Como sou e não me assumo um pensador, dá-me para
retrospectivamente viver determinadas merdas, as mesmíssimas merdas que vivi
antecipadamente antes de (deixem passar). Na verdade a chuva de Outubro e a
chuva de Novembro amaciaram as folhas, um tipo cão não se pode perder a passear
entre estalidos da folhagem, não é pouco, mais ainda o desaparecimento das
árvores de folha caduca na cidade, uma ali, outra acolá, outra além, ficando
assim em falta a palete de cores que nos irmanava com a paisagem, amarelos
desmaiados, castanhos, laranjas, laranjas acastanhados com toques de vermelho, tudo
na única época do ano em que me farto do verdum, em que passeio com o cheiro a
castanhas dentro da mochila, confundindo os dias, as horas, o caralho dos
segundos, um tipo cão tem que que se recordar do Annie Hall ou do Manhattan do
Woody para imaginar um outono antes da sopa a fumegar, quando chega a casa. Está
frio e ainda não se congemina o que fazer com o resto do salmão de ontem:
talvez um paté com cornichons e ovo e maionese, já se sabe desde o Bernardo
Soares que não saber de si é viver e saber mal de si é pensar. Sendo assim,
estou fodido, ou talvez não.
quinta-feira, 27 de novembro de 2014
terça-feira, 25 de novembro de 2014
dia não sei lá eu quantos dias sei: transição poética
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sexta-feira, 21 de novembro de 2014
dia de sexta euseiláeu: sem manual de instruções
Após uma apurada investigação acerca do chuchu e da sua
viabilidade utilitária (deixem passar) na base de uma sopa, decidi-me por avançar,
a ver se. A manhã havia sido langorosa e desenxabida, semelhante a uma página
policial do Chandler (ou até de um Bukowski menos ressacado), daquelas em que o
detective espera por qualquer merda (seja qual for), sentado numa cadeira com
as pernas esticadas na mesa, enquanto beberica de uma garrafa retirada sabe- se
lá de onde. Nuns casos, o tipo sai disparado para o balcão de um bar ou para o
balcão de um bar. Noutros, entra uma loira com o Roger Rabbit a tiracolo. Não é
bonito de se ver. Mas não aconteceu nada disso. A um pão de forma brioche pingo
doce torrado e um chá verde, sucederam alguns momentos de tensão que culminaram
com o arremesso de um corpo para uma cama, onde este se resignou, sombreado por
um ecrã táctil, restos de bolachas e um livro daqueles de história, à sua insignificância.
Daí a uma intervenção rápida em regime de duodécimos ainda demoraram alguns minutos, daqueles bem passados.
Não tardaria a primeira incursão ao mundo exterior [risos terríficos]. Não sei se volto já.
quarta-feira, 12 de novembro de 2014
dia de quarta sei lá quantas: "p" em parte de
E depois aquela cena da copologia, associada, ou não, ao
empreendedorismo como locomotiva de mudança da realidade através de soluções
sustentáveis e criativas e inovadoras, ou isso, potenciando uma visão desde
logo motivadora, o que nos leva aos copos propriamente ditos (e reais), ou não.
Estando o copo a meio, diz a ciência da copologia comportamental que
determinadas unidades anatómicas o olham como meio vazio, ao passo que outras unidades anatómicas observam esse
mesmo copo como meio cheio. Aqui
chegados já não é fácil manter as transições ofensivas para o bom senso,
todavia, antes que a loucura descomportamental tome conta de nós, convém
esclarecer alguns (poucos) pontos. Primeiro: que líquido se encontra dentro do
copo? É muito importante sabê-lo. Por moi, se for vinho bom (ou mesmo cerveja)
vejo esse copo sempre meio vazio. Noutro sentido, se se tratar de uma bebida
isotónica de baixo teor de nutrientes mesmo não incluindo beterrava com compota
de amendoim, vejo esse copo como meio cheio e digo que não quero mais. Segundo
ponto: a cor do caralho do copo. Não é preciso dar uma volta no IKEA para saber
que hoje em dias existem copos para todas as cores gustativas e putativas,
existindo mesmo copos simulacro de bebidas, a gente levanta escorre vira
(deixem passar) e não sai nada. A que caralho de copos se refere esta ciência
quando lança a infalível lança em África: vês o copo meio cheio ou meio vazio
(isto partindo do principio que vês alguma coisa)? Não sabemos, mas ficamos
logo motivados e criativos e sustentáveis e eventualmente copofónicos. Isto
para chegar ao “p”. “P”de parte e “p” de part.
Desta vez explico: estando alguém a trabalhar (honestamente ou não) em parte,
isto é, em part-time, ou tempo parcial, este estará empregado (aqui podemos
avançar também com os famosos biscates técnicos) em parte , isto é, em tempo parcial,
ou estará desempregado em parte, isto, é em tempo parcial? Isto sem contar com
as estatísticas, demografias, infografias e afinidades formativas ou de
formação. Deixo aqui a parábola e vou ver da sopa e da marmita.
domingo, 2 de novembro de 2014
dia até sei muito bem que é domingo [mas quantos?]: cada bola mata um
Estava agora mesmo a pensar em dedicar-me a uma efémera
análise comparativa da obra de Friedrich Wilhelm August Fröbel, ou melhor, do
pensamento de Friedrich Wilhelm August Fröbel, com a obra de Jean-Jacques
Rousseau, ou se quisermos, com o pensamento de Jean-Jacques Rousseau, quando me
dei conta, não sem algum espanto, que a rotatividade (ou rotativismo) de
pensamentos e acções não se tem desenrolado da forma esperada (haveria
alguma?), culminando num saco acinzentado de hábitos e ramerrame, cujo limite
(igualmente) pardacento (deixem passar) poderá porventura assumir a figura de
um ultimatum exógeno ou mesmo exterior (deixem passar) à mochila de ossos que
escrevinha esta posta. O céu cinzento (por favor, deixem passar) de domingo, a
demanda da rosca, o burro atrás do balcão, o chá verde, a manteiga dos açores
fundindo-se inexoravelmente com a rosca, o cheiro a essa rosca quente com manteiga,
a possibilidade de fiambre, a perspectiva de uma limpeza da casota, a derrota (na
véspera) de uma equipa de libelinhas que já se assemelhou a uma equipa de futebol,
tudo isso revela um hematoma gigantesco no membro superior esquerdo da mochila
[dos ossos], com reflexos no projector de slides que a encima. Do jogo
falaremos noutra oportunidade.
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