e depois o tipo disse: só admitindo aquilo que somos, podemos conseguir aquilo que queremos. Eu já volto.
[a que horas é o jogo?]
domingo, 31 de agosto de 2014
quarta-feira, 27 de agosto de 2014
dia não sei quantos a carregar quartas: miércoles
um miércoles qualquer, escreveu assim o Cortázar: tengo que llamar a mi madre, pienso de pronto. Pensamientos
sueltos, pesadillas.(Sueño que soy un perro ciego. Pequeños movimientos
aterrados, el hocico en el aire). Ok? A brincar com esta merda, só pode.
sábado, 23 de agosto de 2014
dia não sei quantos (?): a partir do interior visceral
Saí da cama com o sol envergonhado mas bem lá no alto, o cabrão do
sol. Não perguntei as horas enquanto examinava cuidadosamente a estrutura
arquitectónica da casa de banho. Aqueci o chá e liguei a rádio: o Morrisey a
dar de si por todos os lados, o velhadas do Mo...rri...sey. Não digam mal do
moço, pensei, mais respeitinho pelo moço, acrescentei ao pensamento anterior,
isto rápido como o caralho, boa merda Morrisey, pensei em voz alta, desculpa,
acrescentei, enquanto pontapeava uma revista velha com os (não acredito) Led
Zeppellin na capa, velhos como tudo, a sério, e fui-me entreter com meia
torrada de pão duro com dois dias. Vociferei a caminho dos Himalaias, perdão,
dos alongamentos, pontapeei outra revista, desta vez um suplemento chungoso,
onde caralho estão as sapatilhas de corrida?, pensei, as pretinhas?,
acrescentei ao pensamento anterior, onde estão caralho?, e pontapeei o
comedouro do gatone, um comedouro lindo, com antiderrapante e tudo, marca
italiana, o cabrão do comedouro, onde está o gatone, onde?, ah, e pontapeei o
pensamento que me encurralava com o gatone num espaço geográfico exíguo e
fodido. Calcei as sapatilhas com umas meias azuis, uns calções merdosos de azul
desbotado e uma camisola de manga curta acastanhada a dar para o cinza acrescentaram-me
um ar ganzado de quem corre atrás das bolachas do vizinho. No musicantes
procurei uma cena e depois outra, acabei com Smiths para o velhadas do Morrisey
não ficar muito sentido. Enquanto bebericava o chá estendi um remo ao filho do
grunho do lado, o cabrão do puto sempre ranhoso, sempre a berrar, sempre no
mico. Olhei a ladeira: estava linda. E fui correr.
Nota: o sonho era (foi?) mais ou menos assim [risinhos].
Imagem rara do génio da psicanálise e do seu humano (unidade anatómica).
terça-feira, 19 de agosto de 2014
dia não sei quantos vamos lá outra vez terça?: pode acontecer que se renuncie
Estava a pensar (não dormi um caralho, ou foi
ontem que não dormi um caralho?, e por isso deu-me para pensar) que, um dia,
tudo isto terá um novo item: memória. Talvez se possa acrescentar um ponto ou
dois ao item, ou mesmo uns quantos pontos ao um dia tudo isto terá um novo item, não sei, quer dizer, sei, mas não adianta saber sem interiorizar a
coisa, não é?, se calhar não será um novo item, mas apenas o item, ou o item derradeiro, se calhar a memória será substituída
por recordação, algo mais vago, assustadoramente passageiro, uma cena que
caberá sem problemas num parágrafo pequenino, num rodapé, sem nenhum cordel a
segurar o livro de geometria no estendal da roupa, não é Bolaño?, não é assim
Duchamp?, a gente também dança com a sabedoria do vento, talvez assim,
as páginas, a capa do livro, a lombada, se aproximem da realidade, mas quem
quer saber disso Bolaño?, quem quer saber da realidade Duchamp?, digam-me
qualquer coisa sobre isto de prolongar
parágrafos para não parar (para não pensar?). Lá fora está sol, o dia vai
lindo, acho, aqui dentro da caixa de forças pendurei um calendário no estendal
arcaico da roupa, um estendal imaginário com um calendário real que me pesa os
minutos, cada segundo confere o som dos passos, gosto do som de passos, principalmente
nas igrejas ou nas catedrais vazias, e nos filmes americanos do século passado,
claro, a cena noir, ou isso, parece que estou a ver a Dietrich e o Welles, na sede do mal, touch of evil, não é?, os filmes portugueses não têm passos, pois não?,
as pessoas parecem que andam no ar, também não têm vozes nem existe geografia,
se algum olheiro extraterrestre vier espiar o cantinho está fodido, pelo menos
no que toca a filmes, fica sem saber nada, nadinha da silva. Juro.
domingo, 17 de agosto de 2014
dia não sei quantos dias não são dias: zzzzztónico?
zzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz
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sexta-feira, 8 de agosto de 2014
dias não sei quantos: serve o presente
Naturalmente, preencher o formulário, esvair-me
a correr em sonhos, evitar olhar em frente o meu espelho, entrar gratuitamente no emaranhado de vozes que
calcorream os caminhos do meu cérebro. Quero: deixar de escrever a palavra cérebro, deixar de escrever ribanceira, deixar de programar a minha
loucura, deixar de escrever tipo-cão
e passar apenas a cãotipo, evitar a extinção dos estaleiros navais de Viana do
Castelo, lutar na luta (deixem passar), evitar a extinção dos ouriços cacheiros
a norte do rio Douro (por exemplo) e ir correr de uma vez por todas.
Nomeadamente, preencher o formulário, esvair-me...disponível em podcast para o
mundo todo, evitar lançar uma marca de roupa com um animal como símbolo, entrar
gratuitamente em todos os estádios e pavilhões onde jogue o Sporting. Quero:
conhecer ainda mais literatura da América Latina, perdoar-me por nunca ter
posto os pés na América Latina, pôr os pés na América Latina, viajar num
submarino português sonhado pelo Júlio primo do Verne. Quero: deixar crescer o
pêlo, a voz, a amargura (deixem passar), o prazer, para que floresçam outras
merdas igualmente importantes para a felicidade. Quero deixar os dois pontinhos
para trás e assinalar um novo quero. Posto
isto, fica assim.
quarta-feira, 6 de agosto de 2014
adi onã esi quosant qutara: merdas assim
As merdas assim continua(ra)m a tamborilar na
cabeça, supremos tátatárataraaaa tarataa
ta despejados aos trambolhões, congeminando novas angústias. Bom dia.
Parece que hoje isto vaifor (deixem
passar): apagar as luzes, ver das torneiras, desamarrar o cérebro dos pés da
cama, olha o gás, que fique tudo na penumbra, volta atrás, a tostadeira em cima
do ombro, vozes guardadas a troco de umas chaves que abrem (supostamente) esse
armário de vozes onde porventura se localiza a tostadeira, ali ao elevador.
Recomeçar, pela boca morre o peixe, correr para a farmácia, botar remédio,
voltar atrás, correr junto ao be aware
do Miller, dar de barato a custódia destes momentos a quem passe: alguém quer
esta merda? Pensas que a vida é um mar de rosas?...mas o que é um mar de rosas,
caralho? Alguém viu alguma vez um mar de rosas? E a cada metáfora um carrinho
de rolamentos numa ribanceira e vai. Não chateies ninguém!
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