo também cheirava a noite de perfumes rascas…casota, uf, finalmente o corpo a pairar até se estatelar na cama. Dez e meia?, não pode ser, chamem os bombeiros a bófia a organização sindical de poesia, chamem os dinamizadores de tertúlias gastronómicas, exijo ser ressarcido pelas horas de sono escamoteadas (a utilização deste tipo de vocábulos é da inteira responsabilidade do autor dos mesmos). Lá fui à biblioteca que é o meu ginásio: carregar a mochila, ajaezada à andaluza (deixem passar), percorrer o caminho de volta, o sol a dar-lhe para foder o negócio aos vendedores de castanhas, árvores engalanadas de folhas lindas conspirando com a violinista para voltarmos à idade da pedra. Comer a sopa e uma tosta de queijo, fiambre, chouriço, alface: catorze horas e trinta e cinco minutos. Já tinha saudades disto, caralho.

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

não sei dia quantas segundas: capitão!

as claridades do carvão que se torna em foca, faísca, insecto ante os teus olhos, os esquadrões de alucinados, os monstros de corda, os gritos dos sonâmbulos mecânicos, os estômagos líquidos em placas de prata, as crueldades das flores carnívoras hão-de invadir o dia simples e rural e o cinema do teu sono: assim escreveu um dia Tristan Tzara, e por aí deveria ter-se ficado a poesia, longe do dia simples, devidamente enterrada em mantos intermináveis como a neve (não Tzara?), juntamente com esse furor perpétuo que todos os dias anuncia a sua [própria] morte. Acho.

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

dia não sei quantas sextas a sério: conforme consta do processo individual

Vimos por este meio solicitar a vossa compreensão, para não dizer benevolência (deixem passar), para a nossa (reparem no plural) loucura. No sonho gravitava uma frase cujo sentido nos (reparem no plural) escapa, mas que nesse tempo (por um acaso) nocturno fez as delicias de um comovido e ávido cérebro: manter o pensamento na linha (ou em linha?), cuidado com o comboio (ou seria trem?). Depois de acordar com esta surrapa ainda esparramada no dito, encetei dois ou três planos para o futuro próximo, quer dizer, lancei umas farpas para o escuro. Adormeci. Sonhei com o sonho anterior, a frase às postas, a dar para vários peditórios mentais. Reconheci, aqui e ali, velhos caminhos, um ou outro amigo, uma mesa de madeira em Inglaterra (acho), um poente, catedrais onde certamente se escuta (ouvindo bem) o silêncio. Acordei numa situação incómoda (ou nem tanto), que as necessidades e vicissitudes corpo anatómicas não estão, por assim dizer, para grandes brincadeiras. Bebi água. Encaixei os sonhos num ecrã. Fiz um chá preto, papei um pão-de-leite de saco e metade de um trigo do dia anterior torrado com manteiga. Hoje é um dia.


domingo, 11 de outubro de 2015

dia não sei quantos domingos isto tem: onde outros avançam, fico eu parado...

um dia escreveu assim Wittgenstein, os animais acorrem quando são chamados pelos seus nomes, acrescentando, exactamente como os humanos. Consta que nesse dia (no dia em que escreveu assim) Wittgenstein terá almoçado normalmente. Um passeio solitário (numa floresta?) sobrevoa o nosso olhar apesar do passar do tempo. Será assim?

quinta-feira, 1 de outubro de 2015

dia não sei quantos diz que é quinta: voltando à vaca fria

...a questão das noites resolve-se dormindo, ou tentando dormir, cavalgando sonhos e caindo do cavalo, fundamentalmente caindo do cavalo, ora transportado para o centro hospitalar dos sonhos, ora despejado no centro de cuidados intensivos dos pesadelos. Sei disso tudo. O planeamento das noites faz-se naqueles interstícios psicossomáticos do dia, uma espécie de nichos incrustados nos muros das cangostas antigas (não são fáceis de encontrar, é preciso não procurar), só aí as tabuletas das actividades noturnas poderão ser contornadas, reescritas em formas de vontade(s). Sei disso tudo. A lista é longa, desvarios, leituras, merdas para pensar antes de dormir, mesmo isso de dormir, a cama está quente está fria (bom, não tão fria como em Fortitude), ler não ler, estudar, não estudar, despejar todo o corpo no descanso como se isso fosse possível. Sei disso tudo. Mas o melhor mesmo é não começar os contos da música para aguardente do Bukoswski pelo menos delicado do que o gafanhoto, por acaso logo o primeiro, dá vontade de não continuar. Depois explico, como?, através de uma análise inovadora ao conto declínio e queda,um conto em que se pode ler escrito a lápis por baixo do título: de puta madre. Também é um conto cujo título coincide com o de uma obra genial do Evelyn Waugh, mas isso Bukoswski não sabia, ou fez de conta que...

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

dia não sei quantos à quarta mas podia ser:e as noites?

tenho os dias preenchidos...tenho os dias preenchidostenho os dias preenchidostenho os dias preenchidostenho os dias preenchidostenho os dias preenchidostenho os dias preenchidostenho os dias preenchidostenho os dias preenchidostenho os dias preenchidostenho os dias preenchidostenho os dias preenchidostenho os dias preenchidostenho os dias preenchidostenho os dias preenchidostenho os dias preenchidostenho os dias preenchidostenho os dias preenchidostenho os dias preenchidostenho os dias preenchidostenho os dias preenchidostenho os dias preenchidos...ou isso. Agora vou ali comer uma sopa...

sábado, 19 de setembro de 2015

dia não sei quantos ao sábado: a actualizar de acordo com a lei tal

Recomeçar, uma e outra e outra vez. Ver um filme franciú. Encolher os ombros. Fazer planos para um dia começar a utilizar o ponto e vírgula. Tentar dormir. Ser indelicado com os pensamentos e delicado como o caralho com as ilusões, as merdas sonhadas de dia. Recomeçar, outra e outra e outra vez. Assinalar na pedra os dias. Fazer de conta que se faz contas. Ler umas merdas é preciso. Visitar jardins e campos mais elevados onde se escondem as catedrais. Escutar aí o silêncio. Voltar ao (i)mundo com os dentes em forma de serra. Lembrar os [seus] mortos com o sangue do corpo todo. Recomeçar, recomeçar sempre. Andar direito nem que seja por linhas tortas. Beber chárveja. 

sexta-feira, 11 de setembro de 2015

dia não sei quantos dias quantos: a tiracooooooooooooolo

e depois entrei... não foi fáciiiil...tentei activar as notificações, claro. Só para e tal. A jornada, longa, como se impõe, havia sido  recheada como um daqueles patos que vão ao forno durante duas horas, ou talvez como aqueles perus recheados que se podem espreitar nos filmes americanos em dia de acção de graças. Não havia faltado areia e cactos, cactos a dar com um pau a lembrar as estantes cheias de livros da casa do Umberto Eco. Gritei nessa parte. Disse, Umberto, não se admite tanto cacto, tanto era o sol que deus o dava. A seco, ainda reconheci uma ou outra companhia na demanda. Debalde. Ou nem isso...

vou organizar-me.

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

dia não sei quantas quintas: a interdependência e a necessidade de integração

ainda durante a noite assisti a uma reunião dos neurónios transmissores (não o serão todos, pergunto?) absolutamente inconclusiva, adiada, talvez, para uma das noites da próxima semana, já que amanhã (esta noite) reúne uma comissão parlamentar para escutar o hipotálamo e o pedúnculo cerebral sobre questões passiveis de controle (a tal crise). Posto isto, terei sonhado com o corpo todo. Ao acordar sentia-me naquela ribanceira que vai dar origem a uma volta na cama e a mais uns sonhos. Resisti. Levantei-me de um trago e fui ao pão fresco. Ao balcão falava-se de bolos de aniversário e se a massa deveria levar chocolate. A minha mão ainda aflorou a arma na algibeira das calças azuis que trago vestidas há uns dois ou três dias. Foi nessa altura que decidi levar as calças pretas (hoje) para o trabalho. Regalei-me com um chá verde e pão fresco com manteiga. Dei de frosques para a poltrona verde e malhei umas páginas. Aquilo fez-me pensar. O caralho do Voltaire. Andava às voltas com isso quando ocasionalmente uns pensamentos me levaram até à retrete. Velhos projectos antigos assumiram então um protagonismo inusitado. Fui duchar. Teve que ser...

domingo, 30 de agosto de 2015

dia não sei quantos domingos: tem agosto?

Tenho, ali num frasco. Por um acaso ainda tenho, ali. O que é que Agosto tem? Ah, isso é outra coisa... tem a volta a Portugal em Pensamento e a Passagem Mental à Boleia pela Europa. As classificações ficam para uma próxima oportunidade. Entretanto vou digerir o pão galego torrado e o chá na limpeza da casota. Já para não falar da cerveja de ontem, digerida com banda sonora. Mas isso é outra coisa, nada de especial. Agora, agosto tenho, ali num frasco. E a gosto também. Mas isso fica para depois, ok?

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

dia não sei quantos à segundo por um caso: essa cena de escrever como é?

Olha, um dia qualquer escreveu assim Evelyn Waugh: claro que isto era uma maçada, bem como a hora que se seguia, durante a qual, por entre caminhos concêntricos de asfalto muito gasto, umas couves melancólicas mostravam as cabeças. Agora vou ali ver do bacalhau...

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

domingo, 16 de agosto de 2015

dia não sei quantos zomingo: zzresetzz

zzzzzZZZZZZZzzz planeamento de um atentado mental contra os putos do lado, e um outro a favor da explosão com gelamonite 33 das unidades anatómicas que enxameiam o meu esforço laboral (aqui temos pano para mangas). Manifestação mental contra as limpezas de casota (ao dormingo e não só). Já volto com a campanha eleitoral...

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

dia não sei quantos quarta: fica marcada a sua escavação para a próxima semana

Sabem, no planeta Platónov, por exemplo, vive-se sob a lentidão da fúria, como se a vida viesse por procuração do comité. Sabem, no planeta Platónov, por exemplo, existirá uma necessidade geral do mundo, mas apenas se sente a melancolia da inutilidade. Sabem, no planeta Platónov, por exemplo, existem técnicos que imaginam o mundo como um corpo morto, julgando-o segundo as partes já transformadas em construções; existem unidades anatómicas que não se julgam nenhuns animais e que juram poder viver através do signo do entusiamo. Sabem, no planeta Platónov, por exemplo, inventam-se dorsos curvados, não tanto consequência dos anos, como das tarefas sociais. Tabuletas dispostas em pequenas elevações expõem questões relevantes, a saber: onde é que os camaradas foram buscar a sua representação do mundo? Sabem, no planeta Platónov existem mutilados encurtados em metade pelo jugo do capital, e outros homens quase inteiros como se o corpo fosse propriedade sua. Homens haverá, no planeta Platónov, capazes de terem pensamentos mas, não raro, tudo apreciam com a tristeza da austeridade, emocionando-se por atraso... homens que vão longe apenas no espaço da sua solidão…  

domingo, 9 de agosto de 2015

dia não sei quantos domingos de agosto: para encher com esses sons a oca melancolia das suas cabeças

Tive que ir desintoxicar de Donald Barthelme para cima de um planeta chamado Platónov. O planeta Platónov, por assim dizer, sente a falta de um e (entre outras coisas), mas nem sempre isso é imperceptível à primeira vista, ou mesmo à segunda. Num piscar de olhos da vista disponível, descemos a uma escavação, entre mutilados, proletários, mujiques e homens do partido do cansaço. Além não se vê grande coisa a não ser a natureza a fazer das suas. Aquém, junto da escavação e do barranco diz que é verão. Mas não se vêem nenhuns cartazes. Eles lá saberão. 

domingo, 26 de julho de 2015

dia não sei quantos finalmente domingo: pensar nisso

Depois estive a ler uma história do Donald Barthelme chamada Pepperoni. Depois li outra que se chamava relâmpago (escrevi ao lado da palavra relâmpago no cimo da página: reler). Gostei tanto da estória chamada relâmpago do Donald Barthelme que pensei em fazer umas camisolas de manga curta com um estampado a dizer: RELÂMPAGO UMA GRANDE ESTÓRIA DO DONALD BARTHELME. Depois estive a ler uma história do Donald Barthelme denominada capitão Blood e gostei muito. Antes disso estivera a ler uma história do Donald Barthelme chamada porcos-espinhos na universidade [risinhos]. Depois, ou  antes de, ainda li uma história do Donald Barthelme que se chamava rua 61, número 110, e uma outra história chamada noites passadas em muitas cidades distantes. Saltei com uma vara a história do Donald Barthelme chamada o filme e cometi um grave erro quando folheei (chegando mesmo a ler) um livro do Montaigne, pequeno vade-mécum, uma cena que a antígona regurgitou dos ensaios. Corre-se um grande risco ao ler o Montaigne, porque o Montaigne dá mesmo aquela sensação que se pode aprender (ou mesmo a reflectir em) alguma coisa. Isto quendo se está a ler. Depois já não sei. Mas quando se está a ler parece mesmo que se pode aprender (ou mesmo saber) alguma coisa, o que se revela a todos títulos perigosíssimo, mesmo muito, correndo-se o risco de acabar numa torre rodeado de livros e de cenas escritas nas paredes, ou mesmo rodeado de criados e criadas para todo o serviço, ficando-se com tempo de sobra para ler e escrever umas merdas, incluindo nas paredes, nunca em camisolas de manga curta, ou mesmo ter tempo de sobra para passear nos campos e planear uma investida às ameias para investigar os céus (são muitos e variados) em noites de luar. Com o Donald Barthelme não se corre qualquer risco, a vida caminha naturalmente para desaguar na morte. Alguns de nós andavam a ameaçar o nosso amigo Colby, assim se chamava uma história que li recentemente do Donald Barthelme. Nesta, os amigos de Colby decidem enforcá-lo, porque este teria ido longe demais. Colby terá ripostado que só porque fora longe demais (não o negava), isso não queria dizer que o devessem enforcar. Toda a gente ia longe demais uma vez por outra. Os amigos de Colby não ligaram muito a essa argumentação. Perguntaram-lhe que género de música ele gostaria de ouvir tocar no enforcamento. Colby respondeu que ia pensar no assunto, mas que ia levar algum tempo a decidir. 

Donald Barthelme recusando-se a olhar para esta caricatura (de mau gosto) de Montaigne com uma cerveja não mãos e tal...
  

domingo, 19 de julho de 2015

dia não sei quantos domingos já lá vão: limpeza da casota

Um dia escreveu assim Montaigne: no trono mais alto do mundo, continuamos a estar sentados no nosso cu.

[Nota: o chá preto da Lipton, o Yellow label Tea (finest blend) é um chá que consegue dinamizar qualquer manhã, mesmo de domingo, mesmo com limpeza da casota. Muito acima dos seus concorrentes directos e afins da banalidade, ainda assim, este chá não deixará também de estar sentado no próprio cu (deixem passar). Um tema interessantíssimo para o MEC extravasar na sua coluna no jornal público. Ok?]

quarta-feira, 15 de julho de 2015

dia não sei quantos talvez: isto terá sido anteontem

- para quê?
- para praticar.

E assim foi. Depois fiz dez flexões, daquelas de braços. Depois li uma história do Donald Barthelme, uma das quarenta histórias que estão ali em cima da mesa, compiladas num livrinho verde. Chamava-se visitas, a história, acho. Pouco importa. De qualquer maneira, à terceira tentativa lá consegui arranjar um frango no churrasco, não foi fácil, tendo em conta que a ordem das churrasqueiras não permite veleidades, nem é para brincadeiras. Cá me cheira que a coisa foi na segunda: feira. Um frango assim partido em dois e enfiado em recipientes cor de prata não é um: é dois. Para enganar. Isto sem levar em conta a questão grega. Pensei logo na Hélia, com a correia ligada à atenas dos churrasqueiros, com ar de quem não sai das nuvens desde sei lá eu. Suava nisto enquanto pensava na Hélia e já se fazia tarde. A Hélia com o seu prémio. Depois fui beber uma cerveja (as outras viriam depois) e emborcar (deixem passar) mais uma história do Donald Barthelme, umas das tais duzentas, não, quarenta, histórias que estão ali em cima da mesa. A história chamava-se ( não sei se ainda se intitula) a ferida, uma cena com um torero, a mãe do torero, a amante do torero, uns quantos imbecis, um aficionado e, já se sabe, uns bobos: todos nós. A sério.

segunda-feira, 13 de julho de 2015

dia não seiq uantos à meaneira de segundda: e vocês?

Fico-me pela palmada inicial, aqui. Gostaria, todavia, de poder afirmar que me contento em viver beatificamente à maneira das máquinas fotográficas 13 x 18. Disse-o, quer dizer, escreveu-o Vaché, Jacques Vaché, talvez fardado de oficial inglês, condição importantíssima a uma prévia ameaça de disparar sobre a assistência. Qualquer assistência. À retórica como arte de argumentar (sofisticamente arte de manipular) para a assistência, contrapomos, isto é, contraponho (sou apenas eu, acreditem), a retórica como arte de disparar sobre ou para a assistência. Mas é claro que hoje em dia, quer dizer, por estes dias tempos nem isso é possível. De resto, não gosto da palavra beatificamente. Não gosto. 

quarta-feira, 8 de julho de 2015

dia não sei quantos à quarta: dispõe de três tentativas

no sonho matinal (já terá sido depois da mija), escrevia um conto ou uma novela sobre o mal de Brauer, igual ao litro, mais um conto mental, um conto sonhado, uma merda que não se sabe se chega ao mentalfémera ou ao psicocionismo de qualquer modo não me recordo e de qualquer modo (deixem passar) dei comigo acordado a pensar em Arthur Cravan, o poeta com os cabelos mais curtos do mundo, o boxeur que a 23 de Abril de 1916, em Espanha, desafiou o pugilista americano Jack Johnson, campeão do mundo de pesados, sendo batido por K.O ao primeiro assalto. Cravan fugiu e pediu desculpa ao americano, continuando a fugir até desaparecer algures no Golfo do México, antes disso terá sido ainda professor de educação física. Diz que a sua mulher o terá procurado em todas as prisões e em todos os países do mundo. Pensava em Cravan e pensava em Cendrars, Blaise Cendrars imbuído de uma espécie de vadiagem universal, escrevendo com a mão esquerda, a única que lhe restava depois da guerra, onde estaria Cendrars a 23 de Abril de 1916, quando Cravan é batido por K.O?, onde andaria Cendrars por alturas do desaparecimento de Cravan, algures no Golfo de México?, teria alguma vez Cendrars se cruzado com Cravan fazendo-lhe a tal pergunta fatídica que fazia habitualmente aos seus amigos: estás pronto a morrer agora mesmo? Diz que o fim do mundo filmado pelo anjo N.-D terá sido escrito numa noite, acho bem provável que sim, Blaise era um bom mentalfémero, mas não consigo deixar de pensar em Cravan, nisso, e no que vou fazer para o caralho do almoço...

domingo, 5 de julho de 2015

dia não sei quantos ao domingo: fazer um zzz

zzzz fazer um zzz nisto tudo, pensar sorrateiramente no mistério do zzz nisto tudo, ao mesmo tempo que se dá uma vista de olhos nas capas dos desportivos. Bebericar o chá preto e papar o bolo seco de azeite (será esse?), duchar com o pensamento a caminho do trabalho. Domingo no mundo? Só se for...

sexta-feira, 3 de julho de 2015

dia não sei quantos à sexta: yes we can


[eu já volto, com assuntos de inusitada transcendência, para não dizer mais, tudo devidamente entrevado em planícies cognitivas de fácil compreensão. Não se preocupem.]

terça-feira, 30 de junho de 2015

dia nãos sei quantos à terça: el perro

Um dia escreveu assim William Carlos Williams (mais conhecido por WCw): Que a víbora espere sob/ as ervas daninhas / e a escrita / se faça de palavras, lentas e rápidas/ prontas ao ataque, aguardando pacientemente,/  em vigília. Enquanto a víbora espera sob as ervas daninhas, ou isso, vou ali ver da preparação do bacalhau no forno com tomate.

quinta-feira, 25 de junho de 2015

dia não sei quantos à quinta: a assinar isto

mais à frente e tal o Thomas continua assim: a mão soberana chega até um ombro descaído e as articulações dos dedos ficaram imobilizadas pelo gesso; uma pena de ganso serviu para pôr fim à morte que pôs fim às palavras, isto, obviamente, em verso (por esta pata dinamitado), cujos caracteres se expõem numa edição bilingue da assírio daquelas merdosas que descolavam ao mesmo tempo que levantavam voo as poucas notas que tínhamos para pagar a aventura. E agora ferrar o galho na net, ler umas merdas, antecipar uma data de acontecimentos, pensar na almoçarada, que festim, escrever no e-mail: olha vê lá se estudas para ter(es) uma vida boa [risinhos], por fim, ir ver a demolição a frio da sociedade do espectáculo..

Dylan Thomas em flagrante delitro (deixa passar Fernando), com a tal mão soberana que (também) assina o tal papel

quarta-feira, 24 de junho de 2015

dia não sei quantos quarta mas aprece domingo: agora imaginem uma pata...

Um dia escreveu assim Dylan Thomas : a mão ao assinar este papel arrasou uma cidade; / cinco dedos soberanos lançaram a sua taxa sobre a respiração; / duplicaram o globo dos mortos e reduziram a metade um país (...) eu já volto com a revolta provocada pela qualidade dos livrinhos da Assírio& Alvim, aquelas edições bilingue dos idos noventas, umas merdas brochadas e que descolavam à primeira abertura, ou manuseamento, como de diz na apresentação de livros, por exemplo, na fnaque (acho que). Eu já volto.

sábado, 20 de junho de 2015

dia não sei quantos ao sábado: a fuga às sardinhas

de meter medo ao susto a dar com os jeans e o polo bege (ou cinza esbranquiçado?) com debruados (deixem passar) de vermelho (como é possível?)...

 Samuel aponta para a saída...

quinta-feira, 18 de junho de 2015

dia não sei quantos à quinta: isso ou?

A coisa não foi bem assim, ou melhor, terá sido, entretanto, afiguram-se dois dias inteiros de desperdícios de solas mentais, isso ou outra coisa qualquer. Terá começado com a caminhada (trabalho - casota) em silencioso solilóquio de ontem à noite, ou talvez antes, materializada em pequenas manifestações pueris projetando estados de espíritos vindouros, isso ou outra coisa qualquer. Justiça seja feita a essas unidades celulares neuronais que nos despejam projeções, festins, viagens e outras deslocações sem sair da penumbra, justiça à esperança que recusa terminantemente o uso de pulseira eletrónica iludindo-se de liberdades rapinadas ao momento, isso ou outra coisa qualquer. Vivemos a cavalo de acontecimentos que nos descarregam em aplicações vulgares, apenas atenuados por esse sucedâneo da indiferença crónica que dá pelo nome de modernidade, isso ou outra coisa qualquer. Acabei por sair de casa depois do chá com pão fresco, arrumei o corpo ao sol, que bom que sua isto, um café faz favor, os livros no balcão, a prenda a tiracolo para a progenitora, um gafarrão da (deixem passar) água três latas de cerveja um compal de pêssego de litro a garrafa de vinho, uma sopa tardia, tudo igual ao litro, isso ou outra coisa qualquer. Depois fui ler umas merdas.

sábado, 13 de junho de 2015

dia não sei quantos ao sábado: eu acho que essa caixa tem várias valências

Várias quê? Mas isso foi depois, quer dizer, agora... a manhã havia sido batida a chuva, dizem [risinhos], a mim parecia-me um duche longínquo do terceiro ou quarto esquerdos, os do quinto duvido que se banhem, alvorada em voz alta: meio-dia, meio quê?, falácia, faltavam uns bons doze minutos para o dito estar a meio, não vacilei, esfreguei as remelas no chá verde e na torrada e fui dar caça aos últimos instantes da manhã no meio de cebolas, batatas, couve galega, curgetes, alfaces, bananas, com um segundo round na demanda de bolachas e da nova lata da super tipo red bull, isto já no mini. Tudo mini, tudo em pequeno e o dia ainda vai no adro.

quinta-feira, 11 de junho de 2015

dia não sei quantos à quinta: onde o homem não vai

Num dia qualquer de nevoeiro intenso, William Blake (que tinha as suas visões) escreveu assim: se outros não foram tontos, nós o teríamos sido. Muitos anos depois "Nobody" acredita ver no contabilista William Blake, em demanda pelo Oeste, o poeta e pintor Inglês. Esta visão (do Nobody) entranha numa sequência de visões iniciadas sabe-se lá bem quando e que muito contribuíram para o tal: nós o teríamos sido. Isto depois de uma salada de atum miserável e de meia sopa.

Nobody (à direita) e William Blake (esquerda lá atrás)

terça-feira, 9 de junho de 2015

dia não sei quantos à terça (noite): és capaz

pesam os braços, o corpo todo em coro a etiquetar o suadouro, vai não vai, lavar os dentes que se faz tarde, arranjar um planeamento para o nada ali junto ao baismo, perdão, ao abismo, não cair, recordar a ponte aérea passadiço de corridas, já está, ver do cinzeiro a alma lá toda, respirar, arrumar a canto a projeção do dia seguinte, mais daqui a bocado, fumar um cigarro sentir as veias em flor, ler aqulea, perdão aqulea, perdão, aquela cena, agendar uma nova travessia  junto à sombra do esquecimento, lindo, nem sisso, perdão, nem isso...és cpaz, perdão, és capaz...zzzzzzzzzzzzz

domingo, 7 de junho de 2015

dia não sei quantos ao domingo: prólogo à tal cena

É forçoso, disse-o um dia Boris Vian (não confundir com o tal gato que andou por aqui 8 anos), abstermo-nos de deduzir regras de conduta: para serem seguidas não devem ter necessidade de ser formuladas. Agora vou ali temperar os robalos de aviário.

segunda-feira, 1 de junho de 2015

dia não sei quantos à segunda: o cabo da enchada (não confundir com encinho)

Duchar por volta das 14h [risinhos], depois de mandar abaixo uma sopinha de agrião, acompanhada daquele pão do mini a imitar os seus antepassados, devidamente barrado com manteiga açoriana. Não foi fácil chegar aí: de sonho em sonho dei comigo a tilintar junto com o despertador acoplado à tabuleta limpeza da cozinha. Virei logo à direita, expus argumentação suficiente para renovar os votos da confraria da treta, cedi a paixões funestas do desvario, intercedi junto a nossa senhora das sopeiras. Debalde. Ou de enxada. Acabei a cheirar a lixivia e ainda ganhei um bónus que dizia limpeza do escritório, isso enquanto pensava na décima sexta, uma merda tão simples como uma frase musical, lá diria o Rimbaud. Lá está. 

a tal força em versão polaroid 

quinta-feira, 28 de maio de 2015

dia não sei quantos à quinta: aprender é preciso

Um dia, talvez entre um copito e outro de vinho, Omar Khayyam escreveu assim: medos de inferno, e esperanças de outro céu!.../ que a vida foge é toda a ciência que eu / pude aprender, e tudo o mais mentira. / A flor que foi é flor que já morreu.

terça-feira, 26 de maio de 2015

dia não sei quantos à terça: olhando a tristeza o sol com peneira

Numa noite qualquer, olhando com tristeza a lua, Li Po escreveu assim: Num vácuo de alma / sento-me e canto / e penso em ti / profundamente. / Não nos veremos. / O gozo é morto. / É indizível / a dor que está / no coração / do homem. Já... volto...

quarta-feira, 20 de maio de 2015

dia não sei quantos quarta: é mais ou menos isto

Abrir o olho, beber um copo de água, abrir o outro olho, voltar por momentos ao escuro, aquecer água para um chá preto, carbonizar a torrada, comer tudo e beber tudo enquanto se faz uma ligação à terra através de um objecto rectangular com ecrã, rir-se da capa do jornal desportivo bolenfica, esquecer a ligação à terra, pensar uma pequena lista de compras na mercearia e já estará na hora do fluroato de fluticasona e do budesonida/fumarato de formoterol di-hidratado; começar uma segunda fase de indecisões apriorísticas… retomar o fio à meada debaixo da tal mesa de centro usada como suporte de candeeiro, vestir o fato de treino ir ao pão fresco, voltar chegar a casa fazer três flexões upa upa duchar que se faz tarde, não sem antes pensar na vida este mês o próximo que merda, não será bem assim… escrever: abrir o olho, beber um copo de água... [a agora talvez ler umas merdas]

segunda-feira, 18 de maio de 2015

dia não sei quantos segunda: promoção de expectativas

continuar com a ode ao sol em pensamento; resistir à interação do tempo seco, calor e pólen; montar uma banca de promoção de expectativas; servir uns sumos frescos com vodka na banca de promoção de expectativas; encher o bandulho na casota da progenitora; adquirir a cena com 27,5 microgramas de fluroato de fluticasona (ver: resistir à interação do tempo seco, calor e pólen); atravessar o grande canal que desagua no caralho do centro das expectativas acopladas à tabuleta: dia(s) de folga; passar na biblioteca; tentar disfarçadamente aparecer nas tais provas de agremiação do mestre; não passar em alfarrabistas; ler umas merdas; beber cerveja ao final da tarde...

 
banca de promoexpectativas: 10% directos  + 20% em cartão   

domingo, 17 de maio de 2015

dia não sei quantos domingo: já acordado?

quem diria a pensar na morte da bezerra, as perninhas a assinalar a penumbra no quarto, dir-se-ia que, como um dia escreveu Sebastião Alba, escutando bem, ouve-se como ao pé das estátuas / música de uma fanada melancolia...

[agora vou ali escrever - em pensamento- uma ode ao sol]

segunda-feira, 11 de maio de 2015

dia não sei quantos segunda (acho): por escrito

dá igual, mas um tipo continua, faz contas à vida, envia faxes à transcendência, por favor onde é que se assina?, não, não seria para toda a eternidade -  essa redundância - se é eternidade é... toda, deixem passar, não,  já não me lembro, e depois passam os dias as horas minutos, tudo ao contrário a alimentar o recipiente das recordações, e se?, e tal?, népia, ao menos está sol a terra dá mais uma voltinha, cão não paga mas também lá anda...

quinta-feira, 7 de maio de 2015

dia não sei quantos quinta: andar na zona

tudo é mais difícil quando se é homem feito, diz-nos Énard, ou Yvan Deroy ou Francis Servain Mirkovic, a vida o corpo assemelham-se a recipientes, nem sempre etiquetados que ora se vão enchendo ora esvaziando - hoje levantei-me cedo  num despertar agitado de sonhos ainda a aflorarem listagens de merdas para fazer ensacadas sem sentido e dispersas no escuro, levantei-me de encontro ao sol ao chá à torrada, tratar de vida, quantos metros quadrados terá esta desordem?, a minha a da casa, ambas a mesma, olho agora lá para fora, estou ali  junto à janela a ler um livro sentado na poltrona verde garrafa, o mesmo sol cativo a entrar, um sol de encolher de ombros, nada basta, nada chega, volto ao livro, tudo é mais difícil quando se é homem feito, ou cão, dá igual…

segunda-feira, 4 de maio de 2015

dia não sei quantos segunda: esquece

E assim vai...continua(va)m a soar as horas da chuva, sair com o carro, ir além, tão bom seria ficar em casa!, mas estava marcado, bacalhoar um bocadinho, mais um dia com nome, desta vez chama-se folga, depois terei lido umas cinquenta páginas de Zona, escrevinhei um poema mental que começava (acho) com um chovia que deus a dava, ou seria o começo de um conto?, de qualquer modo a fartura espraiava-se na vidraça, tocada a vento, um poema da natureza, fiquei ali a dar pensamentos ao desbarato, as árvores a arfarem lá fora, pensei noutro poema, este antigo, as árvores a arfarem como poentes loucos, devo ter sorrido de encontro à janela, tanta água, tanta água, pensei eu, que bem que faria perder-me num comboio como o tipo de Zona, ou melhor, perder-me numa viagem de comboio com esse livro nas mãos, toda a Europa ali, assassinada, a chuva de repente sangue, a sério, paragens em gares com nomes esquisitos, nessa altura o poema iria na parte morríamos todos juntos, /a cada instante /lavrado na insignificância, a morte numa imobilidade de azulejos, a morte imortalizada, e voltar depois à sorte desta vidraça, deste momento, da hesitação entre ir buscar o tal livro em falta, ou simplesmente esquecer...

domingo, 3 de maio de 2015

dia não sei quantos do senhor domingo: firmeza

Depois do flagrante de litro (deixa passar Fernando) fui trabalhar. Depois vim. Entretanto, fui. É isto, quer dizer, basicamente, o cântaro vai à fonte, quer dizer, vai à frente de... o caralho do cântaro, até que deixa de ir, partiu? - perguntam - mas isso é se perguntarem, não faltam para aí cântaros, e fontes, devem ser o caralho dos chineses, eu sei lá, mas partindo do princípio que o dito vai à fonte, depois volta, meio cheio ou meio vazio?, cheio?, vazio?, lá vem ele o cantarito de mochila às costas, é bonito um cântaro de mochila, se é, mas traz alguma merda lá dentro?, trará?, lá vem ele, um dia destes o cântaro vai-te à fronte, depois às vistas, o cântaro diz que faz krav e maga, o cabrão, vai enchendo, aquela cena da filosofia, meter cenas lá para dentro, como se não houvesse amanhã, aquelas pequenas questões entremeadas de um absinto leitoso, a tal carrinha branca do outro lado da rua, cem metros?, mais ou menos, certamente branca, diz que certamente parada, levantando  o olhar da carrinha, ao longe, o ofício das dores, com um cortinado (assim parece) de névoa, a dar as horas da chuva. E assim vai...

quinta-feira, 30 de abril de 2015

dia não sei quantos à melhor de quinta: igual ao litro

Acho que fui trabalhar. Voltei. Fui. Voltei e fui e voltei. Não tarda vou. Parece que é isso o ir trabalhar. Entretanto escrevi dois contos e um poema...mentalmente. Pensei que me recordaria, mas a essência da escrita mental está precisamente em não nos lembrarmos daquilo que escrevemos. Chama-se mentalfémera ou psicocionismo, conforme o desvario do momento, a esta modalidade (deixem passar) de escrita mental, profundamente efémera e assim dotada de um certa religiosidade antiga, alicerçada (obrigatoriamente) na tradição oral e, sobretudo, dependente da (boa) memória. Ora a memória já não faz parte de qualquer manual de bons costumes da actualidade, onde o conhecimento resulta de uma mistura em partes iguais entre a humidade relativa do ar e o é igual ao litro, e os livros físicos se distinguem apenas pelas suas capas garridas, com relevos, adornados por fitinhas ou saquinhos de chá (juro!). Nesse sentido, este modalidade promove uma de duas coisas: ou se cultiva a tradição oral e a memória e então esses contos, histórias e poemas não se perdem, à imagem de outros da antiguidade; ou, a película efémera tudo reveste, participando dessa forma em toda a sua plenitude no absurdo passageiro dos nossos dias, sem que ninguém (a melhor parte é esta) se aperceba sequer disso. Em suma, uma forma de recusa, perfeitamente adequada ao nosso tempo, não lhe faltando sequer um dedo janota bem espetado no ar. Não tarda vou.

quinta-feira, 23 de abril de 2015

dia não sei quantos quinta: afloramentos

Tudo terá começado, diz-nos Ariès, não tanto com o cristianismo, mas com o culto dos mártires, de origem africana, e, acrescenta ainda Ariès, esses mártires eram enterrados nas necrópoles extra-urbanas, comuns a cristãos e pagãos. É claro que Ariès continua a acrescentar coisas e mais coisas neste livrinho com o intuito sério de nos deleitar com a nossa pastosa ignorância, correndo o risco de que entre aqueles (poucos) que alguma vez pegam num livro (este ou outro), haja algum (ou alguma, vá lá) que se aperceba de sua pastosa ignorância ou mesmo da sua ignorância viscosa. O livrinho (da falecida e enterrada Teorema):

Entretanto, acho que está quase na hora de ir trabalhar. Local? A tal espécie de centro hospitalar do consumo. Peça principal do puzzle: um edifício a dar para o cinza mas desvairado por um verdadeiro arco-íris de cores que lhe adorna o dorso, um cão fica logo com a sensação de ter mamado uma carrada de cogumelos alucinogénios. Neste quadro alargado de eflúvios pensantes, devidamente aclimatizados,  temperados, peidorrentos, caminharei  solitário de nenúfar em nenúfar até escurecer e depois anoitecer e depois a noite tudo encerrar com o seu manto negro, mas isso apenas lá fora, dentro do bunker não se nota nada. 

segunda-feira, 20 de abril de 2015

dia não sei quanto segunda de folga: resumo

Acordei e virei-me para o lado. Adormeci. Acordei e virei-me para o (outro) lado. Isto vai – pensei. Não adormeci. Uma luz (ou duas?) entrava desvairada por debaixo da porta. O caralho da porta da cozinha deve estar aberta – pensei. Depois deu-me para ruminar uma série de merdas que davam para um catálogo de coisas importantíssimas para arremessar de um prédio de setenta andares daqueles americanos ou de Singapura. Lá fui ao chá verde e respectiva torrada em pão de forma brioche. Sorri com a palavra brioche. Limpei a cozinha como quem limpa o nariz sem o assoar convenientemente. Assobiei e a arrecadação com guarda-fatos a que chamo escritório apareceu limpa. Sou mesmo bom a assobiar – pensei. Fui duchar aquilo tudo e, de facto, debaixo de água as ideias afogam-se como tudo o resto. Fixe. Entretanto elaborei uma lista mental para as compras e escrevi lá bem escrito: chá preto e chá verde Lipton. E ainda o dia ia no adro, caralho…

domingo, 19 de abril de 2015

dia não sei quantos não importa: fazer um zzzzz

já            faziazzzzZZZZZZZZZZZZzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzfaltazzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzznão?zzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz

terça-feira, 14 de abril de 2015

dia não sei quantos terça: mas qual?

Correu mal: acordar cedo (sem qualquer serventia) em bolandas, a mistura (primeiro mental) de um chá branco (do mini) com uma infusão de tília, a tal conjugação de espelhos com o we wanna be free to do what we wanna do, ahhh, yeah, a torrada e a fatia de bolo aquilo era coco?, desenfrearam uma manhã que havia começado com um golpe de estado mental onde o antigo (ou os antigos) neurónio(s) da defesa se insurgiu contra o hemisfério esquerdo, merda já vista no Chile há muitos anos atrás, com os resultados que se conhecem, matéria, aliás,  que Bolano terá travestido no seu nocturno (dizem) de romance, onde nada daquilo que parece é, pelo menos aqui. Está-se mesmo a ver a operação limpeza da casota: em curso.  

quarta-feira, 8 de abril de 2015

dia não sei quantos quarta: espantada admiração

Voltou a chuva a colar-se à vinheta dos dias. Às vezes, mas nem sempre (deixem passar), queria ser um cão flutuante, um desses cães que, segundo Franz, são sempre vistos sozinhos, flutuando no alto da atmosfera com uma auto-suficiência absoluta, descendo (muito raramente), para dar umas voltinhas, assim muito a correr, pavoneando-me pretensiosamente, e voltando depois à mais profunda das meditações que enchem esses espaços aéreos de solidão. 

quarta-feira, 1 de abril de 2015

dia não sei quantos: um de abril

Sim, fui correr. Sim, não, quer dizer, não bebi chá, nem papei torradas com manteiga e doce de ameixa. Sim, a ladeira perto de mim. Não, sou um cão a tempo inteiro. Sim, sou um cão a tempo parcial. Não, não sonho que calcorreio a América Latina ao volante de um livro antigo. Sim, hoje quarta-feira de petas. Não, não está sol. Não mostrei a língua desvairado ao espelho da casa de banho, nem teci um enredo teórico alusivo a estranhas marcas na língua, supostamente provocadas pela dentição e/ou problemas mandibulares. Não sonhei com estas cenas enquanto tentava manter a boca aberta por razões consonantes com o enredo teórico tecido acima. Agora não vou beber uma cerveja…

segunda-feira, 30 de março de 2015

dia não sei quantos segunda das investigações: vários factores

Isto de memória num espaço quântico: a saída da casa de banho deu-se com as pernas da fêmea a tiracolo de um sorriso, algo apenas mensurável nos anais de um intestino grosso lavrado em austeridade latente de vasos sanguíneos com sangue na guelra, mas ainda assim com potência insuficiente para esquecer o tal livro acoplado à garrafa de whisky novo, onde um tal de Davies dava ares de entendido. Sejamos francos (como o autor, aliás), reconhecendo que todas as estimativas devem ser consideradas apenas como palpites, mesmo anuindo (deixem passar) que toda a precisão tem uma importância vital. Nesse sentido, a Europa em guerra, de mil novecentos e trinta e nove até mil novecentos e quarenta e cinco não fez mais que adiar o inadiável, isto é, uma espécie de conspiração silenciosa à posteriori que desembocou numa outra conspiração silenciosa que, arriscamos, ainda se vive, sem grandes entraves, poeticamente falando, comparada à vida salutar daqueles morangos vermelhíssimos que colhemos fora de época em caixinhas higiénicas nos supermercados. Nada que nos recorde a caganeira de outros dias, aqueles em que as colheitas eram já engendradas em suadouros plásticos em permanente reabilitação. Os morangos, ainda assim, eram pequeninos, e saborosos. Lembro-me bem, não é preciso ir mais atrás ou recorrer ao Baudrillard (o que não seria fácil). 

segunda-feira, 23 de março de 2015

dia não sei quantos dias segunda feira: armadilha

Desde ontem, talvez mesmo desde anteontem, que imagino um sonho armadilha, um sonho de quintal das traseiras onde um Philip Marlowe surgiria de gabardina a despropósito, decidido a resolver as investigações de uma vez por todas, decidido a bebericar as suas dores e as dores dos outros, mas não encontrando um bar à altura, nem sequer um beco apaziguador, nem sequer um túnel estreito com cheiro a whisky e a restos de cachorro quente, nem sequer uma voz fêmea que torneasse os efeitos do jet lag, da mudança súbita de cenário e, do facto nada descartável, de o ter roubado ao Raymond Chandler após uma partida de lerpa, jogo que ele definitivamente não dominava, e depois tê-lo transportado em mão não para um sonho, quer dizer não logo para o sonho, mas para um desvario matinal projectando um sonho armadilha.  

domingo, 15 de março de 2015

dia não sei quantos dias domingo: a propósito

Foi tudo noite. No sonho era tudo (deixem passar) um livro de formato duvidoso com uma moeda ao meio, acho, se não era uma moeda era certamente uma medalha, um imbróglio capaz de me fazer passar por inocente sem saber onde colocar o dito, ou a dita, não era fácil, para aqui e para ali, quando acordei, assim por dizer, foi para mijar aquilo, tudo, antes do vozeirão matinal da vizinhança que anunciava outra vez as desoras do caminho para o nada. Engasguei-me com os diálogos de trazer por casa, ainda o sol dava de si. Não tardou o roupão saído de um reposteiro antigo, dois alongamentos, as fuças lavadas, chá verde (onde caralho andará o preto?) às cavalitas da rosca com manteiga, doce e azedume. A limpeza da casota anunciou o novo ciclo das marmitas drone, antevisão do episódio das compras a go go. Uma mordaça eficaz pestanejou a tarefa seguinte. Nada como um intermediário para teclar a dor. 

sexta-feira, 13 de março de 2015

dia não sei quantos das investigações: a doutrina

Debalde. Ou de enxada, abriremos o cérebro à canalha. Ora, a canalha, no norte de um país chamado Portugal, são os putos. Nada disto é simples, e apesar do crescimento das pernas, descer às catacumbas do cérebro humano não é fácil, nem de archote. Derruau informa-nos que Demangeon, este último na senda de Vidal-Lablache, define a geografia humana como o estudo des rapports des groupements humains avec le milieu géographique, esquecendo, não por acaso, qualquer referência aos groupements caninos, ou mesmo a elementos caninos isolados, embora séculos de refúgio ao lado do inimigo nos tenham ensinado, como nos relata Franz, que os ossos mais duros, que contêm o tutano mais precioso, só podem ser vencidos se forem trincados por todos os dentes de todos os cães em conjunto. Isto evidentemente, acrescenta Franz, é uma figura de retórica. Será então nessas águas que navegaremos. Entretanto, voltaremos ao diário.

quarta-feira, 4 de março de 2015

Dia não sei quantos 4 das investigações: as primeiras notas

e se fôsseis todos para o caralho, lia-se numa tabuleta junta à tal casa. Ainda pensei que fosse uma pergunta ao jeito sarcástico pedestre básico das redondezas, mas a ausência de ponto de interrogação apenas induzia ao erro. Deixei-me ficar pela rua e para não chamar as atenções entrei num bar. Chamava-se pé de cabra e tinha desenhada uma cabra com pés à entrada. Esta cena de animais com pernas e pés suava-me familiar. Entrei e deparei-me com vários pares de pernas e não eram de cabra (ainda não sabia as várias tipologias que a palavra cabra pode vestir), não senhor, isso via-se à vista desarmada.  Consegui chegar ao balcão com um esforço humanocanino cuja energia irradiada daria para a construção e manutenção de várias centrais eléctricas. Não dei parte fraca e investi num duplo scotch com gelo. O outro lado do balcão não sabia que caralho era um scotch. É um whisky de perto da inglaterra, alguém gritou, acrescentado: és como um cepo. Eu não sabia bem se o scotch era um whisky de perto da Inglaterra, nem sabia bem se isso teria alguma importância mas decidi começar a tomar umas notas sobre esse assunto, entre outros. Quando dei por mim estava enfiado na casa de banho, acompanhado de um par de pernas de fêmea cujas manobras nos recordariam as grandes prestações em ginástica artística de Nadia Elena Comăneci, senhora de grandes feitos, como recentemente pude comprovar ao assistindo a um documentário gravado em VHS.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

dia não sei quantos 3 e picos das investigações: o paradoxo

Depois da inspecção territorial ainda a noite era uma criança, daquelas choramingonas. Pensei em abrir um escritório para legitimar as investigações, ideia merdosa apenas possível numa cabeça cuja base fosse alicerçada em duas pernas e na posição corporal erecta. Para aprender mais sobre as duas pernas que possibilitam a posição erecta abri um livro do Nietzsche e li: todo o homem de elite aspira instintivamente à sua torre de marfim e reclusão, altura em que este se liberta, isto ainda segundo o Nicha, da massa, dos muitos, podendo então esquecer a regra «homem», e tornar-se, ele próprio, a sua excepção. Estive uns infinitos três minutos a reflectir na leitura, olhei em redor e vi o diário. Li: solidário com essa amálgama de sabores que se espraiavam, emborquei timidamente um desenjoo e tomei conhecimento, acusei mesmo a recepção, de uns elementos novos que não acrescenta(va)m ponta nenhuma aos outros elementos velhos que também já foram novos, surpreendi-me mesmo com a minha falta inusitada de exigência potenciada por essa dinâmica social exógena ainda mais débil em termos gerais de exigência, ou outros. Confirmei-o com um sorriso. Juro que pensei que folgavam. Nesse momento, percebi que embora os sorrisos não precisem de tradução, umas legendas sempre ajudam, e deixei-me ficar, abandonado como uma estátua aos olhares, acho que isto da estátua é do Onetti, ou isso. Aquelas linhas remontavam ao dia 17 de Dezembro de 2012. Ao lado do diário ressumavam angústias divididas por vários papéis, abri à sorte e li: sou muitos, tantos que sempre que acabo de contar tenho que recomeçar. A importância de se ter duas penas que propiciam a posição corporal erecta, afinal, é directamente proporcional à importância de alguém se chamar, por exemplo, Ernesto. Amanhã é outro dia, pensei.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

dia não sei quantos 3 das investigações:o repouso

Nem sempre a noite é chão que dá uvas. É assim a vida. Abreviando a coisa: cheguei a casa com o tambor do Bob Dylan a tamborilar na cabeça - toda a gente sabe que antes da guitarra o avó cantigas dava no tambor -, ainda concedi uma investida ao frigorífico, mas aquelas pernas cresciam a olhos vistos, metamorfoseando-se em alheiras, como no sonho. O resto também terá sido a preto e branco.  Acordei umas dez horas depois com sinos na cabeça e a sensação de estar debaixo de água. Duchei abundantemente até mudar de pele. Enquanto aquecia água para o chá abri um Cossery e fumei-o todo de lês a lês, escrevi: deixa passar. A motivação era directamente proporcional ao leitmotiv da minha indiferença.  Olhava para trás enquanto vomitava a informação obtida no dia anterior, mas apenas revia a parte das pernas da fêmea até à exaustão. Liguei a TV para saber mais sobre o desaparecimento das consoantes mudas e depois, voltando às patas, fui passear o olfacto e dar umas mijas. Não se pode facilitar relativamente ao território.

sábado, 14 de fevereiro de 2015

dia não sei quantos 2/5 das investigações: pausa

Terá começado após uma noite mal dormida. A linguagem dos porquês insinuava-se pesadamente como um trailer dum daqueles camiões do comboio dos duros (acho). Passei a observar as unidades anatómicas humanas que caminham utilizando duas pernas, faziam-me espécie aquelas correrias, os afãs sem sentido, os trabalhos vãos, os trâmites alicerçados em regras, as regras com normas, as normas com excepções, os olhares perdidos à cata de algo. Aquelas unidades anatómicas viviam rodeadas de coisas. Decidi investigar, e para o feito precisava de umas pernas daquelas. De resto continuo a sonhar...

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

dia não sei quantos 2/5 ou 1/75 da investigação: o transe

Deu-me para ir ao arquivo. A noite já dava para vários peditórios. Tentava não pensar. A intuição dizia-me para me enfrascar de drogas legais à  mingua de cerveja. Entrei num bar, mais parecia um entreposto para a morte cortado às postas. Agarrei a primeira posta e consegui chegar ao balcão vivo, mas ninguém o diria. Tem que se coma?, perguntei, seguindo uma jola em sentido contrário. Não obtive resposta, pelo menos em qualquer dialecto conhecido. É claro que não insisti. Qual é a raça?, perguntaram, da cerveja?, retorqui. Claro, o que haveria de ser. Aquela voz, embora fêmea, não tinha nada de fatal. Ganhei coragem e disse: bota aí também um martini. Misturado?, rosnou a voz. Nunca gostei que misturassem as minhas merdas, muito menos a cerveja com martini, uma cena artística que implica conhecimento e experiência, Escrevi no caderninho: deixa passar. Primeiro é preciso um copo de fino bem seco mas não quente, depois mistura-se- metade da minorca botelha de martini imediatamente com a cerveja e guarda-se o restante para repetir a cena. Pedi tremoços. Ninguém deu conta. Bebi mais dois do mesmo. Ou três. Não era preciso faca para cortar aquele ar de manteiga rançosa, misturado com tabaco de enrolar. Fumei um dos meus e depois outro. As pernas já me davam conta das cruzes, mas apenas assim conseguia ver as outras pernas que se prolongavam naquele corpo de fêmea. Começava a interessar-me por estas fêmeas de duas pernas. Que se foda o arquivo.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

dia não sei quantos 2 talvez 1/5 das investigações: a trama

O tempo urgia para longe. Aquela imagem do lusco fusco emancipava uma noite de prazer e descoberta. Fui ao bar atascado da travessa de baixo. Cheirava a caldo reles e a cerveja choca. Pedi uma jola fresca, se possível. As unidades anatómicas olhavam para o ecrã. Fiz as minhas perguntas. Que tudo estava em confluência para aquela espécie de centro hospitalar do consumo. Confluência?, perguntei. Não reformulei a questão e já estava a limar umas arestas cá fora, aliviando o olfacto para outras lides. Decidi caminhar um pouco, usando para o efeito o que restava de um antigo passeio, confirmando que por estas bandas a malta não queria saber de bermas para nada. Por entre os tufos de relva bem mijada e de ruas completamente preenchidas por veículos motorizados, conseguia-se vislumbrar a peça principal do puzzle: um edifício a dar para o cinza mas desvairado por um verdadeiro arco-íris de cores que lhe adornava o dorso, um tipo ficava logo com a sensação de ter mamado uma data de cogumelos alucinogénos. Ainda bem que tinha deixado crescer as pernas para ver aquilo. Doíam-me os ossos e o lombo de não estar habituado a andar em duas patas, registei o ponto de confluência e decidi-me por meter umas moedas na máquina para descontrair e ver outras cenas. Foi então que reencontrei o Vernon, ou a possibilidade da obra-prima. Olhei em volta que se faz tarde e encetei um recuo. Pura estratégia.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

dia não sei quantos 1 das investigações: preparação

Fui ver. O caminho era estreito. Lembrei-me que não levava os auscultadores, nem sequer o leitor de musicol. Cheguei à ladeira antes da hora prevista. Não tinha marcação. Não precisava. Continuei a ver até me crescerem pernas humanas: para ver melhor (no sentido deles). Imaginei uns binóculos konos 10x25, o bastante para chamar a atenção do maralhal. Sentia-me bem dentro do sentir mal. Toda a gente canina sabe que há um espectro que mede o sentir mal, e nesse eu estava num dia bem. Adiante. Aceitei trocar a minha concentração no que estava a fazer por dois ou três minutos de consolação: um céu azul fabuloso espraiava-se em abóbada explodindo já perto da terra, tudo aquilo formava uma campânula de luz de puta madre, uma cena parecida com outra que eu havia visto numa série da FOX. Voltei a focar-me, mas sem fazer alarido. Corria riscos. Sabia-o. Estive quase para encetar um diálogo profícuo sobre o assunto comigo próprio. Escurecia. Tu queres ver?, pensei. Resmas de unidades anatómicas começavam a sua dança de fim de dia. Ainda haveria tempo?...

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

dia não sei quantas terças à terça: agora é que vai for

Um dia qualquer Franz escreveu: além de nós, cães, há todas as espécies de criaturas no mundo, criaturas miseráveis, insignificantes, mudas, criaturas que não têm outra linguagem além de gritos mecânicos, acrescentando que, muitos de entre os cães, estudam essas criaturas, dando-lhes nomes, tentando ajudá-las, ou mesmo educá-las. Será esse o mote, ou talvez nem isso, para as nossas investigações. Oh, como a minha vida mudou e, no entanto, como se manteve imutável! Mas voltemos às edificações.

sábado, 7 de fevereiro de 2015

dia não sei quantos sábado, jura?: vai ali


Confesso que vos quero partir as pernas. Ou isso. Já não preciso de ir ao leite, terá sido apenas um sonho. Mas recordo-me de ir ao leite, uma diligência patrocinada pelos mais profundos e vampirescos desejos da avó. Voltei a ir, só que mais fodido. Depois vim. Mais fodido a expensas da máscara. Não há  retorno nesta eternidade do ir e vir, pois não Nietzsche?, e se te fosses foder com essas teorias todas, mais eu, mais mim (DEIXEM PASSAR), o corpinho todo a dar de quatro para outros peditórios, a bebericar uma cerveja merdosa, lager daqui, não tão lager como isso dali, um filmolas merdoso, mesmo do piorio a rebentar com a nossa portinhola, céus, um tipo não se dá neste clima de merdologia atómica, embora acabe a cerveja , mais vale fazer mal que estragar.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

dia não sei quantos não parece sexta: pelo menos assim o esperava

Agora estou aqui. E um não vos digo nem vos conto farto de estar. De um lado vejo prédios, dou mesmo de fuças com os ditos, dá até para sentir o cheiro do ranho do vizinho. Do outro lado vejo prédios, mas mais longe, dá apenas para cheirar a carnificina de odores (deixem passar) que polvilham o ar. No entretanto, um pedaço de terra foi atingido por um cagalhão envidraçado vindo do espaço. Um cão dá voltas à cabeçorra até à loucura para tentar perceber aquilo. Dantes ainda aparecia um tipo que entrava para o cagalhão e lá ficava, até ir beber umas cervejas ao croquete, ali aos prédios. O cagalhão vindo do espaço tem vidraças e um pequeno alpendre, serventia dos arbustos e de silvas. Vieram cortar as silvas e os arbustos. Agora o espaço parece uma careca de um velho que vai dar a uma via rápida. Uma falsa via rápida, vá. Tenho saudades da ladeira.  

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

dia não sei quantas segundas no bucho: a descoberto

acordei a pensar (ou terá sido ontem?) em convidar o Vilamatinhas para jantar, nada assim muito novo, não raro, dá-me para convidar o Vilamatinhas para alguma coisa, apareça Vilamatinhas, oh, como está sr. Matinhas, terei muito gosto, olhe, mas como se faz para recuperar o tempo perdido?, fala-se com o engenheiro?, o sr. Duchamp?, não vai ser fácil, não senhor, falar com o engenheiro do tempo perdido [risinhos], bem o sabe, mas olhe agora tenho que ir no fui, muito interessante este caminhar junto ao abismo. Não acha?

sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

dia não sei quantos finalmente uma sexta: naturalmente transposta

Terá recomeçado o fui e vim. A era do fui e vim é de uma simplicidade oscilante, segundo a perspectiva das costas. Os cães, já agora, são como os anjos, não têm costas, mas revelam-se pelos flancos. O alinhamento de todas estas coisas não coincide com a forma que as coisas assumem, nesse sentido, ou mesmo noutro, a falta de etiquetas nunca se afigura uma realidade vocacional, ou mesmo outra qualquer realidade que que se possa confundir com aquela [etiqueta]. No reino das tabuletas o fui e vim é o penacho no cimo de um monte de merda. Ou talvez nem isso.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

dia não sei quantos quarta porque sim: continuar a espantar-se

Temos porque temos tentado dormir sobre as cenas, arrumá-las a canto, fazer prateleiras com elas, cenas sobre cenas, cenas que sustentam outras cenas, temos (uma terceira pessoa torna tudo mais fácil) revigorado os nossos dias com pensos rápidos, curitas passageiras, nobres intenções, pensamentos lavados (aqui socorremo-nos de uma muleta quase musical). Amiúde a vida com letra pequena faz-se à vida, cresce, aparece, desmarca-se com intenção de subir às árvores de engatilhar um ou dois gritos, calhando até vai ao fim do mundo em cuecas para continuar a ser uma ramificação da memória da infância, uma continuada projecção bacoca e desnorteada do futuro hoje. Agora mesmo entra o sol envergonhado pela janela, meio estore divide o mundo em dois, agora mesmo o sol desmaia, o estore prevalece, a cena continua com uma sessão de pancadaria das antigas entre vários elementos naturais daqui e dali, e mesmo de acolá. Embora lá para o meiiiooo.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

domingo, 11 de janeiro de 2015

dia não sei quantos domingoadomingo: à falta de melhor

Passear, deprimir, bebericar o ar enquanto se magica num tempo engarrafado. Parar junto ao supermercado. Inventar um cabeçalho onde caiba mercearia das nossas dores. Andar ao calhas e esbarrar com uma ínfima partícula rasurada na cidade (muito semelhante a um pedaço de caramelo daqueles espanhóis na mão de um velho sem dentes), chamada alegremente de arranjo urbanístico. O olhar acompanha a palavra morte que se projecta em estranhas geometrias nas casas, nas ruas, pelo chão e no tecto imaginário pensado para cobrir a rua central, chegando a insinuar-se junto à churrasqueira da esquina. Ninguém repara e nenhum galo canta.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

dia não sei quantos domingosegundaterçaquartaquinta: (...)


Às vezes o cão assemelha-se a um roedor solitário, meditando na qualidade do seu desespero. 

[Não te chateies comigo Savage]

sábado, 3 de janeiro de 2015

dia não sei quantos do ano não sei quantos: zzzoélógico

zzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzaizzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzviagezzzmzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzcenaszzzzzzzzzzzzzzzzzznãozzzzzzzzzzzzzzzquererzzzzzzzzzzzzzzzquererzzzzzzzzzzzzzzznuncazzzzzzzzzzzzzzzzzgoszzzzztarzzzzzzzzzzNÃOzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzbandulharzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzuizzzzaizzzzzzzjátedigozzzzzzzzzhuuuuuuuuuumzzzzzzfriiiiiioooooozzzzzzzzzcopariazzzzztoutezzazzverzzzzzcopariazzzcozzpazzrizzzazzzzzzzzZZZZZZZZZZZZZZZnáuseazzzzzzzzzzzzzzzzaizzzzzzzzzzzzhozzzbbizzzzzztzzzzzzzzzzzZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZvizzzazzzgemzzzzzzzzzzzzzzzzaicarambazzzzzzzzzzzZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzokzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzirzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzverzzzzzsezzzzzzzzzzzzz