segunda-feira, 30 de novembro de 2009

dia dezoito... ...

Caminhei rafeiro e brejeiro, quilómetros atrás de quilómetros, por um acaso deixaram-me cheirar a biblioteca e o snack, e por um outro acaso, se entrasse num centro comercial, assim rafeiro e brejeiro, mas vestido com um ar de usa e abusa graça, deixava-me entrar, e eu pensaria ainda sou um consumidor, ainda pareço um consumidor, e não sei se notam os que ficam à porta, cidadãos mesmo não sendo rafeiros (do tipo canino) nem brejeiros, ficam à porta, não são consumidores, nem sequer sabem farejar uma portinhola lateral, ou uma conduta de gás, nem sequer servem para serem perseguidos. E ninguém lhes ladra. Ladro eu, caralho. Eu e o Samsa, que agora lhe dá para isso...

[duas médias e uma mini]

dia dezoito...

E um banho quente às 14h37m?

Dia dezoito: começar a estudar as marés

É bom dia é. É acordar com aquela imagem do filme Papillon, uma espécie de Cinderrella Man, que passou ontem na SIC (único termo de comparação disponível a estas horas) mas mais Man que Cinderella; sim, aquela imagem quase quase final em que o Steve McQueen, já dentro do bote improvisado e, depois de anos a estudar as marés, consegue finalmente fugir da Guiana Francesa e chuta: I'm still here you bastards

Dia dezassete: final de domingo afinal já segunda

Não estou a ficar farto de domingos. 
E quase logo, não me dirigindo para este solilóquio, sem estar à espreita, encontrei o Mário Cesariny com um cigarro na boca, ou na mão, acho que já estaria com ele na mão quando comecei a escrever não estou a ficar farto de domingos…e comecei no e quase logo.

sábado, 28 de novembro de 2009

dia dezasseis: noite e faz de conta que não estou em casa

Assistir à bola na TV, estádio cheio, e o patrão da bola do café mais uma assistente a assistir a bola, o cofre a vibrar e eles a vibrar com o cofre e a bola a assistir o cofre, e eu, e eu, e eu, eu... quase a solicitar a minha presença por alguns euros, quer dizer, uns euritos, tipo explicações à vizinha, para ajudar. Sou especialista em ajudar.

[ps: algumas cervejas]

dia quinze...ups: dia dezasseis

Despertar: 10h54m; record distrital do ano.
Levantar: quase imediatamente 11h02m; record regional do mês.
Pequeno-almoço: aquele do livro do Kurt Vonnegut. E dar de comer aos animais.
Limpeza da casota e arremesso de diatribes contra um portão novo. 

Ps: ansiedade e enjoos matinais substituídos por um silêncio que rufa…
Nenhuma leitura, a não ser o jornal desportivo on-line, a assinalar  

[Ps2: espionar a vizinha]

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Dia quinze: muito mais tarde

Final da tarde e um rumor inopinado acastela-se na soleira da porta. Outro cão ladra. Depois de uma vista de olhos pelos jornais descobre-se uma panóplia de iniciativas, redes e expedientes, nacionais e “internacionais”, sobre emprego e mobilidade e novos horizontes, pensados para nos por a pensar sobre o assunto, à laia de outros que promoviam técnicas de emprego, ou apoio ao emprego, já não me recordo, mas sei que vinham acoplados a outros técnicas de arranjar emprego se se conhecer alguém que tenha alguma capacidade de decisão sobre o emprego em causa. Tenho amigos assim.

Ps: já não me dói o estômago, talvez por estar a deitar abaixo uma vodka daquela garrafa que está ali e me foi oferecida por um desses amigos que conhecem alguém com capacidade de decisão sobre um tal emprego. Eu não preciso disso. Eu tenho capacidade(s)…e talento…escondido.

[já cheira]

dia quinze: acordar

Ainda há pouco acordei e já estava, já estava para ficar deitado na cama a olhar a chuva pela janela, esperando a gamela com um livro, como será possível?, do Shakespeare, note-se, do Shakespeare, logo pela manhã, e logo numa sexta-feira, aquele dia em que se começa a projectar mudanças, em que corpo e cabeça se enlevam de ideia e projectos a começar na …próxima semana.
Mudanças súbitas de humor. Dores de estômago. Terá sido da Laranja Mecânica?

[Ps: ontem não atendi uma chamada com número privado. Seria mais uma entrevista?:
Açougue? Porteiro? Diferenciados?....]

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Dia catorze: delírios

É emblemático, a cada hora que passa, não passa nada, e os que passam, sim, os que passam, nem sempre têm gente lá dentro, apesar da ventura de tudo isto que é passar e ser visto; quanto muito é passar e ser visto, note-se, porque afinal, ser visto enquanto se passa…é melhor que não ser visto, mesmo quando se passa. Eis a interrogação de alguém que quando passa – bem sei – é visto.

E quem fica com a custódia dos dias?

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

dia treze

O meu coração bate, bate e bate com(o) “a chicken with its head cut off”, e depois, já sem nada para bater, debate-se freneticamente no teclado do computador e liga-se, por assim dizer, a uma data de coisas sem destino nenhum, preenchendo enganosamente volumetrias, assim mesmo, de tempo, que não são brincadeira, numa transumância que só pode desaguar em adjectivo.
 De manhã leu-se.
A cabeça (agora) recorda 27 Fevereiro de 2007:
Sonhei com Itália. A princípio não o soube, mas era Milão, era, recordo uma ponte (que ao que tudo indica (re)conhecia), única, e uma estação de comboios difusa [?] e desconexa da realidade, na tentativa de lá chegar. Depois sonhei com nomes de outras cidades, Génova, Turim, Roma. Segundo creio fui a Roma (mas havia mar), andei por subterrâneos, através de perseguições, e em viadutos e pontes, trabalhei em hotéis, onde após exercícios físicos intermináveis já não tinha tempo para me alimentar convenientemente (…)

terça-feira, 24 de novembro de 2009

dia doze: wrong place, right time

Alhures necessitam-se de comerciais – vários – para vários departamentos, e mais abaixo, não sei se da página, oferecem-se alvíssaras a quem encontrar um cão, mas especificamente determinado cão. A esperança esvai-se pela seteira que ainda agora (quer dizer já foi há um bocado) estava a imaginar especificamente para determinado castelo. Outro cão ladra (agora mesmo, foi agora mesmo).
Ps: ouço música.
Ps2: ainda ouço música. 
Ps3:…………….

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

dia dez e onze (ontem foi domingo)

Nada (ontem) a assinalar até que chegado a hoje pouco há para acrescentar. Sopra um vento de preguiça junto ao cais onde aportamos, nós, quer dizer eu, não sei se ficou mais alguém, mas não deve augurar coisa boa, e não se pressagiam entretanto mudanças significativas, a não ser a formação de bolsas virtuais de emprego que é o mesmo que virtuais bolsas de desemprego, ou ainda, bolsas no âmbito do programa virtual de mobilidade do second life, já não sendo pouco. 
Ps: algumas leituras à jorna. Preparação para emoções não tarda nada galopantes. Homem a dias oferece-se para volúpia de sebosas entrevadas. Vi os preços das consolas. Entrevi(a) o preçário dos discos. Fui à livraria perfumar o local. [estas e outras notas avulsas constam do meu caderno recente]

sábado, 21 de novembro de 2009

dia nove

Chuva e planificação das compras de natal. Plafond irrisório para além de inexistente, mesmo tendo em conta as tentativas de embelezamento recorrendo a várias figuras de estilo mental. Chuva e leitura sobre leituras interessantes, eu diria até benévolas, que me carregaram por momentos que duraram toda uma tarde… 

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

dia oito

Hoje não tenho (ainda) planos. Mas enquanto não enlouqueço completamente e enquanto não começo a projectar uma nova vida a começar obviamente na próxima semana; enquanto isso, acho que tenho a certeza que vou ler os jornais, classificados e tudo, e depois…música, banda sonora para a consola…

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

dia sete

Hoje sonhei. Mas já não me lembro. Por vezes penso que desperdiço os dias e começo a escrever com frases curtas. Mas logo a seguir vou optimisticamente por aí fora, sem resguardo, envergando a tíbia condição de carregar dois ou três part-times, sem contar com o de desempregado e, dessa forma, tentando enredar o destino na sua própria teia, sem dúvida, lá vou ganhando uns segundos e passando o tempo…

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

dia seis

Acordei, liguei a TV e vi uns gajos vestidos à Portugal, mas com toilete made in china, com ar de estarem para ali muito divertidos no tubo de ensaio; desacordei e voltei a sonhar...

terça-feira, 17 de novembro de 2009

dia cinco: noite

continua a saga: assistentes técnicos, técnicos assistentes, delegados comerciais, comerciais, técnicos de vendas, técnicos de seguros, distribuidores de publicidade, gerentes de loja, sub gerentes, acompanhantes; full-time, part-time; com viatura, sem viatura; 1000 euros base, 900 euros base, mais a mais comissões, telemóvel, garagem, T2, sauna, turco, televisão…futebol ao fim do dia.

dia cinco: final da luz da tarde

Enquanto não chega a hora de dar um tiro nos cornos vou observando o pôr-do-sol e alguns vídeos porno. Hoje, quer dizer à bocado, ou terá sido Ontem?, não sei bem os dias são sempre iguais e unicamente agradáveis por que não têm principio meio e fim, são qualquer coisa de intermédio, pilar da ponte de tédio, e de qualquer maneira já me esqueci o que ia dizer…

dia cinco

Que horas são? Três vezes o despertador tocou naquela versão simpática do diga bom dia com Mokambo. Eu disse logo ali bom dia…e adormeci.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

dia quatro: anúncio

Esta apanhei no JN e até já me havia esquecido, os gajos pediam um: técnico de salários. Foda-se, quem é que não quer ser técnico de salários?, ou, quem não quer ter um salário?, ou até ser assistente técnico do técnico de salários? Concorri logo. A ver se me respondem

dia quatro

Esta noite nem dez horas dormi, nem dez, que merda assim não vai ser fácil cumprir o estipulado e regras são regras, quanto menos tempo para pensar melhor, e os dias são longos, embora muito boa gente pense que é uma merda fácil. Ler, e ler, comer, beber, TVer e consolar, sacar e jardinar, caminhar e sonhar a olhar para o palácio. E eu ainda arranjo umas merdas avulso para fazer, técnicas, já que eu sou técnico em várias áreas, investigador, e farejador de não deitar fora, mas ontem à noite o que eu fiz foi bebericar umas coisas e ver um filme na Rtp1 com o café Denzel e o Bruce Willis que desta vez despacha também uma data de gajos mas com a ajuda de um exército, o cobardolas. De resto o filme carrega um camião de lugares comuns e uma gaja da CIA sempre com a lágrima no canto do olho e bem capaz de ser enganada por um puto de 6 meses; ah, e antes disso, do filme, ainda pensei em ver o Sepúlveda na dois, mas aquela gaja do programa com o nome de uma obra do Roland Barthes e o próprio Sepúlveda metem-me algum nojo, embora a gaja até seja carnalmente apetecível. Mas não deu, só isso. 

domingo, 15 de novembro de 2009

dia três..

Eu na minha de-pre-ssão e com problemas, para que se saiba, e um gajo sei lá bem de onde veio, cravou-me uns cêntimos por causa de um cartão Multibanco fodido, riscado como um cão e eu que o grame. Mas houve jantar. Nada mais a assinalar. 

dia três

Hoje apenas dormi onze horas, ou quase, ainda não é meio-dia e já estou aqui cheio de ideias e planos para a próxima semana. É sempre assim. Começa algures temporalmente na tarde de sexta-feira e prolonga-se pelo fim-de-semana até saber quais são os filmes de domingo à noite, e como normalmente são uma merda, revolto-me e vou beber um copo curtinho. E depois é segunda-feira. Neste momento ainda não abri mais do que três páginas na net e já me apetece vomitar com as chafurdices domingueiras.

sábado, 14 de novembro de 2009

dia dois: mais tarde

Por acaso o dia tem sido muito interessante do ponto de vista de quem sai de si e se vê ao longe, tão longe que confunde quem observa, e tão longe que se cair no abismo ninguém nota, muito menos o observado. De qualquer maneira, uma passeata é sempre uma passeata e ao sábado a felicidade mistura-se com a putativa vontade de diversão, e mesmo os gajos que só trabalham de quando em vez são comidos por esse espírito de merda e que só acarreta adiantes. Assomam às conversas projectos e um tipo planeia um rol de novidades, mas só a partir de segunda-feira – o cão. Vistas as coisas, ainda não li o jornal, não toquei na consola, não caguei no jardim junto a uma árvore, ainda não li os classificados, mas acompanhei as notícias em 3 canais ao mesmo tempo e retive qualquer coisa oculta, reparei numa merda de série de vampiros na programação do dia, e parece que Portugal joga com a Bósnia e os nossos militares fazem exercício em tão importante dia lá na Bósnia, enquanto um oficial qualquer anuncia que logo vai haver festarola. É em todo lugar a mesma merda de sábado à noite.

dia dois

Ao sábado a perspectiva levantar da cama é assombrada pela visita alcoólica do dia anterior, dizeis-me, o que, vindo de gajos, segundo creio, pouco escandinavos tem o seu quê de luzerna na minha pesada cabeça. Mas não, não, não e não, quase todos os dias noites, isto é, vésperas de dia seguinte, ou um seu sucedâneo, normalmente ocorre um encontro já não sei se é com o Jekyll ou Mr. Hyde qualquer coisa álcool, assim como assim todos os santos dias se lêem os jornais e se consulta a Internet na demanda infrutífera e sobejamente canina de um trabalho. Não é que não tenha trabalhos, assim como não é que eu não tenha mais nada de importante para fazer do que beber, mas é que, é que, ler, foder, comer, levantar da cama e ter montes de tempo e perspectivas de montes de tempo ao longo de um espaço temporal alongado é um bocado fodido, a não ser que um gajo seja um desses mandriões genéticos ou sei lá, um escritor, mas esses têm acho eu um método, disciplina, e alguns agora até consideram a coisa um trabalho, por isso vou até pesquisar sobre alguns que consideram escrever como um trabalho, enquanto não chega a hora de beber um copo, ou de ler o jornal, ou de morder os classificados. 

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

dia um

Experiência. Por acaso nunca tive um diário, muito menos um querido diário, muito menos sequer a enfezada ideia de ter um diário, e assim sucessivamente até ter um diário, depois de ter lido alguns diários, do Kafka por exemplo, fica sempre bem ler aquela merda de diário, ou do Gide por exemplo, fica sempre muito bem ler essa merda, até que um belo dia se tem um diário e descobre-se que muitos gajos e gajas têm a mesma merda de ideia e até há escritores daqueles que parece que escrevem livros, que escrevem livros com títulos como Diário de Bridget Jones, que resultam em filmes de domingo à tarde, perto de umas sandes, cola ou cerveja no aconchego da ressaca. Por exemplo. Mas antes de tudo é preciso um gajo levantar-se da cama. Apenas as meninas escrevem diários deitadas na cama, mas isso acontece normalmente à noitinha, e ninguém sabe bem porquê, mas as meninas ajoelham-se primeiro e depois escrevem deitadas na cama enquanto falam consigo próprias, um quadro nojento.  
Experiência. Já fora da cama, sem jornal, sem livro, televisão, mas quase de robe-de-chambre, a uma sexta feira 13, começa este diário. Foi uma sorte ter-me levando.