Vai haver falta. Não
penses nisso. Logo não tarda a coisa recomeça. Onde? Não interessa. Recomeça,
pois. É sempre a mesma merda, a mesma lengalenga ou isso. Podia ser pior. Pode
sempre ser pior. Olha, do chão não passas. Ai não passo, ai não passo. [Ao
longe escuta-se um som estranho, o sol ofusca os olhos – parece uma daquelas
cenas de filme contadas por intermédio de outra pessoa, dir-se-ia uma cena do
caralho e vai-se a ver não se passa nada – a música, pois é de música que se
trata, vem mitigada com um bruumzuum, esse bruumzuum é conhecido, entretanto o
som de uma varinha mágica vem ajudar à festa, com os The Chameleons agora
claramente a chispar. Até que] … merda de
aspirador, deixa-me ouvir a música.
[zzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzZZzzzzzz].
domingo, 24 de novembro de 2013
quarta-feira, 20 de novembro de 2013
dia não sei quantos outra vez: as vantagens de
a ver se vamos, cada coisa num lugar algures. Resulta. O
caminho não se faz senão a caminho. Volta e meia voltamos à casa partida. Nem
sempre se fazem obras. Custa. E tudo. De seguida, uma personagem diferente
daquela que exsua esta cena quase se trava de razões com um espelho. Tudo
bem. Não está. Faltam sempre horas, merdas de coisas a pairar(em) por aí. Um fôlego
novo não caminha às costas com um corpo. Ninguém repara. Tá tudo fodido. E
depois?
sábado, 16 de novembro de 2013
dia não sei quantos diga lá outra vez: preâmbulo à loucura ténue
Nem sempre. Entretanto, as vozes continuam a dar de si,
baixinho. Outras (vozes ou isso) desmancham-se em murmúrios cujo raio de acção
não ultrapassa o microespaço de um corpo. Sim, falo sozinho. Leio sozinho. Hesse fala-nos dos engenhosos jogos da fantasia, a vibrante música da linguagem, leio então em voz alta vibrante música da linguagem, não sei se
conseguem ouvir?, mas sempre podem lê-lo em voz alta, reconhecer na [vossa] voz
os engenhosos jogos da fantasia, a vibrante
música da linguagem. Depois, algures, fico a saber através de Baudrillard que
a miséria dos outros e as catástrofes
humanitárias tornaram-se no último espaço de aventura, essa aventura que
nos traga num vórtice silencioso, vou então para longe (sem sair daqui), para
bem longe, aquele longe a que talvez se referia Xavier de Maistre no seu Voyage autour de ma chambre. O
Vilamatinhas parece concordar. Olha, Voyage Voyage,
sábado, 9 de novembro de 2013
dia não sei quantos vê lá isso sábado: uma verdade patibular
Comecei o dia a ler uma cena do
Vilamatinhas sobre os (diz ele) intermináveis diálogos de O Falcão de Malta de John Huston, um dos quais Vilamatinhas
salienta como personificador do doutor Finnegans (Joel Cairo) e monsieur Hire
(Sam Spade), uma cena assim:
Joel Cairo: tens sempre um
explicação para tudo.
Sam Spade: E o que é que tu
queres que eu faça? Que aprenda a gaguejar?
Fiquei uns minutos ainda a pensar
na coisa, baldei-me para a dialéctica literária em causa – desculpa-me lá
Vilamatinhas mas continuas a escrever sempre o mesmo livro só que cada vez melhor
– e concentrei-me ginasticamente na frase, na resposta de Sam Spade: E o que é que tu queres que eu faça? Que
aprenda a gaguejar?, ainda estarei, confesso, fechado num limbo fodido com
essa frase escrita nas paredes desse mesmo limbo fodido, uma cena da bradar e
que apenas o Montaigne poderia eventualmente perceber. O dia seguiu o seu
curso, as paredes foram naturalmente encolhendo e delas saíram umas cenas em forma de facas,
mas facas pouco afiadas, facas de lâmina romba, o que, como toda a gente sabe,
pode ser bem pior. Não me recordo de ter visto o Falcão de Malta e cheira-me que hoje há jogatana, mas posso estar enganado.
sexta-feira, 8 de novembro de 2013
dia não sei quantos pré sábado: relatório prêt-à-porter
As acções, bom, quase todas as acções para ser justo, não
assumiram o mediatismo de outrora, na verdade não assumiram mediatismo nenhum,
a bem dizer os tormentos precederam as acções em toda a linha, merdas que se
permitem (vejam bem!) agigantar a olhos vistos, insinuando-se desde o âmago que
comanda todas as nervuras até as neuroses. Confundem-se assim os tempos verbais
num espaço temporal que não se resume a não ter um fim à vista como nós o
conhecemos, mas que [até] se prolonga no mesmo sítio. Física quântica do mais puro
quilate a absolver os dias daquela ideia do repasto de coisas únicas mas ainda
assim indecifráveis. Não explico.
sábado, 2 de novembro de 2013
dia não sei quantos eu sei lá, sei lá: não custa tentar
Descobri, não sem algum pasmo, que a minha vetusta mesinha
de cabeceira tem mais livros que algumas bibliotecas particulares, cerca de sete,
para ser quase exacto (com números nunca se sabe), isto sem contar com ramificações
em formato papel que vão desde jornais a bulas de merdas medicamentosas, passando
por caderninhos a caminho da jubilação. Mais a mais (toda) a [nossa] situação sociopoliticaeconomica actual – e antes
que ocorra a musealização dos acontecimentos na vertente Baudrillardiana da
coisa – cujo sound mais o bite nos endrominam os dias, chegando mesmo a endrominar-nos
os aposentos mais recônditos do pensamento e da tripa, recorda-me uma máxima
canina muito conhecida de uns poucos (deixem passar) eleitos, na verdade Moi e
o Tal, que diz mais ou menos assim: de
pívia em pívia ainda haveremos de ter um filho (outra versão refere fazer um filho). Não custa tentar.
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